A legislação nacional terá que incluir sempre as orientações da
legislação comunitária. A importância da segurança alimentar
A produção primária poderá ser sempre o “local” de uma contaminação
inicial, assumindo logo uma importância fundamental na preservação e na durabilidade ao longo de todo o percurso até ao consumidor final. • Os principais perigos para a segurança alimentar podem-se classificar como biológicos, ocasionados pela contaminação de um alimento com microrganismos como vírus, bactérias e fungos, físicos que ocorrem quando um agente físico externo surge no alimento e químicos que surgem quando os produtos alimentares são contaminados por produtos de natureza química. Criar uma exploração de ovinos 1º Passo-Legalização • Cumprir o processo designado por REAP (Regime de Exercício da Atividade Pecuária) junto das DRAP(Direção Regional de Agricultura e Pescas) –para al há que cumprir o estipulado nos seguintes diplomas nacionais: • Decreto-lei n.º 214/2008 de 10 de Novembro; (Alterado pelo Decreto- Lei n.º 316/2009) • Portaria n.º 631/2009 de 9 de Junho; • Portaria n.º 634/2009 de 9 de Junho; • Portaria n.º 635/2009 de 9 de Junho; • Portaria n.º 636/2009 de 9 de Junho; • Portaria n.º 637/2009 de 9 de Junho; • Portaria n.º 638/2009 de 9 de Junho. Instalações
• Deve-se ter em conta o afastamento de vias viárias de grande
intensidade de trânsito e protegidas de ruídos intensos.
• As culturas forrageiras não devem ser efetuadas em solos
contaminados, nomeadamente com lixos tóxicos ou metais pesados. Deve ser evitada a sua instalação em locais poluídos ou próximo de zonas onde se possam verificar escorrimentos de matérias poluentes, mesmo que provenientes de outras pecuárias. • Os estrumes, chorumes ou outros dejetos não devem escorrer diretamente para a área que servirá para a alimentação, evitando assim a contaminação dos alimentos.
• Evitar efetuar as culturas em parcelas habitualmente muito atacadas
por pragas, em particular pássaros e roedores. Estes, para além dos prejuízos económicos, são focos de contaminação importantes. • Deve tirar-se partido da orientação solar do edifício, proteção dos ventos dominantes tendo como objetivo a manutenção no interior de uma atmosfera propícia aos animais.
• As tintas e conservantes de madeira utilizados na manutenção das
superfícies internas dos alojamentos, cercados e equipamentos devem ser inócuos para os animais.
• É essencial que o pavimento seja bem projetado, antiderrapante e
bem mantido, pois um chão mal construído, grelhas não ajustadas ao tamanho/peso dos animais e superfícies que estejam gastas e/ou estragadas, podem causar ferimentos às patas/pernas. Um chão estragado deve ser imediatamente reparado. • Na escolha do local para instalar prados e pastagens devem- se escolher locais pouco suscetíveis a problemas sanitários de forma a diminuir as aplicações de produtos fitofarmacêuticos. Sendo possível, devem utilizar-se técnicas de produção que permitam diminuir a aplicação deste tipo de produtos, como a Sementeira Direta, a Produção Integrada e a Agricultura Biológica. Pastagens
Quando for necessário efetuar aplicações de fitofármacos, devem
seguir-se as seguintes regras: • Respeitar intervalos de segurança entre a aplicação do produto e a data de corte/pastoreio; • Usar unicamente produtos homologados para a cultura; • Respeitar doses e concentrações recomendadas pelo fabricante; • Manter pulverizadores e restante equipamento de aplicação devidamente calibrado, para que não sejam excedidas as concentrações recomendadas; • O produto, quando da colheita/corte, deve respeitar os Limites Máximos de Resíduos (LMR) previstos na legislação em vigor. Os produtores devem registar as suas práticas culturais em caderno de campo próprio, onde seja possível verificar a correta gestão das pastagens. Alojamentos
• O local onde os animais se encontram alojados deve estar isolado e
