Você está na página 1de 29

Políticas para a ciência, tecnologia e inovação: traduzindo

fundamentos em políticas regionais em um cenário de múltiplos


níveis
2008
Autores
◇ Manuel Laranja
 Universidade Técnica de Lisboa

◇ Elvira Uyarra
Instituto de Pesquisa de Inovação de Manchester

◇ Kieron Flanagan
Instituto de Pesquisa de Inovação de Manchester 
1 Introdução
Introdução
◇ Há pouca concordância sobre como deve ser a 'boa' política de ciência, tecnologia e
inovação (CTI), quais instrumentos devem ser usados ​e qual nível territorial

◇ Uma variedade de intervenções muito diferentes pode ser justificada por abordagens
“sistêmicas”

◇ Abordagens evolucionistas e neoclássicas

◇ Implicações territoriais -> incertas


Introdução
◇ Geografia e inovação -> foco
◇ Justificativas? Instrumentos?

◇ Que justificativas para a intervenção pública podem ser derivadas de diferentes teorias
econômicas, incluindo teorias geralmente associadas a dinâmicas espaciais e relações
territoriais?
◇ Que instrumentos de política ou combinações de políticas podem ser associados às várias
razões?
◇ O que essas teorias e justificativas associadas nos dizem sobre o nível ou níveis territoriais
em que as políticas de CTI podem ser projetadas e implementadas?
2 Referencial teórico
Fundamentos para a política e insights teóricos -
um problema de definição

Dois tipos de "racionalidade: política de governança x produção


• Política de governança: como fazer e efetuar ações de política
• Produção: derivadas de conceitos e teorias específicas (BACH, 2006)

2 raciocínios diferentes:
• Meta-racionais (posição ideológica) – questão política
• Justificativa teórica – informada por acadêmicos
Fundamentos para a política e insights teóricos -
um problema de definição

As teorias raramente são traduzidas sem problemas em diretrizes políticas específicas

Teoria -> alto grau de "flexibilidade interpretativa" em termos políticos

Quanto maior a flexibilidade maior o “sucesso”


Fundamentos para a política e insights teóricos -
um problema de definição

As teorias raramente podem ser adaptadas por atacado em uma transferência de


ideias de um para um para a política

Como influenciam a escolha de políticas?

R: As teorias, na melhor das hipóteses, sugerem atores, instituições, relações, espaços


ou outros fenômenos específicos como alvos da ação política a fim de alcançar certos
objetivos.
Fundamentos para a política e insights teóricos -
um problema de definição

Justificativas teóricas e politicas podem ser combinadas

Justificativa política: inspirar instrumentos específicos ou escolhas de combinação de


políticas
3 Teorias
O raciocínio neoclássico da intervenção pública na
política de CTI

Tecnologia: informação; diferentes atores transmitem para outros; empresas


consideradas iguais para implantar tecnologia

Empresas privadas tem que investir em tecnologia!


Não é bem assim... Retorno incerto = desincentivo a investir em tecnologia
Isso gera: falhas de mercado

Políticas para combater: difusão e transferência de tecnologia-informação

O formulador de políticas é um otimizador para maximizar os benefícios coletivos


sociais
O raciocínio neoclássico da intervenção pública na
política de CTI

Não dão atenção a questões espaciais;

Espaço e a localização são irrelevantes;

Justificativa é superação de falhas de mercado

“Mecanismos naturais de mercado eliminarão gradualmente quaisquer disparidades


econômicas entre e dentro das nações”
Teoria do crescimento endógeno schumpeteriano

Inovação como resultado do aprendizado e investimento em P&D

Conhecimento criado por P&D se espalha -> investimento privado em P&D não seja
tão alto

“Espalhamento” é concentrado: proximidade geográfica

Justificativa política: promover níveis mais altos de investimento privado


em P&D e inovação

Políticas para combater: investimento em P&D e capital humano


Teoria do crescimento endógeno schumpeteriano

Porém...

Mais investimento em P&D + retorno = desigualdade regional


Massa crítica para absorver o conhecimento gerado
Regiões atrasadas + atrasadas
Abordagens neo-marshallianas: distritos
industriais, clusters e meios inovadores

+ Dados empíricos
Lições de regiões 'bem sucedidas‘
Lógica territorial -> regional

Vários conceitos:
Distrito industrial: externalidades econômicas
Ambiente inovador: aprendizagem coletiva e redução de incertezas
Cluster: vantagem competitiva

Proximidade geográfica: facilita a troca de informação, reduz a incerteza, aumenta a frequência de


contatos interpessoais, facilita a confiança, a difusão de valores e crenças comuns e promove o
aprendizado.
Abordagens neo-marshallianas: distritos
industriais, clusters e meios inovadores

Porém...
Basta estar próximo? E a capacidade individual das empresas...
Difícil generalizar para prescrever políticas (características específicas)

Políticas para combater: investimentos em infraestruturas tecnológicas comuns e em


P&D.

