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O descobrimento do Brasil e

a expansão marítima
portuguesa
“As armas e os barões assinalados
Que da Ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca dantes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram(...)”
- Camões 1
O “descobrimento” do Brasil
• “Desde sempre aprendemos em casa ou na escola que o Brasil foi
descoberto por Pedro Álvares Cabral em Abril de 1500. Esse fato
constitui um dos episódios da expansão marítima portuguesa,
iniciada em princípios do século XV.” (FAUSTO, Boris);
• Para entender a descoberta ou o “achamento” do Brasil, precisamos
entender porque Portugal se lançou pioneiramente ao mar nas
chamadas “grandes navegações”;
• O primeiro passo para isso é compreender o contexto histórico no
qual tais fatos ocorreram.

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Contexto histórico: A revolução de Avis
• A revolução de Avis é um evento importante para entender as razões
pelas quais os portugueses foram pioneiros na expansão marítima dos
séculos XV e XVI.
• Ela levou ao trono em 1385 D. João I marcando o surgimento do estado
moderno em Portugal. O poder monárquico estabelecido conseguia
concentrar recursos, montar exércitos regulares e patrocinar
expedições marítimas dirigidas por aristocratas e com participação de
elementos da burguesia.
• Foi D. João I que comandou a expedição que inaugurou a expansão
ultramarina portuguesa: A conquista de Ceuta. em 1415 os portugueses
atacaram e conquistaram Ceuta, uma cidade muçulmana em um ponto
estratégico: o estreito de Gibraltar. 3
Contexto histórico: A revolução de Avis

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Contexto histórico: a busca por especiarias
• O rico comércio das especiarias e as informações sobre as maravilhas
orientais estimulavam os portugueses. Como os mercadores
genoveses e venezianos exerciam monopólio da rota mediterrânea,
restava-lhes procurar caminhos alternativos, explorando a costa
ocidental da África.
• “Ouro e especiarias foram assim bens sempre muito procurados nos
séculos XV e XVI, mas havia outros, como o peixe e a carne, a
madeira, os corantes, as drogas medicinais e, pouco a pouco, um
instrumento dotado de voz – os escravos africanos.” (FAUSTO, Boris)

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Contexto histórico: busca da rota
alternativa
• Como os mercadores genoveses e venezianos exerciam o monopólio
da rota mediterrânea, restava aos portugueses procurar caminhos
alternativos, explorando a costa ocidental da África;
• O Oceano atlântico, visto como “O mar tenebroso”, povoado por
monstros e outros perigos, era o grande obstáculo a ser vencido.
• O comércio de especiarias e ouro, além de informações sobre as
maravilhas orientais estimulavam os portugueses, além do impulso de
cristianização dos chamados povos “bárbaros”;

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“A expansão metódica desenvolveu-se
ao longo da costa ocidental africana e
nas ilhas do oceano Atlântico. O
reconhecimento da costa ocidental
africana não se faz da noite para o dia.
Levou 53 anos, da ultrapassagem do
cabo Bojador por Gil Eanes (1434) até a
temida passagem do cabo da Boa
Esperança por Bartolomeu Dias (1487).
A partir da entrada no oceano índico,
foi possível a chegada de Vasco da
Gama a Índia a sonhada e ilusória índia
das especiarias.” (FAUSTO, Boris)

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Contexto histórico: a expansão marítima
portuguesa
• A conquista de Ceuta é considerada pelos historiadores como o marco
inicial da expansão ultramarina portuguesa;
• Os portugueses foram os pioneiros ao navegar pelo atlântico por meio da
costa africana e a seguir, ao entrar no oceano índico, chegaram ao Japão;
• A expansão marítima realizada pelos europeus nos séculos XV e XVI foi
um dos acontecimentos mais importantes da história universal. Pela
primeira vez, os destinos particulares dos povos das mais diferentes
regiões do planeta passaram a estar integrados numa história comum,
verdadeiramente universal e davam-se os primeiros passos do sistema
capitalista.

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Contexto histórico: a expansão marítima
portuguesa
• A conquista de Ceuta é considerada pelos historiadores como o marco
inicial da expansão ultramarina portuguesa;
• Os portugueses foram os pioneiros ao navegar pelo atlântico por meio da
costa africana e a seguir, ao entrar no oceano índico, chegaram ao Japão;
• A expansão marítima realizada pelos europeus nos séculos XV e XVI foi
um dos acontecimentos mais importantes da história universal. Pela
primeira vez, os destinos particulares dos povos das mais diferentes
regiões do planeta passaram a estar integrados numa história comum,
verdadeiramente universal e davam-se os primeiros passos do sistema
capitalista.

