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Variações Linguísticas

Profª Joseane Moraes


Variedades
Linguísticas
Língua

Esta língua é como um eslástico as expressões mais sisudas.


Que espicharam pelo mundo. Um elástico que já não se pode
No início era tensa, mais trocar, de tão gasto;
de tão clássica. Nem se arrebenta mais, de tão forte.
Com o tempo foi se amaciando, Um elástico assim como é a vida
Foi se tornando romântica, que nunca volta ao ponto de partida.
Incorporando os termos nativos
e amolecendo nas folhas de bananeira Gilberto Medonça
Variação Linguística
Conceito
São as diferenças que uma mesma língua
apresenta quando é utilizada, de acordo com as
condições sociais, culturais, regionais e históricas.
Língua Portuguesa: Unidade/ Diversidade
VARIEDADES
LINGUÍSITCAS

São as variações que uma língua apresenta em razão


das condições SOCIAIS, CULTURAIS E
REGIONAIS nas quais é utilizada.
Variedades linguísticas
Normas urbanas de prestígio Normas urbana

- São as variedades que , em


uma país com a diversidade Culta Coloquial
linguística, apresentam um Padrão Não Padrão
maior prestígio e são utilizadas Formal Informal
em situações formais de fala e
escrita
As variedades

Variedade Padrão –
É a norma culta, é a
variedade de maior
prestígio social.
As variedades
Variedade Não Padrão – É o conjunto de
variedades linguísticas diferentes da
língua padrão.
Formalidade \ Informalidade
Língua Formal – falamos de modo mais cuidadoso,
evitando gírias, expressões grosseiras que demonstrem
intimidade com o interlocutor, como fofinha, safado, pra
caramba, dia de cão, é um saco!
Língua Informal – falamos quando temos familiaridade
com a pessoa com quem falamos.
Variação Linguística

• A língua portuguesa não é uniforme;


• Ocorre vários fatores que influenciam para a existência das diferenças nos
modos de falar;
• Essas diferenças ocorrem porque existe um grande número de fatores( a idade
da pessoa, seu grupo social, se a pessoa tá falando ou escrevendo, a situação
de comunicação, o assunto, a época e entre outros), que combinado uns aos
outros, determinam a forma de utilização da língua pelos seus falantes;
• É por conta disso que uma língua, ocorrem variações linguísticas.
Tipos Gerais de Variação

Tipos Aspectos aos quais elas


se relacionam
Social Idade, sexo, nível de escolaridade, condições econômicas do
falante e grupo social do qual ele faz parte.

Geográfica Região em que o falante vive.

Histórica Tempo(época) em que o falante vive.

Situacional Situação específica, particular em que se realiza o


ato de comunicação
Registro
• É o “ jeito de falar/escrever”;
• Conjunto de características da linguagem que o falante escolhe para se
comunicar em uma situação específica;
• Em cada situação de comunicação, o falante muda o registro para ajustar/
adequar sua linguagem àquela situação.
Variações linguísticas

Tipos
1. Variação Social
•Refere-se às formas da língua empregadas pelas diferentes classes ou grupos sociais;
•Leva em conta diversos fatores( nível de escolaridade, classe social, idade do falante e entre
outros);
•Linguagem técnica ( jargão): usada no exercício de certas atividades profissionais;
•Gíria: linguagem usada por um grupo de pessoas que adotam uma espécie de código para
usarem entre si;
•Modos de falar masculino e feminino: marcas na língua que expressam modos próprios da
fala masculina ou feminina;
Classe social do falante

• Pessoas que têm maior acesso à leituras variadas,


escolas, filmes, internet e entre outras;
• Elas apresentam uma variedade da língua, digamos,
mais próxima do falar exigido pela sociedade letrada.
• Não se trata de mais pobres ou menos pobres, trata-se
apenas das oportunidades de leitura desses falantes.
Nível de Escolaridade

