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1 - Dor Aguda e Crônica

2 - Sensibilização Do Estímulo Doloroso

3 - Dor Neuropática, Nociceptiva,


Nociplástica
Hercilio Brighente Volpato
Médico Graduado pela UNESC-SC
Anestesista Graduado através do Hospital Regional do Alto Vale-SC
R4 em Área de Atuação em Dor pelo CEPON-SC

Abril/2022
• A dor aguda é o mecanismo de alerta da ocorrência de processo
patológico, seja traumático, inflamatório, infecciosos ou outras causas
que podem perdurar por algumas semanas

• Pode se dar por excesso de estímulos nociceptivos, sensibilização ou


hipoatividade dos mecanismos supressores da dor
• A dor aguda está presente em várias situações e condições clínicas:
- Dor pós-operatória,
- Dor pós-traumas
- Dor em emergências clínicas ( falcização, anginas, infecções)
- Dor obstétrica.
Transmissão da informação dolorosa

Estímulos
nociceptivos, Liberação de subastancia P, Recrutamento de células
inflamatórias (liberação
mecânicos, hidrogênio, ATP, AMP-c, de citocinas, serotonina,
térmicos e cininas prostaglandinas)
químicos

Estímulo vai para o corno


Mais precisamente, esses
dorsal da medula através
neurônios vão para as
das fibras Aδ e C (que vai
laminas I, II e V de Rexed
facilitar ou inibir a
(lâmina II**)
informação)
Sensibilização Tecidual
• Trauma tecidual libera substâncias como íons hidrogênio, neurocininas
(substância P, neurocinina A), ATP, AMP-e, cininas (bradicinina, calicreína) e
outras substâncias que atuam diretamente nos nociceptores, com o
recrutamento de células inflamatórias que liberam citocinas e serotonina, e
na fase seguinte surgem as prostaglandinas

• Todos atuam sobre os nociceptores, de maneira direta ou indireta,


sensibilizando-os.

• Na presença de todas essas substâncias, o processo inflamatório se instala e


ocorre a sensibilização periférica.
• No corno posterior da medula espinal, ocorre a modulação da
informação nociceptiva, onde pode haver facilitação ou inibição da
transmisssão nóxica.
• A evolução para dor crônica ocorre quando, mesmo com o fim do
fator causal, a dor persiste. Nessas situações, o controle adequado da
dor pode prevenir e evitar essa evolução, que pode atingir até 70% de
incidência em casos de pacientes submetidos a procedimentos
cirúrgicos
DOR • Lesão tissular imediata e duração limitada

AGUDA

DOR
• Se perpetua por longo tempo depois de a lesão tissular
já se ter resolvido ou curado
• Tende a responder mal ao tratamento

CRÔNICA • Requer uma abordagem multiprofissional e cuidados a


longo prazo.
DOR AGUDA DOR CRÔNICA
Desencadeada por lesão tissular imediata Perpetua-se após a cura ou resolução da lesão
tissular

Serve como um “aviso” de lesão ou agressão Não tem utilidade


tissular; protege contra lesões adicionais

Ativa os nociceptores Envolve sensibilização central e anormalidades


permanentes do SNC

Ativa sistema nervoso simpático Adaptação fisiológica


Duração limitada Longa duração
Remite com resolução ou cura da lesão Persiste muito tempo após a resolução ou a cura
da lesão

Associa-se diretamente a uma lesão, à condições Remotamente associada a uma lesão,


pós-operatórias e processos mórbidos procedimento cirúrgico

Responde ao tratamento Resistente ao tratamento


Dor crônica x dor aguda
• esses tipos de dor tem a ver com a duração dos sintomas, bem como
com a resposta fisiológica da pessoa – Segundo a IASP é considerado
dor crônica quando tem duração > 3 meses
Dor crônica
Segundo a IASP é considerado dor crônica
quando o sintoma tem duração > 3 meses
Dor aguda

Dor crônica não-


oncológica

Dor crônica
oncológica
• A sensibilização do corno dorsal da medula espinhal pode ser de diferentes
modalidades

- Wind up

- Sensibilização central

- Potencialização de longo termo


• Os terminais dos aferentes de fibra C contêm os mediadores excitatórias glutamato,
aspartato, substância P, neurocinina A e CGRP.

