• Um dos problemas que a ética kantiana enfrenta é o facto
de uma mesma ação poder estar associada a várias máximas diferentes. • Algumas dessas máximas podem levar-nos a classificar essa ação como moralmente correta, outras a classificá-la como moralmente errada. • Contudo, na ausência de um procedimento preciso que nos permita determinar em cada caso qual dessas máximas motivou efetivamente a ação, não estaremos nunca em condições de fazer uma avaliação conclusiva da mesma. CONFLITOS DE DEVERES
• Kant diz-nos que temos deveres absolutos.
• Isto significa que nunca é permissível fazer o que estes deveres proíbem (por exemplo, matar intencionalmente pessoas inocentes, roubar, enganar, etc.). • No entanto, esses deveres podem entrar em conflito (por exemplo, posso ter de mentir para evitar ter de matar). • Mas, se esses deveres são absolutos, somos conduzidos a um conflito irresolúvel, pois não temos nenhuma forma de os hierarquizar e de estabelecer uma prioridade entre eles. MÁXIMAS IMORAIS UNIVERSALIZÁVEIS
• Há máximas que o próprio Kant estaria disposto a aceitar que
são imorais, embora passem no teste da universalização. • Por exemplo, a máxima: «Mata qualquer pessoa que te estorve» é claramente imoral. • No entanto, parece resistir ao teste do imperativo categórico, pois não é autocontraditória, nem implica que uma vontade que quisesse que esta se tornasse uma lei universal estaria forçosamente em contradição consigo mesma. MÁXIMAS IMORAIS UNIVERSALIZÁVEIS
Quando Kant propõe […], enquanto princípio
fundamental da moral, a lei «Age de modo que a tua regra de conduta possa ser adotada como lei por todos os seres racionais», reconhece virtualmente que o interesse coletivo da humanidade, ou, pelo menos, o interesse indiscriminado da humanidade, tem de estar na mente do agente quando este determina conscienciosa-mente a moralidade do ato. MÁXIMAS IMORAIS UNIVERSALISÁVEIS
Caso contrário, Kant estaria [a] usar palavras
vazias, pois nem sequer se pode defender plausivelmente que mesmo uma regra de absoluto egoísmo não poderia ser adotada por todos os seres racionais, isto é, que a natureza das coisas coloca um obstáculo insuperável à sua adoção. Para dar algum significado ao princípio de Kant, o sentido a atribuir-lhe tem de ser o de que devemos moldar a nossa conduta segundo uma regra que todos os seres racionais possam adotar com benefício para o seu interesse coletivo. ALÉM DAS PESSOAS
• De acordo com a ética kantiana, uma pessoa é um agente
racional, dotado de autonomia e dignidade, pelo que é nossa obrigação respeitar os seus direitos em todas as nossas ações. • No entanto, os recém-nascidos, os deficientes mentais profundos e alguns animais não-humanos não são pessoas no sentido kantiano. • Apesar disso, sentimos que temos obrigações morais para com eles e que não é permissível tratá-los de qualquer forma. O LUGAR DAS EMOÇÕES
• Ao considerar que para agir moralmente temos de nos abstrair
de todas as nossas inclinações e seguir um imperativo ditado pela razão, a ética kantiana parece esvaziar a moralidade de algumas emoções que lhe estão frequentemente associadas, como a compaixão, a simpatia e o remorso. • Parece inegável que os nossos sentimentos, desejos e emoções também têm um papel a desempenhar no domínio da moralidade.