Você está na página 1de 44

FACULDADE VALE DO CRICARÉ

CURSO DE ENFERMAGEM

CONSULTA DE PUERICULTURA
PELO ENFERMEIRO
DADOS EPIDEMIOLÓGICOS
◦ A maior parte dos óbitos na infância concentra-se no primeiro ano de vida;
◦ Elevada participação das causas perinatais como a prematuridade – importância
atenção ao parto e pós-parto;
◦ Ocorrência de óbito infantil  notificação compulsória;
◦ Altas taxas de mortalidade infantil  baixos níveis de saúde, de
desenvolvimento socioeconômico e de condições de vida.

◦ A taxa de mortalidade infantil caiu muito nas últimas décadas no Brasil 


diminuição da pobreza, ampliação da cobertura da Estratégia Saúde da Família e
a outros fatores.
A CHEGADA DA CRIANÇA NA FAMÍLIA
◦ Ver o contexto da família, ambiente familiar, criação de
vínculo  influência na saúde mental;
◦ Genograma;
◦ Preparação desde o pré-natal para a chegada da criança;
◦ Inclusão do pai no pré-natal, parto e puerpério 
responsabilização paterna;
◦ Avaliação da saúde mental materna – depressão pós-parto (12
a 19%);
◦ Ajudar a lidar com medos e inseguranças – não fazer
julgamentos, estimular pequenos progressos;
◦ Rede de apoio.
VISITA DOMICILIAR PARA A FAMÍLIA DO RN

“Gostei muito, mesmo, de ter sido visitada pela agente de saúde. Fiquei mais
tranquila. Falei sobre o parto e como foi no hospital. Achei ótimo que já me
trouxeram a consulta agendada para o dia seguinte. Consultei no sexto dia após
o nascimento do meu bebê. Achei importante ter sido questionada sobre como
eu estava me sentindo, como estava amamentando e quais eram os hábitos
normais do bebê, principalmente de sono e de horário livre para amamentação
(Suzen, 21 anos, mãe de Eduardo, 1 mês e 5 dias).”
VISITA DOMICILIAR PARA A FAMÍLIA DO RN
◦ Recomendadas às famílias de gestantes e de crianças na primeira semana pós-
parto;
◦ Periodicidade – considerar fatores de risco e de proteção;

Benefícios:
 Redução de lesões não intencionais;
 Melhoria na detecção e no manejo da depressão pós-parto;
 Melhoria na prática da amamentação;
 Redução na negligência e violência;
 Maior vínculo com a equipe de saúde.
São sinais que indicam a necessidade de encaminhamento da criança ao serviço de
urgência:

 Recusa alimentar;
 Vômitos importantes;
 Convulsões ou apneia (a criança fica em torno de 20 segundos sem respirar);
 Letargia ou inconsciência;
 Respiração rápida (acima de 60mrm) e/ou tiragem subcostal e/ou Batimentos de asas do
nariz;
 Atividade reduzida (a criança movimenta-se menos do que o habitual);
 Febre (37,5ºC ou mais) ou hipotermia;
 Cianose generalizada ou palidez importante;

 Icterícia visível abaixo do umbigo ou nas primeiras 24 horas de vida;

 Gemidos;

 Fontanela abaulada;

 Secreção purulenta do ouvido;

 Umbigo hiperemiado (hiperemia estendida à pele da parede abdominal) e/ou


com secreção purulenta;

 Pústulas na pele (muitas e extensas);

 Irritabilidade ou dor à manipulação.


PRIMEIRA CONSULTA DO RN

◦ Ideal que ocorra na primeira semana de vida:

 estimular e auxiliar o aleitamento materno;


 verificar se as imunizações foram realizadas;
 orientar sobre o teste do pezinho;
 identificação de riscos e vulnerabilidades;
 consulta puerperal.
Anamnese
◦ Condições de nascimento;
◦ Tipo de parto;
◦ Peso e altura ao nascer, IG;
◦ Índice de Ápgar;
◦ Intercorrências;
◦ Imunizações já realizadas;
◦ Frequência das mamadas;
◦ Padrão de sono.
Anamnese
◦ Atentar para os testes que geralmente são feitos na maternidade:
1. Teste do Olhinho
2. Teste da Orelhinha
3. Manobra de Ortolani
4. Teste do Coraçãozinho
Exame Físico Completo
◦ Peso  SEM FRALDA. Perda de 10% ao nascer e recuperação até o 15º dia;

◦ Comprimento;

◦ Perímetro cefálico  microcefalia e hidrocefalia – pode estar relacionado com


doenças neurológicas;

◦ SEMPRE ASSOCIAR COM DADOS CLÍNICOS


◦ ≤31,9cm para meninos;

◦ ≤ 31,5cm para meninas.


