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CONCEITOS BÁSICOS DE

EPIDEMIOLOGIA
Conceito
• Etimologicamente – epi = sobre; demo =
população; logos = tratado – estudo do que afeta a
população.

Conceito original – estudo das epidemias de doenças


transmissíveis.
Recentemente – conceito evoluiu de modo a abranger
praticamento todos os eventos relacionados com a
saúde das populações. Status de disciplinas – metade
do século 20
ÁREAS TEMÁTICAS
• Passado – alvo: doenças que se apresentavam
sob a forma de epidemia – cólera, peste, tifo,
varíola, febre amarela – afecções agudas que
alarmavam a população e as autoridades.
• Detecção de epidemias – necessário estudar a
doença em períodos interepidêmicos -
vigilância contínua da ocorrência e da
distribuição das doenças.
• Extensão do interesse para as doenças
transmissíveis crônicas (TB) e nutricionais:
faltas de vitaminas B3.
Cont.
• Queda da mortalidade por doenças
transmissíveis e carenciais, envelhecimento e
mudança do perfil de morbidade. Ampliação do
campo de aplicação da epidemiologia – doenças
e agravos não transmissíveis (DANT).
• Necessidade de estudos sobre a relação entre
os factores de risco e a doença.
• Quais as principais causas de mortalidade para
hoje?
OBJECTO DA EPIDEMIOLOGIA

Qualquer dano, agravo ou evento relacionado


à saúde estudado em termos populacionais
(por exemplo: hábito de fumar, peso ao
nascer, violência urbana, consumo de drogas,
etc).
DEFINIÇÕES DE EPIDEMIOLOGIA
Ampliação contínua do campo de actuação. Mais
antigas – limitadas às doenças transmissíveis.
Mais recentes – incluem as DT e as DANT, outros
problemas de saúde, estados patológicos e
fisiológicos, etc.
Uma possível definição: Ramo das ciências da
saúde que estuda, na população, a ocorrência, a
distribuição e os fatores determinantes dos
eventos relacionados com a saúde.
Epidemiologista
• Interessado nos padrões de ocorrência de
doenças e agravos nas populações humanas e
nos fatores que os influenciam. Interesse
primário na ocorrência de doenças e agravos
em função do tempo, lugar e pessoas:
aumento em função dos anos; área geográfica
com maior frequência que outra;
características das pessoas com a doença ou
agravo distintas daquelas sem essa condição.
Exemplos
• Características pessoais que interessam aos
epidemiologistas:
- demográficos: idade, gênero, raça, grupo étnico,
etc;
- biológicas: níveis de anticorpos, substâncias
químicas e enzimas no sangue; constituintes
celulares do sangue; níveis de pressão, etc;
- factores sociais e econômicos: status
socioeconômico, nível educacional, ocupação, etc;
- - genéticas: grupos sanguíneos, etc.
PREMISSA BÁSICA
• Agravos à saúde não ocorrem ao acaso na população.
• Dois corolários:
1 - Distribuição desigual dos agravos - produto da acção
de factores que se distribuem desigualmente na
população - sua elucidação é uma das preocupações
do epidemiologista
2 - Conhecimento dos factores determinantes -
aplicação de medidas direcionadas a alvos específicos
- aumento da eficácia das intervenções
MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO NA
EPIDEMIOLOGIA
Diferentes classificações:
Estudos descritivos ou analíticos
Estudos experimentais ou não experimentais
(observacionais)
ESTUDOS DESCRITIVOS
Informam sobre a frequência de um evento –
dados de morbi-mortalidade – mostrar ou
identificar variações desses dados na
população, em diferentes épocas e regiões
(pessoa, tempo e lugar) – descrição dos
factores de risco e das características da
população.
ESTUDOS ANALÍTICOS
• Analíticos: Investigação da associação entre
uma exposição e um desfecho (ou efeito) -
estabelecimento de relação de causal entre
eles. Exemplo: hábito de fumar (exposição) e
câncer de pulmão (desfecho ou efeito).
ESTUDOS EXPERIMENTAIS E
OBSERVACIONAIS

Experimentais ou de intervenção:Investigador
produz uma situação artificial para investigar
seu tema – eficácia de vacina, medicamentos,
cirurgias, procedimentos de enfermagem,
etc.Limites éticos para a criação da situação
artificial de investigação.
Estudos não experimentais ou
observacionais
Realização de pesquisa em situações que
ocorrem “naturalmente” – observação de
pessoas ou grupos e comparação de suas
características, sem intervenção.Outras
classificações:longitudinais ou
transversais;prospectivos ou retrospectivos
APLICAÇÕES DA EPIDEMIOLOGIA
1 – Informação sobre a situação de saúde da
população:
• determinação das frequências;
• estudo da distribuição dos eventos e
diagnóstico dos principais problemas de
saúde;
• identificação dos segmentos da população
afetados por esses problemas.
Cont.
2 – Investigação dos factores que influenciam a
situação de saúde - estudo dos determinantes
do aparecimento e da manutenção dos danos
à saúde na população.
3 – Avaliação do impacto das ações propostas -
determinação da utilidade e da segurança das
acções, dos programas e dos serviços de
saúde
Subsídios que auxiliam nas decisões nos
níveis
Colectivo: implementação de novas
intervenções ou reorientação ou manutenção
das intervenções existentes;
Individual: fundamentação do diagnóstico
clínico, solicitação de exames, prescição de
vacinas, drogas e regimes alimentares, etc.
ESPECIFICIDADE DA EPIDEMIOLOGIA
Contribuições próprias de epidemiologia –
fornecimento dos conceitos, do raciocínio e
das técnicas para estudos populacionais no
campo da saúde
.Epidemiologia – confere a dimensão do
colectivo ao estudo da saúde e da doença –
complementação do conhecimento produzido
por meio das investigações de laboratório ou
clínicas
Alguns problemas de saúde só podem
ser pesquisados no nível coletivo.
Exemplo: Fatores de risco para
coronariopatiasaltos níveis de colesterol sérico
ou baixos níveis de HDL associados a maiores
riscos de infarto do miocárdio;
somente a epidemiologia pode investigar a
existência dessas relações e quantificar o
riscos a que estão sujeitas as pessoas;
identificação das condutas preventivas
TRÊS ASPECTOS DA PRÁTICA
EPIDEMIOLÓGICA
Resultados epidemiológicos têm maior
credibilidade quando:
1 – é dada a devida atenção a forma correcta de
selecionar os indivíduos para o estudo;
2 – é feita uma apropriada aferição dos eventos
e a adequada expressão dos resultados;
3 - as variáveis confudidoras são controladas
Bibliografia
Lilienfeld DE. Stolley PD. Foundations of
Epidemiology. 3ª ed. New York, Oxford
University Press, 1994.
Pereira MG. Epidemiologia. Teoria e prática. Rio
de Janeiro, Guanabara-Koogan, 1995.

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