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Classes

gramaticais:
Substantivo
O substantivo é a classe gramatical que nomeia seres,
qualidades, ações ou estados. Comporta propriedades, os
adjetivos, e flexiona-se em gênero, número e grau. O
substantivo funcionará na oração (frase com verbo) como
núcleo de um termo (sujeito,objeto, predicativo etc.),
principal palavra de uma seqüência no­minal (sem verbo).
Em “Bagdá foi atacada pelos americanos”,por exemplo,
“Bagdá” e “americanos”, substantivos na morfologia
funcionam sintaticamente como núcleos do sujeito e do
agente da passiva, respectivamente. O substantivo costuma
fazer o plural em “s” (o verbo faz o plural em “m”) e não
admite flexão no tempo (o verbo admite).
O artigo transforma qualquer palavra em substantivo. No texto a seguir, por exemplo, “quereres” e “estares” funcionam como substantivos e não como verbos:

O quereres e o estares sempre a fim Do que em mim


é de mim tão desigual

Caetano Veloso. "O quereres".


A
classificação
dos
substantivos
Concretos
Há quem passe pelo bosque e só veja lenha para fogueira.

Leon Tolstoi.

Os substantivos concretos possuem existência própria, independente, e


referem-se a elementos do mundo natural. A fada e o príncipe dos contos
maravilhosos são concretos, por­
que são apresentados sob forma humana. O
ar é concreto, pois, a exemplo daqueles, remete a um elemento do mundo
natural. São concretos: João (pessoa), Campinas (lugar), saci
(entidade), pedra (objeto), tempestade (fenômeno), senado (instituição).
Abstratos
A imaginação é mais importante que o conhecimento.

Albert Einstein.

Os substantivos abstratos dependem de algo para existir, a beleza só


existe se houver algo ou alguém belo. Designam no­
mes de qualidades, ações
e estados. Trata-se de categorias uni­
versais: bondade (qualidade),
vingança (ação), vida (estado).
A análise do substantivo, todavia, deve ser feita sempre no contexto, na
frase, pois um substantivo concreto pode assumir valor abstrato e vice-
versa. Observe os exemplos:
O prefeito quer a plantação de batata em todo o município
abstrato: o ato de plantar

A plantação de batata foi perdida por causa das chuvas


concreto: um pedaço de terra com batatas

O amor é um sentimento nobre


abstrato: o sentimento

Vem, amor, o arco-íris espera por nós.


concreto: a esposa, a namorada
Atenção
Em textos literários, sobretudo, a utilização de concretos no lugar de
abstratos e vice-versa consiste num efeito de sen­
tido, trata-se de uma figura
de linguagem denominada metonímia. Veja o exemplo:

O medo cortava os céus de Bagdá, as crianças choravam, pressentiam a morte.


Próprios

Indicam um ser da espécie: Bianca, França, Poliedro.

Há substantivos próprios que podem virar substantivos comuns e vice-versa.


Por exemplo:
Era um judas, a cidade o condenava.
Comum
Indicam um conjunto de seres da mesma espécie: criança, país,
montanha. Dependendo do contexto, o substantivo co­
mum vira
próprio e vice-versa. Veja o exemplo:
O técnico Leão assume o time do Palmeiras.

“Leão” é nome próprio, o ex-goleiro da seleção brasileira.

No texto a seguir, “Iraque” funciona como substantivo comum,


sinônimo de guerra prolongada, mais penosa:

Para alguns especialistas, a cidade do Rio está se tornando um


iraque latino-americano.
Coletivos
São assim chamados por designarem uma coleção de seres ou certas
entidades coletivas. Os coletivos classificam-se entre os
substantivos comuns: exército, par, cardume etc.
Simples
Substantivos simples são aqueles que possuem um só
radical: moleque, mula, freira.
Composto
E, desistindo do elevador,embriagatinhava escada acima.

João Guimarães Rosa. "Nós, os temulentos".

Os substantivos compostos possuem mais de um radical: girassol


(gira+sol), pão-duro.
O composto pode ser resumido por uma só palavra (uma unidade
semântica):
O pão-duro comia pão duro.

pão-duro = avarento
pão duro = pão endurecido
Primitivo
Os substantivos primitivos dão origem a outras palavras: ferro,
livro, tarde.
Derivado
Os substantivos derivados se originam de outras palavras: ferramenta,
livraria, entardecer.

A língua é uma fábrica de palavras; com um mesmo radi­


cal, pode-se criar
uma infinidade de palavras derivadas. Obser­
ve os neologismos do escritor:
Era o danado jagunço: por sua fortíssima opinião e recatado rancor, ensimesmudo, sobrolhoso,
sozinho sem horas a remedir o arraial, caminhando com grandes passos.

Guimarães Rosa. Tutameia

O termo “ensimesmudo” é formado por ensimesmado + mudo, sujeito fechado, taciturno. Já


“sobrolhoso” é formado por sobrolho (o conjunto das sobrancelhas) + oso (sufixo que dá ideia de
característica acentuada).
Flexão do
substantivo
O substantivo é uma classe gramatical variável, que apre­
senta flexão de gênero, número e grau. Por meio da flexão, é
possível indicar o masculino, o feminino, o singular, o plural,
o aumentativo e o diminutivo: menina, meninas, menininha.
A flexão permite ao enunciador expressar-se com mais econo­
mia de linguagem (menininho em vez de menino pequeno).
Em alguns casos, o singular representa o plural e vice-versa, o
sen­tido não é literal. Por exemplo:
Gênero
Os substantivos estão divididos em dois grupos, (mascu­ linos e femininos),
segundo a terminação do adjetivo. A regra geral é o uso da desinência o para o
masculino e a para o femi­nino (menino, menina), mas em alguns casos isso não
ocorre, como em réu-ré.