Exame Físico Completo
◦ Estado geral
 Postura – extremidades fletidas, mãos
fechadas e rosto lateralizado;

 Avaliar estado de vigília;

 Temperatura axilar- se houver queixas;

 Sinais de Desidratação e Hipoglicemia – olhos


fundos, aparecimento proeminente das
costelas, hipoatividade, letargia.
Exame Físico Completo
◦ Pele

 Evolução cicatrização BCG;


 Observe a presença de: (a) edema (se generalizado ou
localizado);
(b) palidez (sangramento, anemia);
(c) cianose (se generalizada - doenças
cardiorrespiratórias graves; se localizada - hipotermia);

(d) icterícia - fisiológica  48 a 120h; patológica 


aparece nas primeiras 24h, após a primeira semana de
vida, ou demora + 2 semanas;
 Avaliar presença de assaduras, pústulas (impetigo) e
bolhas palmo-plantares (sífilis).
Exame Físico Completo
◦ Crânio
 Fontanelas: anterior mede de 1cm a 4cm, tem
forma losangular, fecha-se do 9º ao 18º mês e
não deve estar fechada no momento do
nascimento.
 A posterior é triangular, mede cerca de 0,5cm
e fecha-se até o segundo mês.
 Não devem estar túrgidas, abauladas ou
deprimidas.

Exame Físico Completo
Face e Pescoço
 Avaliar assimetria, malformação, deformidade, aparência
sindrômica.

◦ Olhos
 Avaliar conjuntivas, pálpebras;
 Estrabismo e nistagmo são comuns até o 7º mês.

o Orelhas e Ouvidos
 Implantação, tamanho e simetria.
o Nariz
 Avaliar forma e presença de secreção,
Exame Físico Completo
◦ Boca
 Alterações morfológicas podem representar dificuldade para a pega durante
a amamentação;
 Observe a úvula, o tamanho da língua, o palato, o freio lingual e a coloração
dos lábios;
 Avaliar mucosa.
Exame Físico Completo
◦ Tórax
 Avaliar assimetria;
 Palpar clavículas;
 Mamas ingurgitadas e com saída de secreção
leitosa;
 Sinais de sofrimento respiratório – tiragens
intercostais, retração xifoidiana;
 Presença de cianose;
 Ausculta pulmonar – roncos de transmissão;
 Ausculta cardíaca.
Exame Físico Completo
◦ Abdome
◦ Observar a respiração;

◦ Forma do abdome – globoso, dilatado, escavado;

◦ Avaliar a presença de hérnias inguinal (emergência) e


umbilical (conduta expectante);

◦ Avaliar região umbilical – se estiver vermelha,


edemaciada e com secreção fétida, o achado indica
onfalite  emergência.
Exame Físico Completo
◦ Genitália
 Palpar a bolsa escrotal para identificar a presença dos testículos – eles “descem” até
os 3 meses; Se aos 6 meses os testículos não forem palpados na bolsa escrotal 
encaminhar
 Hidrocele - acúmulo de líquido peritoneal ao redor do testículo regressão
espontânea até os 2 anos;
 A fimose é fisiológica ao nascimento;

Genitália feminina - pequenos lábios e o clitóris estão mais proeminentes. Pode haver
secreção esbranquiçada, às vezes hemorrágica, devido à passagem de hormônios
maternos, que se resolve espontaneamente;
 Observar sinais de dermatite.
Exame Físico Completo
◦ Ânus e Reto
 Verificar a permeabilidade anal, bem como a posição do
orifício e presença de fissuras.
oSistema Ortoarticular
Avaliar MMSS e MMII  resistência à extensão, a flexão
dos membros;
Identificar presença de pé torto;
Verificar a presença de displasia do quadril.
Exame Físico Completo
◦ Manobra de Ortolani: com as duas mãos, segurar as
pernas e as coxas da criança, apoiando as mãos sobre o
joelho do RN e, com os dedos na articulação coxofemural.
As coxas e as penas do RN devem estar flexionadas.
Realizar rotação externa e abdução da coxa. Positiva
mediante a sensação de deslocamento do quadril.

◦ Manobra de Barlow: Aproveitando a abertura já feita


durante a primeira manobra, com as mãos na mesma
posição, realiza-se a rotação interna e adução da coxa.
Garante que um eventual deslocamento da articulação da
coxa não passe despercebido.
Exame Físico Completo
◦ Avaliação Neurológica
 Reflexos primitivos  resposta motora involuntária a um estimulo; estão presentes
desde antes do nascimento ate por volta dos 6 meses de vida.

 Sucção (0 a 5m)  quando os lábios da criança são tocados por algum objeto,
desencadeando-se movimentos de sucção dos lábios e da língua.
 Voracidade (0 a 3m)  quando e tocada a bochecha perto da boca, fazendo com que
a criança desloque a face e a boca para o lado do estimulo.
 Preensão (0 a 4m)  A preensão palmoplantar se obtém com leve pressão do dedo
do examinador na palma das mãos da criança e abaixo dos dedos do pé.
 Marcha (0 a 2m)  segurando-se a criança pelas axilas em posição ortostática. Ao
contato das plantas do pé com a superfície, a criança estende as pernas até então
fletidas.
 Fuga à asfixia (0 a 6m)  colocando-se a criança em decúbito ventral no leito,
com a face voltada para o colchão. Em alguns segundos o RN devera virar o rosto
liberando o nariz para respirar adequadamente.

