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REOLOGIA DA TERRA

ELEMENTOS DE
REOLOGIA
 A reologia é o estudo do comportamento dos materiais
submetidos a um esforço.
 Os efeitos do esforço dependem tanto das condições
físicas presentes no momento em que a deformação
ocorre, como das composições e propriedades
mecânicas dos materiais a serem deformados.
 Antes que se analisar o comportamento rochoso sob
pressão, importa rever os diversos tipos de
comportamentos ideais mostrados pelos materiais em
geral.
ELEMENTOS DE
REOLOGIA
1. DEFORMAÇÃO ELÁSTICA E VISCOSA (IDEAL)

Deformação elástica
 O corpo retorna ao seu estado anterior (não deformado) após
cessados os esforços.
 Também chamada Deformação Temporária ou Recuperável.
 Ex. O tipo de deformação associada com a propagação de ondas
sísmcas no interior da terra ou passagem de ondas sonoras
através de um meio qualquer.
 No comportamento elástco, a deformação é directamente
proporcional ao esforço, isto é, eles têm uma relação linear.
ELEMENTOS DE
REOLOGIA
1. DEFORMAÇÃO ELÁSTICA E VISCOSA (IDEAL)

Deformação elástica
Stress (Ϭ)

Quanto maior o esforço (stress),


maior a deformação (strain)

Strain (ɛ)
ELEMENTOS DE
REOLOGIA
1. DEFORMAÇÃO ELÁSTICA E VISCOSA (IDEAL)

Deformação Viscosa
 O corpo não volta ao seu estado primitivo após cessado o esforço
→ deformação permanente.

 A relação linear agora é do esforço com taxa

Stress (Ϭ)
de deformação ( a taxa de mudança de forma
com o tempo).

 A deformação total depende da intensidade Strain-rate (e)


do esforço e do tempo de aplicação.

Quanto maior o esforço aplicado,


mais rápido o material se deformará
ELEMENTOS DE
REOLOGIA
2. COMPORTAMENTO VISCOELÁSTICO, ELASTOVISCOSO E PLÁSTICO

Comportamento Viscoelástico
 Materiais que experimentam deformação elástica mas consomem
um certo tempo para retomar ao estado não-deformado ao
cessarem os esforços.
 A linha vertical inicial representa a
tensão inicial que o material
experimentou devido à força;

Strain
 Ex. mola que se estica
imediatamente quando uma força é
aplicada.
 Com a força constantemente
aplicada, o material continua a Stress Stress
esticar-se ao longo do tempo; applied removed
ELEMENTOS DE
REOLOGIA
2. COMPORTAMENTO VISCOELÁSTICO, ELASTOVISCOSO E PLÁSTICO

Comportamento Viscoelástico

 O material atinge o equilíbrio, que é


visto pela linha horizontal.

Strain
 Quando a força é removida, a
diminuição inicial na deformação é
igual à quantidade de deformação
que o material experimentou
instantaneamente quando teve a
força aplicada pela primeira vez. Stress Stress
applied removed
 Ao longo do tempo, o material
retorna à sua configuração original
e sua tensão torna-se zero.
ELEMENTOS DE
REOLOGIA
2. COMPORTAMENTO VISCOELÁSTICO, ELASTOVISCOSO E PLÁSTICO

Comportamento Elastoviscoso
 Comportamentos que obedecem a lei da viscosidade, mas os
corpos se comportam elasticamente para esforços de curta
direcção.
→ a deformação será completamente recuperável se o esforço for
removido rapidamente.
viscous
Se o esforço for aplicado durante um

Strain (ɛ)
período de tempo maior, o
comportamento será viscoso
(deformação permanente).
elastic

Time (t)
ELEMENTOS DE
REOLOGIA
2. COMPORTAMENTO VISCOELÁSTICO, ELASTOVISCOSO E PLÁSTICO

Comportamento Plástico
 Um material plástico é aquele que se comporta elasticamente para
baixos valores de esforço, mas acima de determinado valor crítico
de esforço (yield stress) se comporta viscosamente.

