A memória é o processo dinâmico que consiste na codificação, armazenamento e
recuperação de conteúdos mnésicos ou de informação. Adquirimos e armazenamos informação para a utilizarmos nas mais diversas situações da vida. Princípios básicos da memória
Sabe-se que a memória implica tratamento de informação. Para tal, distinguem-se
três tipos de operações que se interligam entre si, de modo, que umas não poderiam existir se as outras não existissem. Os tipos de operações existentes são:
Codificação Toda a aquisição de informação implica a
codificação dos dados informativos, isto é, a sua transformação de modo a poder ser armazenada na memória, ou seja, a codificação ( códigos visuais, acústicos ou semânticos). É a primeira fase do processo de formação de novas memórias; nova informação é introduzida, umas vezes automaticamente e outras mediante repetição ou elaboração na memória. Armazenamento É o processo mediante o qual mantemos na memória a informação que foi adquirida. A simples repetição da informação não é a forma mais eficaz de reter ou armazenar a informação. A melhor forma de o fazer consiste em analisar o significado da nova informação relacionando-a com informação já existente na memória. Recebe o nome de repetição elaborada. Reatualização A reatualização implica a recuperação dos ou recuperação conteúdos mnésicos de acordo com o modo como foram adquiridos e armazenados, ou seja, em fazer regressar à consciência o que fora memorizado. Reatualizar a informação depende do modo como a mesma está organizada e do uso de pistas que permitam iniciar a procura do que desejamos recuperar. Memória a curto prazo
O que é?
A memória a curto prazo é um sistema temporário de armazenamento que guarda a
informação durante o tempo que ela é utilizada. Atualmente os estudiosos preferem o termo «memória de trabalho» porque é com ela que trabalhamos sempre que conversamos, realizamos uma tarefa. Tal como uma secretária é uma área de trabalho onde utilizamos determinados materiais (caneta, caderno, livros, etc.) a M.C.P. é a área onde se atualizam e são utilizados os conteúdos mnésicos necessários em dados momentos.
Dentro da M.C.P. tem duas grandes componentes, a memória de trabalho e a
memória imediata. Memória de trabalho
A memória de trabalho é a área onde se colocam e são utilizados os conteúdos
mnésicos necessários em dados momentos. Utilizamos a memória de trabalho sempre que realizamos uma tarefa, como conversar com outra pessoa, por exemplo. Esta é uma forma de memória caraterizada por ser um espaço ativo de trabalho onde a informação está acessível para uso temporário. Memória imediata
A memória imediata é uma forma de memória com fraca capacidade de
armazenamento e de reduzida durabilidade, apenas consegue fixar 7 peças ou itens e, tem a capacidade de manter a informação captada num espaço de tempo de cerca de 20 a 30 segundos. Memória a longo prazo
O que é?
A memória a longo prazo é um tipo de memória relativamente duradoura na qual a
informação é armazenada para ser utilizada posteriormente. Para os estudiosos, a M.L.P. tem a capacidade de armazenar grandes quantidades de informação durante longos períodos de tempo. A informação é armazenada sobretudo mediante uma codificação semântica, que assenta no significado da informação. Os elementos informativos recém-chegados são associados e integrados em contextos significativos já formados. Podemos dizer então que a M.L.P. é um sistema composto por redes de associações entre conceitos. Texto p. 30 A memória a longo prazo é um sistema que se divide em dois subsistemas: a memória declarativa e a memória não – declarativa. Memória declarativa
A memória declarativa é um tipo de memória a longo prazo que armazena factos,
informações gerais e episódios ou acontecimentos pessoais. A memória declarativa subdivide-se em memória episódica e memória semântica.
Memória semântica subdivisão da memória declarativa
especializada no armazenamento de conhecimentos gerais. É denominada por muitos como “enciclopédia mental”, conhecimento geral sobre o mundo. Memória episódica subdivisão da memória declarativa que contém a memória dos acontecimentos que vivemos pessoalmente. É uma memória autobiográfica que armazena ou grava como se fosse um diário mental os episódios mais ou menos significativos da nossa vida. Memória não-declarativa
A memória não-declarativa é o tipo de memória que guarda as informações
adquiridas que nos permitem saber como realizar procedimentos motores. Comer com faca e garfo, guiar um automóvel, andar de bicicleta, tocar guitarra, piano, escovar os dentes, etc., são aptidões adquiridas de forma relativamente lenta, mas, uma vez adquiridas tornam-se comportamentos quase automáticos, que se executam com pouco esforço consciente e que duram, normalmente, toda a vida. Esquecimento e memória O esquecimento é uma condição necessária à memória, não sendo considerada uma doença. Sem o esquecimento muita informação inútil, desnecessária, incómoda e conflituosa não poderia ser afastada, o que perturbaria a nossa adaptação à realidade. Seria impossível conservar todos os materiais que armazenamos. O esquecimento tem uma função seletiva e adaptativa. O esquecimento pode ser definido como a incapacidade de recuperar dados que foram memorizados. Esquecimento regressivo e motivado
Esquecimento regressivo – degenerescência dos tecidos cerebrais- doença.
O esquecimento motivado - significa que esquecemos porque temos razões (estamos
motivados) para esquecer. Relação entre aprendizagem e memória
É a aprendizagem que determina o nosso pensamento, a nossa linguagem, as
motivações, as atitudes e a personalidade. Existem aprendizagens simples e aprendizagens complexas que implicam uma atividade mental diversificada. Inerente aos processos de aprendizagem está a memória. Só a memória nos possibilita reter o que aprendemos, para responder adequadamente à situação presente e proporcionar a possibilidade de projetar o futuro. A memória é a condição que torna possíveis os processos de aprendizagem. Só aprendemos quando o que adquirimos é retido e passível de recuperação. O próprio conceito de aprendizagem implica o de memória. Com efeito, a aprendizagem é uma mudança relativamente estável no comportamento como resultado da prática e da experiência. A estabilidade e a mudança dependem da memória: o novo saber só é novo se o anterior não tiver desaparecido e enquadra-se ou engloba os saberes possuídos como ultrapassados. Não poderíamos aplicar o saber adquirido a novas situações sem a relativa permanência que a memória assegura. Conclusão
Tanto a aprendizagem como a memória são
funções e capacidades essenciais para a nossa vida. A aprendizagem permite-nos adquirir novos conhecimentos, desenvolver novas competências e mudar os nossos comportamentos. A memória permite-nos adquirir e armazenar informação para a utilizarmos nas mais diversas situações da vida. A aprendizagem não existe sem a memória e vice-versa. Sem a aprendizagem, não conseguiríamos fazer coisas que nos são tão comuns, como por exemplo, ser estudante. Sem a memória, seriamos incapazes de existir simplesmente, pois, por exemplo, é através dela que conseguimos realizar até os mais básicos movimentos psicomotores.