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Módulo

Materno-Infantil
(Aula 1)

Prof. ª Beth
O EXAME
• Consiste basicamente de entrevista ou anamnese e do exame
físico, a partir dos quais surge a hipótese diagnóstica, que em
alguns casos será confirmada por exames complementares.
Segue-se a conduta terapêutica, em função dos dados obtidos.

• A anamnese e o exame ginecológico não devem ser reduzidos


apenas à queixa ginecológica e ao exame dos órgãos genitais

• Desse modo, deve-se estabelecer uma boa relação enfermeiro–


paciente, criando um vínculo que permita, além de abordar as
queixas da paciente e realizar o exame físico sem causar maior
desconforto ou constrangimento, ter uma idéia global das
condições biopsicossociais da paciente.
ANAMNESE
A consulta ginecológica começa pela anamnese, tempo dos mais
importantes. Marca o primeiro contato do enfermeiro com a paciente e
deve ser o início de uma relação de confiança mútua. Algumas etapas
importantes da anamnese são:

1ª Etapa:
• IDENTIFICAÇÃO: a identificação da paciente deve
ser feita da forma mais precisa possível, evitando-se
erros e confusões que podem ter conseqüências
irreparáveis.

• IDADE: permite situar a paciente em uma das


diversas fases da vida da mulher, quais sejam
infância, puberdade, maturidade, climatério e
senilidade. Sabe-se que certas patologias são mais
freqüentes em determinadas faixas etárias,
facilitando assim o raciocínio diagnóstico.
• COR: tem importância visto que certas patologias são mais
constantes em determinadas raças. Como exemplo, temos que
mulheres negras tendem a apresentar leiomioma uterino mais
frequentemente que mulheres brancas.

• NATURALIDADE E PROCEDÊNCIA: sua importância reside no fato


que certas doenças são mais comuns em determinadas regiões,
como o câncer da mama, que é mais frequente em mulheres
procedentes dos Estados Unidos.

• PROFISSÃO: deve ser bem definida, porquanto em algumas


situações assumem importância capital, como no caso de mulheres
grávidas que lidam com materiais tóxicos.

• ESTADO CIVIL: deve ser registrado, juntamente, com o nome do


parceiro para possível contato e informações sobre o estado de
saúde da paciente.

• RELIGIÃO: justifica-se pelo fato que pode fornecer informações


sobre costumes, práticas e hábitos de vida da mulher.
2ª Etapa:
• QUEIXA PRINCIPAL E DURAÇÃO: Deve-se fazer a transcrição fiel das
expressões usadas pelas pacientes, pois, geralmente, a queixa e o
tempo dos sintomas já permitem formular hipóteses diagnósticas.

• HISTÓRIA DA MOLÉSTIA (DOENÇA) ATUAL: faz-se um histórico da


evolução das manifestações clínicas, desde seu início até o momento
da consulta. Todas as particularidades devem ser minudenciadas, tais
como períodos de melhora espontânea, medicação utilizada,exames
laboratoriais e possíveis tratamentos clínicos e/ou cirúrgicos
realizados. O conhecimento destes dados facilitam o raciocínio
diagnóstico.

• ANTECEDENTES FAMILIARES: Sabe-se que algumas ginecopatias


tendem a se repetir entre membros de uma mesma família como, por
exemplo, os leiomiomas. Doenças como diabetes, hipertensão, câncer,
alergias e doenças infecto-contagiosas devem ser, rigorosamente,
anotadas.
• ANTECEDENTES PESSOAIS: O passado de doenças contagiosas da
infância deve ser esclarecido, pois doenças como rubéola, toxoplasmose,
sarampo, caxumba e outras assumem importância capital, durante o
período reprodutivo da mulher. A história de infecção urinária de
repetição nos fornece subsídio para a hipótese de má formação do
aparelho renal. O passado de doença sexualmente transmitida deve ser
investigado e esclarecido, pois pode ser causa de infertilidade.

• HÁBITOS: investigar tabagismo e se presente, questionar número de


cigarros fumados por dia. Igualmente, o hábito de etilismo deve ser
determinado. Fundamental buscar informações sobre utilização de
drogas ilícitas, por via inalatória ou venosa.