viscous
stress (Ϭ)

yield stress
Ϭy

elastic

strain (ɛ)
ELEMENTOS DE
REOLOGIA
 O comportamento do material rochoso sob esforço não pode ser
descrito em termos de nenhum dos comportamentos
referenciados, mas sim, uma combinação destes.
 A fig. mostra diagramaticamente a relação deformação tempo
típica para corpos rochosos.

viscous
strain

total elastic
component

yield visco-elastic
point permanent
elastic
strain

tempo
Stress Stress
applied removed
ELEMENTOS DE
REOLOGIA
3. COMPORTAMENTO FRAGIL E DUCTIL

 Quando se aplica um esforço em um corpo rochoso, diz-se


que o mesmo pode se comportar de maneira frágil ou dúctil.

 Frágil →quando ao ultrapassar um determinado ponto na


resistência do corpo, o mesmo perde coesão e desenvolve
descontinuidades como falhas ou fracturas.
 Dúctil → o corpo não desenvolve descontinuidades, mas
existe fluxo molecular interno, permitindo que o mesmo se
deforme sem quebrar, de forma contínua.
ELEMENTOS DE
REOLOGIA
3. COMPORTAMENTO FRAGIL E DUCTIL

 A maioria das rochas exibe os dois comportamentos,


dependendo de factores como: competência rochosa,
amplitude do esforço diferencial, pressão hidroestática,
temperatura, pressão de fluido e taxa de deformação.
 Em seguida mostra-se como cada um desses factores
influencia o comportamento rochoso.
REOLOGIA DA TERRA
3.1. EFEITO DA VARIAÇÃO DO ESFORÇO
Alguns conceitos:
 Stress é a força que actua sobre uma superfície, por unidade de
área- pode variar com as direcções. Três tipos de stress
 As resistências compressivas e
tensionais têm normalmente
valores diferentes.
 As resistências são geralmente
maiores para esforços
compressivos do que para esforços
tensionais.
 precisa-se de esforços menores
para fracturar corpos quando o
Stress
esforço é tensional do que quando tensional
Stress Stress de
o mesmo é compressivo. compressional cisalhamento
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3.1. EFEITO DA VARIAÇÃO DO ESFORÇO

Alguns conceitos:
 Resistência dos materiais (strength) → medida do
strength dos materiais é o valor do esforço necessário para o
quebramento (failure) do corpo.
 Yield stress → stresse limite acima do qual a deformação é
permanente.
 Failure strength ou ultimate strength → stresse limite
acima do qual o corpo se quebra (failure).
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3.1. EFEITO DA VARIAÇÃO DO ESFORÇO
A figura resume, diagramaticamente, o efeito do incremento de
esforço (stress) numa curva strain-time (deformação-tempo).
 Para baixos valores de
stress (ϬA), a deformação
pode exibir
comportamento
inteiramente elástico,
como já foi visto.

 Para valores de stress


maiores (ϬB), a
deformação pode ser
viscoelástica, existindo,
porém, um limitado campo
de defrmação elástica.
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3.1. EFEITO DA VARIAÇÃO DO ESFORÇO

 Acima de um determinado
valor de stress→yield
stress- (ϬY) o material
exibe comportamento
essencialmente viscoso,
para sucessivos aumentos
de esforço (ϬC, ϬD),
depois de deformação
inicial.

