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Cinesioterapia I:

Introdução
Prof. Dr. Renato Valduga
Cinesioterapia
Palavra de origem grega: kinêsia (movimento) +
thérapéia (terapia).

Terapia pelo
movimento
Histórico
“Todas as partes do corpo que têm uma função, se
usadas com moderação e exercitadas em trabalhos aos
quais cada uma delas está acostumada, tornam-se por
esse meio saudáveis e bem desenvolvidas e envelhecem
lentamente; mas, se não forem usadas e forem
deixadas inativas, ficam sujeitas à doença, o seu
crescimento é defeituoso e envelhecem rapidamente.”

Hipócrates (460 a 370 a.C.)


Histórico
2000 a.C.:
Utilização do Kung Fu por monges budistas na China
antiga;
o Prática de exercícios militares pelos súditos do imperador
chinês Yin Kang Chi como prevenção de doenças causadas
pelas chuvas;

800 a.C.:
o O Atharva-Veda, IV volume do Ayur-Veda, na Índia antiga,
recomenda o uso de exercício e massagem p/ tratamento do
reumatismo crônico.
Histórico
Séc. III a.C.:
o Médicos brâmanes aplicam agentes físicos e exercícios
individuais para o tratamento de diferentes partes do
corpo.
Histórico (Grécia antiga)
Asclépia (Templos dedicados à Esculápio)
Praticantes de medicina (Sacerdotes-médicos,
Filósofos, Ginastas).

Herodicus – desenvolveu a Ars Gymnastica

Hipócrates – Utilizou exercícios para o fortalecimento


de músculos enfraquecidos; no apressar da
convalescença; na melhoria das atitudes mentais.
Histórico (Grécia antiga)
Herophilus descobre os nervos, órgãos das sensações e
do movimento voluntário.
Histórico (Roma Antiga)
25 a.C. Cornelius Celsus: Estuda a hemiplegia e nota que
“embora uma cura perfeita seja rara, é necessário fazer exercícios
graduais e caminhar tanto quanto possível”. „ Sugere exercícios e
jogos de diversão para os dementes.

131 d.C.: Galeno: “Deve-se prestar atenção ao corpo que executa


exercícios, os quais devem ser interrompidos assim que surjam
sinais adversos.” “O melhor exercício é aquele que treina não só o
corpo, mas que também deleite o espírito”.

Séc. II: Antyllus escreve sobre os abusos do repouso e gradua os


exercícios de acordo com a parte do corpo que irá executá-los.
Histórico (Roma Antiga)
Séc. V Caelius Aurelianus descreve pela primeira vez
conceitos como: Hidroginástica; Suspensão; Exercícios com
pesos e roldanas; Exercícios progressivos de acordo com a
recuperação do paciente; „ Exercícios pós-operatórios,
“Porque um pequeno movimento adicional não pode provocar
a reabertura da ferida; ele ajudará, pelo contrário a restituir a
força ao paciente durante o período de recuperação.”
Levantamento das sobrancelhas na paralisia do facial.

Cristianismo X decadência do exercício físico (abolição dos


Jogos Olímpicos).
Histórico (Idade Média)
 A medicina grega e romana é mantida viva pelos árabes após a queda
do Império Romano.

 Avicenna escreve que para cada órgão existe um exercício e que “se o
homem exercitar o seu corpo pelos movimentos e pelo trabalho em
momentos apropriados, ele não virá a necessitar nem de médicos nem
de remédios.”

 Isaac Judaeus (Séc. X) escreve que “nada é mais perigoso para a


regulação da saúde do que a inatividade”.

 Arnold de Villanova (Séc. XIV) escreveu “entre outras coisas... Há


necessidade de remédios, exercícios e alegria.”
Séc XV: Reintrodução da educação física nos programas
educacionais

Séc XVI: Leonard Fichs sugere a criação da “Terapia


Cinética Educacional” quando diz que, “Há dois tipos de
movimento, o primeiro é simplesmente exercício, o
segundo é exercício e trabalho”.

Ambroise Paré acreditava que o exercício dos membros


após fraturas era indispensável.