Alguns substantivos (biformes) possuem duas formas para indicar o gênero: uma
para o masculino e outra para o femini­
no. É o caso de “gatos” e “gatas”, homem e
mulher, doutor e doutora. Contudo, há os que possuem uma só forma e um só gênero
(uniformes) para indicar os seres do sexo masculino e feminino, por exemplo, a
pessoa, a vítima. Esses substantivos são chamados sobrecomuns. Há ainda os que
apresentam uma só forma (uniformes) para dois gêneros: o imigrante/a imigran­te,
o artista/a artista etc. e são classificados como comuns de dois gêneros.
Atenção
Tome muito cuidado para não confundir o gênero destes substantivos:

masculinos: o açúcar, o apêndice, o avestruz, o champanhe, o dó, o eclipse, o formicida, o guaraná, o saca-rolhas, o
telefonema.

femininos: a alcunha, a alface, a apendicite, a bacanal, a cal, a cólera, a dinamite, a ênfase, a mascote, a
sentinela.
Número
O plural no português é dado pela desinência “s” (com uma variante: “es”).
Veja os casos a seguir: coso, casas; estupidez, estupidezes; lírio, lírios;
Os compostos sem hífen seguem a mesma regra: malmequer - malmequeres.

Alguns substantivos só podem ser usados no plural: as al­gemas, os Alpes, os


Andes, os óculos, os parabéns, os pêsames, as reticências.

Há, ainda, os que podem ser usados no singular e no plural, conservando a


mesma forma: o/os conta-giros, o/os paraque­ das, o/os para-raios, o/os
porta-aviões, o/os porta-luvas, o/os porta-malas.
Grau
O aumentativo e o diminutivo apresentam-se analiticamente;
(com um adjetivo) ou sinteticamente (com um sufixo):

Casa grande - analítico

Casarão - sintético
Exercícios
1 - (FGV-SP) Assinale a alternativa em que a flexão dos compostos esteja de acordo com a norma culta.
A. Leões de chácara, prontos-socorros, quartas-feiras, guardas-noturnos.
B. Leões-de-chácaras, pronto-socorros, quartas-feira, guarda-noturnos.
C. Leões-de-chácara, pronto-socorros, quartas-feiras, guardas-noturno.
D. Leões-de-chácaras, prontos-socorros, quartas-feiras, guardas-noturnos.
E. Leões-de-chácara, pronto-socorros, quarta-feiras, guardas-noturno.

2 (UPM -SP) - Assinale a alternativa em que a flexão do substantivo está errada.

C. Os pés de chumbo
D. Os corre-corre
E. As públicas-formas
F. Os cavalos-vapor
G. Os vaivéns

3. (ITA) Indique a frase correta:

H. Mariazinha e Rita são duas leva-e-trazes.


I. Os filhos de Clotilde são dois espalhas-brasas.
J. O ladrão forçou a porta com pés-de-cabra.
K. Godofredo almoçou duas couves-flor.
L. Alfredo e Radagásio são dois gentil-homens.
04. (UFF) Na flexão dos diminutivos, o uso coloquial, com freqüência, se diferencia do uso prescrito pela gramática
normativa.

Assinale o par de palavras em que os DOIS USOS ocorrem:

A. Colherzinhas - florzinhas
B. Mulherzinhas - coraçõezinhos
C. Florezinhas - mulherezinhas
D. Mulherzinhas - coraçãozinhos
E. Colherezinhas - floreszinhas

05. (MACK) Aponte a incorreta:

F. Grã-duquesas, altares-mores.
G. Vaivéns, os leva-e-traz.
H. Flores-de-lis, navios-escola.
I. Malmequeres, bem-te-vis.
J. Aves-marias, guarda-noturnos.

06. (UFJF-MG) Assinale a alternativa em que aparecem substantivos simples, respectivamente, concreto e abstrato.

K. Água, vinho
L. Pedro, Jesus
M. Pilatos, verdade
N. Jesus, abaixo-assinado
O. Nova Iorque, Deus
07. (UF-SC) A alternativa em que o plural dos nomes compostos está empregado corretamente é:

A. Pé de moleques, beija-flores, obras-primas, navios-escolas.


B. Pés de moleques, beija-flores, obras-primas, navios-escolas.
C. Pés de moleque, beija-flores, obras-primas, navios-escola.
D. Pé de moleques, beija-flores, obras-primas, navios-escola.
E. Pés de moleques, beija-flores, obras-prima, navios-escolas.

08. (Univ. Fed. Viçosa) O plural dos nomes compostos está correto em todas as alternativas, exceto:

F. Ele gosta de amores-perfeitos e cultiva-os. ( )


G. Os vice-diretores reunir-se-ão na próxima semana.( )
H. As aulas serão dadas às segundas-feiras. ( )
I. Há muitos beijas-flores no seu quintal. ( )
J. A moda está voltando às saias-balão. ( )
Gabarito
1.A 2.B 3.B 4.B
5.E 6.C 7.C 8.D

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