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Desossa, preparação e

corte das peças do ovino


Legislação comunitária em vigor

• Reg. (CE) nº 852/2004


• Reg. (CE) nº 853/2004
• Reg. (CE) nº 178/2002
• Reg.(CE) nº 2073/2005

A legislação nacional terá que incluir sempre as orientações da


legislação comunitária.
A importância da segurança alimentar

A produção primária poderá ser sempre o “local” de uma contaminação


inicial, assumindo logo uma importância fundamental na preservação e
na durabilidade ao longo de todo o percurso até ao consumidor final.
• Os principais perigos para a segurança alimentar podem-se classificar
como biológicos, ocasionados pela contaminação de um alimento
com microrganismos como vírus, bactérias e fungos, físicos que
ocorrem quando um agente físico externo surge no alimento e
químicos que surgem quando os produtos alimentares são
contaminados por produtos de natureza química.
Criar uma exploração de ovinos
1º Passo-Legalização
• Cumprir o processo designado por REAP (Regime de Exercício da
Atividade Pecuária) junto das DRAP(Direção Regional de Agricultura e
Pescas) –para al há que cumprir o estipulado nos seguintes diplomas
nacionais:
• Decreto-lei n.º 214/2008 de 10 de Novembro; (Alterado pelo Decreto-
Lei n.º 316/2009)
• Portaria n.º 631/2009 de 9 de Junho;
• Portaria n.º 634/2009 de 9 de Junho;
• Portaria n.º 635/2009 de 9 de Junho;
• Portaria n.º 636/2009 de 9 de Junho;
• Portaria n.º 637/2009 de 9 de Junho;
• Portaria n.º 638/2009 de 9 de Junho.
Instalações

• Deve-se ter em conta o afastamento de vias viárias de grande


intensidade de trânsito e protegidas de ruídos intensos.

• As culturas forrageiras não devem ser efetuadas em solos


contaminados, nomeadamente com lixos tóxicos ou metais pesados.
Deve ser evitada a sua instalação em locais poluídos ou próximo de
zonas onde se possam verificar escorrimentos de matérias poluentes,
mesmo que provenientes de outras pecuárias.
• Os estrumes, chorumes ou outros dejetos não devem escorrer
diretamente para a área que servirá para a alimentação, evitando
assim a contaminação dos alimentos.

• Evitar efetuar as culturas em parcelas habitualmente muito atacadas


por pragas, em particular pássaros e roedores. Estes, para além dos
prejuízos económicos, são focos de contaminação importantes.
• Deve tirar-se partido da orientação solar do edifício, proteção dos
ventos dominantes tendo como objetivo a manutenção no interior de
uma atmosfera propícia aos animais.

• As tintas e conservantes de madeira utilizados na manutenção das


superfícies internas dos alojamentos, cercados e equipamentos
devem ser inócuos para os animais.

• É essencial que o pavimento seja bem projetado, antiderrapante e


bem mantido, pois um chão mal construído, grelhas não ajustadas ao
tamanho/peso dos animais e superfícies que estejam gastas e/ou
estragadas, podem causar ferimentos às patas/pernas. Um chão
estragado deve ser imediatamente reparado.
• Na escolha do local para instalar prados e pastagens devem-
se escolher locais pouco suscetíveis a problemas sanitários
de forma a diminuir as aplicações de produtos
fitofarmacêuticos. Sendo possível, devem utilizar-se técnicas
de produção que permitam diminuir a aplicação deste tipo
de produtos, como a Sementeira Direta, a Produção
Integrada e a Agricultura Biológica.
Pastagens

Quando for necessário efetuar aplicações de fitofármacos, devem


seguir-se as seguintes regras:
• Respeitar intervalos de segurança entre a aplicação do produto e a
data de corte/pastoreio;
• Usar unicamente produtos homologados para a cultura;
• Respeitar doses e concentrações recomendadas pelo fabricante;
• Manter pulverizadores e restante equipamento de aplicação
devidamente calibrado, para que não sejam excedidas as
concentrações recomendadas;
• O produto, quando da colheita/corte, deve
respeitar os Limites Máximos de Resíduos (LMR)
previstos na legislação em vigor. Os produtores
devem registar as suas práticas culturais em
caderno de campo próprio, onde seja possível
verificar a correta gestão das pastagens.
Alojamentos