Hieronymus Mercurialis escreve “Da Arte da Ginástica”,


onde estabelece que: Todos os exercícios devem conservar o
estado de saúde existente; O exercício não deve destruir a
harmonia entre os principais humores;
Os exercícios devem ser adaptados a cada parte do corpo;

Todas as pessoas saudáveis devem executar exercícios com


regularidade;

 As pessoas doentes não devem fazer exercícios que


possam piorar a situação existente;

Para pacientes convalescentes devem-se prescrever


exercícios especiais para cada caso particular;

As pessoas que levam vida sedentária precisam


urgentemente de exercícios.
A partir do século XVIII e XIX
São desenvolvidos programas de exercícios
racionalizados, metódicos e padronizados
Exercício terapêutico
Treinamento sistemático e planejado de movimentos
corporais, posturas ou atividades físicas e funcionais
com a intenção de proporcionar os pacientes meios de:
o Tratar ou previnir disfunções.

o Melhorar, restaurar ou manter a função.

o Evitar ou reduzir fatores de risco relacionados à saúde.

o Otimizar o estado de saúde geral, o preparo físico ou a sensação


de bem-estrar.

Masselli, 2008.
Leis de Newton
 Lei I: “Todo corpo continua em seu estado de repouso ou de movimento
uniforme em uma linha reta, a menos que seja forçado a mudar aquele
estado por forças aplicadas sobre ele.”

 Lei II: “A mudança de movimento é proporcional à força motora


imprimida, e é produzida na direção de linha reta na qual aquela força é
imprimida.”

 Lei III: “A toda ação há sempre uma reação oposta e de igual


intensidade: ou as ações mútuas de dois corpos um sobre o outro são
sempre iguais e dirigidas em direções opostas.”
Atividade Equilíbrio/
Reajuste postural

Controle
Desempenho
neuromuscular/
muscular
Coordenação

Atividade
Mobilidade/
Estabilidade
Flexibilidade

Cardiopulmonar/
Resistência Física
Modelo de Funcionalidade e Incapacitação – CIF
(CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE FUNCIONALIDADE,
INCAPACIDADE E SAÚDE - OMS, 2001)

Estado de Saúde
(distúrbio/doença)

Função e Estrutura Atividades Participação


Corporal (Limitação) (Restrição)
(Deficiência)

Fatores Fatores
Ambientais Pessoais
Métodos de Abordagem
Mobilização passsiva
o Artrocinemática
o Osteocinemática

Movimentação ativa
o Ativa-assistida
o Ativa livre
o Ativa resistida
Aprendizado motor

Cognição

Percepção Ação
Aprendizado motor
Cognição
Percepção Ação

Sensação Percepção Interpreta- Conceitua- Estratégia/ Ativação Execução


ção lização Planeja-
mento

Receptores Córtex Processame Córtex pré- Córtex Córtex Motoneurôn


periféricos sensorial 1º e nto sensorial frontal e motor motor ios músculos
2º de nível outras áreas suplementar primário, GB e
superior nos de , GB e CB e CB articulações
lobos associação
parietal de nível
occipital e superior
temporal
Percepção – Controle motor
Fuso Neuromuscular
o Fibras intrafusais e
extrafusais;
o Motoneurônio Gama;
o Sensível ao alongamento /
estiramento;
o Comprimento muscular;
o Resposta de contração.
Fuso Neuromuscular
Percepção – Controle motor
Órgão tendinoso de
Golgi:
o Localizado no tendão;
o Sensível à tensão;
o Resposta de relaxamento;
o Proteção do músculo.
Órgão
Tendinoso
de Golgi
Percepção – Controle motor
Receptores Articulares
Terminações de Ruffini: sinalizam os extremos do
limite articular e respondem mais ao movimento passivo do
que ao ativo.

Terminações de Pacini: respondem ao movimento,


mas não quando a posição articular é constante.

Receptores ligamentares: são ativados quando há


tensão (semelhante ao OTG).

