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• Na prática -
nulidades expostas nas alegações finais surtem efeitos apenas se ainda não levadas ao
conhecimento do Juiz.
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE DIFUSO –
PRELIMINAR
MÉRITO – ABSOLVIÇÃO (ATIPICIDADE) – ART.386, III CPP
ALEGAÇÕES ORAIS POR MEMORIAIS
“O”, qualificado nos autos, por seu advogado, nos autos do processo-crime que lhe move o
Ministério Público do Estado______, vem, respeitosamente, à presença de Vossa
Excelência, com fundamento no art.403, §3º, Código de Processo Penal, apresentar os seus
MEMORIAIS,
nos seguintes termos:
1. MATÉRIA PRELIMINAR (art.571, II, do CPP)
1.1 Do cerceamento de defesa
A defesa, após a inquirição das testemunhas de acusação, em audiência, requereu a Vossa Excelência a oitiva
de uma testemunha referida, que poderia prestar importantes esclarecimentos sobre os fatos, mas teve seu
pleito indeferido.
O argumento utilizado para tanto fundou-se na intempestividade da apresentação da prova, ou seja, como
mencionada testemunha, já a conhecida da defesa, não foi arrolada em sua resposta à acusação, mas poderia ser
deferida a sua oitiva.
Entretanto, Vossa Excelência não agiu com o costumeiro acerto, por, fundamentalmente, duas razões: em
primeiro lugar, ainda que não fosse a testemunha ouvida como numerária, deveria ser inquirida como
testemunha do juízo (art.209 do CPP), em homenagem aos princípios da busca da verdade real e da ampla
defesa. Em sengundo lugar, a defesa, embora conhecesse a testemunha, não tinha noção do quanto ela sabia a
respeito do caso, o que somente ficou claro quando a testemunha ____ (fls.__) referiu-se, expressamente, a ela.
Logo, não foi arrolada abteriormente por não ter noção do grau de conhecimento que detinha.
2. DO INDEFERIMENTO DA PROVA PERICIAL
É certo que a verificação da conveniência de realização de prova pericial não obrigatória é
atividade da competência de Vossa Excelência. Entretanto, se a parte solicita a realização de
uma exame que guarde relação com os fatos apurados na causa, não pode ter o seu intento
frustrado, sob pena de ficar configurado o cerceamento na produção e indicação de provas.
O réu tem direito à ampla defesa, valendo-se de todos os instrumentos possíveis para
demonstrar o seu estado de inocência.
Por isso, o exame psicológico requerido, a ser realizado na vítima, tinha e tem a finalidade
de atestar o grau de rebeldia do menor com a verdade em seu depoimento, possivelmente por
imaturidade, ai criar situações fantasiosas que não ocorreram.
Requer-se, pois, preliminarmente, que Vossa Excelência converta o julgamento em diligência
para a colheita das provas supra apontadas.
II. MÉRITO
3. Assim não entendendo Vossa Excelência, apenas para argumentar, deve ser afastada, ao menos,
a agravante de crime cometido em relação de coabitação. A vítima não morava com o réu,
encontrando-se em sua residência apenas como hóspede. Logo, se alguma relação havia era a de
hospitalidade, não descrita em momento algum da denúncia.
E mesmo quanto à agravante de delito cometido prevalecendo-se das relações de hospitalidade, é
preciso considerar que tal hipótese não se aplica ao caso presente. A finalidade da agravante volta-
se à punição daqueles que se furtam ao dever de assistência e apoio às pessoas com as quais
vivem, coabitam ou apenas convivem. O réu, em momento algum, pensou em agredir o ofendido
para faltar com o dever de assistência; ao contrário, sua atitude calcou-se na prevenção de
problemas, pois, na ausência dos pais, não poderia ele, menor impúbere com apenas 13 anos de
idade, ir para onde bem quisesse, convivendo com pessoas estranhas e, de certo modo, perigosas.
Ante o exposto, requer-se a Vossa Excelência a absolvição do réu, com fundamento no art.
