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1.2.3.

O racionalismo de René Descartes


RENÉ DESCARTES
(1596-1650)

Filósofo racionalista

A razão a fonte principal do conhecimento:


fonte do conhecimento universal e necessário.

Procurou na razão os fundamentos do conhecimento.

Tentativa de superação dos argumentos dos céticos radicais.


Proposições da matemática

Têm origem exclusivamente racional e a priori.

Método inspirado na matemática.

REGRAS DO MÉTODO

Evidência Análise Síntese Enumeração /


revisão

Não aceitar nada Dividir cada uma Começar pelo Fazer


como verdadeiro das dificuldades mais simples e enumerações tão
se não se em partes, para fácil de completas e
apresentar à melhor as compreender e revisões tão
consciência como resolver. subir gerais, que
claro e distinto, gradualmente tivesse a certeza
sem qualquer para o mais de nada omitir.
margem para complexo.
dúvidas.
REGRAS DO MÉTODO

Permitem guiar a razão (o bom senso),


orientando duas operações fundamentais:

Intuição Dedução

Ato de apreensão direta Encadeamento de


e imediata de noções intuições, envolvendo
simples, evidentes e um movimento do
indubitáveis. pensamento, desde os
princípios evidentes até
às consequências
necessárias.
SABEDORIA HUMANA

Permanece una e idêntica: a filosofia é comparada a uma árvore:

moral

mecânica medicina

física

metafísica
DÚVIDA

Recusar todas as crenças em que se note a


mínima suspeita de incerteza.

É um instrumento da luz natural ou razão, posto


ao serviço da verdade.

RAZÕES QUE JUSTIFICAM A DÚVIDA

Por causa dos Porque os Porque não Porque alguns Porque pode
preconceitos e sentidos são dispomos de um seres humanos se existir um deus
dos juízos muitas vezes critério que nos enganaram nas enganador, ou
precipitados que enganadores. permita discernir demonstrações um génio
formulámos na o sonho da vigília. matemáticas. maligno, que
infância. sempre nos
engana.
CARACTERÍSTICAS
DA DÚVIDA

Metódica e provisória Hiperbólica Universal e radical

É um meio para atingir Rejeita como se fosse Incide não só sobre o


a certeza e a verdade, falso tudo aquilo em conhecimento em
não constituindo um que se note a mínima geral, como também
fim em si mesma. suspeita de incerteza. sobre os seus
fundamentos e as suas
raízes.
DÚVIDA

EXERCÍCIO VOLUNTÁRIO SUSPENSÃO DO JUÍZO

FUNÇÃO DA DÚVIDA

Tem uma função catártica, já que liberta o espírito dos erros que o
podem perturbar ao longo do processo de indagação da verdade.

Abre caminho à possibilidade de reconstruir, com fundamentos sólidos,


o edifício do saber.
Dúvida – ato
livre

Ser que «Penso, logo


Cogito –
pensa e existo.»
verdade
duvida («Cogito,
incontestável
ergo sum.»)

Afirmação da
minha
existência
CARACTERÍSTICAS DO COGITO

É um princípio evidente e indubitável, uma certeza inabalável.

Obtém-se por intuição, de modo inteiramente racional e a priori.

Serve de modelo do conhecimento: fornece o critério de verdade.

É uma crença fundacional relativamente a todo o sistema do saber.

Apresenta a condição da dúvida e impõe uma exceção à sua universalidade.

Revela a natureza ou a essência do sujeito: o pensamento ou alma.

Refere-se a toda a atividade consciente, distinguindo-se do corpo.


CRITÉRIO DE VERDADE

CLAREZA DISTINÇÃO

Separação de uma
ideia relativamente a
Presença da ideia ao EVIDÊNCIA outras: não lhe estão
espírito. associados elementos
que não lhe
pertençam.

Ainda não afastámos a hipótese do deus enganador. Necessitamos de demonstrar a


existência de um deus que não nos engane.
SER IMPERFEITO: possuir o saber é uma
SUJEITO PENSANTE
perfeição maior do que duvidar.

Dispõe de ideias Tipos de ideias

Adventícias Factícias Inatas

Têm origem na São fabricadas pela São ideias


experiência sensível. imaginação. constitutivas da
própria razão.

Exemplos: ideias de Exemplos: ideias de Exemplos: ideias de


árvore, cebola, sereia, unicórnio, pensamento,
relógio. dragão. existência, triângulo,
ser perfeito.
IDEIA DE SER PERFEITO : noção de um ser
omnisciente, omnipotente e sumamente bom.

PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS

1.ª prova 2.ª prova 3.ª prova

Argumento Argumento da marca A causa da existência


ontológico: na ideia de impressa: a causa que do ser pensante e
ser perfeito estão faz com que a ideia de imperfeito não é ele
compreendidas todas ser perfeito, que próprio. De contrário,
as perfeições; a representa uma daria a si próprio as
existência é uma substância infinita, se perfeições de que tem
dessas perfeições; encontre em nós não ideia. Além disso,
logo, Deus existe pode ser outro ser como o sujeito finito
necessariamente. O senão Deus, que não possui o poder de
facto de existir é possui todas as se conservar no seu
inerente à essência de perfeições próprio ser, o seu
Deus. representadas nessa criador e conservador
ideia. é Deus (causa sui).
É um ser perfeito e não é É infinito, a fonte do bem e
enganador. da verdade.

É a garantia da verdade É omnipotente, eterno e


objetiva das ideias claras e omnisciente.
distintas.
Embora criador do
É o criador das verdades DEUS Universo, não é autor do
- a sua
eternas, a origem do ser e mal nem responsável pelos
importância
o fundamento da certeza. no sistema
nossos erros.
cartesiano
Garante a adequação entre É o princípio do ser e do
o pensamento evidente e a conhecimento.
realidade.
Permite superar os
Legitima o valor da ciência argumentos dos céticos
e confere objetividade ao radicais e provar a
conhecimento. existência do mundo
exterior.
Três tipos de
substâncias e seus
atributos essenciais

Substância pensante Substância extensa Substância divina


(res cogitans) (res extensa) (res divina)

Pensamento Extensão Vários atributos, todos


eles numa perfeição
infinita.

Alma Corpo Qualidades objetivas

Qualidades subjetivas
Ser humano
Fundacionalismo de Descartes

Ideias inatas
– conhecimento claro e distinto

Principais verdades:
- a existência do pensamento (alma), traduzida no cogito;
- a existência de Deus, ser perfeito, com os atributos respetivos;
- a existência de corpos extensos em comprimento, largura e altura.

O fundamento do conhecimento é o cogito, enquanto crença básica ou


fundacional e primeira verdade, e outras ideias claras e distintas da razão.

Todavia, este fundamento do conhecimento depende daquele que é o


princípio de toda a realidade: Deus.

CÍRCULO CARTESIANO: o facto de a ideia que temos de Deus ser clara e


distinta garante-nos que Deus existe; mas é Deus quem garante a verdade e a
objetividade das ideias claras e distintas.

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