• O glutamato atua sobre os receptores NMDA, AMPA e metabotrópicos e, por meio de


vários eventos, aumenta a excitabilidade dos neurônios do corno posterior da medula
espinhal.

• A substância P ativa os receptores NK-1 no segundo neurônio, o qual produz um


aumento da atividade dos receptores NMDA.

• A ativação dos receptores NMDA, por vários eventos, leva à ativação de proteinocinase C
e ao aumento do cálcio intracelular.
• Esse aumento do cálcio promove a ativação da enzima óxido nítrico
sintetase (NOS) e estimula a transcrição de genes e a transcrição de
RNA mensageiro

• Aumentando a formação de receptores glutamatérgicos, NMDA,


tornando o neurônio mais sensível ao glutamato.

• Durante a inflamação prolongada, a ativação de cinases produz


mudanças na transcrição genética, levando a aumento do campo
receptivo, resposta exagerada ao estímulo normal e redução do
limiar para a ativação de novos impulsos
• A modulação inibitória descendente ocorre por meio dos sistemas
encefálicos e corticais( substância cinzenta periaquedutal, Núcleo
magno da rafe, do locus coeruleus , corno posterior bulhar e medular.

• Em nível medular, a inibição segmentar ocorre por atuação do sistema


gabaérgico

• A inibição suprassegmentar depende das vias descendentes, por


receptores de catecolaminas e receptores opioides
SENSIBILIZAÇAO CENTRAL

• Estimulo nóxico periférico persiste na ativação continua: Fibras C


• Alta frequência e longo período.
• Responsáveis: Receptores NMDA do glutamato papel importante na
potenciação a longo prazo (LTP).

LTP

• Consiste:  eficácia de uma sinapse excitatória após uma estimulação de


curta duração e alta frequência.

WINDUP

•  da resposta dos neurônios WDR (largo espectro dinâmico) da medula


espinhal. Estímulo repetitivo mas a baixa frequência.
Dores nociceptiva,
neuropática, nociplástica
Dor nociceptiva
• É o tipo de do relacionada a estímulos danosos ou potencialmente
danosos, reconhecidos e transmitidos pelos receptores dolorosos
desde a periferia até a medula, e dela, através de vias ascendentes,
até percepção consciente.
• É a dor produzida por qualquer tecido que não seja o nervo,
proveniente do estímulo a nociceptores, receptores de perigo.
Somática
• A dor somática ou estrutural é localizada mais facilmente pelo
paciente e com frequência está associada a traumatismo ou atividade
física
Dor Visceral
• A dor visceral pode ter origem nas cavidades torácica, abdominal,
pélvica ou craniana.

• Carater difuso, de localização imprecisa e frequentemente de difícil


identificação com o diagnóstico.

• Os sintomas mais comumente associados à dor visceral indicam


atividade do sistema nervoso autônomo
Dor neuropática
• Dor decorrente diretamente de lesão ou doença afetando o sistema
nervoso somático sensitivo.
• Dor neuropática central: Tipo de dor neuropática decorrente de lesão ou
doença que compromete o sistema nervoso central somatossensitivo
• Dor neuropática essencial: Dor neuropática primaria, sem etiologia detectável
• Não é necessária a estimulação dos nervos para que o paciente informe que sente dor.

• Muitas vezes como uma sensação de queimação ou cauterização

• Comumente, a dor neuropática é contínua, e não intermitente.

• Pode ser acompanhada por parestesias, sensações de calor ou frio, formigamento,


dormência ou paralisia.

• Quando por resultado da lesão dos nervos, é comum a dor neuropática se transformar
em um sintoma crônico
Dor Nociplastica
• É a dor proveniente do aumento da sensibilidade do sistema nervoso
central e, associada a dores de longa duração.
• É como se a lesão inicial já tivesse curado e o sistema nervoso central
continuasse produzindo dor. É uma dor de característica mais
desproporcional.

• Como se as vias de dor sofressem modificações que as sensibilizam e


modificam de modo que a presença da sensação desconfortável
acontece de modo espontâneo e independente da presença de lesão
tecidual.

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