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BREVE
JULIA GARCIA DURAND
8L
A psicoterapia Breve: uma introdução
(Enéas, 1999)
■ O grande impulso para o desenvolvimento das psicoterapias breves foi o fim da segunda guerra
mundial, período no qual enfrentou-se a exigência de um atendimento mais pronto a um maior
número de pessoas.
■ Neste momento, as tentativas de Ferenczi e Rank, de abreviar e intensificar o tempo das
psicoterapias que seguiam o modelo clássico da psicanálise, ganharam uma nova perspectiva e um
novo alento.
■ Em 1946, Alexander e French publicaram o que viria a ser considerado, posteriormente, o “marco
inicial” da psicoterapia breve psicodinâmica, fruto de anos de pesquisa no Instituto de Psicanálise
de Chicago.
■ Este trabalho proporcionou o surgimento de muitas propostas de técnicas psicoterápicas de tempo
mais breve que visavam, neste primeiro momento, objetivos tidos como ambiciosos, pois
pretendiam a resolução do que era chamado o “conflito nuclear” (Malan, 1976).
■ Inicialmente nos EUA, e depois na Inglaterra, Canadá, Suiça, Noruega e mais
tardiamente no Brasil houve o desenvolvimento de programas de pesquisa buscando
a comprovação da eficácia de diversas formas de tratamento psicoterápico, as formas
mais abreviadas de psicoterapia psicodinâmica e a especificação da população que
melhor poderia beneficiar-se desses métodos. Tratava-se do aperfeiçoamento dos
critérios de seleção (Bergin, 1971).
■ Desta forma, o movimento das psicoterapias breves foi crescendo desde seu início, tanto
pelo aumento de seus adeptos e praticantes, quanto pela ampliação de suas
possibilidades de atendimento.
■ O desenvolvimento destas propostas levou a uma diminuição da ênfase sobre os
critérios de indicação e a uma preocupação maior com a participação do terapeuta
no processo e com a capacidade do paciente em estabelecer um bom
relacionamento terapêutico (Messer e Warren, 1995).
■ Ampliação das possibilidades de atendimento das técnicas breves. Modificando a
pretensão inicial de resolver os conflitos nucleares de pacientes neuróticos, esta nova
perspectiva permitiu o atendimento de qualquer indivíduo que pudesse estabelecer uma
boa aliança de trabalho com o terapeuta, procurando solucionar mesmo aspectos
limitados de sua problemática.
■ No bojo deste processo surgiram propostas diversas quanto à duração, estruturas, táticas,
objetivos e mesmo focos diferentes e múltiplos.
■ Contudo, seus aspectos específicos e definidores permanecem sendo “um conjunto de fatores
técnicos que incluem a limitação de objetivos, a manutenção do foco e o uso terapêutico do
tempo” (Koss, Butcher & Strupp, 1986:60).
■ Uma terapia que tenha curta duração não será necessariamente breve, a menos que
circunscreva o problema a ser trabalhado, visando à obtenção de um objetivo específico e
que empregue os recursos técnicos e a duração temporal de forma articulada, a fim de dar
um sentido coerente ao processo terapêutico.
Sobre o pagamento
Há um descompasso entre a expectativa do paciente quanto ao problema que espera ser mudado e o
treinamento do terapeuta para “promover o desenvolvimento total” do indivíduo.
Em tais casos parece mais condizente oferecer um tratamento sério que contemple as necessidades
do indivíduo de forma satisfatória para ambos (Enéas, 1993).
■ As pesquisas proporcionaram o desenvolvimento de uma teoria da técnica psicoterápica
de tempo limitado, permitindo articular recursos terapêuticos de forma a conduzir
eficazmente o tratamento, visando desde alívio de sintomas até melhoras mais
duradouras de padrões relacionais, anteriormente, desadaptados, ampliando as
indicações das psicoterapias de tempo limitado.
■ Em consequência disto, tornou-se viável atender diversos tipos de problemas, desde
situações críticas circunstanciais, previsíveis ou não, desencadeadas por fatores
externos, até problemas emocionais menos atuais, para os quais, anteriormente, apenas
eram recomendados tratamentos de longa duração.
Instrumentos de avaliação da
personalidade
■ Partindo de uma avaliação inicial do funcionamento da personalidade do indivíduo e
das circunstâncias de seu meio, os instrumentos possibilitam um planejamento de
intervenções que possam trabalhar um aspecto específico do problema
diagnosticado, visando um objetivo limitado, quando comparado a um tratamento
sem prazo determinado.
