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Teoria da Contabilidade –

CIC159

Professor Samuel Durso


Professor Octávio Valente
Agenda da Aula

 Escolas de pensamento contábil;


 Influência norte-americana na Contabilidade;
 Contabilidade normativista versus positivista;
 Conceitos e objetivos da contabilidade;
 A assimetria de informação e a contabilidade;
 Possibilidades e limitações dos diferentes tipos
de divulgação.

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Escolas de Pensamento Contábil

Escola Contista Sec. XV ao


sec. XVIII

 Alguns autores atribuem o nascimento da Escola Contista ao


próprio Luca Pacioli (SANTOS; SCHIMIDT; MACHADO, 2005).
 Outros autores atribuem a Edgmont De Granges a fundação
dessa Escola de pensamento contábil (ALVES, 2017; IUDÍCIBUS;
MARION; FARIA, 2018).
 Outro nome importante para o período foi do pensador francês
Jacques Saravy que criou em 1675 um tratado sobre teoria
geral das contas (SANTOS; SCHIMIDT; MACHADO, 2005).
 A principal característica dessa escola de pensamento é ter nas
contas contábeis o ponto central para o desenvolvimento da
Contabilidade.
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Escolas de Pensamento Contábil

Escola Contista Sec. XV ao


sec. XVIII

 Período em que a Europa vivenciava o surgimento de


muitas empresas;
 Criação da conta de capital, que representava uma
dívida da empresa com o proprietário, registrada no
passivo, com a separação entre as figuras da entidade e
do proprietário.
 De Granges determinava a criação de cinco contas
gerais: “Capital”, “Lucros e Perdas”, “Caixa”,
“Mercadorias” e “Créditos e Débitos”.

(SANTOS; SCHIMIDT; MACHADO, 2005; IUDÍCIBUS; MARION; FARIA, 2018) 4


Escolas de Pensamento Contábil

Escola Contista

De Granges formulou uma regra que


ganhou foros de axioma. ‘Debitar aquele
que recebe e creditar aquele que
fornece’ é a regra ditada pelo autor da
teoria das cinco contas gerais.

(IUDÍCIBUS; MARION; FARIA, 2018) 5


Escolas de Pensamento Contábil

Escola Contista Sec. XV ao


sec. XVIII

 Outras inovações importantes da época:


 Avaliação de ativos não apenas pelo preço de aquisição,
mas também pelo custo incorridos na aquisição;
 Surgimento de um sistema embrionário de depreciação; e
 Utilização do balancete de verificação.

(SANTOS; SCHIMIDT; MACHADO, 2005; IUDÍCIBUS; MARION; FARIA, 2018)


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Escolas de Pensamento Contábil

Escola Lombarda

 A Escola Lombarda, também conhecida como Escola


Administrativa, teve origem com os estudos de Francesco
Villa, em 1840, e com as contribuições de Antônio Tonzig,
considerado por muitos como o primeiro professor de
Contabilidade (SANTOS; SCHIMIDT; MACHADO, 2005).
 Tem como principal característica a junção da
Contabilidade com a Administração, sendo que essa
última ainda não havia se firmado como uma área
independente de estudo.

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Escolas de Pensamento Contábil
Escola Lombarda

...segundo essa escola do pensamento


contábil, a contabilidade deveria ser uma
disciplina destinada a interpretar a
dinâmica das empresas, ou seja, voltada
para o controle da gestão...

(IUDÍCIBUS; MARION; FARIA, 2018) 8


Escolas de Pensamento Contábil

Escola Lombarda

 Inovações dessa escola de pensamento:


 Avaliação de ativo permanente a preço corrente em
atividades comerciais e industriais;
 A desvinculação da contabilidade de cifras e
números;
 Estabelecimento do controle como objetivo da
contabilidade.

(SANTOS; SCHIMIDT; MACHADO, 2005)


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Escolas de Pensamento Contábil

Escola Personalista

 Assim como a Escola Contista, a Escola Personalista


baseia-se tem como foco as contas contábeis, mas de
forma a personaliza-las.
 Essa escola de pensamento contábil inicia-se com os
trabalhos de Francesco Marchi e, posteriormente,
pelos pensadores Giuseppe Cerboni e Giovanni Rosi.

(SANTOS; SCHIMIDT; MACHADO, 2005)


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Escolas de Pensamento Contábil

Escola Personalista

 Diferente da Escola Contista, a Escola Personalista


funda-se no fato jurídico dos direitos e obrigações.
Assim:
 Direito é um crédito;
 Obrigação é um débito;
 Diminuição do direito é um débito; e
 Diminuição de obrigação é um crédito.

(IUDÍCIBUS; MARION; FARIA, 2018)


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Escolas de Pensamento Contábil

Escola Controlista

 Surge no final do século XIX com Fabio Besta, que


retorna com a ideia de controle tratada por Francesco
Villa (da Escola Lombarda).
 Outros pensadores da Escola são: Vittorio Alfieri, Carlo
Ghidiglia, Pietro Rigobon e Pietro D’Alvise.
 Na visão da Escola Controlista, a Contabilidade estuda e
enuncia as leis do controle, colocando-as em prática.

