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FUNDIÇÃO

Prof. Adão Felipe Oliveira Skonieski

Engenharia Mecânica – IFRS / Ibirubá


FUNDIÇÃO

EMENTA

Introdução à siderurgia. Características físicas dos metais líquidos na


fundição. Processos de fundição. Técnicas de moldagem. Fusão dos
metais. Fundição dos principais metais para obtenção de peças.
Projetos de peças. Metalurgia do Pó. Processos especiais.

OBJETIVOS

Apresentar aos estudantes as técnicas de fundição, as variáveis


pertinentes aos processos que compõe essa tecnologia de produção,
buscando qualificar sua tomada de decisão quanto a escolha desses
processos.
FUNDIÇÃO

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

CHIAVERINI, Vicente. Aços e ferros fundidos: características,


tratamentos térmicos, principais tipos. 7. ed. amp. e rev. São Paulo,
SP: Assoc. Bras. de Metalurgia, Materiais e Mineração, 1996. 600 p.
BALDAM, Roquemar de Lima; VIEIRA, Estéfano Aparecido.
Fundição: processos e tecnologias correlatas. 2. ed. rev. São Paulo,
SP: Érica, 2015. 380 p.
GUESSER, Wilson Luiz. Propriedades mecânicas dos ferros fundidos.
São Paulo: Blucher, 2009. viii, 336 p.
FUNDIÇÃO

Prof. Adão Felipe Oliveira Skonieski

Engenheiro Metalurgista pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul em 2005. Mestre em
Engenharia em 2008 e Doutor em Engenharia em 2013 pelo PPG3M da UFRGS (conceito 7 -
CAPES) na área de Processos de Fabricação. Possui Especialização em Gestão da Qualidade e
Engenharia da Produção pelo IPOG (Conceito 4 – CAPES) além de Especialização em
Gerenciamento de Projetos pela FGV (Conceito 5 – CAPES). Realizou Doutorado Sanduíche
pelos programas: Erasmus Mundus e DAAD entre 2009 e 2011, respectivamente, no FEP-
Fraunhofer Institut de Dresden e no IWT-Bremen, ambos na Alemanha, com ênfase em
desenvolvimento de filmes finos a base de carbono amorfo de alta performance - DLC. Foi
Professor temporário na UFRGS entre 2011 e 2012, ministrando Ciências dos Materiais e
Materiais de Construção Mecânica. Atuou como Professor EBTT junto ao Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul - IFRS, Campus Rio Grande, em disciplinas
como Mecânica Geral e Ensaios dos Materiais para os cursos de Engenharia Mecânica e Técnico
em Fabricação Mecânica. Possui experiência em Gestão Educacional tendo sido Chefe de
Departamento de Ensino (entre 2016 e 2017) e Coordenador da Engenharia Mecânica do IFRS -
Campus Rio Grande entre 2018 e 2020 (único curso de Eng Mecânica do RS com Conceito 5 no
ENADE 2020; IDD conceito 5). Atualmente está lotado no IFRS - Campus Ibirubá.

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INTRODUÇÃO AOS
PROCESSOS DE FUNDIÇÃO
Produtos
Fundição

O processo de fundição consiste em vazar (despejar)


metal líquido num molde contendo uma cavidade na
geometria desejada para a peça final.

Os processos podem ser classificados pelo tipo de


molde, pela força ou pressão usada para preencher o
molde com o metal líquido.

O processo de fundição permite obter, de modo


econômico, peças de geometria complexa, sua
principal vantagem em relação a outros processos.
Fundição
O processo de fundição aplica-se a vários tipos de
metais, tais como aços, ferros fundidos, alumínio,
cobre, zinco, magnésio e respectivas ligas.