De acordo com Yoshida, os autores do terceiro estágio correspondem mais propriamente ao que se
pode chamar de primeira geração de Psicoterapia Breve Psicodinâmica, apesar de terem recebido
forte influência dos autores que os precederam.
Primeiro estágio: Ferenczi
■ As modificações introduzidas por Rank estavam ligadas não só a questões técnicas, mas a uma
diferente concepção etiológica da neurose, que foi refutada por Freud. Dava importância central ao
“trauma do nascimento”, gerador da “ansiedade primordial”, considerando-o como hipótese
picodinâmica subjacente a toda neurose.
■ O próprio Rank , de acordo com Marmor (1979), com o passar dos anos, deixou de lado a idéia de
trauma de nascimento como a questão central, substituindo-a pelas questões ligadas, segundo ele,
aos polos entre os quais o ser humano se move: o da ligação emocional e dependência, por um
lado, e o da separação e independência, por outro.
■ Esta concepção viria mais tarde a ser considerada essencial por James Mann (1973) em sua
proposta de psicoterapia de tempo limitado.
■ Apesar das inúmeras críticas que recebeu, Rank deixou contribuições significativas para a PB,
como o estabelecimento prévio de uma data para o término da análise e o conceito de
“willtherapy”, que, segundo Marmor (1979), é um precursor do conceito de “motivação para
mudança”, considerado atualmente como um dos importantes critérios de indicação para
tratamentos breves.
Segundo estágio: Alexander e
French
■ Alexander e French (1946), alguns anos mais tarde, retomaram as tentativas de
abreviar o processo analítico, e seu trabalho é considerado por diversos autores
como o verdadeiro marco inicial da psicoterapia breve. Enfatizaram, como
Ferenczi, a experiência emocional mais do que a rememoração, e viam a cura
como uma experiência em que a atitude do analista, diferente da dos pais, permite
uma correção da relação infantil.
■ Modelo pulsional/estrutural
Pulsão
No ser humano o impulso não inclui apenas a resposta motora mas
inclui o estado de excitação mediada por uma mente diferenciada.
CATEXIA
Agressivo
cuja energia associada chama-se agressividade.
Pulsão sexual
■ São forças instintivas já em atividade no bebê, influenciando seu
comportamento e buscando gratificação.
Base da produção dos desejos sexuais adultos
■ FONTE – SOMÁTICA - são as excitações corporais, ditadas pela necessidade de sobrevivência (fome).
■ FINALIDADE – SEMPRE A MESMA: descarga da excitação para que o psiquismo volte ao equilíbrio
(saciação).
(Pulsões sexuais se apoiam nas funções de autoconservação para sua descarga e extravasamento).
TEORIA DAS
PULSÕES
Segunda etapa
2ª. Etapa – se inicia com o narcisismo
■ Volta-se para entender o Lugar para onde se dirige a libido (se para fora ou para dentro
do corpo)
■ Narcisismo Primário –
Ego como reservatório de energia libidinal (objetos exteriores ainda não existem) total
indiferenciação entre id e ego.
■ (melancolia)
TEORIA DAS
PULSÕES
Terceira Etapa
3ª. Etapa:
Pulsões de vida e pulsões de morte
Pulsões de morte
■ Compulsão à repetição/inercia.
■ Força construtiva que tende a organizar o organismo em conjuntos cada vez mais
complexos.
Teoria da Angústia
Primeira teoria da Angústia
Angústia real ou realidade de angústia
Susto, ansiedade e medo
Segunda ■
■
Redefinição dos objetivos a serem alcançados.
Este movimento ensejou a revisão de
geração: conceitos anteriormente estabelecidos e a
formulação de outros tantos conceitos que
■ “O uso que Freud faz do termo ‘objeto’ é […] um tanto diferente do uso que faço, pois
ele está se referindo ao objeto de um alvo pulsional, ao passo que eu tenho em mente,
além disso, uma relação de objeto que envolve as emoções, fantasias, angústias e
defesas do bebê” (idem).
Klein
■ Sabe-se que amplitude conceitual e a importância teórica e clínica do objeto na
psicanálise kleiniana exerceram uma forte influência sobre autores de diferentes
correntes psicanalíticas.
■ Mesmo não sendo considerada, propriamente, uma autora da teoria das relações de
objeto, na medida em que nunca abandonou a forte referência à teoria pulsional –
sobretudo pela irrestrita adesão ao conceito de pulsão de morte –, serviu-se da noção de
objeto para descrever um campo que engloba experiências desde as mais primitivas, até
as subjetivamente mais complexas, como aquelas relacionadas aos processos de
sublimação e simbolização.
