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HERMENÊUTICA DA EXPERIÊNCIA RELIGIOSA II

O elemento especificamente
cristão da experiência de Deus
 
Hans Urs von Balthasar

FAJE – Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia


Alunos: Calmon e Erika
Prof. Washington Paranhos
Erika Nota sobre o autor

 Hans Urs von Balthasar


 Hans Urs von Balthasar (Lucerna, 12 de agosto de 1905 — Basileia, 26 de junho de 1988) foi
um sacerdote, teólogo e escritor suíço. É considerado um dos mais importantes teólogos do 
século XX. A sua obra é constituída por cerca de 100 volumes e 500 ensaios.
 Após seus estudos, em outubro de 1929, Balthasar entrou como noviço nos jesuítas. Descreve seu
estudo em Lyon como "uma luta feroz contra a desolação da teologia". A teologia é encerrada em
uma couraça de pensamento neoescolástico. Por essa razão, os jovens estudantes se reuniam
cheios de entusiasmo em torno de Henri de Lubac (1896-1991), que irradiava um grande
fascínio. Em particular, com o seu interesse nos escritos dos Padres da Igreja e a subsequente
concentração sobre o cristianismo, Balthasar abriu um novo horizonte teológico.
Dos jesuítas a um instituto secular
 Sua obra Derrubando as muralhas, que apareceu em 1952, foi escrita nesse sentido e foi saudada por
muitos como uma libertação - alguns anos antes do Concílio Vaticano II (1962-1965) - que abriu a
janela para o exterior. Ele escreveu que uma Igreja não completamente aberta ao mundo deixou de ser
a Igreja de Cristo.
 Depois de uma longa atividade como assistente espiritual dos estudantes em Basiléia, ele abandonou a
ordem jesuíta para fundar um instituto secular com Adrienne von Speyr, a Comunidade de São João.
Além disso, abriu sua própria editora que, entre outras coisas, publicava as suas obras e as de Speyr.
(Entre 1944 e 1960, von Speyr ditou a von Balthasar cerca de sessenta livros de comentários espirituais
e bíblicos)
 Do ponto de vista programático, von Balthasar se tornou um promotor de um diálogo
ultraconfessional que ultrapassou as divisões ideológicas - inclusive com militantes ateus
comunistas - mas não com uma superioridade dogmática ou "uma posse capitalista da verdade da
fé." Balthasar apreciou muito o diálogo literário com a obra de Bertolt Brecht.
De teólogo inconveniente a cardeal
 Com o Concílio Vaticano II chegou a grande hora de Henri de Lubac, o grande mestre de Urs von
Balthasar: o alegado modernista de Lubac foi reabilitado e exerceu uma influência decisiva sobre os
debates do Concílio.
 Baltasar nos anos do Concílio, para o qual não havia sido convidado, modificou seu pedido de uma 
abertura da Igreja para o mundo. O cristão não precisa se conformar ao mundo. Ele pediu com grande
insistência uma reflexão sobre o que distingue o elemento cristão. Seu biógrafo Thomas
Krenski escreve: "Para muitos de seus contemporâneos, ficou claro que Balthasar pensava que tinha ido
longe demais, de modo a se sentir compelido a voltar atrás das muralhas protetoras das quais havia pedido
a derrubada."
 Vinte anos de antecedência
 Vários teólogos do concílio viram nele um teólogo conservador do papa. De acordo com Krenski, isso
tornou difícil, "a recepção da teologia de um homem que realizou certamente polemicamente correções de
rota, mas que não pensava de forma alguma erigir novamente as muralhas derrubadas. Sua sorte foi ter
tomado um caminho vinte anos antes dos demais".
 (A obra que estamos aprofundando é de 1974, ou seja, após o concílio, portanto, se situa na fase
na qual o autor solicita uma reflexão que busque compreender o elemento cristão)

 O artigo é de Katharina Klöcker e Anselm Verbeek, publicada por Settimana News, 27-06-


2018. A tradução é de Luisa Rabolini.
Disponível em: http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/580382-urs-von-balthasar-de-teologo-
inconveniente-a-quase-cardeal
Organização do
texto

