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PSI NA AB

Daniele Carmo Queiroz


• a presença da Psicologia da Saúde na AB pode
se colocar com objetivos de ampliação da
esfera da ética do cuidado de si na vida das
pessoas
• A ética pessoal é aqui resgatada também na
linha de invenção de prá ticas de resistência à
medicalização, à impessoalidade e burocracia,
aquelas mesmas com longo processo de
constituição histórica aqui indicada como
referência para a reflexão da(o) psicóloga(o).
• Ou seja, parte-se da premissa de que a ética
se faz no ethos, ou no território das pessoas.
• a(o) psicóloga(o), anteriormente aos
• NASFs, poderia ser visto na AB, contudo, tal serviço ocorria a
depender
• de projetos muito pontuais, quase sempre tentando abarcar
• projetos voltados a saúde mental no território. Mas, com os NASFs é
• que se encontra assumida a busca metodológica de apoio ao
trabalho
• com fenômenos que não poderiam ser açambarcados apenas
• com a lógica médica constituída até então.
• Os NASFs, no plano legal, tornaram possível a profissão de
• psicóloga(o) na Atenção Básica.
• A partir do surgimento da PNAB
• fez-se possível também a instalação de tecnologias
assistenciais à
• saúde com incorporação de metodologias de
educação permanen
• te,
• matriciamento, clínica ampliada, projetos
terapêuticos singulares
• e de territórios, acolhimento entre outras.
• Contribuiu para isso compreensões como as de tec
• nologias
• de trabalho em saúde feita por Merhy (2002), que o autor
• denominou de trabalho vivo. O trabalho vivo envolve tecnologias
• leves, leve-duras e duras, sendo a dura relativa a diagnósticos, por
• exemplo, uma prescrição; a tecnologia leve-dura quando são reali
• zadas
• indicações de procedimentos de cuidado; e a tecnologia leve
• é quando se escuta a pessoa, dimensionando-se suas possibilidades
• de compreensão como sujeito em face de suas dificuldades, arti
• culando
• esse conhecimento à prática como um todo. Quando uma
• prática não incorpora as diferentes tecnologias, ela não se relaciona
• com a pessoa atendida, in totum, não alcançando transformações,
• sendo considerado resultado dessa prática um trabalho morto.
• O trabalho vivo é pautado na relação, produção de
vínculo,
• acolhimento e envolve todas as tecnologias, podendo ser
fácil pen
• sar
• nos efeitos do trabalho procedimento-centrado para o
alcance
• dos fenômenos que se apresentam na AB. Nesse sentido,
as práticas
• de acolhimento e de clínica ampliada são emblemáticas.
• O acolhimento se coloca na porta de entrada do serviço como
• uma prática que, para além de considerar in totum o sujeito que pro
• cura
• o serviço, com suas condições de vida, requer também a pos
• tura
• inclusiva, com relação a outros tipos de sofrimento que possam
• ser relativos a processos de marginalização, exclusão ou violências.
• Relacionado a isto está que não poderá ser marginalizado como fe
• nômeno
• isolado condições inscritas em práticas divisórias no âmbi
• to
• de direitos, como relações sociais e que levam a sofrimento como
• violência doméstica, racismo e diversidade sexual.
• a clínica am
• pliada
• é considerada uma tecnologia de cuidado individual e coleti
• vo,
• ao mesmo tempo. De acordo com a PNAB, ela visa a “construir
• vínculos positivos e intervenções clínica e sanitariamente efetivas,
• centrada na pessoa, na perspectiva de ampliação dos graus de au
• tonomia
• dos indivíduos e grupos sociais”. Também fica posto com a
• clínica ampliada o reconhecimento de que as variáveis que consti
• tuem
• o fenômeno que ali se apresentam são múltiplas, requerendo,
• em primeiro plano, um tipo de encontro com o sujeito e suas de mandas. Tais demandas, ainda que possam estar
articuladas a fenô
• menos
• que se relacionam ao corpo biológico, terá como condição
• sine qua non o vínculo com o sujeito e as condições que se fizeram
• presentes para tal condição no território, seja ele as condições con
• cretas
• dos espaços de vida, vínculos, relações e até projetos de vida
• A interdisciplinaridade re
• quer
• integração que envolve:
• Áreas técnicas, profissionais de diferentes forma
• ções
• e até mesmo outros níveis de atenção, bus
• cando
• incorporar práticas de vigilância, clínica am
• pliada
• e matriciamento ao processo de trabalho
• cotidiano para essa integração (realização de con
• sulta
• compartilhada reservada aos profissionais de
• nível superior, construção de Projeto Terapêutico
• Singular, trabalho com grupos, entre outras estra
• tégias,
• em consonância com as necessidades e
• demandas da população) (BRASIL, 2017).
• a ética da Psicologia
• deve ser construída no contexto da AB no
cotidiano, que envolve
• sim os princípios universais da profissão e do SUS e
na ação inter
• subjetiva,
• quando se abre mão de um projeto individual para
um
• projeto coletivo.
• O trabalho da(o) psicóloga(o) na AB envolve o
sofrimento ético-político, tal qual desenvolveu
Sawaia (2003), relativo às relações de exclusão de
toda ordem, de gênero, de trabalho, de projeto etc.
E nesse sentido, o trabalho da(o) psicóloga(o) na
Atenção Básica parte do pressuposto de que
aquelas pessoas que frequentam a unidade de
saúde, tem uma situação sócio histórica que
determina o seu processo de adoecer e de ter
saúde, um ethos a ser transformado.

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