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Finanças Públicas

Fernando Camargo
Receita Federal
Princípios fundamentais
 Neutralidade

 Eqüidade
Princípio da Neutralidade
 Parte da premissa da não-interferência
dos tributos nas decisões dos agentes
econômicos.
 A neutralidade tributária é obtida quando a
arrecadação de impostos pelo governo
não modifica os preços relativos.
Princípio da neutralidade: conceito
 “Imposição de tributos que não alterem o
comportamento privado com respeito às
decisões de consumo e produção”.
 A rigorosa aplicação desse princípio
conduz a chamada tributação eficiente ou
tributação ótima.
Imposto uniforme per-capita (lump-sum
tax)
 Imposto repartido igualmente pelo número
de consumidores, independentemente de
seu nível de renda.
 Imposto considerado neutro
Princípio da eqüidade
 Por esse princípio, procura-se dar um
mesmo tratamento, em termos de
contribuição, aos indivíduos considerados
iguais (eqüidade horizontal), assegurando,
ao mesmo tempo, que os desiguais serão
diferenciados segundo algum critério a ser
estabelecidos (eqüidade vertical).
 Para aplicação do princípio da eqüidade,
há necessidade de se estabelecer o
critério a ser utilizado para classificar os
indivíduos considerados iguais e também
de normas de diferenciação.
 A eqüidade pode ser avaliada sob outros
dois princípios: princípio do benefício e da
capacidade de pagamento
Princípio do benefício
 Sob este princípio, os impostos são vistos como
preços que os cidadãos pagam pelas
mercadorias e serviços que adquirem através de
seus governos, cobrados de acordo com os
benefícios individuais direta ou indiretamente
recebidos.
 Vincula a desvantagem do tributo à vantagem
do gasto público.
 Ex: contribuição de melhoria
Princípio do benefício
 Algumas modernas interpretações acerca
deste princípio:
 Benefícios totais
 Benefícios proporcionais

 Benefícios marginais
Princípio do benefício: benefícios totais

 Os impostos a pagar devem equivaler aos


benefícios totais que o indivíduo recebe
dos gastos públicos.
 Erro: os benefícios totais dos serviços públicos
são sempre maiores que os custos desses
serviços, da mesma forma que o valor total de
um produto de mercado é sempre superior ao
seu custo total. Há um excedente de valor no
bem público (excedente do contribuinte) assim
como há excedente do consumidor no caso do
bem privado.
Princípio do benefício: benefícios
proporcionais
 Estipula que a carga tributária deve ser
distribuída proporcionalmente ao benefício
total recebido.
 Isso significada que o “excedente do
contribuinte” deve ser distribuído de forma
equivalente às diversas contribuições.
Princípio do benefício: benefícios
marginais
 Estabelece que os impostos devem ser
distribuídos com base nos benefícios
marginais ou incrementos recebidos.
Assim o critério do benefício torna-se
análogo ao critério preço na economia.
O tributo a ser pago deve equivaler à avaliação
feita pelo cidadão da utilidade marginal do
serviço público a ele prestado. A receita gerada
forneceria uma medida da utilidade do serviço
público e graduaria sua oferta.
Princípio do benefício: críticas
 Medição impossível: a produção pública
não é sujeita à lei do preço, pois encontra-
se disponível como um todo e não existem
formas possíveis para a determinação das
quantidades consumidas.
Princípio da capacidade de pagamento

