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Oi!

Vamos fazer passo a passo a interpretação e resolução de um caso


clinico.
Antes de irmos direto ao caso clinico, vamos voltar alguns passos e
relembrar alguns conceitos que vão ajudar.

Leia com calma, para facilitar deixe um papel e caneta para você
realizar anotações se necessário, isso ajuda na fixação e
compreensão...
Alguns conceitos...
• Objetivo vamos entender como uma meta, ou seja é aquilo que pretendemos tratar no
paciente, geralmente descritos no futuro.
• Conduta manobras e técnicas que iremos utilizar no tratamento, ou seja tudo aquilo que
iremos utilizar para alcançar nosso objetivo.

Apesar da descrição parecer simples, alguns pontos podem causar confusão:


1- para alguns fica complicado colocar no papel de forma clara os objetivos de condutas, para isso
iremos sempre enumerar nossos objetivos com sua respectiva conduta.
2- para um mesmo objetivo você pode ter variações de várias condutas, por exemplo, em um tto onde o
treino de marcha é necessário, dependendo da patologia de seu paciente você pode aplicar de diversas
maneiras buscando sempre alcançar o objetivo principal... Ainda ficou confuso???
Ex: você não vai aplicar a mesma metodologia, frequência ou mesmo volume de um treino de marcha
para um paciente idoso, para um atleta P.O de LCA !! Ou seja você tem o mesmo objetivo que seria a
marcha porém variações necessárias de aplicação.
Alguns conceitos...
3- como se não bastasse, alguns objetivos podem preceder outros objetivos, por exemplo:
Se meu objetivo é melhorar a marcha, devemos ter em mente que o paciente deve ser capaz de ficar
em posição ortostática, certo??
Portanto, você pode precisar estabelecer como objetivo de curto prazo a aquisição do ortostátismo e
ai sim iniciar a marcha.

Chamamos estas etapas de pirâmide da reabilitação, ou mesmo pilares da reabilitação, é muito


importante seguirmos este esquema já que diversas funções acabam sendo resultado de um bom
funcionamento de outras estruturas.
Parece complicado, mas é muito
simples...
Tenha em mente cada requisito
para o funcionamento do corpo,
Vou te dar alguns exemplos:

Adianta você treinar força muscular


se seu paciente está se queixando
de dores?

É certo você trabalhar flexibilidade


e estabilização se eu tenho diversa
restrições de tecido?

É certo dar inicio a treino de gestos


desportivos sem antes ter feito
reabilitação de equilíbrio e
propriocepção?
CASO 1

Paciente V.S.B, 25 anos, sexo feminino, atleta de alto rendimento de ginastica artística,
compareceu à clínica para atendimento fisioterapêutico relatando dores há mais de 1 mês
em região lombar que muitas vezes irradia para MIE, relata piora ao iniciar os treinos
físicos e técnicos, e também nos momentos de aterrisagem no solo para finalização da
sequência de movimento (EVA 7), apresentando melhora do quadro após repouso. Não
realizou qualquer tipo de intervenção para melhoria da dor. Rotina de treino: treino técnico
3x por dia, treino físico específico 1x dia.

o Ok! Temos várias informações, vamos separar por pontos:


Vou grifar de AMARELO o mecanismo de lesão.
Vou grifar de VERMELHO a sintomatologia do paciente.
Vou grifar de AZUL as demais informações de melhora e piora do quadro
CASO 1
o Nós separamos os dados relevantes para darmos inicio, agora para ficar mais claro
vamos anotar separadamente todos os sintomas que ele apresenta, qual possível
mecanismo de lesão e as informações adicionais relevantes para meu plano de tto.

Sintomatologia Mecanismo de lesão Infor. Adicionais

• Dor lombar irradiada para • Atleta de alto rendimento • Piora dos sintomas no inicio
MIE - (EVA 7) de ginástica artística. dos treinos físicos e técnicos.
• Sintoma presentes há mais • Rotina de treino: treino técnico • Piora dos sintomas durantes
de 1 mês. 3x dia, treino físico específico 1x as aterrisagens.
dia. • Melhora do quadro com repouso.
CASO 1
A-) Qual o possível diagnóstico?
R: Neste caso clinico observamos uma espondilólise sem escorregamento do corpo
vertebral.

B-) Explique o mecanismo de lesão.


R: O mecanismo de lesão mais comum é a hiperextensão em geral causada pelo impacto
contra o solo na saída dos aparelhos ou mesmo finalizações dos saltos, também podemos
citar mecanismos de torções durante os exercícios, tais como movimentos em parafuso,
além destes podemos citar hiperlordose e desequilíbrio muscular associados.
Mecanismo de lesão
• Atleta de alto rendimento Lembra que já tínhamos separado os dados dós possíveis mecanismos
de ginástica artística. De lesão? Ou seja neste caso o mecanismo era o próprio esporte, ela
• Rotina de treino: treino faz ginástica artística (visualizem isso, os movimentos...) Oferece muito
técnico impacto ao solo durante as aterrisagens, movimentos de hiperextensão
3x dia, treino físico específico 1x Associando estas informações com o conhecimento que possuem do
dia. Funcionamento biomecânico conseguimos explicar o pq da lesão.
Sintomatologia
CASO 1 • Dor lombar irradiada
para
MIE - (EVA 7)
C-) Elabora um TTO a curto prazo o que eu vou tratar AGORA??
• Sintoma presentes
Primeiro vamos elaborar os objetivos seguindo os pilares há mais
Neste caso vou MANTER a OBJETIVOS de 1 mês (crônico)
ADM porque a paciente é
uma atleta de alto rendimento
1- Reduzir quadro álgico em região lombar. Principal reclamação da
paciente., e também um
e não apresenta restrição, porém 2- Manter condicionamento cardiovascular. fator incapacitante, olhe
não posso ter redução durante o
3- Manter ADM global. lá nos pilares!!!
tto.
4- Aumentar força muscular de estabilizadores de tronco.