• INTERROGATÓRIO SOBRE OS DIVERSOS APARELHOS E


CIRURGIAS ANTERIORES: É de real importância porque muitas vezes
uma queixa que a paciente pensava ser de origem ginecológica, pode
ter, na realidade, outra origem, tal como o trato intestinal ou, ainda, o
aparelho urinário.
• ANTECEDENTES GINECOLÓGICOS:

O interrogatório deve começar pela idade da Menarca (primeiro episódio


menstrual da vida da mulher). Espera-se que este fato ocorra entre os 11
e 13 anos da vida da mulher, porém desvios para menos (10 anos) ou
para mais (16 anos) podem ser normais. Se a menarca ocorre antes dos
10 anos de vida, este fato deve ser investigado.
A data da última menstruação (DUM) tem importância e deve ser
anotada com destaque, principalmente se a paciente se encontrar no
menacme.
Se a paciente for idosa, indagar a data da menopausa (última
menstruação, encerrando o período de menacme). O intervalo entre as
menstruações deve ser, em média, de 28 dias, porém variações de 26 a 32
dias podem ser normais. A duração do fluxo menstrual é de 4 a 5 dias.
Pequenas variações ( 3 a 8 dias) podem ocorrer e, também, são
consideradas normais.
A quantidade de sangue perdido deve oscilar entre 25 e 100 ml. Vale
ressaltar que mulheres que sangram por mais tempo (8 dias) podem
perder maior volume (até 200 ml). A cor deve ser vermelho escuro, fluido,
não formando coágulos.
• SINTOMAS PRÉ-MENSTRUAIS E
MENSTRUAIS:

1- Ingurgitamento mamário
2- Mastalgia,
3- Distensão abdominal
4- Algomenorréia ou dismenorreia
5- Cefaleia
6- Ansiedade
7- Irritabilidade
8- Edemas
• ANTECEDENTES SEXUAIS:
1- Ritmo
2- Libido
3- Dispareunia
4- Sinusorragia
5- Método anticoncepcional

• ALTERAÇÕES GENITAIS:
1- Corrimento vaginal,
2- Tratamento utilizado
• ANTECEDENTES OBSTÉTRICOS: pergunta-se sobre o número de
gestações, duração de cada gravidez, tipos de partos, se normais ou
operatórios (fórceps ou cesariana), vitalidade do recém-nascido, peso
dos filhos ao nascer, número de abortos, se seguidos ou não de
curetagem, evolução do puerpério, amamentação e por quanto tempo
ela se deu. Se houve decesso fetal, anotar a causa da morte do feto.

GESTA / PARTOS / ABORTOS


EXAME FÍSICO E
GINECOLÓGICO
EXAME FÍSICO GERAL E ESPECIAL:

Deve-se iniciar pelo exame físico geral, onde são anotados os dados
referentes à pressão arterial, pulso, temperatura, estatura e peso.
Outros dados do exame físico geral, também, devem ser anotados. Em
seguida, passa-se ao exame físico especial quando se examina a cabeça
e o pescoço, o aparelho respiratório, o aparelho urinário, o aparelho
cardiovascular e, em especial, o abdome, onde deve ser observado e
descrito quanto à sua forma, tensão, presença de estrias, cicatrizes,
pigmentação e presença de ascite. Da mesma forma, deve ser feita a
ausculta e a palpação criteriosa de toda sua extensão, tendo em mente
que algumas ginecopatias podem ter, como sintoma inicial, alterações
abdominais.
EXAME FÍSICO
GINECOLÓGICO
O exame ginecológico engloba o exame
das mamas, o exame da vulva, da
vagina, do útero e dos anexos
uterinos. Inicia-se pelo exame das
mamas que deve ser sistemática e
rotineiramente realizado em todas as
pacientes, independente da queixa que a
trouxe à consulta de enfermagem.
AS MAMAS
EXAME DAS MAMAS

O exame das mamas divide-se em três etapas, quais sejam: inspeção


estática, inspeção dinâmica, e palpação.