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Descobrimento do Brasil (1500)

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A expedição de Pedro Álvares Cabral e o
“achamento do Brasil”
• A 9 de Março de 1500 com a frota mais aparatosa a deixar o reino,
aparentemente com destino as índias, partiu o fidalgo Pedro Álvares
Cabral, liderando uma frota de 13 navios.
• Ao alcançar Cabo Verde, entretanto, a frota tomou um rumo a oeste
(não se sabe ao certo se deliberada ou acidentalmente), se afastando
da costa africana até avistar a terra brasileira em 21 de Abril de 1500.
• Na data da chegada ouve apenas uma breve descida á terra. Só no
dia seguinte a frota ancorou no litoral baiano, em Porto Seguro.

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A expedição de Pedro Álvares Cabral e o
“achamento do Brasil”
A expedição de Cabral visava alcançar dois objetivos:

1. Iniciar a dominação dos portugueses sobre o comércio de produtos


indianos, consolidando a rota marítima descoberta por Vasco da
Gama, que ligava a Europa às Índias;
2. Confirmar a existência de terras no Ocidente, dentro dos limites
estabelecidos pelo Tratado de Tordesilhas, com vistas a estabelecer
o controle luso sobre o Atlântico Sul.

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A expedição de Pedro Álvares Cabral e o
“achamento do Brasil”
• “E assim seguimos nosso caminho, por este mar, de longo, até que, terça-
feira das Oitavas de Páscoa, que foram 21 dias de abril, estando da dita
Ilha obra de 660 ou 670 léguas, segundo os pilotos diziam, topamos
alguns sinais de terra, os quais eram muita quantidade de ervas
compridas, a que os mareantes chamam botelho, assim como outras a
que dão o nome de rabo-de-asno. E quarta-feira seguinte, pela manhã,
topamos aves a que chamam fura-buxos. Neste dia, a horas de véspera,
houvemos vista de terra! Primeiramente dum grande monte, mui alto e
redondo; e doutras serras mais baixas ao sul dele; e de terra chã, com
grandes arvoredos: ao monte alto o capitão pôs nome – o Monte
Pascoal e à terra – a Terra da Vera Cruz.” (Carta de Pero Vaz de Caminha)

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Os povos nativos do Brasil no momento de
chegada dos Portugueses: os índios
• Tudo indica que os europeus chegaram à terra que viria a ser o Brasil
encontrando uma população ameríndia bastante homogênea em
termos culturais e linguísticos, distribuídas ao longo da costa e na
bacia dos rios Paraná-Paraguai.
• Havia dois grandes blocos ou subdivisões entre essa população: os
tupis-guaranis e os tapuias. Os tupis, também chamados de
Tupinambás dominavam a faixa litorânea do norte até Cananéia, no
sul do atual estado de São Paulo; os guaranis, na bacia Paraná-
Paraguai e no trecho litoral entre Cananéia e o extremo sul do que
viria a ser a Bahia.

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Os povos nativos do Brasil no momento de
chegada dos Portugueses: os índios
• “Pardos, nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. Traziam
arcos nas mãos, e suas setas. Vinham todos rijamente em direção ao batel. E
Nicolau Coelho lhes fez sinal que pousassem os arcos. E eles os depuseram.”
• “A feição deles é serem pardos, um tanto avermelhados, de bons rostos e
bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem cobertura alguma. Nem fazem
mais caso de encobrir ou deixa de encobrir suas vergonhas do que de
mostrar a cara. Acerca disso são de grande inocência. Ambos traziam o
beiço de baixo furado e metido nele um osso verdadeiro, de comprimento de
uma mão travessa, e da grossura de um fuso de algodão, agudo na ponta
como um furador. Metem-nos pela parte de dentro do beiço; e a parte que
lhes fica entre o beiço e os dentes é feita a modo de roque de xadrez. E
trazem-no ali encaixado de sorte que não os magoa, nem lhes põe estorvo
no falar, nem no comer e beber.” 15
Os povos nativos do Brasil no momento de
chegada dos Portugueses: os índios
• Os grupos praticavam a caça, a pesca, a coleta de frutas e a
agricultura. Quando ocorria uma relativa exaustão da terra, migravam
temporariamente ou definitivamente para novas áreas.
• “A chegada dos portugueses representou para os índios uma
verdade catástrofe (...) por não existir uma nação indígena e sim
vários grupos dispersos muitas vezes em conflito, foi possível aos
portugueses encontrar aliados indígenas na luta contra os grupos que
lhes resistiam.” (FAUSTO, Boris)

