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Comunicação Não Verbal

Disciplina: Psicologia da Linguagem


Docente: Sónia Ferreira
Discentes:
Carla Pinhal nº 350
Catarina da Bernarda nº 305
Cristina Reis nº 366

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Índice
Introdução
Uma abordagem histórica
Comunicação não verbal
A Linguagem Gestual Portuguesa
Linguagem Corporal
Sinais não verbais da sedução
Conclusão
Bibliografia
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Introdução

Um gesto vale mais que mil palavras, mas


são necessárias mais que mil palavras para
abordar um assunto tão amplo que
contemple o gesto e o seu possível
significado; este assunto é denominado de
comunicação não verbal.

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A comunicação faz parte do nosso dia a dia.
Estamos constantemente a comunicar
através das nossas emoções, sentimentos e
gestos.

No nosso trabalho vamos abordar algumas


áreas importantes da comunicação não
verbal, explicá-las tendo em conta a
importância que têm no nosso dia a dia.

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Uma Abordagem Histórica

Desde a Antiguidade Clássica que se


evidencia algum interesse pela análise do
comportamento não verbal nos vários
domínios.

C. Darwin foi pioneiro no estudo científico da


comunicação não verbal ao publicar em 1872
“A expressão das emoções no Homem e nos
Animais”. Verificou semelhanças no
comportamento expressivo de diferentes
culturas e acentuou os factores biológicos.

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Muitas das ideias e das observações de
Darwin foram validadas pelos investigadores
de todo o mundo. (Pease, A., 2002)

Este estudo científico só se vai aprofundar


pós II Guerra Mundial.

Nos anos 50 surgem conceitos como:

Cinésica Integra o campo dos


movimentos corporais

Proxémica Define o conjunto das


observações e das teorias
referentes ao uso do espaço na
comunicação pelo homem 6
Para Corraze (1982) a comunicação não
verbal processa-se através de três
suportes: o corpo, os objectos associados
ao corpo e o espaço físico e territorial.

De acordo com pesquisas recentes homens


e animais utilizam a comunicação não
verbal.

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Comunicação Não Verbal

A comunicação não verbal realiza-se


através de:

• Códigos como os gestos


• Tom de voz
• Movimento do olhar

Estes códigos transmitem mensagens


sobre o que se está a passar no nosso
meio.

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Os códigos apresentativos apresentam duas
funções importantes (Fiske, 2004):

Transmitir informação inicial

O ouvinte fica a conhecer a identidade,


emoção e posição social do orador.

Gestão de interacção

São os códigos utilizados para gerir o tipo


de relação entre o orador e o ouvinte, tais
como o uso de certos gestos, posições ou
tom de voz. 9
Existe reconhecimento por parte dos
psicólogos sociais de uma terceira função
dos códigos:

A Função cognitiva ou ideacional

Esta transmite informações ou ideias,


acerca de coisas ausentes, envolvendo a
criação de uma mensagem ou texto
independente do comunicador e da sua
situação.

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A Linguagem Gestual Portuguesa

A linguagem gestual portuguesa (LGP) é


utilizada pela comunidade de surdos, é uma
língua que utiliza essencialmente as mãos,
no sentido de se expressar através de
gestos e de ser recebida visualmente.

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Propriedades estruturais da LGP
• É composta por símbolos arbitrários que
estão de acordo com um modelo;

• A LGP é um sistema linguístico;


• A LGP é partilhada por uma série de
“falantes” (para designar o utilizador da
língua gestual);

• A LGP possui recursividade e criatividade;

• Os aspectos contractivos são também uma


característica da LGP;
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• A LGP é um sistema em constante evolução
e renovação;

• A aprendizagem/aquisição da LGP faz-se


de um modo natural num envolvente
linguístico propício.

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Sistema Linguístico

As línguas são sistemas regidos por


regras e compete aos linguísticos a tarefa
de tentar descrevê-los e explicar o seu
funcionamento.

Os primeiros estudos sobre línguas


gestuais de comunidades de surdos foram
efectuados nos E.U.A. por inícios dos anos
sessenta, por William Stokoe (“American
Sign Language”).

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A partir deste estudo acrescentaram-se
outros:

Fonéticos

Fonológicos

Morfológicos

Sintácticos e Semânticos

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Comunidade Linguística

Em Portugal existe uma comunidade de


surdos que tem como língua, a LGP.

Cada país tem a sua língua gestual com


variantes:

Regionais (exemplo: Lisboa e Porto)

Sociolinguísticas, consoante o grau de


alfabetização e profissional dos surdos

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Exemplo das variantes:

Quando um programa televisivo é traduzido


em língua gestual, os surdos de outras
regiões do país têm grandes dificuldades
em perceber algumas “expressões”/gestos
utilizados pelo intérprete. (Amaral, M.,
Coutinho, A. & Martins, M., 1994).

