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Secção clínica

Queimaduras

Adalberto Boca
Septembro, 2017
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CONTEÚDO
• Conceito;
• Epidemiologia;
• Anatomia da pele;
• Funções da pele;
• Classificação das queimaduras;
• Fisiopatologia das queimaduras;
• Critérios de gravidade;
• Manejo de pacientes queimados;
• Complicações.
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CONCEITO

• São lesões produzidas nos tecidos por accão de


calor em suas diferentes formas (energia térmica
transmitida por radiação, produtos químicos ou
contacto elétrico).

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EPIDEMIOLOGIA

• São frequentes no inverno;


• Crianças, mulheres, idosos são mais suscetíveis a
queimaduras (58% das vítimas são crianças);
• Existencia de doenças concomitantes (epilepsia,
doenças mentais);
• 2/3 dos acidentes ocorrem dentro do ambiente
domiciliar;
• O principal agente causal é líquido/alimento super
aquecido.

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ANATOMIA DA PELE

• PELE (estrutura)
 Maior órgão do corpo.
 Epiderme;
 Derme;
 Hipoderme ou tecido
celular subcutâneo;
 Anexos (folículos
pilosos, glândulas
sudoríparas e sebacias)

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ANATOMIA DA PELE

• Vascularização
 ¼ sistema circulatório situa-se na pele (cerca de 240
km).
 Componentes arterial e venosos.

• Vasos linfáticos
 Organizados em rede na derme;
 Aumento progressivo de calibre na profundidade.
 Drenagem para gânglios linfáticos regionais.
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ANATOMIA DA PELE

• INERVAÇÃO
 Muito rica, máxima em genitais.
 Impulsos nervosos sensitivos com velocidade de 2m/s para
espinal medula e cérebro.

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FUNÇÕES DA PELE

 Barreira;
 Função sensorial;
 Função excretora;
 Função imunológica;
 Função termoreguladora;
 Função sexual;
 Função hormonal.

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CLASSIFICAÇÃO DAS QUEIMADURAS

• Agente causal;

• A profundidade da queimadura;

• A extensão da zona queimada.

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CLASSIFICAÇÃO

• Segundo o agente causal


 Físicos: Temperatura (vapor, objetos aquecidos,
líquidos quentes, chama).
Eletricidade (corrente elétrica).
Radiação (aparelhos de raios X, raios ultra-
violetas).
 Químicos: Produtos químicos (ácidos, bases).
 Biológicos: Animais (medusa).
Vegetais (Urtiga).

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CLASSIFICAÇÃO
• Segundo o agente causal
 Queimadura elétrica

O trauma elétrico é gerado pela resistência do corpo à passagem da corrente elétrica de alta
voltagem.

Quanto menor a área do corpo, maior a intensidade do calor.

Apresenta uma ferida de entrada, que tem aspecto carbonizado e deprimido e a ferida de
saída é mais irregular, com aparência de que a corrente elétrica explodiu quando saiu.

O curso imprevisível da eletricidade através do corpo e a variação na resposta de cada


tecido é o que diferencia esse trauma dos outros tipos de traumas térmicos.

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CLASSIFICAÇÃO
• Segundo o agente causal
 Queimadura Elétrica

Corrente de Alta Tensão


Corrente de Baixa Tensão  
  • Lesões extensas e profundas.
Lesões menos extensas • Necrose tissular por
Perigo de Fibrilação Ventricular coagulação protéica.
Assistolia • Tende a percorrer o caminho
mais curto até a terra e
frequentemente atira a vítima
longe, com fraturas e
hemorragias cerebrais.
• Depressão do centro
respiratório.

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CLASSIFICAÇÃO
• Segundo o agente causal
 Queimaduras químicas

Se produz um dano cutâneo águdo gerado


por irritação directa, corrosão e/ou calor
produzido por agentes químicos.

A gravidade da lesão depende da


concentração, volume, duração do contacto.

Agentes etiológicos:
ÁCIDOS: necroses coagulativa.
ALCALINOS: necroses liquefactiva.

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CLASSIFICAÇÃO
• Segundo o agente causal
 Queimaduras quimicas

QUEIMADURAS POR ALCALIS


QUEMADURAS POR ÁCIDOS
• Hidroxido de calcio, fertilizantes,
hidróxido de potássio.
• Nítrico, Sulfúrico, Clorhídrico, Acético,
• Desihidratação celular e saponificação
Formol
da gordura subcutánea.
• Muito dolorosas.
• As lesões são de aspecto mole,
• Aspecto eritematoso nas superficies ou
pastosas.
aspecto de escara seca.
• A dor é mais leve e mais tardia que as
Tratamento:
produzidas por ácidos.
Agua abundante durante pelomenos menos
• Maior dano tecidual.
10 min.
Tratamiento:
Solução diluida de bicarbonato sódico.
Água (a ser possivel, acidulada com
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CLASSIFICAÇÃO

• Segundo a profundidade:
 1º Grau
Superficiais, limitam-se a epiderme;
Manisfestam-se com eritema, dor moderada;
Pedendo curar em 5 dias sem deixar cicatrizes;

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CLASSIFICAÇÃO
• Segundo a profundidade:
 2⁰ Grau
Epiderme e derme;
Úmida, presença de Flictenas, erictema, dolorosa;
Cura espontânea mais lenta, podendo cicatrizar em 14
dias.

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CLASSIFICAÇÃO
• Segundo a profundidade:
 3⁰ Grau
Atinge epiderme, derme, hipoderme;
Cor branca, vermelho-amarelada, chamuscada, podendo
se ver na base vasos coagulados;
Pouca ou nenhuma dor;
Necessita de transplante.