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Os povos nativos do Brasil no momento de
chegada dos Portugueses: os índios
• Dentre as doenças que causaram maior mortandade causaram nos
ameríndios estão as “bexigas”, isto é, a varíola, a varicela e a rubéola
(vindas das Europa), a febre amarela (da África) e os tipos mais letais
de Malária (da Europa mediterrânea e da África).
• O descobrimento da América foi um verdadeiro troca-troca de vírus,
bactérias e bacilos com a Europa, África e Ásia no qual os nativos da
América levaram a pior.

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Os povos nativos do Brasil no momento de
chegada dos Portugueses: os índios
• A cada passo da aproximação e da conquista os portugueses
nomeavam os locais: primeiro o monte pascoal – avistado na páscoa.
Terra de Vera Cruz e Terra de Santa Cruz, para definir a vinculação das
possessões à cristandade. Baía de Todos os Santos, São Vicente, São
Sebastião do Rio de Janeiro, São Paulo, todos os nomes das regiões
referiam-se ao santo padroeiro do dia de sua conquista pelos
portugueses. O batismo da terra nova antecedeu o batismo dos
nativos.

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Os povos nativos do Brasil no momento de
chegada dos Portugueses: os índios
• O chamado “achamento do Brasil” não provocou nem de longe o
entusiasmo despertado pela chegada de Vasco da Gama à índia,
apontam historiadores. Era uma terra cujo potencial de exploração se
desconhecia. Durante muito tempo se acreditou que fosse uma
grande ilha.
• O Rei Dom Manuel preferiu chamá-la de Vera Cruz e, logo depois, de
Santa Cruz. O nome Brasil só começou a aparecer em 1530, em
decorrência da principal riqueza descoberta em seus primeiros
tempos, o Pau-brasil.

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(Mackenzie-SP) As razões do pioneirismo português na expansão
marítima dos séculos XV e XVI foram:
a) A invasão da península Ibérica pelos árabes e a conquista de Calicute pelos
turcos.
b) A assinatura do tratado de Tordesilhas por Portugal e pelos demais países
europeus.
c) Um Estado liberal centralizado, voltado para a acumulação de novos mercados
consumidores.
d) As guerras religiosas, a descentralização política do estado e o fortalecimento dos
laços servis.
e) Uma monarquia centralizada, interessada no comércio de especiarias.

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(Mackenzie-SP) As razões do pioneirismo português na expansão
marítima dos séculos XV e XVI foram:
a) A invasão da península Ibérica pelos árabes e a conquista de Calicute pelos
turcos.
b) A assinatura do tratado de Tordesilhas por Portugal e pelos demais países
europeus.
c) Um Estado liberal centralizado, voltado para a acumulação de novos mercados
consumidores.
d) As guerras religiosas, a descentralização política do estado e o fortalecimento dos
laços servis.
e) Uma monarquia centralizada, interessada no comércio de especiarias.

