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Mecanismos de Endurecimento

dos Metais
Jaqueline Dias Altidis
Principais Mecanismos de Endurecimento

• Solução sólida
• Refino de grão
• Precipitação
• Discordâncias (encruamento)
• Transformações de fase
Contorno de Grão
Contorno de Grão
Contorno de Grão
Contorno de Grão
Contorno de Grão

Variáveis Metalúrgicas
Contorno de Grão
Movimento das discordâncias em analogia com a movimento de
um tapete:Antes e após trabalho a frio

ENCRUAMENTO, INTERAÇÃO ENTRE UM


INÍCIO DA DEFORMAÇÃO PLÁSTICA A
NÚMERO CRESCENTE DE DISCORDÂNCIAS:
FRIO
A FORÇA NECESSÁRIA AUMENTA
Diagrama Ferro / Carbono
Martensita ?
Curvas TTT
Martensita Não Revenida
Martensita Revenida
Martensita e Bainita
DEFORMAÇÃO À FRIO
 Aumenta a dureza e a resistência dos
materiais, mas a ductilidade diminui (menor
tenacidade);
Permite a obtenção de dimensões dentro de
tolerâncias estreitas;
Produz melhor acabamento superficial.
ENCRUAMENTO OU ENDURECIMENTO
PELA DEFORMAÇÃO À FRIO
 É o fenômeno no qual um material endurece devido
à deformação plástica (realizado pelo trabalho à frio);
 Esse endurecimento dá-se devido ao aumento de
discordâncias e imperfeições promovidas pela
deformação, que impedem o escorregamento dos
planos atômicos;
 A medida que se aumenta o encruamento maior é a
força necessária para produzir uma maior
deformação;
Mecanismos de Endurecimento
• Encruamento

A multiplicação do número de discordâncias


durante a deformação de um metal reduz o
caminho livre entre discordâncias, isto é, sua
movimentação é reduzida.

Dificuldade de Aumento da
movimentar resistência do
discordâncias. material
Encruamento

Para aço 1040, latão e cobre – aumento (a) do limite de escoamento e (b) do limite de
resistência à tração em função da % de trabalho à frio.
Encruamento

O encruamento é o
mecanismo pelo qual um
material dúctil se torna mais
duro e resistente depois de ter
sido submetido a uma
deformação plástica.
Micrografia eletrônica de
transmissão de uma liga de
titânio na qual as linhas
escuras são discordâncias.
200 nm
Estrutura do grão
deformado por
trabalho a frio de um
aço baixo carbono.
trabalho a frio:
(a) 10%
(b) 30%
(c) 60%
(d) 90% .
VARIAÇÃO DAS PROPRIEDADES
MECÂNICAS EM FUNÇÃO DO
ENCRUAMENTO

O encruamento
aumenta a
resistência
mecânica a tração;
O encruamento
aumenta o limite
de escoamento;
O encruamento
diminui a ductilidade
Mecanismos de endurecimento

Mecanismos de endurecimento:-
• Solução sólida
• Precipitação/Partículas de segunda fase
• Refino de grão
• Encruamento
• Tratamentos térmicos
Mecanismos de endurecimento

O que são mecanismos de endurecimento?


Obstáculos a movimentação das discordâncias
que provocam um aumento da resistência
mecânica do metal.
Endurecimento Por Precipitação
Endurecibilidade

Capacidade de uma liga ser endurecida pela formação da


martensita, como resultado da aplicação de um tratamento
térmico;
Corresponde à medida qualitativa da taxa segundo a qual a
dureza cai em função da distância ao se penetrar no interior
de uma amostra, em função do menor teor de martensita;
Uma liga de aço que possui alta endurecibilidade é aquela que
endurece, ou forma martensita, não apenas na sua
superfície, mas em elevado grau também ao longo de todo o
seu interior;
Endurecimento Por Precipitação

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Endurecimento por Precipitação

Resfriamento lento

 precipita nos
contornos de
grão de k

Tempo
 pequenas inclusões de fases secundárias aumentam a resistência de um material;
 distorções da rede cristalina ao redor dessa fase secundária impedem o movimento de
discordâncias;
 o precipitado se forma quando o limite de solubilidade é excedido;
 o endurecimento por precipitação também é conhecido como endurecimento por
envelhecimento.
Tratamento de Endurecimento por
Precipitação

• Solubilização

• Precipitação
Solubilização

Na solubilização a temperatura é indicada pelo


diagrama respectivo e o tempo sendo dependente da
solubilização do soluto no solvente é variável de
sistema a sistema.
Solubilização
Precipitação
• Na precipitação o aumento da temperatura ao
aumentar a energia dos átomos facilita a
movimentação dos mesmos acelerando o processo
de precipitação.
Mecanismos de Endurecimento
Precipitação/Dispersão de partículas de segunda fase

O material exibe uma segunda fase, isto é uma região


com composição e características distintas, dispersa
na matriz.