386, VI, do Código de Processo Penal, ou, subsidiariamente, pleitea-se o afastamento da
agravante do art. 61, II, f, do Código de Processo Penal, pois assim, fazendo estar-se-á
realizando JUSTIÇA.
Por derradeiro, deve-se ressaltar que o acusado é primário, não tem antecedentes, merecendo
receber a pena pena no mínimo legal, se houver condenação, bem como a substituição por
penas alternativas e o direito de recorrer em liberdade.
Comarca, data.
______________________
Advogado
EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA ‘’...’’ª VARA CRIMINAL
DA COMARCA DE ‘’...’’ DO ESTADO DE ‘’...’’
URGENTE/RÉU PRESO
Processo nº: ‘’...’’
NOME DO CLIENTE, já devidamente qualificado nos autos do processo em epígrafe, através de seu procurador
que a esta subscreve, vem respeitosamente à presença de V. Exa., nos termos dos artigos 57, caput, da Lei 11.343/06
c/c 403, § 3º do Código de Processo Penal, tempestivamente, no quinquídio legal, apresentar ALEGAÇÕES
FINAIS SOB A FORMA DE MEMORIAIS, pelas razões de fato e de Direito a seguir apontadas;
SÍNTESE DOS FATOS
Obs:Aqui, deve-se expor de forma clara e objetiva todos os pontos importantes do processo (dia dos fatos,
manifestações e decisões, etc).
Exemplo:
Narram os autos que na data de ‘’...’’, policiais militares receberam a denúncia de que o ‘’...’’(Nome do Cliente)
estaria deslocando do bairro ‘’...’’ no intuito de realizar uma entrega de entorpecentes.
A guarnição foi no encalço do denunciado que segundo os policiais, tentou evadir, mas conseguiram abordá-
lo na Rua. ‘’...’’, do Bairro ‘’...’’.
Receberam ainda, a informação de que na tentativa de fuga o denunciado havia dispensado algo, mas nada foi
encontrado.
Vale destacar que, na abordagem pessoal nada de ilícito foi encontrado.
Deslocaram-se então para a residência do denunciado, e lá foi encontrada uma porção de maconha em seu
quarto.
DO MÉRITO
Obs: Nesse momento, deve-se argumentar e expor teses e provas que demonstrem a
existência do seu direito e consequentemente, sirvam de amparo para a concessão dos
pedidos. Acho sempre interessante ressaltar os efeitos negativos gerados pela pena, a
real necessidade de submeter a pessoa ao cárcere, as condições dos presídios, etc.
Portanto, expor tudo o que for favorável e capaz de influenciar no convencimento do
julgador.
Exemplo:
Inicialmente, cumpre ressaltar que o denunciado é primário, possui residência fixa e
trabalho lícito, conforme documentos acostado aos autos.
Cumpre esclarecer ainda, que o denunciado não exerce comércio ilícito de entorpecentes
conforme afirmado na denúncia. A irrisória quantidade de drogas encontrada, seria para
o consumo pessoal, haja vista que se trata de usuário de drogas.
Verifica-se que nos autos não há nenhuma prova capaz de incriminar o denunciado de
forma concreta e inequívoca ao delito em que é acusado, pelo contrário, existem apenas
presunções de que a droga encontrada seria para a comercialização.
Como sabemos, no processo penal vigora o princípio segundo o qual a prova, para
alicerçar um decreto condenatório, deve ser indiscutível e cristalina.
Portanto, se o conjunto probatório não permitir precisar essa conclusão em decorrência da dúvida,
cumpre ao magistrado optar pela absolvição com base no princípio do in dúbio pro réu.
Importante destacar também, que segundo os relatos obtidos nesse procedimento, seja pelas
testemunhas ou interrogatório do denunciado, não há qualquer elemento que evidencie a prática
do comércio de drogas, maiormente quando não houvera flagrante de venda, detenção de
usuários, apreensão de objetos destinados à preparação, embalagem e pesagem da droga.