INSPEÇÃO ESTÁTICA: com a paciente ereta ou sentada e com os


membros superiores dispostos, naturalmente, ao longo do tronco,
observamos as mamas quanto ao tamanho, regularidade de contornos,
forma, simetria, abaulamento e retrações, pigmentação areolar,
morfologia da papila e circulação venosa.
INSPEÇÃO DINÂMICA: Em um primeiro tempo desta fase do exame,
pede-se à paciente que eleve os membros superiores, lentamente, ao longo
do segmento cefálico e, desta forma, observa-se as mamas quanto aos
itens anteriores. Em seguida (segundo tempo), pede-se à paciente que
estenda os membros para frente e incline o tronco de modo que as mamas
fiquem pêndulas, perdendo todo o apoio da musculatura peitoral, quando,
novamente, observa-se as mamas quanto aos itens citados, anteriormente.
No terceiro tempo desta fase, pede-se que a paciente apoie as mãos e
pressione as asas do ilíaco, bilateralmente. O objetivo destas manobras é
realçar as possíveis retrações e abaulamentos e verificar o
comprometimento dos planos musculares, cutâneo e do gradil costal. Os
abaulamentos podem ser decorrentes de processos benignos e malignos
enquanto as retrações
quase sempre são decorrentes de processos malignos. A pigmentação
areolar castanho-escura indica estimulação estrogênica prévia, como na
gravidez.
PALPAÇÃO: É realizada em duas etapas. Ainda com a paciente sentada,
faz-se a primeira etapa que é a palpação das cadeias linfáticas cervicais,
supra e infra-claviculares e axilares. Na etapa seguinte (segunda etapa),
com a paciente deitada em decúbito dorsal, coloca-se um coxim sob a
região a ser palpada e pede-se que a mão correspondente ao lado a ser
palpado seja colocada sob a cabeça quando, então, o examinador faz a
palpação dos diversos quadrantes da mama, utilizando-se os dedos e as
palmas das mãos. Termina-se o exame mamário, fazendo a expressão de
toda a glândula, desde a sua base até ao mamilo. Estas manobras devem
ser feitas sempre de modo suave, porém com firmeza. Qualquer alteração
encontrada, tais como nódulos, espessamentos ou saída de secreção à
expressão, deve ser minuciosamente descrita e anotada.
EXAME GINECOLÓGICO

O exame satisfatório dos órgãos genitais depende da colaboração da


paciente e do cuidado do médico em demonstrar segurança em sua
abordagem no exame. Todos os passos do exame deverão ser comunicados
previamente, em linguagem acessível ao paciente.

POSIÇÃO LITOTÔMICA OU GINECOLÓGICA

Indicada para exames urinários, endoscópicos , cirurgias ginecológicas


por via baixa e anuretais. Essa posição é derivada do decúbito dorsal, na
qual se elevam os MMII, que ficam elevados em suportes especiais,
denominados perneiras e fixados com correias
EXAME DOS ÓRGÃOS GENITAIS EXTERNOS

Pelo risco de contaminação do examinador e da paciente sugerimos que


este exame seja efetuado com luvas. Estas deverão ser mantidas durante
todo o exame e trocadas quando da realização do exame especular e
toque vaginal.
A inspeção dos órgãos genitais externos é realizada observando-se a
forma do períneo, a disposição dos pêlos e a conformação externa da
vulva (grandes lábios). Realizada esta etapa, afastam-se os grandes lábios
para inspeção do intróito vaginal. Com o polegar e o indicador prendem-
se as bordas dos dois lábios, que deverão ser afastadas e puxadas
ligeiramente para a frente. Desta forma visualizamos a face interna dos
grandes lábios e o vestíbulo, hímen ou carúnculas himenais, pequenos
lábios, clitóris, meato uretral, glândulas de Skene e a fúrcula vaginal.
Deve-se palpar a região das glândulas de Bartholin; e palpar o períneo,
para avaliação da integridade perineal. Poderá ser realizada manobra de
Valsalva para melhor identificar eventuais prolapsos genitais e
incontinência urinária. Todas as alterações deverão ser descritas e, em
alguns casos, a normalidade também.
EXAME DOS ÓRGÃOS GENITAIS INTERNOS