 Parte da posição de que a abordagem do


“benefício” é irrelevante.
Independentemente da utilidade dos
serviços públicos para as pessoas, estas
devem contribuir na proporção de sua
capacidade para tal.
 Critériopode ser a renda bruta, líquida, a
riqueza ou gastos de consumo (Renda = consumo +
poupança)
Princípio da capacidade de pagamento e
eqüidade
 O princípio da capacidade de pagamento
sugere que os contribuintes devam arcar
com cargas fiscais que representem igual
sacrifício de bem-estar, interpretado pelas
perdas de satisfação no setor privado.
 Eqüidade horizontal (igual tratamento para
iguais)
 Eqüidade vertical(desigual tratamento para
desiguais)
Princípio da progressividade
 A incidência tributária pode ser:
 Regressiva (supõe que os impostos devam
crescer menos que a renda)
 Proporcional (supõe que os impostos devam
evoluir simultaneamente com a renda)
 Progressiva (supõe que os impostos devam
evoluir mais acentuadamente que a renda)
 Os modernos sistemas fiscais consagram
a progressividade na tributação.
Princípio da progressividade
 Justifica-se este enfoque pelo chamado
“mínimo sacrifício agregado”.
 Sugere que os contribuintes arquem com
decréscimos marginais iguais na utilidade de
sua renda. Caso a unidade de imposto cause a
A uma perda de 5, enquanto para B seria de
15, o primeiro deve contribuir mais que o
segundo.
Outros princípios tributários
 Rentabilidade: a base tributária deve ser
suficientemente ampla para aduzir ao
Governo os recursos exigidos pelo volume
de seus gastos.
 Elasticidade: além de ampla, a base
sobre a qual são calculadas as obrigações
fiscais deve crescer continuamente,
acompanhando aproximadamente o
crescimento dos gastos do governo.
Outros princípios tributários
 Economicidade: a forma de contribuição
selecionada deve ser razoavelmente
simples de ser administrada, evitando que
se comprometam frações significativas da
arrecadação com o custeio da própria
estrutura da máquina arrecadadora.
Outros princípios tributários
 Simplicidade: dado que o tributo é norma
de rejeição social, quanto mais simples
forem as regras de tributação e o
procedimento arrecadatório, maior tende a
ser o afluxo de rendas ao erário. Regras
complexas e procedimentos incovenientes
afastarão o contribuinte que,
naturalmente, já não tem vontade de
pagar tributo.
Impostos: definições
 Seu fato gerador não tem relação com
qualquer atividade estatal voltada ao
contribuinte. Seu fato gerador é sempre
ligado a alguma manifestação de riqueza
por parte do contribuinte. Não é
contraprestacional, é chamado tributo
não-vinculado. Dizem que é o tributo
distributivo da riqueza.
Impostos
 Segundo o art. 16 do CTN, imposto é o
tributo cujo fato gerador é uma situação
que independe de uma contraprestação
estatal específica relativa ao contribuinte.
 Segundo o art. 145, § 1º da CF, os
imposto devem ser graduados de acordo
com a capacidade econômica do
contribuinte.
Impostos
 13 impostos
 União:7
 Estados e DF: 3

 Municípios: 3
Taxas: definições
 Segundo o art. 77 do CTN, verifica-se que
existe 2 tipos de taxas: taxa de serviço e
taxa de polícia, com 2 fatos geradores
distintos.
Taxa de serviço
 Prevê o CTN que a taxa tem como fato
gerador a utilização, efetiva ou potencial,
de um serviço público (específico e
divisível).
 A CF não menciona quais as taxas que
cada esfera de governo poderá instituir.
Taxa de polícia
 Na redação do CTN, é a taxa cujo fato
gerador é o exercício regular do poder de
polícia (atividade administrativa que consiste na
fiscalização e vigilância de certas atividades realizadas
pelos particulares em geral, a fim de resguardar um
interesse público ou a fim de garantir que o exercício
dos direitos e da liberdade do empreendedor não venha
prejudicar direitos ou a liberdade da coletividade).
 Ex: taxa de alvará para construção, taxa de vigilância
sanitária
Preço Público
 São remunerações pagas pelas pessoas
em geral, pela utilização de determinados
serviços. Diferem da taxa pois não são
compulsórios. O dever de pagá-los surge
de contrato entre o usuário e a
prestadora.
 Escapa da definição de tributo!
 Ex: contraprestação energia elétrica, gás
canalizado etc
Contribuição de melhoria
 Segundo o CTN é o tributo cujo fato
gerador é a valorização imobiliária
decorrente de obra pública.
Empréstimos compulsórios e
contribuições especiais
 São tributos pois são:
 Prestações pecuniárias
 Compulsórias