 I. O UNO E O OUTRO: DUAS


FORMAS DE EXPERIÊNCIA
RELIGIOSA

II. REFLEXÃO SOBRE A


EXPERIÊNCIA RELIGIOSA DO
ANTIGO TESTAMENTO

III. A EXPERIÊNCIA TRINITÁRIA


DE DEUS NO NOVO TESTAMENTO

IV. CONCLUSÕES
Calmon I. O UNO E O OUTRO: DUAS FORMAS DE EXPERIÊNCIA
RELIGIOSA
(1) Diferença entre as formulações bíblica e grega da relação homem-Deus
Para o homem bíblico o axioma de todos os axiomas soa assim: “Eu não sou Deus”.
Os gregos começaram da mesma maneira com o seu : “Atenção! Tu não és um Deus”.
Para os seus filósofos, contudo, a sentença, inadvertidamente, transformou-se em seu oposto:
"Pensa na tua verdadeira essência, na tua procedência de Deus, no divino em ti".

Para o homem bíblico, no entanto, o axioma se manteve desde o primeiro até o último
momento do pensamento. Na linguagem dos Salmos esse primeiro momento (axioma) se
expressa assim:
- “Vinde, inclinemo-nos em adoração, de joelhos diante do Senhor que nos criou” (Sl 95,6);
- “Sabei que o Senhor é Deus: Ele nos fez, e a ele pertencemos” (Sl 100,3);
- Na linguagem de Agostinho: “Para Ti nos criastes...”; na linguagem de Inácio de Loyola:
“O homem é criado para louvar, reverenciar e servir, e assim alcançar sua salvação...” (EE
23).
(2) O ponto de partida das experiências de Deus, bíblica e não-bíblica. As duas
faces da experiência não-bíblica. O problema da integração

O ponto de partida da experiência bíblica de Deus é realmente uma experiência que, no


sentido mais forte do termo, se realiza sob o influxo (Einfluß) e a impressão (Eindruck) da
Palavra bíblica.

Para o homem não-bíblico a experiência fundamental, poderia ser traduzida assim: "Eu
não sou o Absoluto, não sou o Todo, não sou o Uno, não sou o Indistinto; e o que, nesse
sentido, sei de mim mesmo, o sei também de todos os seres do mundo".

Fazendo esta experiência elementar o homem não-bíblico podia, ao mesmo tempo, partindo
da limitação e da relatividade, fazer aquela (outra) experiência tão elementar quanto a
primeira de aspirar ao Uno, ao Absoluto, ao Indistinto.

O problema religioso consistiria basicamente em trazer o processo dessa integração para a


luz da inteligência e traduzi-la em atos.
(3) Pressuposto, contradição e três (4) Limite e contradição de cada
caminhos de solução para resolver o caminho
enigma da oposição

- O pressuposto é que existe, ao


mesmo tempo, o que não-tem-oposto
(o Uno) e o a ele – o Outro.
- Com efeito, se o Uno é (por definição)
carente de oposto, como poderia algo
ser-lhe oposto?
- O primeiro caminho quer explicar a - O primeiro caminho (que o não-Uno
alteridade entre o Uno e o Não-uno seja só aparência) não só destrói o Eu
(que são os seres do mundo) mediante como singular como também suprime toda
a relação entre Ser e Aparência. singularidade no mundo;
- O segundo caminho quer explicar o - O segundo caminho, que fala de uma
Ser-Outro (a alteridade) mediante a culpa ou de uma queda, não é capaz de
categoria de culpa ou de queda daquela mostrar concretamente um sujeito que
segurança (originária) com que se seja réu, a menos que se perca em
albergava no Uno. especulações gnósticas sobre os éons
- O terceiro caminho pensará o Uno de (intervalo de tempo);
tal maneira que este contenha todo - O mesmo acontece no terceiro caminho
Outro-Ente (Anders-Seiende) como que procede como se as contradições não
tal em si. existissem;
(5) Redução dos dois últimos ao primeiro. Consequências desta redução