separado, nomeadamente dos locais de preparação de caldas e de armazenagem dos fitossanitários, fertilizantes e produtos veterinários, de maquinaria, entre outros. • Não deve ser permitido o acesso a estes locais de animais de outras espécies, que possam constituir risco para os animais da exploração. Referimo-nos aqui, quer a animais bravios (ex. coelhos bravos, aves de rapina, pragas, etc.) quer a animais domésticos, (cães, gatos). • Manter os estábulos adequadamente limpos e livres de estrumes e chorumes, de restos de alimentos e da acumulação de outras sujidades, tais como lixo, arame e plástico, que podem ser nocivos para os animais. • As salas de ordenha devem igualmente estar situadas longe de fontes de poluição e preferencialmente em locais frescos ou onde seja fácil efetuar o seu arejamento. • Devem possuir uma boa ventilação, de modo a assegurar uma correta renovação de ar, a manutenção da temperatura, da humidade e do teor de poeiras adequadas para a espécie em causa. No entanto deverá também evitar ao máximo a entrada de pragas e serem mantidas em bom estado de conservação.
• É importante providenciar uma área, de modo a que os animais
possam deitar-se, durante o tempo que desejarem e tenham espaço suficiente para se levantarem, deitarem e rodarem sobre si mesmos. • O solo não deverá ser excessivamente inclinado, no máximo 10%, uma vez que inclinações elevadas poderão causar problemas nas patas, escorregamentos e quedas.
• Todos os recintos e passagens deverão manter-se em boas condições
de manutenção e os solos não deverão ser demasiado ásperos, uma vez que tal poderá causar abrasões ou cortes nas patas dos animais e, por outro lado, não deverão ser demasiado lisos, uma vez que os animais poderão escorregar e sofrer vários danos. • Ao utilizar-se chão de cimento, especialmente em bovinos de aptidão leiteira, este não deve abranger a maior parte da área utilizada por estes animais, devendo existir pelo menos uma parte que disponha de uma cama confortável, de modo a existirem menores probabilidades de magoarem os úberes.
• A limpeza dos alojamentos deverá ser periódica, de modo a que as
ovelhas não fiquem demasiado sujas, o que reduzirá o risco de mamites ocasionado pelas bactérias na cama. • Caso a manjedoura e o bebedouro sejam acessíveis a partir da área de cama, deverão ser tomadas medidas, no sentido de reduzir a sua conspurcação.
• Os grupos de machos e fêmeas deverão manter-se devidamente
separados. Os animais, que possam estar em confronto, deverão afastar-se, quando necessário, para longe do grupo principal. Equipamentos
• Todos os equipamentos, incluindo os recipientes de água e os
comedouros, sistemas de distribuição de alimentação e água, ventiladores, sistemas de refrigeração, sistemas de abertura de janelas, iluminação, geradores e alarmes, unidades de aquecimento e iluminação, máquinas de ordenha, assim como os extintores, devem ser limpos e inspecionados regularmente e mantidos em bom funcionamento e boas condições. • Todo o equipamento elétrico principal deverá satisfazer as normas existentes, instalado segundo a legislação nacional em vigor, estar devidamente ligado à terra, protegido de roedores e ao qual o acesso de animais não seja possível.
• Em situações em que grande parte do equipamento funciona
automaticamente, deverá haver um gerador (de preferência automático) e/ou um alarme na exploração. • A localização da maquinaria deve ser apropriada para minimizar os efeitos do ruído em animais que habitem no interior (por exemplo, unidades de trituração de alimentos), quaisquer campainhas ou sinais sonoros que possam ocorrer devem ter uma intensidade suficiente para que os humanos possam ouvi-los sem assustar os animais. Locais de Armazenagem
• Aqui, é particularmente importante o controlo de pragas (roedores e
pássaros), muito comum nestes locais e portadores de doenças graves transmissíveis aos animais.