 Estabelecidas em lei

 Não punitivas

 São cobradas através de atividade plenamente


vinculada às determinações legais.
Empréstimo compulsório
 Exigência pecuniária coativa sobre os
contribuintes para sustentar certos gastos
circunstanciais (guerra, calamidade
pública ou investimento público),
assumindo a União o dever de promover a
restituição.
Contribuições especiais
 Seguridade social – ou para o
financiamento da seguridade social
(saúde, assistência e previdência social)
 Atividade de intervenção da União em
determinados setores econômicos
(contribuições interventivas)
 Sustentação de algumas entidades de
classe (contribuições corporativas)
Fiscalidade
 É o termo que designa a característica de
um determinado tributo quando sua
finalidade é, principalmente, arrecadatória.
 Ex: IR, IPTU, ICMS, IPVA, contribuições
especiais.
Extrafiscalidade
 É o termo que designa a característica de
um determinado tributo quando sua
finalidade é outra que não arrecadatória.
Finalidade, por exemplo, econômica ou
social.
 É o chamado tributo regulador.
 Ex: II, IE, IOF, IPI, ITR.
Tributo Vinculado
 É aquele cujo fato gerador relaciona-se
(vincula-se) a algum tipo de atividade
estatal em prol do contribuinte.
 Ex: taxas e contribuição de melhoria
Tributo não-vinculado
 É aquele cujo fato gerador em nada se
relaciona com alguma atividade estatal em
direção ao contribuinte.
 Ex: impostos
Tributo de arrecadação vinculada
 Tem o produto de sua arrecadação
comprometido com determinada despesa
ou programa.
 Ex: empréstimos compulsórios e contribuições
especiais
Tributo de arrecadação não-vinculada

 Aquele cujos recursos arrecadados


podem ser livremente usados (como
dispuser a lei orçamentária do ente
tributante) em quaisquer despesas do
ente estatal, não havendo uma
determinação prévia de vínculo entre a
receita e a despesa.
 Ex: impostos, taxas e contribuição de melhoria.
Contribuinte de direto
 Aquele que tem por lei o dever de pagar.
É a regra geral.
Contribuinte de fato
 Aquele que, sob uma ótica
essencialmente econômica, suporta o
ônus da carga tributária.
Tributo direto
 Quando há coincidência das figuras do
contribuinte de direito e de fato na mesma
pessoa teremos o chamado tributo
direto.
Tributo indireto
 Quando o contribuinte de direito
consegue, através de uma situação de
mercado, transferir a outra pessoa o
encargo econômico estaremos diante do
chamado tributo indireto.
Tipos de impostos
 Progressivos
 Regressivos
 Proporcionais
Impostos progressivos
 Aplicam-se maiores percentuais de impostos
para as classes de renda mais alta.
 Torna a distribuição de renda menos desigual
após sua aplicação.
 O imposto progressivo exerce um controle
quase automático sobre a demanda, pois num
cenário inflacionário, a receita fiscal cresceria de
maneira mais rápida que a renda nominal,
freando o consumo. Na recessão, o contribuinte
que teria sua renda diminuída, teria menor
alíquota e redução da carga tributária.
Tributos progressivo
 Arrecadação por renda T/Y
Impostos regressivos
 Tributa-se mais fortemente as camadas
mais baixas de renda. Quanto menor o
nível de renda, maior o percentual de
imposto a ser pago pelo indivíduo.
 A distribuição de renda se concentra mais
nas classes de maior poder aquisitivo.
Tributos regressivos
 Arrecadação por renda T/Y
Tributos indiretos com alíquotas fixas
 Uma alíquota para todos os produtos,
como o antigo ICM, é considerada
regressiva.
 O atual ICMS, embora tenha alíquotas
diferenciadas, é considerado regressivo
pelos economistas.
Impostos proporcionais ou neutros
 Aplica-se a mesma alíquota do tributo
para os diferentes níveis de renda.
 Não tem efeito sobre a distribuição de
renda na sociedade.
 O imposto proporcional sobre a renda
seria neutro do ponto de vista do controle
da demanda agregada, pois a renda total,
a renda disponível e o gasto em consumo
crescem às mesmas taxas.
 Arrecadação por renda
Carga Fiscal
 Progressiva
 Regressiva
 Neutra
Questões importantes sobre o sistema
tributário de um país.
 Os tributos que o compõe não provocam
distorções sobre as decisões dos agentes
econômicos?
 O grau de eqüidade do sistema é satisfatório?
 Qual deve ser o equilíbrio entre a tributação de
bens e a tributação da renda?
 O custo de sua administração é adequado?
 Do ponto de vista da eficiência, o sistema
tributário ideal é aquele consistente com a
alocação paretiana ótima de recursos.
 Seria aquele que não alterasse os preços
relativos determinados pelo mercado, não
influindo nas decisões privadas de produção
e consumo.
Curva Reversa
 Origina-se dos efeitos causados pela
instituição ou aumento das alíquotas do IR
e sobre a oferta de trabalho.
 Leva aos chamados:
 Efeito-substituição