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Características da Língua
Criatividade

É inerente à sua própria construção,


obedecendo às regras que regem a
língua.

A esta característica associa-se:

Recursividade
A língua pode produzir uma série de
enunciados baseados nos recursos
existentes.
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Sistema em constante Evolução e
Renovação
As línguas evoluem de forma a responder
às necessidades impostas pela evolução
sociocultural. (Amaral, M., Coutinho, A. &
Martins, M., 1994).

O aparecimento de novos vocábulos


sofrem alteração e evoluem com o tempo.
Por exemplo: o antigo gesto do comboio,
que reproduzia a saída do vapor, passou a
ser um gesto que representava o movimento
das rodas e actualmente é um gesto com
características arbitrárias.
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Modo natural de aquisição

Hoje o homem nasce com a capacidade


inata para a linguagem e a sua aquisição
processa-se de forma natural desde que
seja inserido num meio linguístico
adequado.

O processo desenvolve-se exactamente da


mesma forma nas línguas orais e nas
línguas gestuais.

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Características das Línguas Gestuais

A Língua Gestual tem características


próprias e exclusivas (Kyle e Woll, 1991)
tais como:

A capacidade de utilização de gestos


simultâneos;

O uso do espaço;

Organização.

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À primeira vista pode-nos parecer que
são línguas pobres, de vocabulário
reduzido e sem gramática, mas pelo
contrário têm um enorme potencial e
possuem uma grande riqueza.

A investigação sobre a LGP deu-se em


1970 com os estudos de Klima e Bellugi
que comprovaram o estatuto
neuropsicológico desta língua.

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Por volta de 1987 estes mesmos autores
e Poizner demonstraram que lesões
cerebrais nas áreas da linguagem em
indivíduos surdos, apresentavam
igualmente afasias de tipologia idêntica
às da linguagem verbal.

A língua gestual pode ser considerada


como um sistema linguístico que,
embora utilizando modalidades
diferentes de produção e de percepção, é
processada nas mesmas áreas cerebrais
que a língua verbal (Amaral, M.,
Coutinho, A. & Martins, M., 1994).
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Funções da Linguagem

Função Referencial

É a base de toda a comunicação;


define as relações entre a
mensagem e o objecto a que se
refere tendo a capacidade de
transmissão de informação
objectiva (Guiraud, P. 1993).

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Função Emotiva

Define as relações entre a


mensagem e o emissor. É dada
através de expressões faciais e
corporais que acompanham o
gesto, e que têm na língua oral os
seus equivalentes nos elementos
prosódicos (características
fónicas da cadeia falada: variações
de tom, melodia, etc).
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Função Conativa ou Injuntiva

Define as relações entre a


mensagem e o receptor, já que
toda a comunicação tem por
finalidade obter deste último uma
reacção (Guiraud, P. 1993).

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Função Fática

Tem por finalidade o afirmar, o


manter ou o cortar a comunicação.
Exemplo: “Alô, está lá?” “Está?
Está-me a ouvir?”

Função Metalinguística

Tem por finalidade definir o


sentido dos signos que podem não
ser compreendidos pelo receptor
(Guiraud, P. 1993). 27
Função Poética ou Estética

É definida por Jakobson como a


relação da mensagem consigo
mesma.

Esta função é utilizada


essencialmente na produção de
texto dramático, poético e
narrativo em língua gestual
(Guiraud, P. 1993).

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Tipos de Gestos

Gestos Icónicos

São de descrição figurativa,


representam elementos de semelhanças
com a realidade.

Exemplo: o gesto Coimbra está


associado à capa de estudante e o
gesto Carro remete para uma parte do
mesmo, o volante.

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Gestos Referenciais
Gestos que envolvem o acto de
apontar directamente para o referente
ou para o espaço que o representa.

Exemplos:
Gestos que apontam directamente para
a realidade (eu);
Gestos que apontam para o espaço
que representa a realidade (ele).

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Gestos Arbitrários
São todos os gestos que não
apresentam uma relação com a
realidade.

Tanto as entidades concretas como


as abstractas podem ser
representados por gestos arbitrários.

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Universalidade
A comunicação gestual dos surdos é universal?

Esta ideia assenta em alguns preconceitos:


A comunicação gestual intuitiva (não
exige aprendizagem) seria a mesma para
todos os surdos;

A comunidade surda espalhada pelo


mundo é uma minoria, logo utilizaria um
único tipo de comunicação; e sendo uma
comunicação icónica, a sua representação
seria a mesma em todos os países.
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Em 1960 estes preconceitos começaram a
ser ultrapassados através da pesquisa
linguística.

