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ALERGIA ALIMENTAR – Roberta Mariuzzo

APLV Residente de pediatria – R1


O QUE É?
• Reação indesejável e patológica a algum alimento, podendo ser tóxica ou não
tóxica;

• Reação tóxica: pode ser causada por ingesta de toxinas ( ex: Salmonella spp) ou
toxinas ( toxina botulínica);

• Nas reações não tóxicas incluem a hipersensibilidade (alergia alimentar) e


intolerância( resposta fisiologia indesejada).
“ INTOLERÂNCIA À LACTOSE NÃO É UMA
ALERGIA ALIMENTAR ”
• Reação adversa a alimentos NÃO IMUNOLÓGICA;
•Sintomas podem ser semelhantes;
•Diferença fundamental : IDADE
•Não causa perda de peso, sangue nas fezes e nem dermatite;
•Pode ser de 03 tipos:
1. CONGÊNITA – grave e rara
2. DEFICIÊNCIA PRIMÁRIA – a partir dos 04 anos de idade
3. DEFICIÊNCIA SECUNDÁRIA – transitória
PATOGÊNESE DA ALERGIA
ALIMENTAR:
• A sintomatologia da alergia alimentar se deve a uma resposta alérgica exacerbada do organismo em resposta a um
antígeno;

•A alergia alimentar um antígeno é uma partícula PROTEICA podendo ser uma partícula inteira ou apenas uma parte
dela – epítopos;

•Jamais será causada por CARBOIDRATOS ou GORDURAS;

•A resposta alérgica frente a um antígeno pode ser de 03 maneiras


– mediada por igE,
-não mediada por igE
- Mista ( IgE + linf T + citocinas) Ex Esofagite eosinofilica(não responde a medc em geral iniciada por ptn do leite,
gastrite eosinofilica (perda de peso-fazer endoscopiacom biopsia), dermatite atopia e asma).
IGE MEDIADA:
• É a causa mais comum de alergia alimentar;

• A mais típica e fácil de ser diagnosticada:

• Pode aparecer em qualquer momento da vida;

•Pode vira uma ANAFLAXIA


QUADRO CLÍNICO:
• A degranulação dos mastócitos libera histamina, se se liga aos receptores H1 e determina a
vasodilatação ( HIPEREMIA), extravasamento de líquido para fora do vaso ( EDEMA) E
PRURIDO;

• Os sintomas se iniciam minutos até 2 horas após exposição ao antígeno alimentar;

•A ação da histamina leva sintomas específicos em cada órgão afetado e cada paciente tem
sua própria manifestação após a exposição ;

• Órgão mais acometido é a PELE: urticária, placas edematosas, pruriginosas, hiperemias,


angiodema e edema subcutâneo ;
QUADRO CLÍNICO:
• A histamina no sistema respiratório pode causar sintomas altos ou baixos:
1. ALTO: caracterizado por edema de glote que leva a estridor e desconforto
respiratório com predomínio de retração de fírcula ;
2. BAIXO: sibilância, tosse tempo expiratório prolongado e desconforto

• Histamina na circulação – vasodilatação, hipotensão, taquicardia e choque;

• Acometimento gastrointestinal – vômitos, diarreia e dor abdominal


DIAGNÓSTICO:
• Tem a clínica como seu principal parâmetro;

• Dosagem de IgE em cada alimento e o Prick test são os exames mais solicitados
para investigação;

•Padrão ouro: TPO ( TESTE DE PROVAÇÃO ORAL)


TRATAMENTO:
• O principal componente do manejo clínico de criança é garantir uma dieta de exclusão para
alimento alérgico;
• Alimentos mais alergênicos:
1. Leite de vaca (ptn do leite 12 meses)costuma desaparecer em torno de 3 a 5 anos ige >15
2. Soja
3. Ovo ( 18meses) Ige >7
4. Trigo
5. Peixes/ fruto do mar
6. Castanhas / oleaginosas
• Imunoterapia
ANAFILAXIA:
• É causada pela alta liberação de histamina que leva efeitos graves em vários órgãos;
• Diagnóstico é clínico;
– Etiologia hospt – medcamentos e látex ( algumas pessoas com alergia ao látex tb tem alergia a banana e quiwi
- Etiologia fora hosp – alimentar ex amendoin
- DIAG – Inicio abrupto, reações cutâneas e ou respiratória princip se acompanhado de Hipotensão
- Dosagem da Ige especifica
ANAFILAXIA - TRATAMENTO
• Única medicação é a EPINERINA/ ADRENALINA 0,01 mg/kg até 0,5 mg – IM
sem diluir;