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CLASSIFICAÇÃO
• Segundo a profundidade:
 4⁰ Grau
Epiderme, derme, hipoderme, musculo e ossos;
Necessita de enxerto;

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Classificação segundo a SCQ
 Em menores de 10 anos é mais fiável a regra da palma da mão, na qual a palma da mão do
paciente corresponde a 1% da SCQ.

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FISIOPATOLOGIA
NO
Agressão tecidual Histamina
Cininas
Exposição do colagêno Liberação de substancias vasoactivas Prostaglandina
Leucotrieno e
Tromboxano
Vasodilatação
Perda da barreira mecânica
Extravasamento do plasma
(electrolitos, proteinas, etc)
Alterações no Invasão
Shock
S.Imune de Edemas Hipovolemico e
bactérias
Desequilibrio
Diminuicao electrolítico
da função
fagocítica; Sepse
Shock
séptico
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CRITÉRIOS DE GRAVIDADE

• Mais de 30% de SCQ todos os graus;

• 2º grau > 25-30% de SCQ em adultos e >20% em


crianças;

• 3º grau >15% de SCQ em adultos e >10% SCQ


crianças;

• Queimaduras associadas a síndromes inalatorios que


dificultam a respiração.
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CRITÉRIOS DE GRAVIDADE

• As queimaduras na cabeça, Pescoço, maõs, pés,


genitais, articulações, (zonas críticas).
• Queimaduras por explosões e associadas a
traumatismos.

• Queimaduras eléctricas.

• Queimaduras químicas.

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MANEJO DE UM QUEIMADO (LEVE)
• Profilaxia antitetánica.

• Lavagem com antisépticos cirúrgicos ou em sua


ausência com soro ou água com sabão.

• Desbridamento em condições asépticas retirando


corpos extranhos e tecidos necróticos (flictenas?)

• Cura oclusiva
– Sulfadiazina de prata
– Povidona iodada
– Clorhexidina solução.
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MANEJO DE UM QUEIMADO
• Tratamento imediato de emergência:
 Interrompa o processo de queimadura.
 Remova roupas, joias, anéis, piercings e próteses.
 Cubra as lesões com tecido limpo.

• Tratamento na sala de emergência:


 A.Vias aéreas (avaliação):
 Avalie a presença de corpos estranhos, verifique e retire
qualquer tipo de obstrução.

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MANEJO DE UM QUEIMADO

• Tratamento na sala de emergência:


 B. Respiração:
 Aspire as vias aéreas superiores, se necessário.
 Administre oxigênio a 100% (máscara umidificada) e, na
suspeita de intoxicação por monóxido de carbono, mantenha a
oxigenação por três horas.
 Suspeita de lesão inalatória: queimadura em ambiente fechado
com acometimento da face, presença de rouquidão, escarro
carbonáceo, dispneia, queimadura das vibrissas, insuficiência
respiratória.

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MANEJO DE UM QUEIMADO
• Tratamento na sala de emergência:

 Mantenha a cabeceira elevada (30°).


 Indique intubação orotraqueal quando:
 Aescala de coma Glasgow for menor do que 8;
 A PaO2 for menor do que 60;
 A PaCO2 for maior do que 55 na gasometria;
 A dessaturação for menor do que 90 na oximetria;
 Houver edema importante de face e orofaringe.

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MANEJO DE UM QUEIMADO

• Tratamento na sala de emergência:


• C. Avalie se há queimaduras circulares no tórax, nos
membros superiores e inferiores e verifique a perfusão
distal e o aspecto circulatório (oximetria de pulso).

• D. Avalie traumas associados, doenças prévias ou


outras incapacidades e adote providências imediatas.

• E. Exponha a área queimada.

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MANEJO DE UM QUEIMADO

• Monitorar
 Sinais vitais;
 Estado de consciência;
 Diurese;
 Balanço hídrico.

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MANEJO DE UM QUEIMADO

• Exames complementarios
 Hemograma;
 Glicemia;
 Lactato, Ureia e Creatinina;
 Ionograma;
 Proteinas totais e albumina;

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MANEJO DE UM QUEIMADO
• Periodo crítico ( < 72 horas )
 Reposição hidroelectrolítica;
 Escarotomías;
 Tratamentos preventivos: úlceras de Curling,
tromboembolismo;
• Periodo post-crítico ( > 72 horas ):
 Analgesia;
 Antibioterapia;
 Cirurgía;
 Reabilitação;
 Tratamento de sequelas;
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MANEJO DE UM QUEIMADO

• Hidratação
Parkland: 4 ml*kg/ *%SCQ de Ringer Lactato

• A solução deverá ser administrada nas primeiras 24


horas;
• ½ nas 8 horas após trauma;
• O máximo de SCQ a ter em conta é de 50% para
evitar sobrecargas;

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MANEJO DE UM QUEIMADO

• Escaroctomia e fasciotomia descompressiva


 O edema aumenta a pressão podendo ocasionar:
• Sd. compartimental nas EE
• Obstrucão da vía aérea no pescoço
• Restricão ventilatoria no tórax

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COMPLICAÇÕES
• Imediatas
 Desequilíbrio hidroelectrolitico;
 Shock hipovolemico;
 Insuficiencia renal aguda;
 Lesão inalatoria.

• Intermedias
 Sepse (shock séptico)

• Tardias
 Contraturas;
 Cicatrizes inesteticas.
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