Você está na página 1de 37

O TEMPO

DAS
DITADURAS

Fascismo e
nazismo
Introdução

Após a 1ª Guerra Mundial, as democracias


liberais, que se tinham imposto em quase toda a
Europa, tiveram de enfrentar problemas como:

as dificuldades económicas do pós-guerra,


agravadas pela crise de 1929;

o triunfo da revolução comunista na Rússia.


O fascismo
Implantação do fascismo em Itália

Ascensão de Mussolini e triunfo do fascismo


1921: Fundação do Partido Nacional Fascista;
1922: Marcha sobre Roma desencadeada por
Mussolini (que levou à nomeação de Mussolini para
primeiro ministro pelo rei Vítor Emanuel III);
1924: vitória do PNF nas eleições legislativas
(com recurso à fraude eleitoral);
1925: Mussolini recebeu o título de chefe do
Governo, primeiro ministro e secretário de Estado.

Ou seja, com recurso à fraude e à intimidação.


O que favoreceu a ascensão de Mussolini e
do fascismo?
Situação sócio-económica e política
Dificuldades do após-guerra:
* descontentamento quanto ao Tratado de
Versalhes;
* cerca de 1 milhão de mortos na guerra;
* aumento da inflação;
* desemprego elevado (devido à
desmobilização dos soldados);
* subida dos preços;
* desvalorização da moeda;
* ocupação de terras e fábricas pelos
trabalhadores;
* crise de 1929: agravou a crise do pós-
guerra.

Desacreditação do parlamentarismo
(que se mostrava incapaz de resolver os
problemas).
Princípios ideológicos do fascismo

AUTORITARISMO

Mussolini governa sozinho,


detém o poder legislativo
(passa a legislar mediante
decretos-leis) e o poder
executivo. Não há qualquer
tipo de controlo ou oposição
sobre o seu governo.
“Anti-individualista: a concepção fascista é feita para o
Estado; (…) E isto porque, para o fascista, tudo está no
Estado, e nada de humano nem de espiritual […] existe fora
do Estado. Neste sentido, o fascismo é totalitário, e o Estado
fascista, síntese e unidade de todo o valor, interpreta e dá
poder à vida inteira do povo. Nem agrupamentos – partidos
políticos, associações, sindicatos – nem indivíduos fora do
Estado.”
Benito Mussolini, Obras

TOTALITARISMO
O Estado controla toda a vida económica, política, social
e cultural, rejeita todo e qualquer tipo de agrupamentos.
Um Estado totalitário é também anti-individualista, anti-
comunista, anti-sindicalista, corporativista, anti-
partidarista, anti-parlamentarista, impõe o partido único e
o autoritarismo.
NACIONALISMO

Defesa dos valores nacionais


que sustentam as diferenças
entre povos e nações.
Quando levado ao extremo,
pode conduzir à crença de
superioridade de uma nação
em relação a outras, levando,
muitas vezes, à
agressividade, à guerra, etc.
Há também o nacionalismo
económico = defesa da
produção e do consumo dos
produtos nacionais.
CORPORATIVISMO

Organização económica que congrega


interesses dos patrões e interesses
dos trabalhadores, cujo objectivo é
eliminar as tensões sociais. É uma
forma de o Estado controlar ambas as
forças sociais.
EXPANSIONISMO/
IMPERIALISMO/
COLONIALISMO

Tendência para a
ocupação e dominação
política e económica de
nações mais fracas.
Exemplos disso, foram a
conquista da Etiópia, em
1936 e a ocupação da
Albânia, em 1939. Caricatura simbolizando a
conquista da Etiópia pela Itália
MILITARISMO

Exercício do poder
assente na força. Para
tal, recorria-se ao
exército e às milícias
armadas, os “camisas
negras”, para, através
da violência e da
repressão, se impor a
autoridade.
IDEOLOGIA OFICIAL

Ausência de liberdade de expressão e de


opinião, pois toda a informação, todo o
ensino, toda a cultura eram dirigidos pelo
Estado (como forma de controlar a
população e evitar o pluralismo de ideias).
Nas escolas, havia um livro único para
cada ano/ disciplina.
“Deves saber que o Duce é como o Padre Eterno: manda produzir
cinco milhões de toneladas de trigo e é preciso produzir cinco milhões.
Manda ter muitos filhos e é preciso ter muitos filhos. Se não há trabalho,
manda que o haja. Estás a ver agora como ele é como o Padre Eterno.
Além disso, fulmina com o olhar aqueles que não obedecem e manda
persegui-los porque não gosta de abusos.”
D. Biondi, Viva il Duce, 1930
(livro para crianças em honra de Benito Mussolini)

CULTO DA CULTO DA
OBEDIÊNCIA PERSONALIDADE
Incutia-se aos soldados Adoração e exaltação da
aos funcionários, aos personalidade do Duce,
jovens, à população em líder e salvador do povo,
geral, a obediência cega comparado ao Padre Eterno
aos seus superiores, aos (Deus). Associado ao culto
pais, ao Duce. da obediência.
Culto da obediência

Culto da personalidade
Consolidação do fascismo
A consolidação do fascismo foi conseguida através da
violência e da repressão, bem como da promoção
da autarcia.