- Enquanto o terceiro caminho faz - Como esses problemas são insolúveis,


desaparecer como inexistente o somos lançados de volta para o primeiro
problema colocado com tanta urgência caminho: aquele que considerava o singular
pela experiência fundamental (“Eu não na precariedade do seu devir e da sua
sou o Uno”), o segundo tenta qualificar transitoriedade temporal como não-sendo
a distância entre o Uno (Einzige) e a (nicht seiend) e por isso compreendia o
Multiplicidade (Viele) como aquilo que caminho religioso como descoberta do não-
não deveria existir e para cuja ser de toda aparência
supressão deve-se trabalhar

(6) A contradição, como pressuposto dos três caminhos, não acontece na


religião bíblica
Note-se que estes três caminhos só puderam surgir lá onde a
contemporaneidade da Unidade carente de oposto (o Uno/Deus) e o/um
contraposto a ela (eu, mundo) aparece como contraditório. Mas, é
realmente uma contradição? A religião bíblica pensa que não.
II. REFLEXÃO SOBRE A EXPERIÊNCIA RELIGIOSA DO ANTIGO TESTAMENTO
(7) A característica fundamental para pensar o absoluto na Bíblia

- No Antigo Testamento a palavra de Deus (o Onipotente e absolutamente livre na sua


onipotência) vem ao encontro da experiência religiosa para esclarecê-la e conduzi-la à
verdadeira compreensão de si mesma.
- Este Deus livre e onipotente ocupou o lugar que o Absoluto, o “Ser”, possuía no pensamento
não-bíblico. O hebreu, a partir de Dt 6,4, sabe que Deus é “o Único” (não o Uno/Unum)

(8) A premissa da eleição e da criação


- Não é, pois, necessário que a ideia de uma “criação” ex nihilo (a partir do nada) tenha sido
captada desde o início. É uma representação relativamente abstrata que só gradualmente resulta da
concreta premissa da onipotente liberdade de Deus. Esta ocupava o primeiro lugar e, precisamente,
numa dupla caracterização que certamente se constituiu a partir da eleição de Israel; Israel eleita
como povo x eleição de outros povos, de todos;
- Em muitos Salmos, Israel pode pensar conjuntamente as duas realidades: a) que Deus é sobretudo
o Deus do Povo eleito, junto ao qual Deus mesmo encontra seu lugar na terra, e ao mesmo tempo,
b) que Deus é o Senhor de todos os outros povos e o Criador do conjunto da natureza: desde os
corpos celestes e animais da terra até as profundezas do Leviatã.
(9) A livre onipotência de Deus (10/11) permite pensar o não-divino como não-
contraditório e compatível com a totalidade de
Deus
- O decisivo aqui é que a ideia da livre
- A representação bíblica de Deus como todo-
onipotência de Deus vivida na experiência
poderoso, permitiu a Israel pensar a existência de
concreta de seus grandes feitos em favor
algo não-divino, cuja existência e esclarecimento
do Povo, engloba em si o pensamento de
só podem ser da responsabilidade de Deus mesmo.
um espaço sempre aberto para uma ação
possível de Deus para além de tudo o que
- Aquilo que no âmbito não-bíblico foi mostrado
está aí, que já existe.
como a contradição (a que os três caminhos
- Assim, aquele "nada" a partir do qual
tentavam resolver) permanecia, biblicamente,
Deus em sua onipotência cria o mundo,
como um patente mistério, porque os dois
não é um negativo misterioso absoluto,
extremos: o Deus livre e onipotente (e por ele
para o pensamento bíblico, esse "nada" é a
posto e afirmado), por um lado, e Israel, cuja
infinita amplidão de possibilidades
existência dependia do assentimento de Deus, por
livremente projetáveis no Espírito de
outro lado, eram manifestamente compatíveis
Deus.
entre si. "Ele é o nosso Deus e nós seu Povo, o
rebanho que ele conduz" (Sl 95,7).
(12) O primeiro mandamento reflete a referência a Deus e a preferência de Deus
como amor. Mas o Antigo Testamento reluta em aplicar a Deus esse atributo
dificilmente articulável com a sua liberdade

- Israel (e nele o homem em geral) encontra a sua definição na pura


referência ao Deus que o cria e o escolhe. O principal mandamento
é a expressão desta absoluta referência como preferência, como
amor. Mas, apesar disso, subsiste uma certa relutância em aplicar
ao Uno-sem-opostos o atributo do amor.

