Aula 1
Professora: Geórgia Maria Feitosa e Paiva
Alguns questionamentos...
Se já sabemos falar a língua portuguesa, se a usamos em casa com a família e
amigos, no trabalho, na universidade, se até sonhamos em nossa língua, por
que ainda devemos ir à escola para aprender a língua portuguesa?
Embora, desde o princípio do século XX, com o advento da lingüística, a língua seja
compreendida como um fato social, só nos últimos anos as relações entre língua e
sociedade passaram a ser caracterizadas com maior precisão.
Informal
Atividade
Pode-se afirmar que:
I- O locutor emprega em todos os quadrinhos a norma padrão, formal.
II- O estranhamento do locutário nos dois primeiros quadrinhos
mostra que ele deve ter, provavelmente, pouca escolaridade e
dificuldade de compreensão da norma-padrão ou da variedade
urbana de prestígio.
III- Variamos o emprego da língua de acordo com a situação. Nesse
caso, a variedade linguística informal, sem a rigidez das regras da
norma-padrão, seria mais adequada.
IV- O último quadrinho é marcado pela variedade linguística sem
monitoramento, com expressões que demonstram intimidade com o
interlocutor.
Variações Linguísticas
Para tratar da relação língua e sociedade, a Sociolinguística estuda a língua
como fenômeno social e cultural. Para os sociolinguistas, a língua, por ser um
fato social, não possui um sistema lingüístico unitário, mas um conjunto de
sistemas linguísticos, pelos quais se interrelacionam diversos sistemas e
subsistemas. A variação da língua ocorre em todos os níveis: fonético,
fonológico, morfológico, sintático, semântico etc. Uma língua apresenta, pelo
menos, três tipos de diferenças internas:
Diastráticas: referem-se às diferentes camadas socioculturais. Ex. Variantes culta,
padrão e coloquial;
Com base nisso, é possível dizer que a língua falada por uma determinada
classe social contribui para a construção do perfil do falante e
consequentemente contribui para o acesso (ou não) deste falante em
determinado grupo social. Também é justo dizer que não existe uma
variedade "certa", pois cada variedade tem seus domínios próprios. Então,
como conciliar isso?
Uma sequência como "os menino", cuja pronúncia sabemos ser variável (uzmininu, ozminino,
ozmenino etc.), que seria claramente um erro do ponto de vista da gramática normativa, por
desrespeitar a regra de concordância, nao é um erro do ponto de vista da gramática descritiva,
porque construções como essa ocorrem sistematicamente numa das variedades do português
(nessa variedade, a marca de pluralidade ocorre sistematicamente só no primeiro elemento da
sequência — compare-se com "esses menino", " dois menino" etc.).
A noção de ERRO
Seriam consideradas erros, ao contrário, sequências como "essas me
ninos", "uma menino", "o meninos", "tu vou", que só por engano
ocorreriam com falantes nativos, ou então na fala de estrangeiros com
conhecimento extremamente rudimentar da língua portuguesa.
Os dois tipos de erros podem ser exemplifícados por duas dificuldades distintas
na grafia da palavra "resolveu": a dificuldade de escolher entre s e z na segunda
sílaba decorre da falta de correspondência exata entre sons e letras no sistema
ortográfico vigente; s e z são, nessa palavra, duas grafias teoricamente possíveis
para o mesmo som, e não é de admirar que sejam usadas uma pela outra.
O Erro na Escola e na Universidade
Por outro lado, a dificuldade de escolher entre l e u no final da mesma
sílaba tem a ver com variações geográficas ou sociais na pronúncia. Para a
grande maioria dos brasileiros, não há qualquer diferença entre o som que
se escreve com l no final da sílaba e o u de "pausa"; as palavras "alto" e
"auto" não diferem na pronúncia.
É nítida a influência que a língua, um fator social, tem na vida de nós seres
humanos. O modo de falar e escrever diz, ou pode dizer até mesmo de
onde o falante se origina e em qual classe está inserido. Assim como o
modo de se vestir, o modo de andar, a cor do cabelo, a cor da pele
designam o nível social do falante.
Tais mudanças não são bem aceitas por alguns membros da sociedade, uma
minoria pertencente a classes privilegiadas, a partir do momento em que
essas variedades passam a ser utilizadas por falantes oriundos da zona rural
ou dos subúrbios dos centros urbanos, o que se encontra também nas escolas,
as quais desrespeitam seus alunos tentando impor uma unidade lingüística
existente apenas na imaginação, ou seja, apesar da enorme diversidade e
variabilidade apresentada pela língua, no uso cotidiano, falada no Brasil as
pessoas tendem a transformar o idioleto(Pretti: 2000: 23) do outro em “erro”.
Preconceito Linguístico
Sabe-se que o Brasil historicamente foi uma colônia de Portugal, adquirindo
sua língua e até mesmo alguns hábitos, contudo é clara a existência de
diferenças entre o português do Brasil e o de Portugal.