• O local onde os animais se encontram alojados deve estar isolado e


separado, nomeadamente dos locais de preparação de caldas e de
armazenagem dos fitossanitários, fertilizantes e produtos
veterinários, de maquinaria, entre outros.
• Não deve ser permitido o acesso a estes locais de animais de outras
espécies, que possam constituir risco para os animais da exploração.
Referimo-nos aqui, quer a animais bravios (ex. coelhos bravos, aves de
rapina, pragas, etc.) quer a animais domésticos, (cães, gatos).
• Manter os estábulos adequadamente limpos e livres de estrumes e
chorumes, de restos de alimentos e da acumulação de outras
sujidades, tais como lixo, arame e plástico, que podem ser nocivos
para os animais.
• As salas de ordenha devem igualmente estar situadas longe de fontes
de poluição e preferencialmente em locais frescos ou onde seja fácil
efetuar o seu arejamento.
• Devem possuir uma boa ventilação, de modo a assegurar uma correta
renovação de ar, a manutenção da temperatura, da humidade e do
teor de poeiras adequadas para a espécie em causa. No entanto
deverá também evitar ao máximo a entrada de pragas e serem
mantidas em bom estado de conservação.

• É importante providenciar uma área, de modo a que os animais


possam deitar-se, durante o tempo que desejarem e tenham espaço
suficiente para se levantarem, deitarem e rodarem sobre si mesmos.
• O solo não deverá ser excessivamente inclinado, no máximo 10%,
uma vez que inclinações elevadas poderão causar problemas nas
patas, escorregamentos e quedas.

• Todos os recintos e passagens deverão manter-se em boas condições


de manutenção e os solos não deverão ser demasiado ásperos, uma
vez que tal poderá causar abrasões ou cortes nas patas dos animais e,
por outro lado, não deverão ser demasiado lisos, uma vez que os
animais poderão escorregar e sofrer vários danos.
• Ao utilizar-se chão de cimento, especialmente em bovinos de aptidão
leiteira, este não deve abranger a maior parte da área utilizada por
estes animais, devendo existir pelo menos uma parte que disponha
de uma cama confortável, de modo a existirem menores
probabilidades de magoarem os úberes.

• A limpeza dos alojamentos deverá ser periódica, de modo a que as


ovelhas não fiquem demasiado sujas, o que reduzirá o risco de
mamites ocasionado pelas bactérias na cama.
• Caso a manjedoura e o bebedouro sejam acessíveis a partir da área
de cama, deverão ser tomadas medidas, no sentido de reduzir a sua
conspurcação.

• Os grupos de machos e fêmeas deverão manter-se devidamente


separados. Os animais, que possam estar em confronto, deverão
afastar-se, quando necessário, para longe do grupo principal.
Equipamentos

• Todos os equipamentos, incluindo os recipientes de água e os


comedouros, sistemas de distribuição de alimentação e água,
ventiladores, sistemas de refrigeração, sistemas de abertura de
janelas, iluminação, geradores e alarmes, unidades de aquecimento e
iluminação, máquinas de ordenha, assim como os extintores, devem
ser limpos e inspecionados regularmente e mantidos em bom
funcionamento e boas condições.
• Todo o equipamento elétrico principal deverá satisfazer as normas
existentes, instalado segundo a legislação nacional em vigor, estar
devidamente ligado à terra, protegido de roedores e ao qual o acesso
de animais não seja possível.

• Em situações em que grande parte do equipamento funciona


automaticamente, deverá haver um gerador (de preferência
automático) e/ou um alarme na exploração.
• A localização da maquinaria deve ser apropriada para minimizar os
efeitos do ruído em animais que habitem no interior (por exemplo,
unidades de trituração de alimentos), quaisquer campainhas ou sinais
sonoros que possam ocorrer devem ter uma intensidade suficiente
para que os humanos possam ouvi-los sem assustar os animais.
Locais de Armazenagem

• Aqui, é particularmente importante o controlo de pragas (roedores e


pássaros), muito comum nestes locais e portadores de doenças graves
transmissíveis aos animais.