Violência e repressão:
» actuação das milícias armadas (camisas
negras) – espancamentos, destruição de casas e
escritórios de opositores, intimidação;
» criação de uma polícia política – OVRA
Organização de Vigilância para a Repressão do
Antifascismo;
» instauração da censura que controlava toda a
informação, ensino e cultura;
» criação de organismos de enquadramento
ideológico dos jovens: Lobitos, Balillas,
Vanguardistas e Juventude Fascista, onde se incutia
o dever da obediência cega ao chefe e da disciplina.
Enquadramento ideológico da
juventude

Balillas

Juventude Fascista
Promoção da autarcia:

» conjunto de medidas económicas que visam a


auto-suficiência económica, isto é, a produção de tudo
o que é necessário a fim de limitar as importações;
» está associada ao nacionalismo económico:
promoção da produção e do consumo de produtos
nacionais.
- Exemplos: Batalha do Trigo - campanha
dinamizada por Mussolini com o objectivo de aumentar a produção
de cereais, para a qual foram introduzidos novos adubos químicos,
novas técnicas de irrigação e sementes seleccionadas.
Entre 1925 e 1940 a produção do trigo aumentou significamente.

» promoção de grandes obras públicas


(estradas, caminhos-de-ferro, barragens…) para criar
postos de trabalho.
Batalha do Trigo (Mussolini
em primeiro plano)

Evolução da produção de trigo


O nazismo
Implantação do nazismo na Alemanha
Ascensão de Hitler e do nazismo
1919: Fundação do Partido Nazi, por Adolf Hitler;
1923: tentativa falhada de golpe de estado levou
Hitler à prisão, onde escreveu o livro “A minha
Luta”;
1932: Vitória eleitoral do Partido Nazi;
1933: Hitler tornou-se chanceler (primeiro
ministro) da Alemanha;
1934: Hitler impôs o estado totalitário na
Alemanha.
O que favoreceu a ascensão de Hitler e
do nazismo?
Situação sócio-económica e política
Dificuldades do após-guerra:

* Descontentamento geral contra


a República de Weimar (1919),
que assinara o Tratado de
Versalhes;
* Humilhação imposta pelo
Tratado de Versalhes;
* crise económica:
Hiperinflação de 1923: bilhete
- inflação galopante; de 50 milhões de marcos
-desvalorização
monetária;
Aumento proporcional do desemprego e da
adesão ao Partido Nazi

Sim!
Führer, nós seguimos-te!
- desemprego muito elevado (cerca de 6 milhões em 1933);
- elevada dívida externa (indemnizações impostas pelo Tratado de
Versalhes);
- falências e empobrecimento após 1929.

Descontentamento social;
Incapacidade do governo para solucionar os problemas.

A população vira-se para os partidos extremistas:

Partido Comunista Partido Nazi


77 deputados eleitos em 107 deputados eleitos em
Setembro de 1930 Setembro de 1930
A rápida ascensão do
Partido Nazi ficou a dever-se:

» à promessa de
emprego para todos;
» a uma
propaganda agressiva e
hábil através da rádio, de Trabalho e pão através da Lista 1
comícios, de boletins…;
» à violência e à
intimidação incutidas pelas
milícias armadas:
Secções de Assalto (SA) e
Secções de Segurança
SS).

Parada das SS
A Alemanha Hitleriana
Logo que ascendeu ao poder, Hitler pôs em marcha a
construção do estado Totalitário:
 suspendeu o Parlamento e passou a governar
com plenos poderes;
 proibiu todos os partidos políticos e os
sindicatos: Partido Nazi = partido único;
 passou a controlar os tribunais, os órgãos de
informação, a polícia e o ensino;
 criou uma polícia política GESTAPO, que
perseguia, prendia, torturava e matava os
opositores;
 instituiu a censura;
 desencadeou uma política de extermínio das
minorias, sobretudo dos judeus: “solução final”,
holocausto ou genocídio.
Características do nazismo
Os princípios ideológicos do nazismo
“A nossa concepção racista não
acredita de forma nenhuma na igualdade.
Pelo contrário, reconhece que há
diversidade nas raças e que o seu valor é
mais ou menos elevado. Sente assim a
obrigação de favorecer a vitória do melhor e
do mais forte, de exigir a subordinação dos
piores e dos mais fracos.”
Adolf Hitler, A minha Luta, 1923