 Acima de um segundo valor crítico de stress→ failure stress (esforço de


roptura – ϬR) o material vai acelerar o fluxo viscoso até se fracturar
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3.1. EFEITO DA VARIAÇÃO DO ESFORÇO
A figura resume esses comportamentos, com os campos elasticos,
viscoso e roptura (feiture).

feiture
No caso de materiais dúteis,
o campo viscoso é
aumentado enquanto o
elástico e o failure diminuem viscou
s
-
(ϬR>>ϬY). vis
co

tic
s
ela
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3.2. INTER- RELAÇÃO ENTRE STRAIN, STRESS E TEMPO

 A correlação entre esforço (stress) e deformação (strain) em


materiais rochosos exibe uma combinação de propriedades
elásticas, viscosas e plásticas dependendo criticamente
do tempo de actuação do esforço.
 Conceito de Creep→ é o comportamento da deformação
dos corpos em longos períodos de tempo.
• A deformação viscosa é produzida em longos períodos de
tempo, sob baixos valores de esforços.
• Esse baixo valor de esforço produziria somente efeitos
elásticos se o período de tempo fosse curto.
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3.2. INTER- RELAÇÃO ENTRE STRAIN, STRESS E TEMPO
Curva creep típica. Quando as rochas estão sugeitas à esforço
constante e de baixo valor durante longos períodos de tempo. Tem-se
3 estágios:

i. Comportamento creep
primário material se feiture
comporta de maneira
viscoelástica.
ii. Comportamento secundário s
viscou
essencialmente fluxo co
-
vis
viscoso.
tic
s
ela

iii. Comportamento terciário


final, com acelerada
viscosidade, levando a
ruptura.
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3.3. EFEITO DA PRESSÃO DE CONFINAMENTO

 As rochas situadas em profundidades na crosta, estão


sujeitas à pressão litostática da coluna de rocha
sobrejacente.
 A intensidade desta pressão vai depender da profundidade
em que rocha se encontra e da densidade média do material
da coluna rochosa.
 A principal influência da pressão confinante é o seu efeito na
resistência (strength) dos materiais.
 Aumentando-se a pressão de confinamento (depth) tanto o
yield stress (ϬY) como o failure stress (ϬR) serão maiores, o
que resulta num aumento das resistências dos corpos à
deformação.
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3.3. EFEITO DA PRESSÃO DE CONFINAMENTO

i. Para baixa pressão, a resposta é basicamente elástica e a


ruptura ocorre a baixos valores de stress.
ii. Por volta de 300 bars, o yield stress é elevado até cerca de
1400 bars e a partir daí o material responde viscosidade.

A ductibilidade vai aumentando com a pressão (profundidade)


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3.4. EFEITO DA TEMPERATURA

 Na fig. nota-se que, quanto


maior a temperatura, menor
será o yield stress (ϬY);
 O campo de deformação
viscosa aumenta
consideravelmente,
diminuindo o campo elástico.

strain, %

 Ex. rochas metmórficas deformadas à elevada pressão e


temperatura, exibem deformações mais dúctis do que à baixas
pressões e temperatura.
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Esta rocha responde ao estresse
dobrando-se e fluindo por deformação
dúctil → ocorre sobre T e P altas

Esta rocha fracturada sobre stress por


deformação frágil → ocorre sobre baixas
T e profundidades superficiais da crosta.
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3.5. EFEITO DA PRESSÃO DE FLUIDO NOS POROS

 A presença de uma fase fluida nas rochas que estão sendo deformadas influi
de duas maneiras:
i. Pode provocar reações mineralógicas, principalmente em altas T, afetando
as propriedades mecânicas do corpo.
ii. Reduz o efeito da pressão litostática, pois lubrifica os contactos entre grãos
próximos.
Pe = Pl-Pf, em que:
Pe → pressão efectiva
Pl → pressão litostática
Pf → pressão de fluido
 Para rochas saturadas em fluidos, Pf terá valores elevados, diminuindo
bastante o valor de Pe;
 a resistência da rocha passa a ser comparável à de um corpo colocado mais
profundamente em relação à superfície.
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3.5. EFEITO DA PRESSÃO DE FLUIDO NOS POROS

 Entre 900 e 950oc a


diferença do yield stress para
quartzo seco e húmido é de
10 vezes.
 A ductividade do material
para a mesma temperatura
aumenta quando o fluido
está presente.
 Isto explica porque materiais
com altas resistências
mecânicas se deformam
ductilmente com facilidade A fig mostra o efeito da T e P de fluido para
quando fluidos estão a deformação de grãos de quartzo.
presentes.
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3.7. EFEITO DE ANISOTROPIAS

 Quaisquer anisotropias presentes nos corpos rochosos


sujeitos à acção de esforços irão desempenhar um relevante
papel no processo da formação.