• Os produtos fitossanitários devem estar em local isolado, fechado, em


solo impermeabilizado e localizarem-se a mais de 10 m de cursos ou
pontos de água, de forma a evitar a contaminação dos aquíferos por
eventuais derrames. Para além disso, os produtos fitofarmacêuticos
devem ser sempre guardados nas suas embalagens originais.
• Também os produtos veterinários, medicamentos veterinários e
biocidas devem estar em locais adequados e de acesso condicionado.
Cercas e Sebes
• Não devem possuir quaisquer obstruções ou saliências e
deverão ser objeto de manutenção regular.

• No caso das cercas elétricas, estas devem ser desenhadas,


construídas, usadas e adequadamente mantidas em boas
condições de modo a que, quando os animais lhes toquem,
apenas sintam um desconforto ligeiro. Todas as fontes de
alimentação devem ser devidamente ligadas à terra, para
prevenir curto-circuitos ou evitar que a eletricidade seja
conduzida a outros locais, que não o suposto, como, por
exemplo, a manjedouras e bebedouros.
Produção Ovina e Caprina em Portugal

Desde a antiguidade que a ovinocultura constitui uma das mais


importantes atividades pecuárias nas mais distintas regiões do mundo,
transformando plantas forrageiras inacessíveis à alimentação humana
em proteína alimentar de elevado valor biológico.

A exploração ovina, desempenha um papel fundamental no que


respeita ao ambiente, com a manutenção natural de espaços de
agricultura marginais com solos menos férteis, contribuindo para a
preservação da diversidade de paisagens e de ecossistemas.
Em Portugal, uma grande parte desta atividade é
constituída por empresas agrícolas tradicionais, muitas
vezes de âmbito familiar, que fornecem produtos de
excelente qualidade, com características peculiares e
de grande contributo socioeconómico para as regiões
rurais, tais como carne, leite, lã e também matéria
orgânica para a fertilização dos solos agrícolas.
Tal como na Europa mediterrânica, em Portugal a
exploração ovina baseia-se em sistemas de
produção extensiva, em zonas de montanha e de
meia-encosta, com aproveitamento de terrenos
baldios, utilização contínua de pastagens, com
recurso à transumância, principalmente no
interior do País, ou seja, em Trás-os-Montes, nas
Beiras e no Alentejo.
A produção de pequenos ruminantes representa 6% da
produção animal de Portugal.

Esta produção tem vindo a decrescer. Este facto deve-se, em


grande parte, ao perfil etário dos criadores de ovinos que é
mais elevado do que em qualquer outro sector agrícola, ao
êxodo rural, aos baixos rendimentos dos produtores, e às
condições cada vez mais exigentes da União Europeia em
termos de políticas agrícolas. Esta regressão do efetivo ovino
deve-se ainda à elevada exigência em termos de mão-de-obra
e a acrescidas exigências técnicas e sanitárias, nomeadamente
a obrigatoriedade de identificação eletrónica dos animais
(desde 2008).
• Cerca de 70% do efetivo ovino e/ou caprino nacional
corresponde a rebanhos com mais de 100 animais,
situados, principalmente, nas regiões do Alentejo, da
Beira Interior e de Trás-os-Montes (Ministério da
Agricultura, 2007).
• A produção da carne de ovino (época de abate)
concentra-se em 3 picos anuais tradicionais de
consumo: Páscoa, Natal e Santos Populares, que, no
total, representam 38% do abate anual.
• Em Portugal, as marcas DOP e IGP de ovinos, estão relacionadas com
uma política de defesa das raças autóctones, de conservação de
produtos de excelência e qualidade, criados no seu ambiente natural,
com base em alimentos produzidos na região, isentos de hormonas
ou de promotores de crescimento, de forma a satisfazer, não um
mercado global, mas, pelo contrário, um sector de consumidores
altamente exigentes e dispostos a pagar o preço justo por algo que é
único, natural, biológico e seguro em termos alimentícios.

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