Sabemos que na espondilólise posso ter um fator de desequilíbrio muscular,


pensando que diversos músculos estabilizadores de tronco tem fixação na coluna
e possuem papel essencial em seu equilíbrio e auxílio de sustentação, este entra
em nosso objetivo seguindo os pilares.
OK!! Agora que já elaboramos os objetivos levando em consideração:
- Analise da sintomatologia;
- Ordem de tratamento utilizando a pirâmide da reabilitação;
- Enumeramos os objetivos para darmos continuidade.

Agora vamos determinar as respectivas condutas para cada um deles,


LEMBRANDO QUE!!! Um objetivo pode apresentar várias condutas diferentes.

1º passo: vamos escrever a conduta número 1 que é respectiva ao objetivo


número 1.
Obs: se o seu objetivo 1 apresentar mais que uma conduta, ele ainda vai ser
descrito no 1!!!!
EU VOU REESCREVER O OBJETIVO PARA FICAR MAIS FÁCIL A
VISUALIZAÇÃO, MAS NÃO PRECISA OK!!
• Reduzir quadro álgico em região lombar.
1-) Recursos de eletrotermofototerapia (TENS, corrente interferêncial, US etc) em
região lombar.
Ex: TENS burst – frêq 1 a 2 hz , pulso 100us a 200us, tempo: 30 a 40 min.
Interferêncial – portadora 4000, AMF 25 a 75hz, F 50%, Slope 1:1, quadrático, tempo: 30
min.
US contínuo 1Mhz, 0,8 a 1,2 W/ cm², tempo: determinar pelo tamanho da esfera.

Aqui coloquei vários exemplos de recursos que vocês poderiam estar utilizando, citando o
parâmetro, tempo de aplicação e principalmente o local de aplicação.
LEMBRE- SE você não precisa utilizar TODOS estes recursos!!!
• Manter condicionamento cardiovascular.
2-) Adaptação de atividade para manutenção cardiovascular com redução de
impactos.
Ex: 40 a 50 minutos bicicleta ergométrica com variação de intensidade.
30 a 40 minutos exercícios resistidos adaptados em meio aquático (variação de corrida
estacionária/ corrida com resistência elástica + associação de MMSS).

Neste caso levando em consideração o mecanismo de lesão da paciente (impacto em


solo, e movimentos exacerbados de hiperextensão associados com um possível
desequilíbrio muscular) teremos que realizar uma alteração ou mesmo adaptação dos
exercícios para condicionamento cardiovascular.
Citei a possibilidade de utilização de meio aquático com uma corrida estacionária com e
sem resistência elástica, possibilitando aumento de aporte cardíaco e redução de impacto.
• Manter ADM global.
3-) Exercícios de energia muscular para MMII (flexores, extensores, RI, RE, adutores e
abdutores de quadril) sendo 3 séries de 3 repetições com 4 seg contração + 4 seg
relaxamento.
Exercícios ativos para mobilidade escapular em DD com deslizamento de MMSS em
plano escapular – 3 séries de 10 repetições
Exercícios ativos para mobilidade escapulotorácica em DL, flexão de quadril + flexão
de joelhos, ombros em flexão 90º seguidos de movimentos de circundução unilateral da
art. Glenoumeral dentro da ADM permitida, mantendo a lombar estabilizada- 3 séries de 10
repetições.

Energia muscular – repare que na conduta eu citei quem (grupamento muscular) eu irei
trabalhar, além disso citei SÉRIES e REPETIÇÕES + o tempo de contração e relaxamento
que foi aplicado em cada.
Exercícios ativos – eu citei o posicionamento do paciente (decúbito) + membros sup/ inf, e
também o movimento que irá realizar, além disso SÉRIES e REPETIÇÕES.
• Aumentar força muscular de estabilizadores de tronco.
4-) Exercícios isométricos para fortalecimento do CORE:
Prancha pilar sendo 2 séries de 1 minuto unilaterais.
Prancha com braços em flexão + abdução de MMII sendo 2 séries de 10 repetições
unilaterais.
Prancha lateral sendo 2 séries de 1 minutos unilaterais.
Dead bug sendo 2 séries de 12 repetições unilaterais.

Neste caso coloquei ênfase nos exercícios isométricos pelos benefícios oferecidos em
relação ao quaro de lesão da paciente.
Isometria – presença de contração muscular, de maneira estática, favorece o controle
motor e estabilidade.
Observe que eu citei as SÉRIES e REPETIÇÕES, além disso não podemos esquecer que
estamos aplicando isometria então tenho que apontar o TEMPO de isometria.
Também não se esqueçam que nos casos de alguns exercícios eu tenho que citar se o
número de séries foi unilateral, então por exemplo: são 2 séries CADA MEMBRO de 12
repetições ou de isometria.

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