Conforme se observa do exposto, resta comprovada a situação do denunciado como usuário,
conduta tipificada no artigo 28 da Lei 11.343/06 e não a de traficante, conforme aduzido na
denúncia.
Foi então o denunciado preso em flagrante sob a acusação de estar praticando
traficância de substância conhecida como maconha, o que na verdade não merece
prosperar.
A Denúncia foi recebida na data de ‘’...’’ em fls. ‘’...’’.
O denunciado apresentou resposta escrita em fls. ‘’...’’.
Na Audiência de Instrução e Julgamento foram ouvidas 4 testemunhas e ao final, o
interrogatório do denunciado em fls. ‘’...’’.
O Ministério Público em suas Alegações Finais de fls. ‘’...’’ pede a condenação do
denunciado, sob o argumento de que existem provas suficientes para condená-lo pelo
delito de tráfico de drogas, previsto no artigo 33 da lei 11.343/06.
Autos à defesa, para apresentação de Alegações Finais.
Em síntese, são os fatos.
Não há prova nos autos, de acordo com a análise dos depoimentos, do local do fato, das condições em que se
desenvolveu a ação, das circunstâncias sociais e pessoais, bem como a conduta e os antecedentes do denunciado,
cheguem à certeza de que a prática do fato era realmente tráfico de drogas, razão pela qual, em caso de não
absolvição, mostra-se necessária a desclassificação.
Diante disso, verifica-se que não há nos autos qualquer prova que o denunciado tinha a intenção de vender a
droga apreendida em sua residência. Em seu interrogatório, o denunciado é categórico ao afirmar que é apenas
usuário habitual e jamais se envolveu na mercância de qualquer entorpecente, fato este corroborado pelo
depoimento das testemunhas e demais provas trazidas ao processo.
Portanto Exa., não há nos autos prova inquestionável quanto a ocorrência do delito em que está sendo acusado o
denunciado. Mostrando-se prudente a absolvição do mesmo, e em última análise, caso não entenda dessa forma,
a desclassificação do delito para uso de drogas, para que assim prevaleça a efetiva aplicação do direito e ditames
da justiça.
DOS PEDIDOS
Obs: Muito importante essa parte, deve-se analisar as possibilidades e proceder os pedidos
principais e subsidiários, ou seja, requerer absolvição, desclassificação do delito, exclusão de
qualificadoras, acatamento de causas de diminuição, aplicação da pena no mínimo legal,
conversão em restritivas de direitos, possibilidade de suspensão do processo, concessão de
algum benefício, etc.
Exemplo:
Diante do exposto, requer a Vossa Excelência;
b) Caso não seja a absolvição o entendimento de V. Exa., pelo princípio da eventualidade, que
seja acolhida a tese de DESCLASSIFICAÇÃO para o delito de Uso de Drogas (artigo 28 da
Lei 11.343/06), dando definição diversa do teor da denúncia, nos termos do artigo 383 do Código
de Processo Penal, com a consequente remessa dos autos ao Juizado Especial Criminal, nos
termos do § 2º do artigo 383 c/c 394, § 1º, inciso III, do Código de Processo Penal.
c) Por derradeiro, caso entenda pela condenação do denunciado, o que não se espera, requer
a APLICAÇÃO DA PENA NO MÍNIMO LEGAL, com a devida aplicação do § 4º do artigo 33 da
Lei 11.343/06, analisando as circunstâncias pessoais favoráveis do denunciado (artigo 59, inciso IV,
do Código Penal) e conversão em penas restritivas de direitos, de acordo com o artigo 44 do Código Penal,
posto que o denunciado preenche todos os requisitos.
Para a efetivação da justiça, direitos e garantias asseguradas a todos os cidadãos, e por tudo evidenciado
nos autos, revela-se mais adequada, razoável e humana, o acatamento dos argumentos e total procedência
dos pedidos formulados pela defesa.
Termos em que,
Pede e espera deferimento.
Local ‘’...’’ e data ‘’...’’
Advogado ‘’...’’
OAB ‘’...’’