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Filosofia
Referências bibliográficas
Ora, neste sentido, a Filosofia soa inútil. Ela não tem uma finalidade prática para os outros. E
nesse sentido, perde-se de vista o alcance do pensamento filosófico: a arte do pensamento como
guia para uma vida que vale a pena ser vivida, como disse Sócrates, isto é, o cultivo da reflexão
para seguir o caminho do cuidado com a alma/vida humana. Ou seja, a maior das “utilidades” –
sem ser utilitária.
A Filosofia como cuidado ou pharmakon da
alma
Segundo a tradição da filosofia grega, se é preciso pensar bem, é para viver melhor. Eles
consideravam o vício como desconhecimento da virtude. Assim, a Filosofia tem sua razão de
ser como exercício da virtude contra a ignorância.
Se a medicina se encarregou de curar o corpo, à filosofia coube ser o consolo da alma aflita.
Dizia o filósofo Epicuro:
Deste modo, a Filosofia forma almas fortes pelo exercício da análise de si, do pensamento
autônomo e pela reflexão independente sobre a vida.
Filosofia: medicina [pharmakon] da alma
Epicuro considerava a filosofia não como uma instrução e aquisição passiva de informações, mas como
uma atividade que, através de um generoso sentimento, a philia (amizade), ultrapassa a dimensão da
sabedoria contemplativa e se expande em amor à humanidade. O logos filosófico traz a verdade
iluminadora: é o discurso que se faz pharmakon, remédio que dissolve crenças e superstições – fonte
do medo e dos males da alma. Tendo a filosofia como objetivo, “não instruir os homens, mas
tranquiliza-los”.
O pharmakon filosófico é o discurso terapêutico que busca a autarquia da alma e do corpo, o domínio
da dor do corpo e da alma através da filosofia. Segundo Epicuro:
“nunca se adie o filosofar quando é jovem, nem [se] canse de fazê-lo quando se é velho, pois
que ninguém é jamais pouco maduro nem demasiado maduro para conquistar a saúde da
alma. E quem diz que a hora do filosofar ainda não chegou ou já passou assemelha-se ao que
diz que ainda não chegou ou já passou a hora de ser feliz”.
A noção de felicidade, por mais indeterminada que seja, é objeto da filosofia e da medicina. Para os
Filosofia: afastamento do senso comum
Ao se afastar do senso comum, a Filosofia carrega uma postura crítica: perceber e pensar
com discernimento sobre determinado assunto; avaliar e examinar detalhadamente uma
ideia e emitir um julgamento racional sobre algo.
Portanto, a Filosofia diz um não às crenças costumeiras e aos preconceitos do dia a dia,
abertos a conhecer de modo racional e crítico; e, com isso, admitir que não sabíamos o que
supúnhamos saber.
Ou como dizia a sabedoria socrática: saber ao menos sua ignorância é saber que nada sabe,
para, com isso, humildemente passar a conhecer algo.
A Filosofia e o ato de indagar
À medida que a Filosofia, segundo Platão e Aristóteles, começa pelo espanto ou admiração,
sua atitude natural é indagar, isto é, se fazer perguntas tão simples que demonstrem a
curiosidade espontânea pelo conhecimento de algo.