Provocam distorção na rede;


As discordâncias vão ter dificuldade em se
movimentar através destas partículas (ex:
carbonetos).
Mecanismos de Endurecimento
• Precipitação/Dispersão de partículas de segunda
fase
Dispersão
Introdução de finas partículas de óxidos em uma matriz
(moagem de alta energia)

Interação partículas-discordâncias
ENDURECIMENTO POR DISPERSÃO DE
PARTÍCULAS

Os contornos entre diferentes fases (precipitado


e matriz) em uma liga são defeitos planares e
interferem na movimentação de discordâncias
provocando, consequentemente, aumento de
resistência e dureza.
ENDURECIMENTO POR DISPERSÃO DE
PARTÍCULAS COERENTES

Os precipitados coerentes apresentam a


mesma estrutura cristalina da matriz. As
diferenças entre os parâmetros de
reticulado da matriz e da fase são de, no
máximo, 15%.
ENDURECIMENTO POR DISPERSÃO DE
PARTÍCULAS COERENTES

Precipitados coerentes são mais endurecedores que


precipitados incoerentes.
Quanto menor o precipitado maior a dispersão destes,
assim, para a mesma fração de fase, e maior o efeito de
restrição de movimentação de discordâncias.
Coerentes
ENDURECIMENTO POR DISPERSÃO DE
PARTÍCULAS COERENTES
ENDURECIMENTO POR DISPERSÃO DE
PARTÍCULAS INCOERENTES
A ocorrência de precipitados incoerentes é muito
mais frequente que precipitados coerentes.
Os precipitados ou fases incoerentes não
apresentam coerência entre os reticulados
cristalinos do precipitado e matriz.

Exemplo 1: Al (CFC) e AlCu2 (fase θ -


ortorrômbica)
Tratamento Térmico de Precipitação

1ª Fase: Solubilizada;
2ª Fase: envelhecida;
3ª Fase: superenvelhecida
Solubilização - Precipitação
 Tratamento térmico de precipitação:
  1ª Fase: Solubilizada;
Temperatura ºC

Líquido  2ª Fase: envelhecida;


L  3ª Fase: superenvelhecida
Solubilização

M
  Resfriamento lento 
Resfriamento
N brusco
A B
 submicroscópico

 microscópico

 
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1ª Fase 2ª Fase 3ª Fase
Solubilização - Precipitação

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Fatores que Influenciam na Precipitação

1. Temperatura: a precipitação depende da difusão atômica.


2. Vazios: facilita a difusão.
3. Trabalho a frio: inibe a precipitação pois as discordâncias introduzidas
durante a deformação podem absorver os vazios.
4. Impurezas: interagem com os vazios.
5. Contornos de grão: também podem absorver os vazios.

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Requisitos para o
Envelhecimento
Nem todas as ligas podem ser envelhecidas. Quatro
condições devem existir para que uma liga metálica
possa ser endurecida por precipitação:

1. Baixa e alta solubilidades da fase sólida em baixas e


altas temperaturas, respectivamente. Em outras
palavras, a liga deve possuir campo monofásico em
temperatura elevada e um campo bifásico em baixa
temperatura.

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Requisitos para o
Envelhecimento
2. A matriz deve macia e dúctil e o precipitado deve ser
duro. Na maioria das ligas tratáveis por envelhecimento, o
precipitado é um composto intermediário duro e frágil.

3. A liga deve suportar um resfriamento rápido. Algumas


ligas não podem ser resfriadas com taxa suficiente para
suprimir a formação do precipitado de equilíbrio. Por outro
lado, o resfriamento pode introduzir tensões residuais que
causam a distorção da peça.

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Requisitos para o
Envelhecimento

4. Há necessidade de precipitar uma fase coerente em


condições de tempo e temperatura exeqüíveis.

 Várias ligas, incluindo aços inoxidáveis e aquelas com


base em Al, Mg, Ti, Ni, Cr, Fe e Cu preenchem esses
requisitos e ganham resistência mecânica por
envelhecimento.

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Solução Sólida

Intersticial (C, N,O e H)

Substitucional ( NiCu)
Solubilidade de Solução Solida
Hume- Rothery

• Fator tamanho atômico


• Eletronegatividade
• Valências
Fases Intermediarias

Sistemas que ocorrem estruturas cristalina ou fases


diferentes dos componentes elementares (metais
puros). Se essa estruturas ocorrem em um intervalo
de composição, então são ditas soluções sólidas.