(SANTOS; SCHIMIDT; MACHADO, 2005)


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Escolas de Pensamento Contábil

Escola Controlista
 As principais características da Escola Controlista
são:
 Preocupação com o usuário interno;
 Distinção entre administração geral e econômica;
 O patrimônio é o resultado líquido entre ativo e
passivo, introduzindo a visão econômica em
oposição à jurídica.

(SANTOS; SCHIMIDT; MACHADO, 2005)

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Escola Norte-Americana de Contabilidade

 A Escola Norte-americana surgiu em 1887, com a criação da


American Association of Public Accountants (AAPA), atual
conhecida como American Institute of Certified Public
Accountants (AICPA).
 Tem como principal característica a tentativa de padronizar
a sistemática de mensuração, registro e divulgação dos
números contábeis.
 Busca uma diferenciação entre a Contabilidade Financeira
(ou Societária), voltada para o usuário externo e a
Contabilidade Gerencial, voltada para o usuário interno.

(SANTOS; SCHIMIDT; MACHADO, 2005) 14


Escola Norte-Americana de Contabilidade

 Primeira fase da AAPA (1887 a 1905):


 Início de programas de profissionalização da Contabilidade;
 Em 1892, foi criado o College of Accounts para certificar os profissionais da
Contabilidade;
 A partir de então o New York Institute of Accounts (NYIA) passou a lutar pela
prova de capacitação profissional;
 Em 1896, o Estado de Nova York autorizou o NYIA a emitir o certificado de
capacitação profissional.

(SANTOS; SCHIMIDT; MACHADO, 2005)


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Escola Norte-Americana de Contabilidade

 Segunda fase da AAPA (1905 a 1916):


 Criação da revista Journal of Accountancy em 1905;
 Em 1916, um núcleo abandona a associação e cria o American Institute of
Accounting (AIA);
 Em 1916 um grupo de professores saem do AIA e criam o que hoje é conhecido
como American Accounting Association (AAA);
 Os contadores da indústria também marginalizados, criam o National Association
of Cost Accounting (NACA), hoje conhecido como Institute of Management
Accountants (IMA).

(SANTOS; SCHIMIDT; MACHADO, 2005)


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Escola Norte-Americana de Contabilidade

 Quarta fase da AAPA (1936 a 1959):


 Período marcado por publicações importantes para a regulação contábil pelo AIA;
• Accounting Research Bulletin (ARB);
• Extensions of Auditing Procedure;
• Accounting Terminology Bulletins (ATB).

(SANTOS; SCHIMIDT; MACHADO, 2005)


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Escola Norte-Americana de Contabilidade

 Em 1973 tem-se a criação do Financial Accounting


Standards Board (FASB) que possui o importante
papel de divulgar as normas contábeis aceitas nos
EUA (FASB Statements), ou seja, o USGAAP.
 O padrão norte-americano foi muito importante e
influenciou o padrão contábil de diversas outras
nações até o início dos anos 2000, quando o
International Accounting Standard Board (IASB),
responsável pela divulgação do padrão IFRS de
contabilidade, passa a ser o ator principal da
normatização contábil.

(SANTOS; SCHIMIDT; MACHADO, 2005)


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Escola Norte-Americana de Contabilidade

 Nascido no Reino Unido como International


Accounting Standard Committee (IASC), em 1973
(3 dias após a criação do FASB), pode-se dizer que
o IASB representa desde sua fundação uma
tentativa de unificar os diversos GAAPs existentes
ao redor do mundo.
 Atualmente, possui como principais desafios:
 Atender a necessidade de diversos países, com
diferenças culturais significativas;
 Alinhar as orientações junto ao FASB.

(SANTOS; SCHIMIDT; MACHADO, 2005)


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Contabilidade Normativista versus Positivista

 A Contabilidade também evolui a partir do contato com o mundo


acadêmico.
 Existem duas correntes predominantes de pesquisas que tem formas
diferentes de enxergar a produção da informação contábil.
 As Teorias Normativas partem de regras/normas de como a
Contabilidade precisa ser. Ou seja, tem-se um mundo ideal.
 Já as Teorias Positivistas, influenciadas pelo pensamento da Economia
da Universidade de Chicago (EUA), utilizam estratégias empíricas para
testar, por meio de hipóteses, os pressupostos teóricos construídos.
 A partir dos anos 1970, o positivismo passa a ganhar mais adeptos ao
redor do mundo.

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Contabilidade Normativista versus Positivista

(FLORES; BRAUNBECK; CARVALHO, 2018)

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Contabilidade Normativista versus Positivista

As teorias normativas não são


necessariamente baseadas na observação e,
portanto, não necessariamente refletem a
prática contábil corrente. De uma maneira
prática e simplificada, o positivismo fica no
nível no framework e o normativismo, no
nível dos pronunciamentos.