• O nível de instrução do falante também faz com que a língua sofra


variações.;
• Isso quer dizer que falantes com maior escolarização tendem a usar a
língua de modo mais formal que os falantes de menor escolaridade. Fato
que, em muitos casos, provoca o surgimento do preconceito linguístico.
Exemplo: Conversa entre um agricultor (analfabeto) e um metereologista:
Agricultor:- Sinhô, hoje chove de todo jeito!
Metereologista: -Não, as previsões só anunciam chuvas para o final do mês.
Agricultor: -Num concordo, não sinhô e até pruque o mei miô, o mei findô e hoje já é 15. Assim, tá
no miado e vai chuver.
Metereologista: - Mas e as previsões? O senhor não entende de nada, nem falar sabe...
Agricultor: - Me disculpe, falá bunito como o sinhô eu possa num sabê, mas se o sinhô tem istudo
num parece pruque num sabe nem arrespeitar or mai véi. E se eu num sei falá como dixe, como é
que eu tenho 65 ano e nunca deixei de falá com o povo daqui e nunca errei um paipite de chuva?!
Texto para análise
Um  caboclo, vendo uma movimentação de homens e equipamentos perto
de onde ele morava, foi ate la e perguntou para um deles:
-Ué moço, o que ocêis ta fazendo?
-Aqui vai passar uma rodovia- respondeu o homem- e nós somos os engenheiros.
Com esses equipamentos vamos definir o traçado ideal para a estrada.
-Óia, moço, nóis faiz estrada de outro jeito. Nóis pega uma mula e sorta ela, onde ela
passá , é o mio lugá pra abri a estrada
-Não me diga?- respondeu o engenheiro, rindo da simplicidade do capiau- E se vocês
não tiverem uma mula?
E o caboclo:
Aí nos quebra o galho com uns engenheiros.
• O texto registra dois “modos de falar”( registros diferentes)
• Caboclo: esse registro faz parte de um grupo de falantes economicamente
mais pobre, pessoas que, por falta de oportunidades ou de condições
financeiras, não puderam frequentar a escola, ou tiveram acesso a uma
educação precária;
• Engenheiro: Esse registro é mais característico dos falantes que, vivendo
em melhores condições sociais e econômicas, tiveram mais contato com
um nível cultural mais elevado
2. Variação Situacional
•É a capacidade que tem um mesmo indivíduo de empregar as diferentes formas da língua em situações comunicativas diversas;
•O falante adequa a linguagem que vai usar (formal ou informal) dependendo da situação de comunicação:
•No trabalho;
•Na escola;
•Com os amigos;
•Com os familiares;
•Em eventos;
•No ambiente virtual
• Conforme a situação comunicativa em que se encontra o
falante, ele faz a língua variar.
• Isso quer dizer que, em ambientes mais formais, a opção pelo
uso formal da língua é mais conveniente.
• Já com os familiares e colegas, o uso da informalidade é mais
usual. O interessante é saber fazer essas trocas.
Exemplo: A mãe com o filho, em casa, e na escola, na qualidade de sua educadora.
Maria (mãe): -Filho, vá estudar variação linguística. A avaliação é hoje, te dou uma bola se
tirar 8,0. Não vai me envergonhar, hein?
José (filho): - Mamãe, eu já sei que a língua varia conforme a região, o tempo, o grau de
instrução e um bocado de coisas mais. Me dê, mamãe, a bola.
Maria (na escola): - José, estude variação linguística que a avaliação será hoje e eu darei à
turma um livro a quem tirar 8,0.
José (na escola)- Professora, sei de todas as variações, inclusive como banir o preconceito
linguístico existente na nossa sociedade. E agora, mereço o 8,0 e o livro?!
3. Variação Geográfica
• Variedade que a língua portuguesa assume nos diferentes lugares onde é
falada;
• Esse tipo de variação ocorre de região para região do país;
• Essas diferenças são mais facilmente identificáveis no vocabulário e no
aspecto fonético( sonoro) da língua;
• Por isso, costumamos dizer que todos nós, brasileiros falamos a mesma
língua, mas os paulistas falam de um jeito, os cariocas de outro, os mineiros
de outro e etc.
• A esses tipos de diferenças na língua, dá-se o nome de variações
geográficas;
• Conforme a região do falante, o uso da língua sofre variação, pois
cada falante tem vocabulário e pronúncia próprios de sua região;
• O que não significa dizer que região X fala “melhor” ou mais
“bonito” do que região Y. Quem assim pensa comete preconceito
linguístico.
Exemplo:
Um falante nordestino, ao chegar numa feira livre no Rio de Janeiro, diz ao
vendedor:
-Quero um quilo de macaxeira.
E o vendedor responde:
-Caramba, não tenho. Tenho mandioca, serve?
O falante nordestino examina o produto e diz: - Vou levar, é a mesma coisa!
4. Variação Histórica
• Refere-se as variações que as línguas sofrem ao longo da história, com o tempo;
• A língua não é fixa;
• Ela se modifica com o passar do tempo e com o uso. As formas de falar se alteram;
• Mudam-se as palavras, a grafia, as formas de estruturar as frases e até mesmo o
significado das palavras;
• Essas alterações que vão ocorrendo na língua ao longo do tempo recebem o nome
de variações históricas
Antigamente
                                           Carlos Drummond de Andrade
   Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e muito
prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas,
mesmo não sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam
longos meses debaixo do balaio. E se levavam tábua, o remédio era tirar o cavalo da
chuva e ir pregar em outra freguesia. As pessoas, quando corriam, antigamente, era para
tirar o pai da forca e não caíam de cavalo magro. Algumas jogavam verde para colher
maduro, e sabiam com quantos paus se faz uma canoa.
O que não impedia que, nesse entrementes, esse ou aquele embarcasse em canoa furada.
Encontravam alguém que lhes passasse a manta e azulava, dando às de vila-Diogo. Os
mais idosos, depois da janta, faziam o quilo, saindo para tomar fresca; e também
tomavam cautela de não apanhar sereno.
Os mais jovens, esses iam ao animatógrafo, e mais tarde ao cinematógrafo, chupando
balas de alteia. Ou sonhavam em andar de aeroplano; os quais, de pouco siso, se metiam
em camisa de onze varas, e até em calças pardas; não admira que dessem com os burros
• É comum as pessoas de diferentes épocas utilizarem um vocabulário
diferente, e, na maioria das vezes, também escreverem de modo
diferenciado devido às variações da língua com o tempo, as quais atingem
a faixa etária dos falantes.;
Exemplo:
Num consultório entram o avô (65 anos) e o neto (10 anos). O avô olha para o
médico e fala:
-Doutor, quero que o senhor me receite um remédio para meu neto que está com
difruço.
O médico, meio que aturdido, porém compreende a fala do senhor e começa a
prescrever a medicação. Eis que o neto interrompe:
-Vovô, eu não tenho essa doença aí não, tenho apenas um leve resfriado.

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