 Um material é dito isotrópico quando apresenta as mesmas


propriedades mecânicas, qualquer que seja direcção de
investigação.

 A presença de feições estruturais planares, como foliação,


extratificções sedimentares, ou mesmo estruturas lineares de
qualquer natureza, constituirão elementos de anisotropia no
corpo rochoso, influenciando as propriedades mecânicas.
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4. REOLOGIA DA LITOSFERA

 A resistência da litosfera ( Força total por área necessária para


deformar parte da litosfera numa dada taxa deformação) é
função da relação espessura crustal e geoterma.
 A litosfera tende a ter propriedades mecânicas orientadas
horizontalmente. Pressão, temperatura e composição dependem
da profundidade.
 Factor marcante é o limite resistência ruptil-ductil na crosta
continental e um segundo máximo no limite do Moho em função
da mudança de rochas quartzo-feldspáticas para ricas em
olivina.em peridotitos.
 Comparação da reologia total em estado estável para rochas
crustais com leis de fluência para rochas com olivina mostram
que o Moho deveria ser uma discontinuidade onde as rochas do
manto são mais fortes do que a crosta inferior.
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4. REOLOGIA DA LITOSFERA

Limite de resistência para a litosfera oceânica e continental em compressão a


taxa de deformação de 10-15S-1.
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4. REOLOGIA DA LITOSFERA

Uma vez que as rochas são consideravelmente mais fortes em compressão do


que em tensão, os limites de resistência para a litosfera oceânica e continentais
em tensão têm uma forma muito semelhante à mostrada aqui Mas com o
estresse diferencial reduzido por um fator de dois a três.
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4. REOLOGIA DA LITOSFERA

Perfil de densidade (kg/m3)


 O perfil de densidade da litosfera
continental depende de:
a) composição mineralógica dos
materiais litosféricos;
b) o geotérmico (porque a densidade
das rochas varia com a
temperatura)
 Dados gerais:
• crosta continental: 2650-2900 kg /
m3.
• crosta oceânica: 2900-3000 kg /
m3
• Manto: ~ 3370 kg / m3.
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4. REOLOGIA DA LITOSFERA

Perfil de densidade (kg/m3)


 A densidade média da litosfera
depende da espessura relativa das
duas camadas (crosta e manto).
 Na crosta, a densidade das rochas
aumenta com a profundidade,
porque a composição das rochas
passa de félsica (quartzo,
plagioclase em granitos) para
máficas (anfibólio, piroxeno,
granada em gabros).
 No manto litosférico a densidade
diminui porque aumenta a
temperatura.
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4. REOLOGIA DA LITOSFERA

Perfil da resistência
 A resistência do material litosférico
depende de:
a) natureza da deformação (os
materiais são mais fortes quando
em compressão e mais fracas em
extensão);
b) composição mineralógica;
c) geotérmico (resistência diminui
com o aumento da temperatura).
 A crosta continental é caracterizado
por uma crosta superior quebradiça
e uma crosta inferior dúctil.
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4. REOLOGIA DA LITOSFERA

Perfil da resistência
 O perfil de resistência ("força") em
compressão é diferente quando
comparado com o perfil de
resistência na extensão para a
litosfera continental.
 Em ompressão, microfissuras e
fendas são fechadas e, por
conseguinte, o material é mais
resistente.
 Em extensão, as rachaduras e
microfraturas se abrem mais e,
portanto, a resistência do material
diminui.
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4. REOLOGIA DA LITOSFERA

Perfil da resistência

 As relações lineares e não-lineares


entre resistência e profundidade
determinam a deformação
quebradiça ("frágil") e deformação
dúctil respectivamente.

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