• Os produtos fitossanitários devem estar em local isolado, fechado, em
solo impermeabilizado e localizarem-se a mais de 10 m de cursos ou pontos de água, de forma a evitar a contaminação dos aquíferos por eventuais derrames. Para além disso, os produtos fitofarmacêuticos devem ser sempre guardados nas suas embalagens originais. • Também os produtos veterinários, medicamentos veterinários e biocidas devem estar em locais adequados e de acesso condicionado. Cercas e Sebes • Não devem possuir quaisquer obstruções ou saliências e deverão ser objeto de manutenção regular.
• No caso das cercas elétricas, estas devem ser desenhadas,
construídas, usadas e adequadamente mantidas em boas condições de modo a que, quando os animais lhes toquem, apenas sintam um desconforto ligeiro. Todas as fontes de alimentação devem ser devidamente ligadas à terra, para prevenir curto-circuitos ou evitar que a eletricidade seja conduzida a outros locais, que não o suposto, como, por exemplo, a manjedouras e bebedouros. Produção Ovina e Caprina em Portugal
Desde a antiguidade que a ovinocultura constitui uma das mais
importantes atividades pecuárias nas mais distintas regiões do mundo, transformando plantas forrageiras inacessíveis à alimentação humana em proteína alimentar de elevado valor biológico.
A exploração ovina, desempenha um papel fundamental no que
respeita ao ambiente, com a manutenção natural de espaços de agricultura marginais com solos menos férteis, contribuindo para a preservação da diversidade de paisagens e de ecossistemas. Em Portugal, uma grande parte desta atividade é constituída por empresas agrícolas tradicionais, muitas vezes de âmbito familiar, que fornecem produtos de excelente qualidade, com características peculiares e de grande contributo socioeconómico para as regiões rurais, tais como carne, leite, lã e também matéria orgânica para a fertilização dos solos agrícolas. Tal como na Europa mediterrânica, em Portugal a exploração ovina baseia-se em sistemas de produção extensiva, em zonas de montanha e de meia-encosta, com aproveitamento de terrenos baldios, utilização contínua de pastagens, com recurso à transumância, principalmente no interior do País, ou seja, em Trás-os-Montes, nas Beiras e no Alentejo. A produção de pequenos ruminantes representa 6% da produção animal de Portugal.
Esta produção tem vindo a decrescer. Este facto deve-se, em
grande parte, ao perfil etário dos criadores de ovinos que é mais elevado do que em qualquer outro sector agrícola, ao êxodo rural, aos baixos rendimentos dos produtores, e às condições cada vez mais exigentes da União Europeia em termos de políticas agrícolas. Esta regressão do efetivo ovino deve-se ainda à elevada exigência em termos de mão-de-obra e a acrescidas exigências técnicas e sanitárias, nomeadamente a obrigatoriedade de identificação eletrónica dos animais (desde 2008). • Cerca de 70% do efetivo ovino e/ou caprino nacional corresponde a rebanhos com mais de 100 animais, situados, principalmente, nas regiões do Alentejo, da Beira Interior e de Trás-os-Montes (Ministério da Agricultura, 2007). • A produção da carne de ovino (época de abate) concentra-se em 3 picos anuais tradicionais de consumo: Páscoa, Natal e Santos Populares, que, no total, representam 38% do abate anual. • Em Portugal, as marcas DOP e IGP de ovinos, estão relacionadas com uma política de defesa das raças autóctones, de conservação de produtos de excelência e qualidade, criados no seu ambiente natural, com base em alimentos produzidos na região, isentos de hormonas ou de promotores de crescimento, de forma a satisfazer, não um mercado global, mas, pelo contrário, um sector de consumidores altamente exigentes e dispostos a pagar o preço justo por algo que é único, natural, biológico e seguro em termos alimentícios.