Cu e Zn ( CFC)
ZnCu latão
ENDURECIMENTO PELA FORMAÇÃO DE
SOLUÇÃO SÓLIDA

O endurecimento por solução sólida consiste na adição


de elementos de liga, visando a formação de soluções
sólidas substitucionais ou intersticiais (dependendo da
relação de tamanhos atômicos entre o solvente e o
soluto).
ENDURECIMENTO PELA FORMAÇÃO DE
SOLUÇÃO SÓLIDA

As ligas metálicas são mais resistentes que metais puros


porque os átomos do elemento de liga (soluto) impõem
tensões e deformações no reticulado ao redor destes
átomos.
A interação entre estes campos de tensão e as
discordâncias provoca, consequentemente, uma
restrição no movimento das discordâncias,
endurecendo a liga.
Mecanismos de Endurecimento
Solução sólida
Átomos de soluto ocupam lugares da rede cristalina
de um dado metal;
Estes átomos provocam distorção na rede; para
minimizar a energia do material procuram lugares
onde se acomodam mais facilmente.

Dificuldade de Aumento da
movimentar resistência do
discordâncias material
Deformações da rede cristalina
Aumento de Resistência por Solução Sólida –
átomos menores
Deformação na
rede cristalina!

(a) Representação das deformações da


rede por tração impostas sobre átomos (b) Possíveis localizações de átomos de
hospedeiros por um átomo de impureza impurezas menores em uma discordância
substitucional de menor tamanho. aresta, de modo a cancelar parcialmente
campos de deformação compressivas.
Mecanismos de Endurecimento
Solução Sólida:
Interação do átomo de soluto com as discordâncias
Mecanismos de Endurecimento
• Solução sólida
Acomodação dos átomos de soluto e Interação
com as discordâncias

SS substitucional SS intersticial
Mecanismos de Endurecimento
• Solução sólida
Efeito da dimensão do átomo de soluto
Contorno de Grão
ENDURECIMENTO PELA REDUÇÃO DO
TAMANHO DE GRÃO

Em um metal policristalino, o tamanho dos grãos


(diâmetro médio dos grãos) exerce influência sobre as
propriedades mecânicas. Grãos adjacentes possuem
diferentes orientações cristalinas e um contorno de
grão em comum.
ENDURECIMENTO PELA REDUÇÃO DO
TAMANHO DE GRÃO
Os contornos de grão atuam como barreiras para a
movimentação de discordâncias por duas razões:
• 1- Como os grãos possuem orientações diferentes,
uma discordância que se movimenta do grão A para
B, deve mudar sua direção de movimento; e isso, é
mais difícil quanto maior for a diferença entre
orientação entre os grãos.
• 2- A desordem atômica na região de um contorno de
grão resulta em uma descontinuidade no plano de
escorregamento de um grão para outro.
ENDURECIMENTO PELA REDUÇÃO DO
TAMANHO DE GRÃO
 As discordâncias não ultrapassam contornos de grão,
mas, a tensão gerada no plano de escorregamento
de um grão pode ativar fontes de novas
discordâncias em outros grãos.

 Materiais com grãos finos são mais resistentes que


materiais com grãos grosseiros porque sua área de
contornos de grão é maior e assim dificulta a
movimentação de discordâncias.
Mecanismos de Endurecimento
O limite de escoamento, σy, aumenta com a
diminuição do tamanho de grão e a sua
dependência é dada pela relação de Hall-Petch:

Onde: σi é a tensão de fricção interna, Ky é uma constante


e d é o diâmetro do grão . Os valores de σi e Ky são
constante dependentes do material.
Mecanismos de Endurecimento
• Contornos de grão Grão refinado => maior resistência
Mecanismos de Endurecimento
Contornos de grão
Regiões que apresentam distorção na rede
atrapalhando a movimentação das discordâncias.
Dificuldade de Aumento da
movimentar resistência do
discordâncias. material
Densidade de discordâncias
Cristais metálicos
cuidadosamente 103 mm-2
solidificados

Metais altamente
109 a 1010 mm-2
deformados

Metais deformados
105 a 106 mm-2
tratados termicamente
Endurecimento por Transformação de Fase
Endurecimento por Transformação de Fase

Nos aços, os efeitos produzidos pelas transformações


de fases são largamente relacionados à temperatura
em que ela ocorre. Em geral, quanto menor a
temperatura de transformação, maior será a resistência
ao escoamento.
Endurecimento por Transformação de Fase

De modo geral quanto menor a temperatura de


transformação:

• Menor será o tamanho de grão do produto de


transformação;
• Maior será a densidade de discordâncias;
• Mais fina será a dispersão das fases precipitadas;
• Maior será a tendência a ter soluto em solução sólida.
Processamento Térmico de Ligas Metálicas

Liga de Al 7150-T651
(6,2Zn, 2,3Cu, 2,3Mg,
0,12Zr, restante Al)
endurecida por
precipitação – matriz é
uma solução sólida de Al,
precipitados: ’ (fase
intermediária) e 
(MgZn2). 200 nm

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