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UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE
FACULDADE DE MEDICINA
Departamento de Ortopedia

Fracturas do Fémur
Dr. Hamilton Saide
Dr. Peter Matthias Schmauch
Maputo, Agosto de 2021
Sumario
• Anatomia do Fémur
• Fracturas do fémur proximal nas crianças e no adolescente
• Fracturas do fémur proximal nos adultos
• Fracturas diafisárias do fémur nas crianças e no adolescente
• Fracturas diafisárias do fémur no adulto
• Fracturas do fémur distal nas crianças e no adolescente
• Fracturas do fémur distal nos adultos
• Complicações
• Conclusão
Anatomia
O fémur proximal
Inserções musculares
vascularização
Fracturas do 1/3 proximal do fémur nas crianças e adolescentes

• Epidemiologia

-Menos de 1% das fraturas nas crianças

-Vem aumentando devido a violência domestica.

-Maior incidência em torno dos 12anos, proporção de 3:2 meninos para


meninas.

-As fraturas geralmente não sofrem deslocamento devido a presença de


um periósteo mais duro.
• Mecanismo de fracturas
-Resultado de trauma violento, apenas uma pequena percentagem
ocorre devido a traumatismo trivial que pode levar a suspeitar de
fraturas patológicas.

• Diagnostico
-dor intensa no quadril
-Incapacidade de marcha
-rotação externa, leve adução ou flexão, encurtamento no caso de
deslocamento.
-Radiografia ou TAC/RMN
• Classificação de Delbet
• Tratamento
-Tipo I- redução fechada e fixação com parafuso canulado.

-Tipo II- redução fechada e fixação percutânea, não conseguindo


redução fechada indica-se redução aberta

-Tipo III- redução fechada e fixação percutânea, não conseguindo


redução aberta e fixação com placas e parafusos.

-Tipo IV- fraturas intertrocantericas, tração cutânea ou esquelética,


seguida de imobilização em abdução com gesso, se redução impossível
redução aberta e fixação.
• Complicações

- Necrose avascular

- Coxa vara

- Pseudoartrose
Fracturas do fémur proximal no adulto
• Epidemiologia
- Ocorrem com maior frequência em idosos do sexo feminino, 3% nos 70anos,
12% nos 85anos.

- Traumatismo direto relacionado a osteoporose.

- Nos jovens trauma de alta energia.

- Aumenta com a osteoporose

- Sendo que 50% são intertrocantericas


40% do colo do fémur
Classificação
• Garden
• Classificação Fracturas do colo do fémur de Pauwel
• Tratamento (colo do femur)

- Garden tipo I e II- em qualquer idade cirúrgico, de preferência pouco


invasiva com intensificador de imagem, parafusos canulados (3).

- Garden III e IV- considera-se 65 anos como idade de transição, entre


preservar ou não cabeça femoral.
Intertrocantericas
• Classificação
Evans baseada na integridade do córtex medial e posterior
• Tratamento (intertrocantericas)

- Cirúrgico- DCS, DHS


Hastes endomedulares flexíveis (Ender)
Hastes bloqueadas (Gamma, PFN e outras)
Fracturas diafisárias do fémur na criança e adolescente

• Epidemiologia
- Relativamente comuns 1,6% do total.

- Mais prevalente nos rapazes 2,3:1

- 2 picos de incidência ao redor dos 2 anos de idade e na adolescência.

- Acidentes de transito (em adolescentes) e queda de altura (abaixo dos


6anos)
• Tratamento

-Classicamente tração cutânea ou esquelética, seguido de gesso

-Fixação externa, hastes endomedulares flexíveis

- <1ano- suspensório de Pavlik (consolida em 2-3semanas)

- 1 a 6-9 anos tração (com a anca em extensão ou flexão de 30graus) e gesso


(consolida 4-6 semanas)

- >10anos hastes intramedulares (consolida 6-8 semanas)

- Gesso imediato – tradicionalmente em menores de 2 anos mas pode ser usada


ate 10 anos, ou quando encurtamento menor de 2cm
Tempo de consolidação em diferentes idades
• Complicações

