Você está na página 1de 10

CIVILIZAÇÃ

O
OCIDENTAL:
E A PRODUÇÃO DA DESIQUALDADE

Professora Doutora Cris Mare


Ø Podemos nos perguntar quando na história da
humanidade, a capacidade de produzir distinções a
partir de um dado natural, pelo qual as pessoas não
tem nenhum controle passou a fazer sentido, ou seja o
processo pelo qual se produz um outro, passível de ser
desumanizado?

Ø Responder essa pergunta será o norte desse diálogo e


para tanto, como referenciais teóricos priorizei autores
críticos da modernidade ocidental: Frantz Fanon,
Hannah Arendt, Michel Foucault, Achille Mbembe,
Cornelius Castoriadis, Aníbal Quijano e Edgar Morin .
Suas obras particularizam um sistema de
pensamento geopolítico que nasce na Europa,
influenciando toda a humanidade sob o jugo das
instâncias de saber e poder que fortalecem
cotidianamente o sistema capitalista.

As leituras dos autores possibilitou sair de um


esquema mental que reflete isoladamente o trágico
do desenvolvimento capitalista, sem desejar
perceber que há um fio de Ariadne que os organiza.
De um ponto de vista histórico e civilizacional, isso se torna
possível na experiência europeia a partir de 2 grandes eventos
que cindiram o mundo de cima abaixo: a Reforma Protestante
e a descoberta da América.

A REFORMA A reforma protestante cindiu o mundo cristão em dois e


PROTESTANT tornou possível utilizarem entre cristãos a tática de extermínio
reservada aos mulçumanos, cujo ápice foi a Guerra dos Trinta
E anos, no século XVII.

Fato esse por sinal, que até hoje modela as relações


internacionais.
Ø A segunda ruptura, desdobramento da primeira,
quando os católicos premidos pela conquista
otomana de um lado e pela reforma protestante de
A outro, partem para o mundo, em busca de novas
almas e mercadorias.
DESCOBERT
A DA Ø A descoberta da América, como diria Aníbal
ÁMERICA Quijano, reorganizou a partir do ponto de vista
cristão a geografia do mundo.

Ø Invenção da Geografia como a conhecemos e da


Raça.
Não existe pecado no lado debaixo do
Equador...

Ø Com as Américas, os europeus descobrem um mundo mais amplo e reestruram sua geografia, neste
momento, colocam-se a si mesmos como centro do mundo e passam a utilizar a cor da pele das pessoas
como referência para produzir uma imaginação sobre o planeta: A Europa branca, a África negra, a Ásia
amarela e as Américas vermelhas.

Ø Vale lembrar que esta imaginação é anterior a própria identidade cultural europeia, que apenas emergiu
durante o iluminismo no século XVIII.
Ø Se produziu dois mundos, separando a
humanidade em duas partes: de um lado a Europa
Ocidental, e posteriormente suas colônias
brancas: EUA, AUSTRÁLIA, CANADÁ e NOVA
GEOGRAFIA ZELÂNDIA. Onde na história se percebe um
esforço de expansão da cidadania, inclusive do
E estado de bem estar social e no outro: os
colonizados, explorados, uma massa da qual se
ORGANIZAÇ retira toda a energia, conhecimento, e terras.

ÃO RACIAL Ø Dentro deste imaginário as demais culturas


podem ser aniquiladas, em razão de não pertencer
a religião cristã, ou simplesmente não nos
importamos com o seu destino. Aqui, a
organização do direito e da ética protestante são
fundamentais.
A Raça, só faz sentido quando associada ao Sistema Capitalista e ao Imperialismo. Deveria ser impossível falar de
Raça, sem colocarmos na roda: O sistema Capitalista.

Dito isso, é preciso enfatizar que Raça e Racismo, não são noções associadas ao gosto, mas conceitos que estruturam
o modo como a civilização ocidental nos organizaram/ classificaram e seguem classificando...

Por isso, noções de lugar de fala e representatividade, embora pareçam emancipadores, colocam purpurina na
desigualdade, contudo não aprofunda a discussão, e ronda na mesma perspectiva da Meritocracia..... Logo, cabe
perfeitamente dentro do discurso Neoliberal: Mudar para não muda nada.

Seria possível acabar com o Racismo, dentro do Sistema Capitalista, pensando que ele precisa necessariamente
produzir explorados, colonizados, humilhados? Se perceberem o sistema capitalista precisa produzir para a sua
manutenção, uma desigualdade cotidiana. No Brasil, muito bem representadas na reforma da previdência, reforma
trabalhista, fim do bolsa família e do novo ensino médio e o genocídio e encarceramento em massa da população
negra.
 Na bem verdade, o Ocidente, conta com a nossa capacidade de esquecimento e a recusa de
aprender com as próprias experiências, o que tem nos levado, inevitavelmente aos mesmos
lugares. Como bem afirma Morin, “Os antídotos contra as futuras ilusões não foram
produzidos. É preciso dizer, sobretudo, que as mesmas estruturas de pensamento incapazes de
tirar as lições da experiência, estão sempre aí. A reforma de pensamento ainda não está no
horizonte” (MORIN, 1994, p. 247)

 Na mesma sintonia, através das análises da estrutura de pensamento que configura o ocidente,
desenha-se, a coabitação de um senhor de escravo, do patrão em nosso coração/mente, há
depender das circunstâncias, o melhor ou o pior de nós pode emergir, tudo é uma questão de
oportunidade, interesse e da capacidade da obediência servil, ou não, ao ideário ocidental,
propaganda, criminalização e classificação.

 Busquei brevemente, apresentar que se olhássemos uns para os outros, a partir da semelhança,
faríamos de momentos e espaços trágicos da história humana, escravidão, colonialismo,
nazismo, apartheid, o estado de Israel, as periferias do mundo, os cárceres, espaços de
aprendizagem e transformação profunda.
Quando saí da prisão, esta era minha 
missão, libertar os oprimidos e
o opressor. 

Alguns dizem que  isso foi atingido ag
ora. Mas eu sei que não é o caso.
A verdade é que ainda não 

estamos livres; meramente   

 conseguimos a liberdade de 

sermos livres.

Você também pode gostar