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2 ª e 3ª gerações românticas

Álvares de Azevedo e Castro Alves


A Obra de Álvares de Azevedo ser um tanto escassa, trata-se de uma
literatura diferenciada e singular, em se tratando do estilo que
predominava no Romantismo brasileiro na época. Por ser atingido pelo
Mal do Século, Azevedo expressava em sua poesia: descontentamento,
agonia, depressão, fascínio pela morte e seu eu lírico era repleto de
melancolia, rancor, ódio, medo, mas também uma intensa vontade de
amar e ser amado.
O eu era o centro de tudo – subjetivismo
Alfred de Musset
Lord Byron
Estilo gótico
Minha Desgraça
Álvares de Azevedo
Minha desgraça não é ser poeta,
Nem na terra de amor não ter um eco,
E meu anjo de Deus, o meu planeta 
Tratar-me como trata-se um boneco...
Não é andar de cotovelos rotos,
Ter duro como pedra o travesseiro...
Eu sei... O mundo é um lodaçal perdido
Cujo sol (quem me dera!) é o dinheiro... 
Minha desgraça, ó cândida donzela,
O que faz que o meu peito blasfema,
É ter para escrever todo um poema
E não ter um vintém para uma vela.
Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã,
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!
Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que manhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!
Que sol! que céu azul! que doce n’alva
Acorda ti natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã!
Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o dolorido afã...
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!
Adeus, Meus Sonhos!
Adeus, meus sonhos, eu pranteio e morro!
Não levo da existência uma saudade!
E tanta vida que meu peito enchia 
Morreu na minha triste mocidade!
Misérrimo! Votei meus pobres dias
À sina doida de um amor sem fruto,
E minh´alma na treva agora dorme
Como um olhar que a morte envolve em luto.
Que me resta, meu Deus?
Morra comigo
A estrela de meus cândidos amores,
Já não vejo no meu peito morto
Um punhado sequer de murchas flores!
MEU DESEJO
Meu desejo? era ser a luva branca Meu desejo? era ser o cortinado
Que essa tua gentil mãozinha Que não conta os mistérios do teu
aperta: leito;
A camélia que murcha no teu seio, Era de teu colar de negra seda
O anjo que por te ver do céu Ser a cruz com que dormes sobre o
deserta.... peito.

Meu desejo? era ser o sapatinho Meu desejo? era ser o teu espelho
Que teu mimoso pé no baile Que mais bela te vê quando
encerra.... deslaças
A esperança que sonhas no futuro, Do baile as roupas de escomilha e
As saudades que tens aqui na flores
terra.... E mira-te amoroso as nuas graças!
Meu desejo? era ser desse teu leito Meu desejo? era ser a voz da terra
De cambraia o lençol, o Que da estrela do céu ouvisse
travesseiro amor!
Com que velas o seio, onde Ser o amante que sonhas, que
repousas, desejas
Solto o cabelo, o rosto feiticeiro.... Nas cismas encantadas de languor!
Por que mentias?
Sabe Deus se te amei! Sabem as
Por que mentias leviana e bela? noites
Se minha face pálida sentias Essa dor que alentei, que tu nutrias!
Queimada pela febre, e minha vida Sabe esse pobre coração que treme
Tu vias desmaiar, por que mentias? Que a esperança perdeu por que
mentias!
Acordei da ilusão, a sós morrendo
Sinto na mocidade as agonias. Vê minha palidez – a febre lenta
Por tua causa desespero e morro… Esse fogo das pálpebras sombrias…
Leviana sem dó, por que mentias? Pousa a mão no meu peito!
Eu morro! Eu morro!
Leviana sem dó, por que mentias?
3ª geração

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