Os aços fundidos, por exemplo, podem apresentar


elevadas tensões residuais, microporosidade,
zonamento e variações de tamanho de grão. Tais
fatores resultam em menor resistência e ductilidade,
quando comparados aos aços obtidos por outros
processos de fabricação como conformação a quente.
Vantagens:
• Baixo custo
• Possibilita a fabricação de peças nas mais variadas
formas geométricas;
• Pode ser fabricado peças de grande porte
• Redução de matéria-prima, produção de peças de
paredes mais finas e tolerâncias dimensionais mais
estreitas;
• Redução de processos subsequentes – peças quase
prontas
• Utilização da mesma matriz para milhares de peças
• Alta capacidade de produção
Propriedades Físicas
ADI

• Resistência:
• ao desgaste, por possuírem grafita, que age como
lubrificante;
• À abrasão;
• À corrosão;
• À altas temperaturas;

• Amortecimento de vibrações, característica


fundamental para bases de máquinas;
Classificação
• Existem muitas variantes no processo de fundição (grau
de automação, produtividade, precisão dimensional,
acabamento superficial).
• Destaca-se a influência do tipo de molde nas propriedades
físicas do material resultante. Por este motivo os
processos de fundição são muitas vezes classificados de
acordo com o tipo de molde utilizado.

Os processos típicos podem ser classificados em quatro


grupos básicos:
• Areia Verde (molde é descartável)
• Molde Permanente (molde é metálico, bipartido).
• Injeção (molde é metálico, o metal líquido entra sob pressão)
• Cera Perdida (molde e modelo são descartáveis)
Fatores a considerar
O tipo de processo a usar deve ser escolhido adequadamente.
Os mais importantes fatores a considerar são:

• Quantidade de peças a produzir


• Projeto da fundição
• Tolerâncias requeridas
• Grau de complexidade
• Especificação do metal
• Acabamento superficial desejado
• Custo do ferramental
• Comparativo econômico entre usinagem e fundição
• Limites financeiros do custo de capital
• Requisitos de entrega
Áreas de utilização
• Máquinas e Implementos Agrícolas;
• Veículos de Transporte, Motores e Tratores;
• Indústria Automobilística;
• Máquinas Operatrizes;
Fundição em
Areia Verde
Etapas de fabricação
Processamento:
• Moldagem;
• Composição da carga;
• Fusão:
• Transferência;
• Vazamento;
• Desmoldagem;
• Acabamento;
Moldagem:
• Fabricação do molde, que contem uma
cavidade que reproduz a geometria da peça.
• Os elementos típicos:
• Canais (de entrada, descida, alimentação);
• Massalotes (para compensar as contrações
dimensionais do metal durante a solidificação);
• Macho (componente utilizado para evitar que o
metal ocupe um determinado espaço do molde,
gerando uma cavidade na peça final).
Moldagem:
Moldagem:
• Modelo: tem o formato externo da peça a ser
fundida;
• Macho: tem o formato interno da peça a ser
fundida;
• Molde: dispositivo onde o metal é vazado;
Massalotes:São reservatórios de metal líquido que irão compensar a
contração do metal da peça quando da mudança de estado líquido ®
sólido. Um massalote mal dimensionado irá causar um “rechupe” ou vazio
de contração na peça.
Resfriadores: São peças metálicas que entrarão em contato com o metal
líquido, acelerando a solidificação naquela posição. São usados para
direcionar a solidificação de forma a aumentar a eficiência dos
massalotes.
Respiros: São canais para saída do ar e dos gases de combustão da resina
da areia durante o vazamento do metal no molde.
Canais de vazamento: São os dutos para levar o metal vindo do cadinho
de vazamento até o interior do molde, que contém a cavidade que irá
formar a peça fundida.

Os projetos de peças fundidas em aço são completamente diferentes dos


projetos de peças fundidas em ferro, pela simples razão destas ligas terem
uma
contração de solidificação bastante diferente.
Materiais para placa modelo
• modelos em isopor
• modelos em madeira
• modelos em plástico (epóxi)
• modelos em metal (alumínio – ferro – bronze)

A qualidade e custo crescem em direção ao


modelo em metal.
Composição da carga:
• É a etapa onde são carregadas, no forno de fusão, as diversas
matérias primas que vão compor o produto para vazamento

Forno Rotativo

Forno Indução
Forno Cubilô
Fusão:
• aquecimento da carga até uma temperatura
superior ao ponto de fusão do material. Este
excesso de temperatura (super-
aquecimento) é necessário para compensar
as perdas de calor envolvidas nas etapas
posteriores e que antecedem ao vazamento
do metal líquido no molde.
Transferência:
• Transporte do metal líquido do forno até o
molde. (Cadinho)
Vazamento:
• Despejar o metal líquido no molde.
Desmoldagem:
Extração do metal solidificado (peça, canais e)
do resto do molde (caixa de areia e macho)
Acabamento:
Operações de rebarbação e jateamento de
areia na etapa de acabamento.
Microfusão
Fundição de precisão ou Fundição em cera
perdida
Microfusão
Tecnologia de fundição através de modelos
elaborados em cera e revestidos com
material refratário, também chamado de
processo a cera perdida, com maior
precisão na peça pronta e muitas vezes
dispensando usinagem conforme o grau de
tolerância requerido.