 Cutâneo-plantar (0 a 12m)  obtido fazendo-se estimulo continuo da planta do


pé a partir do calcâneo no sentido dos artelhos. Os dedos adquirem postura em
extensão.

 Moro (0 a 6m)  Examinador mantém criança sentada e deixa cair a cabeça em


extensão. Extensão-abdução dos membros superiores na primeira fase os braços
ficam estendidos e abertos. Em seguida ocorre de flexão-adução dos braços, com
retorno a posição original. Desaparece por volta dos 6 meses de idade. A
assimetria ou a ausência do reflexo pode indicar lesões nervosas, musculares ou
ósseas, que devem ser avaliadas.
Teste do Pezinho
◦ Período ideal de coleta entre o 3º e o 5º dia
de vida do bebê;
Detecta 6 doenças:
◦ Fenilcetonúria  deficiência da enzima,
acúmulo de fenilalanina – dano cerebral;
◦ Hipotireoidismo Congênito  redução dos
processos metabólicos;
◦ Doença Falciforme e outras
hemoglobinopatias;
◦ Fibrose Cística  viscosidade no muco,
obstrução;
◦ Hiperplasia Adrenal Congênita  deficiência
enzimática na síntese de esteroides adrenais;
◦ Deficiência de Biotinidase  dano
FREQUÊNCIA DAS CONSULTA SUBSEQUENTES

◦ Avaliar contexto e vulnerabilidade familiar;

◦ SETE consultas de rotina no primeiro ano de vida


 (na 1ª semana, no 1º mês, 2º mês, 4º mês, 6º mês, 9º mês e 12º mês)
 Duas consultas no 2º ano de vida (no 18º e no 24º mês)
 Consultas anuais, próximas ao mês do aniversário.

◦ Momentos de oferta de imunizações e de orientações de promoção de saúde


e prevenção de doenças. As crianças que necessitem de maior atenção devem
ser consultadas com maior frequência.
EXAME FÍSICO NAS CONSULTA SUBSEQUENTES

◦ Dados Antropométricos – sempre anotar no gráfico da caderneta da criança;


◦ Observar marcha – simetria dos membros;
◦ Pele – cicatriz da BCG, presença de assaduras, marcas de agressão;
◦ Ausculta cardíaca;
◦ Ausculta pulmonar;
◦ Genitália – orientar higienização, criptoquirdia, lesões (abuso);
◦ Sempre verificar as imunizações.
ORIENTAÇÕES ALIMENTARES
◦ Aleitamento materno exclusivo até os 6 meses –
diversos benefícios;
ORIENTAÇÕES SOBRE A HIGIENE ORAL
◦ Crianças que são amamentadas possuem menor probabilidade
de desenvolver lesões de cárie;

◦ Para bebês sem dentes: limpeza da cavidade bucal a partir dos


primeiros dias de vida - remover o leite estagnado. Pode ser
realizada com uma gaze ou fralda limpa – embebida em água
potável;

◦ Para bebês em fase de erupção dos incisivos (de 6 a 18


meses): gaze ou fralda umedecida em água potável, duas vezes
ao dia;

◦ Para bebês em fase de erupção de molares (de 18 a 36 meses):


iniciar o uso da escova dental macia, duas vezes ao dia.
SUPLEMENTAÇÃO PROFILÁTICA DE FERRO

◦ O leite materno possui pequena quantidade de ferro, mas de alta biodisponibilidade -


desnecessária a suplementação de ferro durante o aleitamento materno exclusivo;

◦ Após o esgotamento da reserva, o organismo depende do ferro exógeno (dietético) para


evitar o aparecimento de anemia;

◦ As carnes e alguns órgãos, como o fígado, apresentam alta densidade e biodisponibilidade


de ferro. Alguns vegetais também apresentam quantidades razoáveis de ferro, porém sua
biodisponibilidade é menor.
SUPLEMENTAÇÃO PROFILÁTICA DE FERRO
◦ Elevada prevalência de anemia em menores de 5 anos  baixa produtividade;
◦ As crianças demandam de uma quantidade maior de ferro
◦ Recomendação diária de 1 a 2mg de ferro elementar/kg de peso para o
público de crianças de 6 a 24 meses;
◦ Uso do sulfato ferroso 25mg/ml em gotas.
◦ Orientações na administração:
 Administrar sempre com suco ácidos (laranja, limão, abacaxi);
 Administrar 30min antes das refeições ou 2 horas depois;
 Não administrar com derivados de leite.
OBRIGADA!

Você também pode gostar