• Se apresentar estridor: inalação com beta agonista, mais suporte necessário;

• Instabilidade hemodinâmica: se realiza expansão volêmica com solução salina;

• Evitar rebote: anti-histamínico intravenoso e corticoesteroides ( metilprednisolona);


IGE NÃO MEDIADA
• Mais comum no primeiro ano de vida;
•Induzida por Ptn alimentar
• Reação ocorre em horas até dias – TARDIA ou LENTA
•Ativação Linf T e citocinas
• Pode haver reação via leite materno ou por ingestão direta;
• Exames NÃO nos ajudam ( IgE específico ou Prick test)
QUADRO CLÍNICO:
1. PROCTOCOLITE ALÉRGICA: ( SANGUE NAS FEZES)
• Inflamação do reto e intestino grosso , é a forma mais comum;
• O sangramento pode ser acompanhado ou não por muco;
• A criança não apresenta atraso no seu crescimento, é uma criança feliz, não
apresenta irritabilidade e tem o desenvolvimento normal;
• É a manifestação mais benigna do APLV
QUADRO CLÍNICO:
2 . ENTEROPATIA ou ENTERITE:
• Quadro clássico: diarreia crônica, assaduras, distensão abdominal, anemia,
hipoalbuminemia, insuficiência do crescimento;
• Na prática o que mais encontramos: criança com dificuldade de ganhar peso;

• Importante : checar adequação do aleitamento;


checar adequação do volume de fórmula
checar aceitação e adequação da Introdução alimentar
QUADRO CLÍNICO:
3. Refluxo ( FISIOLÓGICO X PATOLÓGICO)
• FISIOLÓGICO: “ BEBÊ GOLFRADOR FELIZ”

• Doença do Refluxo ( patológico): dificuldade para mamar, dificuldade para ganhar


peso, engasgos, náuseas, vômitos, apneia e choro excessivo.
QUADRO CLÍNICO:
4. CÓLICAS ( FISIOLÓGICAS X PATOLÓGICAS)

• Fisiológicas: início a partir do fim do primeiro mês de vida, por volta do 22º dia,
tem o seu fim por volta do 3/5 mês, geralmente acontece 01x ao dia – mais comum
no fim da tarde e início da noite;

• Patológicas :nos primeiros dias de vida, permanece por mais tempo, várias vezes ao
dia;
QUADRO CLÍNICO:
5. Enterocolite induzida por proteína alimentar ( FPIES):
• Extremamente grave, acontece minutos a hora após exposição;
•Vista em lactentes
•Causada pela Pt leite de vaca ou soja das formulas e ou proteínas que mae ingere e
passa pelo leite materno
• Criança começa com letargia repentina, seguido de diversos episódios de vômitos
em jato e depois apresenta diarreia profusa e sangue. Quadro grave o suficiente para
levar risco à vida.
DIAGNÓSTICO:
• História e exames físico
• Sangue oculto nas fezes
• Ph fecal
• Substâncias redutoras
• Calprotectina fecal
•TPO
TPO POSITIVO PARA APLV
EM ALEITAMENTO MATERNO: PEDIMOS A MÃE PARA FAZER RESTRIÇÃO TOTAL
DO LEITE DE VACA E SEUS DERIVADOS;

EM USO DE FÓRMULA : TROCAR POR FÓRMULAS COM PROTEÍNAS


EXTENSAMENTE HIDROLISADAS, SEM MELHORA TROCAR PARA FÓRMULA DE
AMINOÁCIDOS
MAIOR DE 6 MESES: INTRODUZIR FÓRMULA DE SOJA E INTRODUÇÃO ALIMENTAR

RESTRIÇÃO POR 2 A 4 SEMANAS ( PODENDO CHEGAR A 8 SEMANAS)


COM A MELHORA DO QUADRO CLÍNICO, REALIZAR NOVO TPO COM 6 A 12 MESES,
APRESENTANDO NEGATIVO, RETORNAR COM ALIMENTAÇÃO PROGRESSIVAMENTE.
REFERÊNCIAS
. UPTODATE: Etiologia, manifestações clinicas, diagnóstico da alergia alimentar em
crianças- Patrick niadudet, janeiro 2021
UPTODATE: Manejo terapêutico e rastreio do APLV em menores de 1 ano

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