RACISMO
Crença na superioridade de uma raça (neste caso, da
raça ariana) em relação a outras consideradas
inferiores.
“O novo movimento [nacional] socialista (ou nazi) é,
na sua essência e na sua organização última, anti-
parlamentar, ou seja, ele nega o princípio de uma soberania
da maioria, em virtude da qual o chefe de governo é
rebaixado à categoria de simples executante da vontade
dos outros.”
Hitler, A Minha Luta

TOTALITARISMO
Estado controla toda a vida económica, política, social e
cultural, rejeita todo e qualquer tipo de agrupamentos.
Um Estado totalitário é também anti-individualista, anti-
comunista, anti-sindicalista, corporativista, anti-
partidarista, anti-parlamentarista, impõe o partido único e
o autoritarismo.
EXPANSIONISMO/
IMPERIALISMO

Movimento expansionista que


levou a Alemanha a alargar o
seu “espaço vital” à custa da
anexação/ ocupação de outros
territórios/ países:
1938
- anexação da Áustria;
- ocupação da Checoslováquia;
- ocupação de Dantzig (Polónia);
Anexação da
Áustria, 1938 1939 (1 de Setembro)
- invasão da Polónia (início da
Mulher da
2ª Guerra Mundial).
Checoslováquia
saudando as
tropas alemãs
MILITARISMO
Recurso ao exército
(Wehrmacht) e às milícias
armadas (SS para impor a
autoridade, a violência, a
repressão.

Parada militar

Restauração do serviço militar


obrigatório na Alemanha
CULTO DA PERSONALIDADE E DA OBEDIÊNCIA

Subjugação das massas, obediência cega ao


Führer

“Para restituir ao nosso povo a


sua grandeza, é necessário exaltar a Encenação do poder
personalidade do chefe e dar a este em torno do chefe
todos os direitos.”
Hitler, A Minha Luta
Queima de livros

À semelhança do fascismo, o nazismo também foi


nacionalista, corporativista, teve um partido único, uma
ideologia oficial, promoveu a violência, a intimidação e a
repressão, para o que criou uma polícia política
(Gestapo), as milícias, instituiu a censura (Ex: queima
de livros subversivos).
A “solução final”

O que mais
distinguiu o nazismo
Auschvitz  Buchenwald 
do fascismo foi o seu
carácter
assumidamente
racista, que o levou a
criar a “solução
final”: um programa
de exterminação do
povo judaico, para o
que criou dezenas
de campos de
concentração e
extermínio.
O princípio da EUGENIA
= o apuramento da raça
ariana: Himmler fez um
registo genealógico das
SS, criando uma elite
biológica, os
“antepassados” da nova
Alemanha.
Proibiu os casamentos
mistos, ou seja, entre
alemães e outros,
sobretudo judeus (sob
Heinrich Himmler, chefe pena de prisão).
das SS, pôs em prática Desencadeou uma série
a “solução final”
de experiências genéticas
em judeus (usados como
cobaias).
Juventude Hitleriana

Enquadramento ideológico
da juventude, no sentido de
incutir a obediência, a
disciplina, o nacionalismo e o
racismo.
Um Povo: segundo Hitler, o povo alemão era o legítimo
descendente de uma raça superior (a raça ariana), ideia
que o levou a perseguir judeus, ciganos, eslavos,
negros…; defendia também o princípio da eugenia
(apuramento da raça);
Um Império: um povo superior necessita do seu “espaço
vital”, que devia ser conquistado pela força, se
necessário, o que implicava uma política expansionista e
militarista, para formar uma “Grande Alemanha” (o III
Reich );
Um Chefe: Hitler era o chefe do povo alemão, o führer
desta nova Alemanha. A imprensa, a rádio e o cinema
difundiam a ideologia nazi e tornaram Hitler um chefe
incontestado. A juventude era educada e preparada para
servir o chefe, o Estado e a raça, em instituições como a
Juventude Hitleriana.
Nacionalismo económico e autarcia
Para superar a grave crise económica, o Estado
nazi passou a controlar a economia –
intervencionismo - no sentido da auto-
suficiência económica: autarcia.

 Forte investimento na indústria de armamento ( o


que garantiu emprego a 5 milhões de
desempregados e fez da Alemanha uma potência
belicista);

 Desenvolvimento de obras públicas para criar


infra-estruturas, proporcionar postos de trabalho e
fazer progredir a Alemanha.

Você também pode gostar