EXAME ESPECULAR:
É realizado através de um instrumento denominado espéculo. Os espéculos são
constituídos de duas valvas iguais; quando fechados, as valvas se justapõem,
apresentando-se como uma peça única. Os espéculos articulados são os mais
utilizados, podendo ser metálicos ou de plástico, descartáveis, apresentando quatro
tamanhos: mínimo (espéculo de virgem), pequeno (nº 1), médio (nº 2) ou grande (nº
3). Deve-se escolher sempre o menor espéculo que possibilite o exame adequado, de
forma a não provocar desconforto na paciente.
Ciclo
Menstrual
O ciclo menstrual normal dura, em média, 28 dias, tendo início no primeiro dia de
menstruação e terminando quando a menstruação do mês seguinte se inicia.
Fase Folicular

Esta é a primeira fase do ciclo, que se inicia no primeiro dia da


menstruação e, dura entre 5 a 12 dias. Nesta fase o cérebro
aumenta a produção do hormônio folículo-estimulante (FSH),
que leva os ovários a amadurecer seus óvulos.
Com esse amadurecimento, o ovário começa também a
liberar maiores quantidades de estrogênio, que é outro
hormônio, responsável por tornar o revestimento do útero
pronto para uma possível gravidez.
Fase Ovulatória

Nesta fase, os níveis de estrogênio continuam aumentando e


levam o corpo a produzir o hormônio luteinizante (LH), que é
responsável por selecionar o óvulo mais maduro e fazê-lo sair
do ovário, que é quando ocorre a ovulação, geralmente, por
volta do dia 14 do ciclo.
Fase Lútea
Esta fase acontece, em média, nos últimos 12 dias do ciclo e, durante
esses dias, o folículo, deixado pelo óvulo dentro do ovário, começa a
produzir progesterona em maior quantidade, para continuar
preparando o revestimento do útero para o caso de uma possível
gravidez. Além disso, também existe um aumento na produção de
estrogênio e, por isso, algumas mulheres podem apresentar
sensibilidade nos seios, mudanças de humor e até inchaço.
Quando a fecundação não acontece, o folículo vai encolhendo
dentro do ovário e, por isso, os níveis de estrogênio e progesterona
vai diminuindo até que o revestimento do útero seja eliminado,
dando início à menstruação e ao próximo ciclo menstrual.
Já se existir fecundação, o óvulo fica grudado nas paredes do útero e
o corpo começa a produzir hCG, um hormônio que mantém o
folículo produzindo estrogênio e progesterona em níveis elevados
para manter o revestimento do útero até à formação da placenta.
perto da metade do ciclo (14°dia),
há nítido aumento da produção de
Hipófise LH, ocorre assim a ovulação!

Ovários Estrogênio
hormônios
ovulação
O aumento de progesterona
estimula a formação da parede do
endométrio

Parede
Endométrio
do no útero
útero
dias
Menstruação Irregular
O ciclo menstrual irregular é aquele em que não se sabe quando a menstruação
irá vir. As causas mais comuns de ciclo irregular são:
• Início da vida fértil na adolescência, até 2 anos após a primeira menstruação;
• Período pós gravidez;
• Pré-menopausa, devido às intensas alterações hormonais;
• Distúrbios da alimentação que causam perda de peso em excesso, como
anorexia nervosa;
• Excesso de atividade física intensa, principalmente em mulheres atletas;
• Hipertireoidismo;
• Ovários policísticos;
• Mudança de anticoncepcional;
• Estresse ou distúrbios emocionais;
• Presença de inflamação, pólipos ou tumores no aparelho reprodutor feminino.
Calculando a ciclo irregular

Calcular o período fértil no ciclo irregular não é seguro para quem está
tentando engravidar ou para quem não quer engravidar, pois como o
ciclo menstrual não vem sempre no mesmo período, as contas podem
ser erradas.
No entanto, uma forma de saber quando é o período fértil em caso de
ciclo irregular é anotar durante um ano a duração de cada ciclo
menstrual e depois subtrair 18 dias ao ciclo mais curto e 11 dias ao
ciclo mais longo.
Por exemplo: Se o seu ciclo mais curto foi de 22 dias e o ciclo mais
longo de 28 dias, então: 22 – 18 = 4 e 28 – 11 = 17, ou seja, o período
fértil será entre o 4º e o 17º dias do ciclo.
Obrigado!!!!

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