Justificativa: reduzir incertezas; promover aprendizagem; externalidades por meio de


educação e treinamento comuns.

Instrumentos e ações políticas similares podem ser sugeridos por razões muito
diferentes.
Abordagens institucionais sistemáticas ao
desenvolvimento regional

Sistemas nacionais e regionais de inovação


Redes de inovação
Ênfase explícita em instituições e redes de interações
Deve haver um arranjo institucional ideal para a promoção da inovação e da
aprendizagem
Arranjo: instituições (formais) de coordenação, leis e regulamentos de negócios,
regulamentos de patentes e apropriação de tecnologia, etc.
Abordagens institucionais sistemáticas ao
desenvolvimento regional

Justificativa de intervenção política: resolver falhas sistêmicas


Falhas sistêmicas: quando conexões e ligações do sistema são pobres ou não geram de
conhecimento

Políticas para combater: melhorar o desempenho sistêmico, ajudando a superar a inércia


institucional e promover configurações institucionais que estimulem o aprendizado, o
comportamento adaptativo, as interações e as associações entre os atores

Formuladores de políticas: organizam ao invés de planejar


Abordagens institucionais sistemáticas ao
desenvolvimento regional

Porém...

fornece pouca orientação no que diz respeito à formulação ou seleção de instrumentos de


política específicos apropriados para a construção e coordenação de interações dinâmicas
entre os vários componentes do sistema e para induzir novas atitudes e mudanças de
comportamento

Bom exemplo: Estratégia Regional de Inovação da EU.


A abordagem evolucionista-estruturalista das
políticas regionais de CTI

Tecnologia: mistura de conhecimento tácito e explícito que não pode ser


simplesmente reduzido a informações.
Portanto: inovação e difusão são coletivas, cumulativas, processos dependentes de
caminho e contexto, variando entre diferentes tipos de atores, firmas, indústrias, regiões,
etc.

Grau razoável de sobreposição entre ideias institucionais sistêmicas e evolucionistas.


evolucionista adota uma visão ampla, não apenas nas instituições

Portanto: considera a co-evolução das instituições


A abordagem evolucionista-estruturalista das
políticas regionais de CTI

Papel da política: favorecer os processos de aprendizagem e aumentar a probabilidade de


comportamento experimental

A intervenção é justificada pela necessidade de evitar situações de aprisionamento. A


política deve promover combinações dinâmicas entre as características específicas em
evolução das trajetórias tecnológicas e as características da região.

A política deve “ser sensível às dependências locais de caminho” e visar a necessidade de


reestruturar a composição tecnológica e setorial, não apenas atuando em instituições e
facilitando interações.
A abordagem evolucionista-estruturalista das
políticas regionais de CTI

Em suma, a perspectiva evolucionista-estruturalista sugere a necessidade de adotar uma


abordagem flexível em múltiplas escalas.
4 Resumo e observações finais
A abordagem evolucionista-estruturalista das
políticas regionais de CTI

As lógicas extraídas das teorias podem fornecer orientações úteis para a política
Porém... nem sempre são prescritivas em termos de escolha de instrumentos políticos

Abordagens de crescimento neoclássico e endógeno tendem a adotar uma visão espacial


do crescimento econômico.

As abordagens neo-marshallianas enfatizam a necessidade de explorar economias de


escala externa no nível local, inclusive naquelas regiões com uma dotação mais pobre de
capacidades de P&D.
A abordagem evolucionista-estruturalista das
políticas regionais de CTI

As abordagens sistêmicas veem a inércia institucional e as disfunções sistêmicas como


fatores-chave que explicam o subdesenvolvimento relativo nas regiões menos favorecidas
e, portanto, um alvo-chave para as políticas

As abordagens evolutivas apoiam a necessidade de as regiões se adaptarem


adequadamente às novas condições, mantendo a flexibilidade e a diversidade no sistema

Diferentes teorias não se invalidam, mas adicionam: aumentando a complexidade da


política pública
Obrigado
Guilherme Paraol de Matos

Você também pode gostar