6º E 7º PERÍODOS– AULA 5 PROF.ª SORANE DECOTHÉ XAVIER BRUM 1. Introdução O interesse pela psicoterapia de grupo ocorreu principalmente na década de 1940, fruto da alta demanda gerada por condições psiquiátricas durante a Segunda Guerra Mundial,. Nesse contexto, o grupo oferecia oportunidade de tratar um maior número de pessoas ao mesmo tempo. Custo-benefício significativamente mais favorável em comparação a outras abordagens psicoterápicas. Além de técnicas específicas das diferentes modalidades de terapia, o formato de grupo oferece um ambiente no qual podem ocorrer interações entre o terapeuta e o paciente e entre os próprios integrantes do grupo. 2. Breve Histórico 1910-1930 - Contribuições importantes: Moreno – criou a expressão “psicoterapia de grupo”. Utilizava encenações e enredos por meio da representação de papéis (psicodrama) com o objetivo de resolver uma situação-problema, desenvolver a conscientização dos conflitos e estimular a expressão espontânea. Freud publicou Psicologia de grupo e a análise do ego, dirigindo sua atenção para a psicologia coletiva. Salientou o papel do líder como essencial para a compreensão do processo grupal. Kurt Lewin – psicólogo social – pesquisou as relações entre vida grupal e liderança. O enfoque foi na “dinâmica de grupo”, tratando fenômenos grupais a partir da teoria da Gestalt ou totalidade. Lewin foi quem primeiro estudou o grupo como um sistema de identidade própria e com fenômenos que são peculiares e regem seu funcionamento. 2. Breve Histórico
1960 e 1970 – período de forte expansão – atendimento de pacientes
psiquiátricos e de diversas outras condições, em nível de internação e ambulatorial (público/privado). Ao final da década de 1970, a TCC em grupo foi obtendo destaque. Nas décadas seguintes, as terapias em grupo se consolidaram com o aumento das pesquisas e da divulgação de resultados de sua eficácia em revistas científicas. 3. Fatores Terapêuticos As terapias em grupo utilizam técnicas específicas de acordo com os diferentes modelos de psicoterapia e de fatores terapêuticos comuns a todas elas. Fator terapêutico - elementos da terapia que colaboram para melhorar a condição do paciente, advindo tanto das ações do terapeuta quanto das ações dos integrantes do grupo ou do próprio paciente. Yalom e Leszcz1 descreveram os fatores terapêuticos comuns a todas psicoterapias de grupo: 3. Fatores Terapêuticos As terapias em grupo utilizam técnicas específicas de acordo com os diferentes modelos de psicoterapia e de fatores terapêuticos comuns a todas elas. Fator terapêutico - elementos da terapia que colaboram para melhorar a condição do paciente, advindo tanto das ações do terapeuta quanto das ações dos integrantes do grupo ou do próprio paciente. Yalom e Leszcz1 descreveram os fatores terapêuticos comuns a todas psicoterapias de grupo: 3. Fatores Terapêuticos Instilação de esperança - Trata-se da expectativa de conseguir melhorar. A esperança pode ser considerada um impulso para a mudança de comportamento. O terapeuta também precisa ter convicção e otimismo e compartilhar a expectativa positiva em relação à terapia. Universalidade - É a promoção de alívio dos pacientes ao perceberem que não são os únicos com problemas e que não estão sozinhos para enfrentá-los. Orientação - Auxilia os pacientes a conhecer sua doença e a lidar melhor com ela por meio de aconselhamento e instrução didática ou psicoeducação. Ao término de uma terapia de grupo, os participantes adquirem amplo conhecimento sobre o significado dos sintomas, o funcionamento psíquico e a própria terapia. 3. Fatores Terapêuticos Altruísmo - É o ato de dar e receber ajuda; isto é, o sentimento de identificação com sofrimento do outro é recíproco, e, por isso, os membros do grupo oferecem apoio mútuo. Reedição familiar - Possibilita ao paciente reviver conflitos típicos de família, já que o grupo se parece com uma família em alguns aspectos (existem figuras de autoridade, figuras fraternas e revelações profundas, assim como sentimentos hostis e competitivos). Aprendizagem interpessoal – output - Corresponde ao desenvolvimento de habilidades sociais pela convivência em grupo. O ambiente grupal oferece aos participantes a oportunidade de praticar novos comportamentos e desenvolver habilidades sociais básicas. 