(FLORES; BRAUNBECK; CARVALHO, 2018)

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Contabilidade Normativista versus Positivista

...o Princípio (ou a Convenção) do Conservadorismo, tido pelos


Normativistas como necessário a adicionar credibilidade às
Demonstrações Contábeis e a neutralizar um pouco o
normalmente excessivo otimismo dos gestores, é visto pelos
Positivistas simplesmente como uma regra criadora de assimetria:
as más notícias são divulgadas rapidamente (provisões para
perdas, por exemplo), mas as boas esperam por fatos
corroboradores (realização da receita, por exemplo).

(MARTINS, 2005)

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Contabilidade Normativista versus Positivista

 Apesar de a Teoria Normativa e Positiva coexistirem no presente,


há uma predominância muito superior de pesquisas Positivistas
tanto no Brasil quanto no exterior;
 Os principais periódicos acadêmicos nacionais e internacionais
consideram apenas pesquisas de caráter positivistas,
desincentivando pesquisas normativistas.

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As Áreas da Contabilidade

 A Contabilidade apresenta duas grandes áreas: uma voltada


para os usuários internos (gestores) e outra voltada aos
usuários externos (investidores e credores).
 No primeiro caso, a chamamos de “Contabilidade
Gerencial” e, no segundo, de “Contabilidade Societária”
(também chamada de “Contabilidade Financeira”).

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As Áreas da Contabilidade
Independentemente de qual área se trata, a Contabilidade visa fornecer aos seus
usuários informações relevantes para o processo de tomada de decisão, reduzindo
a assimetria de informação existente em um determinado contexto.

USUÁRIOS USUÁRIOS
INTERNOS EXTERNOS

CONTABILIDADE GERENCIAL CONTABILIDADE SOCIETÁRIA


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O Papel da Contabilidade

Já a Contabilidade Societária, enquanto uma provedora de informações úteis


para o processo de tomada de decisão dos usuários externos, possui um
importante papel para reduzir a assimetria de informação intrínseca aos
mercados.

INFORMAÇÕES
EMPRESAS INVESTIDORES
CONTÁBEIS
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O Papel da Contabilidade

TEORIA DA AGÊNCIA

INTERESSES

DONOS DO CAPITAL GESTORES


(principal) (agentes)
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As Áreas da Contabilidade

 Uma outra diferença entre as áreas é o fato da Contabilidade


Societária ser altamente regulamentada, enquanto a
Contabilidade Gerencial possui flexibilidade em relação às
práticas que podem ser adotadas para geração de informação.
 A Teoria da Contabilidade foca especificamente na Contabilidade
Societária, em função da padronização provocada pelas normas
contábeis vigentes.

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Divulgações Obrigatórias

 Na Contabilidade Societária existem divulgações obrigatórias que


determinadas empresas precisam evidenciar periodicamente, a
saber:
1. Balanço patrimonial;
2. Demonstração do resultado do exercício;
3. Demonstração do resultado abrangente;
4. Demonstração das mutações do patrimônio líquido; CPC 26 (R1)
5. Demonstração do fluxo de caixa;
6. Notas explicativas; e
7. Demonstração do valor adicionado (Lei 11.638/07).

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As Áreas da Contabilidade

 Além das informações obrigatórias, existem diversos demonstrativos cuja


divulgação são de natureza voluntária.
 A Teoria da Divulgação na Contabilidade prevê que a divulgação voluntária,
seguindo a lógica da Teoria dos Jogos da Economia, pode ser motivada por fatores
de autopromoção da organização.

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As Áreas da Contabilidade

Relatório de
Sustentabilidade
(GRI Abrangente)

Vale (2017)

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As Áreas da Contabilidade

Em muitos contextos as informações de caráter voluntário não apresentam um


padrão definido de divulgação, o que contribui para alterações nos dados
divulgados de um ano para o outro, gerando dificuldades de comparabilidade.

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As Áreas da Contabilidade

 Voss (2016), por exemplo, analisou o discurso da Petrobras em relação às


informações da Contabilidade Social e Ambiental (CSA) divulgada pela
companhia ao longo do tempo e conseguiu identificar alterações
significativas na forma como os dados são apresentados e estruturados pela
entidade.
 Apesar das críticas às divulgações de caráter voluntário, têm crescido a
importância de relatórios relacionados com informações de
sustentabilidade, nos quais a Contabilidade apresenta papel fundamental.
São exemplos:
 Balanço Social;
 Relatório de Sustentabilidade; e
 Relato Integrado (metodologia de divulgação).
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Leitura Complementar Obrigatória
Frezatti, F., Aguiar, A. B., & Guerreiro, R. (2007). Diferenciações entre a contabilidade financeira e
a contabilidade gerencial: uma pesquisa empírica a partir de pesquisadores de vários países.
Revista Contabilidade & Finanças, 18(44), 9-22. Recuperado de
http://www.scielo.br/pdf/rcf/v18n44/a02v1844

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Obrigado!

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