- O amor teria conduzido Deus a uma relação necessária com o


outro, com a criatura escolhida, dando assim a aparência de uma
dependência da criatura.
Erika
III. A EXPERIÊNCIA TRINITÁRIA DE DEUS NO NOVO TESTAMENTO

 (14).Para evitar essa ideia só existe uma saída:


 (13) Como eliminará o Novo Testamento este
resíduo de escuridão? - Situar no próprio interior de Deus sua autodoação,
na qual se revela a essência divina, atribuindo a
 O Novo Testamento aprofunda o amor (livre Deus o atributo “amor” (como infinita doação de si).
voltar-se da onipotência divina para a criatura)
-O amor, como tal, torna-se somente real na medida
já presente no Antigo Testamento. O voltar-se de em que o ato de autodoação infinita suscita, ao
Deus Pai para o homem na Vida, Morte e mesmo tempo, naquele que é dado, o retorno àquele
Ressurreição de Jesus Cristo não é só uma que dá, devido ao fato de ter sido dado a si mesmo
manifestação da sua onipotência ad extra, mas a pelo próprio dom (de graça recebestes seu ser, de
revelação do mais íntimo do seu coração. graça dai). → reciprocidade
 Permanece, contudo, a perigosa ideia de que -Ao produto único do dar e receber divinos
Deus tenha necessidade do homem para chamamos Espírito Santo, que é Espírito de amor e
autorrevelar-se e, assim, venha a perder o que corresponde, por assim dizer, à quintessência de
Deus.
absoluto da sua divindade.
 (15) essa autodoação divina se mostra como o pressuposto necessário da entrega de Deus em
Cristo. É por isso que os escritos do Novo Testamento descrevem o acontecimento Cristo como
uma iniciativa inteiramente livre de Deus e, desde aí, o desvelamento da sua essência. E o fazem
de tal maneira que a livre eleição do homem em Cristo é coenvolvida na eterna eleição do seu
Filho Jesus.
 (16) Se a criação na Antiga Aliança era sobretudo uma manifestação da livre potência de Deus, na
Nova Aliança, sem deixar de ser um claro testemunho de tal onipotência, se tornará
simultaneamente uma revelação da oferta/abandono de Deus; de uma impotência que caracteriza
a essência íntima desse poder livre de Deus.
 (17) Estas dimensões não devem ser  (18) A partir disso, o resíduo que ainda
pensadas exclusivamente em termos permanece no Antigo Testamento se dissolve: o
soteriológicos, mas como algo que confronto paradoxal da criatura com Deus-sem-
já se encontra nas dimensões oposto se ameniza pelo ser-posto da criatura no
intradivinas de doação ilimitada. seio de um eterno encontro do Pai e do Filho.

 Entre o Pai e o Filho está a  Não se poderá dizer com isto que o mistério da
infinitude de Deus, e a mesma criação desapareça ou seja "explicado", mas se
infinitude se põe de novo no seu pode dizer que a dureza do paradoxo é abrandada
encontro "criativo", no Espírito com a consideração de que Deus, para poder ser
Santo, que é uma nova infinitude para nós o amor, deve sê-lo em primeiro lugar e
proveniente de ambos. necessariamente em si mesmo, e que só assim o
mundo obtém seu lugar no Filho
 (19) Com isso, é aprofundada uma vez mais a teologia da eleição própria do Antigo Testamento.
 O homem, longe de negar ou de dever extinguir seu "Eu" como aparência para então poder entrar
em comunicação com o infinito Eu, sabe agora que ele é querido, criado, assentido por Deus. E
esta consciência não o relega como um ser fora de Deus, uma vez que só se compreende no
âmbito e no íntimo da própria diferença divina.
 Somente na diferença trinitária pode Deus ser em si mesmo a unidade do amor; e somente na
diferença trinitária pode o homem participar da unidade do amor absoluto no qual, agora, o amor
humano é acolhido e sustentado.
IV. CONCLUSÕES