 Efeito-renda
Efeito-substituição
 Ocorre porque a instituição ou aumento do
IR diminui o valor do salário adicional
ganho por horas trabalhadas. O salário-
líquido diminui o que faz com que este
prefira trabalhar menos e gozar mais
lazer.
 Assim, o efeito-substituição afeta
negativamente a oferta de trabalho.
Efeito-renda
 Decorre da diminuição do total da renda
líquida do trabalhador em função da
instituição ou aumento do IR.
 O trabalhador fica mais pobre e tentará
compensar a redução da renda através de
um maior número de horas trabalhadas.
 O efeito-renda afeta positivamente a
oferta de trabalho.
Impacto na oferta de trabalho
 Os teóricos admitem que, no caso de
impostos progressivos, nas faixas das
alíquotas marginais mais altas, há
prevalência do efeito-substituição sobre o
efeito-renda.
 Mostrar curvas...
Efeito da inflação sobre a distribuição da
carga fiscal
 Atua como tributo sobre os encaixes reais,
afetando relativamente mais as classes de
menor poder aquisitivo.
 De outro modo, erode a base e recolhimento
dos tributos, ainda que sejam protegidos por
algum esquema de indexação. O resultado é um
aumento da regressividade do sistema, uma
vez que os assalariados (menor renda) são os
mais atingidos.
Imposto inflacionário
 Alguns teóricos dizem que o
financiamento do déficit público só pode
ser feito por tributação ou endividamento,
visto que a emissão de moeda (geradora
de inflação) para esse fim pode ser
considerada forma alternativa de
tributação.
Imposto inflacionário
 Regressivo pois os menos favorecidos
não tem acesso à proteção contra a
inflação.
 Por outro lado diminui as dívidas do
governo, como o pagamento dos salários;
 Propicia mecanismos de correção
monetária para as receitas
governamentais.
Incidência e transferência tributária
 Impacto inicial ou legal: impacto sobre
pessoas físicas e jurídicas (representadas
pelos registros contábeis)
 Transferência: processo pelo qual um
imposto é repassado de uma pessoa para
outras.
 Impacto final: incidência efetiva do ônus
tributário.
Tipo de imposto
 Impostos indiretos são os impostos
repassáveis
 Impostos diretos o impacto legal coincide
com o impacto final.
Elasticidade-preço da demanda
 Variação da quantidade demandada em
resposta a uma dada variação de preços
 Assim o dispêndio total com mercadorias
elásticas varia inversamente com o preço
 Logo os produtores poderão considerar
contrário aos seus interesses a tentativa
de repassar o imposto para o consumidor
Mercadoria de demanda inelástica
 São aquelas que não têm venda muito
responsivas a variação de preço. Um
dado aumento de preços causará uma
redução menos proporcional na
quantidade comprada.
Fatores que explicam a EPD
 Essencialidade do produto
 Não-existência de sucedâneo
 Preço unitário não muito pesado para o
orçamento
Condições de oferta e transferência de
tributos
 A oferta também pode ser elástica ou
inelástica. Elástica quando responde às
variações dos preços finais sem sensíveis
alterações nos custos de produção.
 Oferta inelástica se caracteriza pelas
bruscas alterações dos custos, na escala
de produção
Curva de Lafer
 Quando a alíquota é baixa, há uma
relação direta entre a alíquota e a
arrecadação. De acordo com esta, existe
uma alíquota ótima de arrecadação.
Entretanto, a partir de determinado nível
de alíquota, qualquer elevação da taxa
resulta numa redução da arrecadação
global, devido à provável evasão fiscal e
ao desestímulo provocado sobre os
negócios em geral.

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