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(Mackenzie) Enquanto os portugueses escutavam a missa com muito "prazer e
devoção", a praia encheu-se de nativos. Eles sentavam-se lá surpresos com a
complexidade do ritual que observavam ao longe. Quando D. Henrique acabou a
pregação, os indígenas se ergueram e começaram a soprar conchas e buzinas,
saltando e dançando (…) Náufragos Degredados e Traficantes (Eduardo Bueno)
Este contato amistoso entre brancos e índios era preservado:
a) pela Igreja, que sempre respeitou a cultura indígena no decurso da catequese.
b) até o início da colonização quando o índio, vitimado por doenças, escravidão e
extermínio, passou a ser descrito como sendo selvagem, indolente e canibal.
c) pelos colonos que escravizaram somente o africano na atividade produtiva de
exportação.
d) em todos os períodos da História Colonial Brasileira, passando a figura do índio
para o imaginário social como "o bom selvagem e forte colaborador da
colonização".
e) sobretudo pelo governo colonial, que tomou várias medidas para impedir o
genocídio e a escravidão.
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(Mackenzie) Enquanto os portugueses escutavam a missa com muito "prazer e
devoção", a praia encheu-se de nativos. Eles sentavam-se lá surpresos com a
complexidade do ritual que observavam ao longe. Quando D. Henrique acabou a
pregação, os indígenas se ergueram e começaram a soprar conchas e buzinas,
saltando e dançando (…) Náufragos Degredados e Traficantes (Eduardo Bueno)
Este contato amistoso entre brancos e índios era preservado:
a) pela Igreja, que sempre respeitou a cultura indígena no decurso da catequese.
b) até o início da colonização quando o índio, vitimado por doenças, escravidão e
extermínio, passou a ser descrito como sendo selvagem, indolente e canibal.
c) pelos colonos que escravizaram somente o africano na atividade produtiva de
exportação.
d) em todos os períodos da História Colonial Brasileira, passando a figura do índio
para o imaginário social como "o bom selvagem e forte colaborador da
colonização".
e) sobretudo pelo governo colonial, que tomou várias medidas para impedir o
genocídio e a escravidão.
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(MACKENZIE/2018)“(…) Neste dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra! Primeiramente
dum monte, mui alto e redondo; e doutras serras mais baixas ao sul dele; e de terra chã, com
grandes arvoredos: ao monte alto o capitão pôs o nome – o Monte Pascoal, e à terra – a Terra de
Vera Cruz.” (CAMINHA, Pero Vaz de. “Carta. In: Freitas a el -rei D. Manuel”.In FREITAS, Gustavo de.
900 textos e documentos de história. Lisboa: Plátano, 1986. V. II, p. 99-1000).
O texto acima é parte da carta do escrivão, Pero Vaz de Caminha, tripulante a bordo da armada de
Pedro Álvarez Cabral, ao rei português D. Manuel, narrando o descobrimento do Brasil. Essa
expedição marítima pode ser entendida no contexto socioeconômico da época, como uma:
a) tentativa de obtenção de novas terras, no continente europeu, para ceder aos nobres
portugueses, empobrecidos pelo declínio do feudalismo, verificado durante todo o século XIV.
b) consolidação do poder da Igreja junto às Monarquias ibéricas, interessada tanto em reprimir o
avanço mulçumano no Mediterrâneo, quanto em cristianizar os indígenas do Novo Continente.
c) busca por ouro e prata no litoral americano, para suprir a escassez de metais preciosos na
Europa, o que prejudicava a continuidade do comércio com o Oriente.
d) conquista do litoral brasileiro e sua ocupação, garantindo que a coroa portuguesa tomasse
posse dos territórios a ela concedidos, pelo Tratado de Tordesilhas, em 1494.
e) tomada oficial das terras garantidas a Portugal, pelo acordo de Tordesilhas, e o controle
exclusivo português da rota atlântica, dando-lhes acesso ao lucrativo comércio de especiarias.

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(MACKENZIE/2018)“(…) Neste dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra! Primeiramente
dum monte, mui alto e redondo; e doutras serras mais baixas ao sul dele; e de terra chã, com
grandes arvoredos: ao monte alto o capitão pôs o nome – o Monte Pascoal, e à terra – a Terra de
Vera Cruz.” (CAMINHA, Pero Vaz de. “Carta. In: Freitas a el -rei D. Manuel”.In FREITAS, Gustavo de.
900 textos e documentos de história. Lisboa: Plátano, 1986. V. II, p. 99-1000).
O texto acima é parte da carta do escrivão, Pero Vaz de Caminha, tripulante a bordo da armada de
Pedro Álvarez Cabral, ao rei português D. Manuel, narrando o descobrimento do Brasil. Essa
expedição marítima pode ser entendida no contexto socioeconômico da época, como uma:
a) tentativa de obtenção de novas terras, no continente europeu, para ceder aos nobres
portugueses, empobrecidos pelo declínio do feudalismo, verificado durante todo o século XIV.
b) consolidação do poder da Igreja junto às Monarquias ibéricas, interessada tanto em reprimir o
avanço mulçumano no Mediterrâneo, quanto em cristianizar os indígenas do Novo Continente.
c) busca por ouro e prata no litoral americano, para suprir a escassez de metais preciosos na
Europa, o que prejudicava a continuidade do comércio com o Oriente.
d) conquista do litoral brasileiro e sua ocupação, garantindo que a coroa portuguesa tomasse
posse dos territórios a ela concedidos, pelo Tratado de Tordesilhas, em 1494.
e) tomada oficial das terras garantidas a Portugal, pelo acordo de Tordesilhas, e o controle
exclusivo português da rota atlântica, dando-lhes acesso ao lucrativo comércio de especiarias.
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