3. Fatores Terapêuticos Aprendizagem interpessoal – input - Além de viabilizar os relacionamentos interpessoais entre os membros, as habilidades aprendidas no grupo possibilitam a correção da experiência emocional por meio da exposição do paciente a situações que ele não conseguiu enfrentar anteriormente. Identificação - É a possibilidade de os pacientes modelarem-se com base nos aspectos dos outros membros do grupo e do terapeuta, observando a forma que cada um tem de lidar com seus problemas. Coesão - É traduzida pelo bom relacionamento entre os membros, aceitando uns aos outros, incluindo o terapeuta. Um grupo coeso é capaz de acolher e conter as angústias/necessidades de cada um e de todos. 3. Fatores Terapêuticos Catarse - Corresponde à possibilidade de alívio pelo fato de os membros expressarem as emoções em ambiente grupal. Fatores existenciais - Abrangem os fatores relacionados à existência e à confrontação da condição humana, como mortalidade, responsabilidade e liberdade. Autocompreensão - Tem como proposta facilitar a aceitação pelos pacientes de aspectos sobre si antes negados, permitindo um resgate de questões reprimidas e rejeitadas por eles mesmos. 4. Formação de Grupos A formação de um grupo varia de acordo os objetivos e a finalidade, embora existam características gerais em comum. Para que os benefícios da terapia em grupo ocorram de fato, é necessário planejamento em relação à estrutura do grupo e das sessões. Independentemente da orientação teórica, todo grupo deve ter um conjunto de regras e combinações para nortear a atividade proposta. O enquadramento ou setting é a soma de todos os procedimentos que organizam, normatizam e possibilitam o funcionamento do grupo. 4. Formação de Grupos QUESTÕES SOBRE A ESTRUTURA DO GRUPO E A SELEÇÃO DOS PARTICIPANTES
Qual a finalidade do De autoajuda?
grupo? De orientação analítica? Para quem se destina? Para crianças, adolescentes, gestantes? PLANEJAMENT O Como funcionará? Homogêneo ou heterogêneo? Aberto ou fechado?
Qual será o Número de participantes, número de sessões, tempo de duração?
enquadramento? Motivação Reconhecimento da necessidade de tratamento e da disposição para mudanças. SELEÇÃO Composição homogênea Característica em comum? Obesidade, transtorno bipolar, alcoolismo, etc? Composição heterogênea Quando há diversificação de diagnósticos. 4. Formação de Grupos Papel do terapeuta: É essencial o embasamento teórico sobre os fundamentos da terapia de grupo e das técnicas específicas que serão utilizadas. É mais que um especialista que aplica técnicas: a cordialidade e a empatia também exercem influência na motivação e na adesão de cada participante ao tratamento proposto. Modela a participação e a colaboração ativa, gerando respostas adaptativas. Auxilia no estabelecimento de uma atmosfera tolerante com as diferenças individuais e encoraja os participantes a falar abertamente. A intenção do terapeuta é reunir aqueles que se beneficiam com um modelo específico de tratamento e que podem contribuir com os demais participantes do grupo. 4. Formação de Grupos Contraindicações: Ideações suicidas ativas; Psicoses atuais; Transtornos da personalidade graves E déficits cognitivos que demandem atenção exclusiva.
Certos pacientes não se enquadram na estrutura grupal devido aos traços de
personalidade, podendo transformar-se em um elemento desagregador do grupo. Muitas vezes, é por falha na seleção que ocorrem as desistências precoces. Cabe salientar que o abandono do tratamento por um participante repercute em todo o grupo, podendo interferir no bom andamento das próximas sessões. Referências