Terminações nervosas livres: ativadas por respostas


nociceptivas (ex: processo inflamatório).
Percepção –
Controle Motor

Corpúsculo de
Ruffini
Cinestesia – receptores na pele
Classificação das fibras nervosas
Axônios Diâmetro do Velocidade de Inervação
sensitivos axônio (μm) condução
(m/s)
Ia (Aα) 12-22 65-130 Fuso muscular
Ib (Aα) 12-22 65-130 OTG
II (Aβ) 5-15 20-90 Terminações de
Pacini e Ruffini

III (Aδ) 2-10 6-45 Terminações


Livres

IV (C) 0,2-1,5 0,2-2,0 Terminações


Livres
Terminologia Básica
“O movimento articular pode ser visto como a
combinação entre a quantidade de amplitude de
movimento (ADM) articular, o deslizamento
artrocinemático que ocorre nas superfície articulares e
o grau de extensibilidade dos tecidos periarticulares e
conjuntivos que cruzam a articulação (flexibilidade).”
Dutton, 2010.
Terminologia Básica
ADM funcional: habilidade das estruturas ou dos
segmentos do corpo de se moverem ou serem movidos
de modo a permitir a presença de movimentos amplos
para as atividade funcionais.

Mobilidade funcional: habilidade de um individuo


iniciar, controlar ou manter, movimentos ativos do
corpo para desempenharem tarefas motoras simples
ou complexas.
Terminologia Básica
Flexibilidade: é a habilidade de mover uma única
articulação ou uma série de articulações de maneira
suave e confortável por meio da ADM irrestrita e sem
dor.

Extensibilidade:
o Unidades miotendíneas.
o tecidos conjuntivos periarticulares
o demais tecidos que cruzam a articulação.
Terminologia básica
Flexibilidade estática (ou passiva): é definida
como o grau em que uma articulação pode ser movida
passivamente por meio da ADM disponível.

Flexibilidade dinâmica: é definida como o grau em


que uma articulação pode ser movida por uma
contração muscular e influenciada pela quantidade de
resistência tecidual encontrada durante o movimento
ativo, bem como pela dor.
Terminologia básica
Hipomobilidade: refere-se a mobilidade diminuída,
restrita ou limitada.

Contratura: é o encurtamento adaptativo da unidade


músculo-tendão e outros tecidos moles que cruzam ou
cercam uma articulação.
 Contratura miotáticas
 Contraturas pseudomiotáticas
 Contratura artrogênica e periartciular
 Contratura fibrótica e contratura irreversível
Flexibilidade
É a capacidade de realizar movimento na maior
amplitude possível.

Ativa ou passiva

Mobilidade articular e da extensibilidade dos tecidos


que cruzam uma articulação (ou complexo articular).

Flexímetro, Distância dedo-solo, Índice de Schoeber,


Teste de Sentar e Alcançar (banco de Wells).
Mobilidade articular
É a capacidade de realização de movimento articular.
Seu resultado é denominada amplitude de
movimento articular (ADM).

Passiva e Ativa (hipomobilidade; hipermobilidade)

Osteocinemática (goniometria)

Artrocinemática (terapia manual)


Elasticidade
É a capacidade do tecido muscular retornar ao seu
estado de repouso após uma situação de alongamento.

Propriedade do músculo.

≠ de Extensibilidade.
Força muscular
Capacidade de exercer tensão muscular contra um
determinada resistência.

Trabalho muscular (componentes neurais e


musculares).

Contração muscular: concêntrica, isométrica,


excêntrica.

Testes de forçar muscular; Dinamometria.


Resistência Muscular
Capacidade de manter uma ação muscular repetida,
contra resistência exterior, mantendo a mesma
eficiência.
Potência muscular
É a velocidade no qual se desempenha o trabalho
muscular.

É resultante : Força X Velocidade (distância / tempo).


Resposta dos tecidos à tensão
Efeito creep
Efeito stress-relaxation
Prática Mental
A prática mental (PM) consiste em um método de
treinamento pelo qual a reprodução interna de um dado
ato motor (simulação mental) é repetida extensivamente
com a intenção de promover aprendizagem ou
aperfeiçoamento de uma habilidade motora.

Aprendizado Motor.

Neuroplasticidade.
Disfunções do Aparelho Locomotor
Atrofia/Hipotrofia

Hipertonia/Hipotonia

Hipermobilidade/Hipomobilidade

Contratura X Encurtamento muscular

Fadiga X Déficit de força

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