- Consolidação viciosa (normal se desvio de 10 a 15graus,


cavalgamento de ate 2cm)

- Sobrecrescimento (5 a 13mm)
Fracturas fémur distal em crianças
- Raras, geralmente resultam de atropelamentos
- O efeito do gastrocnémio torna difícil a redução por tração

• Tratamento
-3 opções
-Redução fechada com ou sem fixação com pinos de Steinmann

-Tração esquelética seguida de gesso

-Redução aberta e fixação com dois pinos de Steinmann


Fraturas diafisárias do fémur em adultos

• Epidemiologia
- Resultado de trauma de alta energia

- Mais frequente abaixo dos 30 anos de idade

- Associada a outras lesões

• Quadro clinico
- Dificilmente passa despercebido devido a deformidade

- Acompanhada de lesão dos tecidos moles


• Métodos de tratamento

- Conservador: tração de Perkins

- Cirúrgico
Placa de compressão ou em ponte
Placa ponte
Haste intramedular
Hastes bloqueadas
Fracturas do fémur distal no adulto
• Epidemiologia

- Comum em idosos, trauma de baixa energia.

- Rara nos jovens, trauma de alta energia

- 5% das fraturas do fémur

- Intra ou extra-articular

- Mecanismo de trauma (hiperextensão, trauma direto)


• Tratamento
-Conservador
Tração esquelética

Gesso articulado
• Cirúrgico

-Restabelecer a superfície articular (em todas fraturas com extensão intra-


articular)

-Placa angulada em 95 graus

-DCS

-DFN

-LCP
Fracturas da cabeça do fémur
Epidemiologia
• Ocorre em 6-16% dos pacientes com deslocamento posterior da anca
• Resultado de impactacao avulsão ou fricção
• Deslocamento anterior mais associado a impactacao

Mecanismo
Luxação posterior
• Resulta comumente de queda do skate embate joelho no chão, ou
embate no painel do carro.
• Fractura resulta de flexão, abdução e rotação no momento do impacto
Avaliação radiológica
• AP e incidência de judet (45graus)
• TAC
• Classificação
• Tratamento
Baseado na localização, tamanho, deslocamento ou estabilidade da
anca
• Tratamento da cabeça do fémur

- Pipkin 1- se fragmentos de tamanho reduzido (menos de 1/3 da


superfície articular) excisão, se fragmento grande ou na zona d carga
parafusos via artrotomia.

- Pipkin 2- fragmento superior da superfície de carga, redução aberta


osteossíntese com parafusos.

- Pipkin 3- redução aberta e fixação com parafusos canulados, nos


idosos artroplastia.

- Pipkin 4- em idosos artrolplastia, em jovens, reconstrução.


• Reabilitação

- Movimento precoce da anca sem carga durante 6-8 semanas

- Radiografia depois de 6 meses para avaliar osteonecrose e artrite


• Fraturas do trocânter maior

Resultado de trauma direto

Tratamento conservador, em jovens activos deslocamento maior que


1cm cirúrgico

• Fraturas do trocânter menor


Raras, mais comum em jovens por avulsão, ou patológicas
Complicações
- Embolia gorda- fatal em 15% dos pacientes- taquicardia, taquipneia,
hipoxemia, alteração do estado mental ocorre nas primeiras 24-
72horas

- Tromboembolismo
Taquicardia, taquipneia, febrículas, alteração do estado mental e dor
toráxica
profilaxia inclui warfarina, heparina subcutânea, heparina de baixo
peso molecular, operação precoce

- Distress respiratório
- Síndrome compartimental raro, apos contusões graves

- Lesão neurológica

- Consolidação viciosa, não consolidação

- Ossificação heterotópica
Conclusão
• Alinhamento inadequado aceitável apos tratamento conservador
0-2 anos 30 graus (varo/valgo) 30 graus (sagital)

3-5 anos 15 graus (varo/valgo) 20 graus (sagital)

6-10 anos 10 graus (varo/valgo) 15 graus (sagital)

>11anos 5 graus (varo/valgo) 10 graus (sagital)


Duvidas

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