As atitudes de universalismo face à


comunicação gestual das comunidades
surdas mudaram consideravelmente:

Não existe uma comunicação universal


entre surdos, tal como não existe entre
os ouvintes;

Em cada país é usada uma linguagem


gestual própria;
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As barreiras da linguagem são as
mesmas para surdos e ouvintes;

Existem princípios organizadores


comuns, tais como o uso do espaço, do
movimento e orientação das mãos de
formas semelhantes (Amaral, M.,
Coutinho, A. & Martins, M., 1994).

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Linguagem Corporal
De acordo com pesquisas o impacto de
uma mensagem sobre o ouvinte está
relacionado com:

7% - Palavras (o que a pessoa diz)

38%- Tom de voz, inflexão (a maneira como


fala)

55% – Corpo, olhos, mãos, braços, pernas,


dedos (expressão e gestos)

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Qualquer mensagem, por mais trivial que
seja, sofre um processo de perda e
dissipação ou distorção, dependendo do
mundo interno do receptor.

Exemplo: A brincadeira
do telefone sem fio.

Conclusão: mesmo mensagens simples, em


pequeno circuito, sofrem alterações
surpreendentes.

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De acordo com o Professor Paul Ekman,
todos os povos utilizam os mesmos gestos
faciais para expressar a alegria, a tristeza, o
ódio, o amor, o medo, a vergonha.

Mas em diferentes culturas existem sistemas


não verbais distintos, por exemplo: a mão
fechada com o polegar para cima em
Portugal quer dizer “tudo bem”, na
Alemanha significa o número 1, no Japão
designa o número 5 e no Gana é um insulto.
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Com este exemplo podemos confirmar que
sinais relativos ao espaço, às cores e aos
gestos corporais variam de acordo com a
parte do mundo, com a cultura do país,
portanto, devem ser lidos num conjunto,
globalmente.

Cada pessoa procura estabelecer um


determinado espaço pessoal. (Fast, 2001).

Exemplo: Essa área é menor entre pessoas


da cidade, acostumadas com elevadores,
congestionamentos, do que entre pessoas
do campo.
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A reacção à invasão é variada – pode-se
fingir que não foi observada ou pode ser
intensa.
Exemplo:
Num cinema vazio, sentimo-nos invadidos
se alguém senta do nosso lado ou em
cadeiras próximas.

Na linguagem corporal, nenhum gesto


deve ser lido isoladamente, pois só terá
sentido quando somando aos demais
gestos e, juntos, apontarem uma
congruência da comunicação corporal
(Fast, 2001).
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Sinais não verbais da sedução
A maioria de nós, humanos, sabemo-nos
comportar e descodificar sinais não-
verbais que indicam sedução e/ou
cortejamento, embora, na maior parte das
vezes, não sejamos capazes de descrever
de maneira consciente esses sinais.

A sedução no humano é uma espécie de


ritual (ou será arte?) que pode ajudar na
compreensão das relações humanas.

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Uma pessoa que consegue vivenciar
diversas situações bem sucedidas de
cortejamento, passa a ter pontos
favoráveis na sua auto-estima.

Desde as antigas pinturas nas cavernas


até às recentes fotografias e filmes
digitais, os seres humanos têm
manifestado um desejo de descodificar
expressões e movimentos do ser humano,
que possibilitariam decifrar motivações
inconscientes.
A linguagem não verbal utilizada na
sedução tem algumas características que
dependem da cultura na qual as pessoas
estejam inseridas.
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Conclusão
A comunicação humana é uma área de
investigação e de estudos muito
complexa, é tanto um fenómeno quanto
uma função social e profissional.

Resultados de diversos estudos


demonstram que as relações
interpessoais são mais influenciados por
canais de comunicação não verbais do
que verbais. Isto é indicativo que o
discurso não verbal assume relevância
nos processos de comunicação humana.

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Bibliografia
Livros:
Amaral, M., Coutinho, A. & Martins, M. (1994). Para uma
gramática da língua gestual portuguesa. Lisboa: Editora
Caminho.
Fast, Julius (2001). A Linguagem do Corpo. Lisboa: Edições
70.
Fiske, J. (2004). Introdução ao estudo da comunicação.
Porto: Edições Asa.
Guiraud, Pierre (1993). A Semiologia. (4ª Ed). Lisboa:
Editorial Presença
Pease, Allan (2002). O Pequeno livro da Linguagem Corporal.
Lisboa: Editorial Bizâncio.

Sites Internet:
Net 1 (http://www.brazcubas.br)
Net 2 (http://www.usp.br)
Net 3 (http://www.apagina.pt/arquivo)
Net 4 (http://www.w3.ualg.pt)
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FIM
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