 (20) Aqui se torna claro o que diferencia a experiência cristã de Deus. Se o


lugar da criatura remida se encontra no Filho, então ela pode, na fé,
experimentar-se, antes de tudo, como nascida do Pai.
 Somente o Filho pode realizar a vontade do Pai em cada instante se
permanecer nessa experiência fontal. Ele realiza essa experiência com a
maioridade adulta para a qual o Pai o capacita e em cujo interior o insere. É
neste paradoxo que o cristão está inserido.
Para refletir: a catequese de hoje, favorece a consciência do cristão, de que no
Filho, ele pode experimentar-se como nascido e querido pelo pai?
 (21). Permanecer nessa experiência fontal só é possível se o cristão, no interior da Igreja, recebe o
Espírito Santo do Filho morto e ressuscitado. Espírito este que é tanto do Pai do Filho.
 Neste Espírito o cristão experimenta o que seja, em si mesmo e para o mundo, o Deus Vivo do
Amor. Nesta experiência torna-se evidente a distinção entre experimentar Deus (como ele é em si
mesmo), e experimentar Deus na execução terrena de sua vontade, sobretudo na realização do
amor cristão pelo próximo. As duas experiências não são senão as duas faces de uma única
experiência de Deus, pois Jesus é tanto o Filho de Deus como o Filho do Homem.
 Cristãmente falando, não existe nenhum caminho que possa levar à experiência de Deus-em-si
fora do caminho do seguimento de Cristo sob a guia do Espírito.
Para refletir: Os cristãos hoje têm consciência do elo que une o seguimento de Cristo sob a guia do
Espírito? Ou o conceito de Espírito ainda permanece ligado a uma certa oposição à matéria, e
compreendido de modo desconexo do seguimento de Cristo?
 (22) Este equilíbrio entre o amor a Deus a partir do mundo e o amor ao mundo a partir de Deus e
alimentado por ele pode e deve, na experiência cristã de Deus, assumir ênfases diferentes. Mas
nenhum dos movimentos torna supérfluo o outro, nem pode, a longo prazo, substituí-lo.
Para refletir : Atualmente se fala sobre amor ao mundo de forma relacionada com o amor de Deus?
Ou se está resgatando uma mentalidade na esfera eclesial de contraposição ao mundo.
(23) O Espírito sopra onde quer. Ele é totalmente inabarcável em Deus. No seu
triunfante “Nós”, ele ultrapassa a aparente finitude do “Eu-Tu” do Pai e do Filho. Ele é
Calmon a liberdade personificada em Deus. Pode soprar tanto de Deus para o mundo quanto
do mundo para Deus.
- A humanidade ressuscitada do Cristo e o que dela nos é comunicado na Eucaristia
estão coenvolvidos na eterna relação entre o Pai e o Filho no Espírito. Como o Espírito
é a liberdade personificada em Deus, assim também ele está determinado pela
reciprocidade do amor entre o Pai e o Filho, "normado" por ela. E quando este "Nós" se
insere no mundo, o Espírito se torna a "norma" e a prescrição divina da iniciativa da
revelação. Na Igreja de Cristo, ele é o princípio da sua estrutura ou instituição como
expressão e garantia da participação no livre diálogo pessoal entre Pai e Filho.

(24) Assim, existe na experiência cristã de Deus uma analogia com aquilo que na
religiosidade não-bíblica era o grande movimento do relativo (contingente) para o
absoluto (necessário). Mas no cristianismo este movimento não é o resumo da atitude
religiosa, mas antes um lado da relação entre Deus e o Mundo. já que o homem não é
uma pessoa divina, mas criada, entre ele e Deus não há uma familiaridade como aquela
que existe entre a Parte e o Todo, mas somente adoração diante Daquele que não é Uno.
- O homem deve livremente deixar-se apreender por Deus e gratuitamente deixar
que Deus o presenteie com o dom da vida eterna.
Obrigado!!!

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