Exemplo de peças
Como é o processo?

É construído uma matriz (negativo),


onde é injetado cera, obtendo-se o
positivo. Estas peças são retiradas da
matriz e dispostas numa “árvore”
formando um conjunto de peças de
cera.
Injeção de cera na matriz
Peças em cera montadas na “arvore”
Esta “árvore” é revestido com material
cerâmico refratário, e depois de seco, é
calcinado para aumento de resistência
e assim a cera é derretida
Formou-se então o “cacho” que deverá
receber o aço em estado líquido,
previamente analisado sua composição
O metal líquido é despejado no interior do “cacho” e
resfriado naturalmente. Este é quebrado e assim
obtido um conjunto de peças, que são separadas,
retirado as rebarbas e jateadas, ficando prontas para
utilização ou usinagem de precisão.

Quebra
do
“cacho”.
Vantagens
• Consegue-se obter uma peça com alto grau de
complexidade já em sua forma final,
• São mais resistentes pelo fato de serem monolíticas e
sem soldas.
• Pode-se trabalhar com metais difíceis de usinar
• Liberdade de projeto,
• Ampla variedade de ligas,
• tolerâncias menores em comparação com outros
processos,
• menor perda de material, etc.
Fundição sob
Pressão
Esquema de funcionamento
Motor injetado

Peça com canal


de alimentação e
distribuição

Molde
Injeção

• Molde metálico fixo

• Exige pressão para a compactação do material

• Alta produtividade
Características Injeção
• Os moldes metálicos utilizados em fundição sob
pressão são chamados de matrizes.

• É geralmente construída em duas partes que são


fechadas hermeticamente no momento do vazamento
do metal líquido.

• O metal é bombeado na cavidade da matriz sob


pressão suficiente para o preenchimento total de todos
os seus espaços e cavidades. A pressão é mantida até
que o metal se solidifique. Então, a matriz é aberta e a
peça ejetada por meio de pinos acionados
hidraulicamente.
Matriz de injeção
Funcionamento
No seu interior há um pistão hidráulico que, ao descer,
força o metal líquido a entrar em um canal que o leva
diretamente à matriz. A pressão exercida pelo pistão faz
com que todas as cavidades da matriz sejam preenchidas,
formando-se assim a peça após a solidificação.
Vantagens da Injeção
• Peças de ligas como as de alumínio, fundidas sob pressão,
apresentam maiores resistências do que as fundidas em
areia;
• As peças fundidas sob pressão podem receber tratamento
superficial com um mínimo de preparo prévio da superfície;
• Possibilidade de produção de peças com formas mais
complexas;
• Possibilidade de produção de peças com paredes mais finas
e tolerâncias dimensionais mais estreitas;
• Alta capacidade de produção;
• Alta durabilidade das matrizes.
Desvantagens da injeção
• Limitações no emprego do processo: ele é usado
para ligas não-ferrosas, com poucas exceções;
• Limitação no peso das peças (raramente superiores
a 5 kg.);
• Retenção de ar no interior das matrizes, originando
peças incompletas e porosidade na peça fundida;
• Alto custo do equipamento e dos acessórios, o que
limita seu emprego a grandes volumes de
produção.
Peças fabricadas
A indústria automobilística utiliza uma grande
quantidade de peças fundidas sob pressão:
tampas de válvulas, fechaduras, carcaças de motor
de arranque, maçanetas, caixas de câmbio de
máquinas agrícolas.

O mesmo acontece com a indústria aeronáutica, que


utiliza peças fundidas principalmente de ligas de
alumínio e magnésio. Essa variedade de produtos
indica a importância desse processo de fabricação
dentro do setor de indústria metal-mecânica.
Injetoras

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