Fantasias Inconscientes e objetos internos
■ Menores preocupações técnicas do que no modelo anterior, e menor interesse pelo estudo de aspectos
como limites estritos de tempo e critérios de seleção.
■ No estabelecimento do foco, estas PB apoiam-se menos num único constructo teórico, como as
anteriores se apoiaram no complexo de Édipo, e dão maior importância à experiência, a relação e ao
“aqui e agora”, o que resulta numa maior diversidade de focos clínicos.
■ Ao invés de propor abordagens técnicas específicas, como a confrontação sistemática das resistências e a
interpretação precoce da transferência, priorizam a relação terapêutica e os padrões de relacionamento
interpressoal que o indivíduo estabelece, e encaram o terapeuta como observador participante.
Críticas
■ As críticas que têm sido dirigidas a esse modelo se referem exatamente a essa menor
preocupação com a técnica e à dificuldade de se utilizar, dentro deste contexto, os
métodos tradicionais de pesquisa. Posteriormente, no entanto, foi desenvolvida uma
metodologia de pesquisa mais adequada a esta abordagem, que possibilitou uma
produção expressiva de trabalhos, especialmente nas décadas de 80 e 90.
■ Nos últimos anos tem-se observado uma
tendência a integrar técnicas e conceitos de
diferentes tradições terapêuticas, com o
objetivo de aumentar a eficiência e o espectro
de aplicação das psicoterapias.
■ As evidências de que não existe uma
modelo
■ Mann (1973), um dos autores desta geração
baseou sua proposta nos quatro constructos
principais contidos nos modelos anteriores:
■ Sua visão da psicopatologia leva em conta quatro aspectos: a hipótese estrutural; a teoria do
narcisismo e o desenvolvimento da auto-estima; a teoria das relações objetais; a perspectiva do
desenvolvimento.
■ Além disso, coloca como questões centrais o tempo e a separação, priorizando o conflito humano
entre infinito e tempo real. O conflito neurótico, para ele, resulta do desejo de se unir a um objeto,
recriando a ligação mãe bebê, ao lado do desejo de se tornar uma pessoa separada e independente.
■ A questão do tempo, central nesta abordagem, fez com que ele estabelecesse um limite estrito de 12
horas de tratamento, divididas de acordo com a necessidade do paciente, em relação à duração e
freqüência das sessões.
■ A idéia é que os conflitos e ansiedades relacionados com separação e perda, que representam
para ele um tema central, sejam ativados e trabalhados. A atitude do terapeuta é empática, não
confrontativa, e ele se utiliza das interpretações transferenciais, análise da resistência e reconstrução
genética.
crítica
■ As principais críticas feitas a Mann se referem ao fato dele ter generalizado para todas
as neuroses um tipo de conflito básico, universal. Além
■ disso, sua técnica, de acordo com Malan (1976), está entre as mais radicais. A tentativa
de integração, a nível teórico, acabou não resultando numa técnica mais flexível e de
aplicação mais ampla.
■ Nos anos mais recentes, a integração de diferentes abordagens tem sido buscada de três maneiras
principais:
■ 1. Na procura dos fatores comuns aos diversos modelos, que poderiam ser os responsáveis pelo
sucesso de diferentes tipos de psicoterapia. A pesquisa sobre que características da relação e da
situação terapêutica favorecem a melhora do paciente, apesar das diferenças teóricas e técnicas,
levou alguns autores, como Garfield (1989), a propor um modelo de PB que priorize estas
características.
■ 2. No ecletismo técnico (aqui é preciso um certo cuidado com a conotação muito negativa que em
geral se atribui ao termo “eclético”, no sentido de uma mistura indiscriminada e sem critério de
técnicas diversas, muito diferente do sentido original, derivado do grego, que significa “seletivo”):
uma maior flexibilidade, que permite ao terapeuta lançar mão de diferentes recursos, adaptados às
necessidades de cada caso. Esta é uma postura mais pragmática e mais baseada na prática clínica,
que dá menor importância à teoria e prioriza as necessidades de cada paciente. As PB propostas
por Wolberg (1980) e Bellak (1992) podem ser consideradas como representantes desta tendência.
■ 3. Nos esforços de integração teórica. O que diferencia este tipo de terapia integrativa é que há
uma teoria que liga o uso de diferentes técnicas e que procura embasá-lo, como na proposta de
Prochaska (1995).
Prochaska
■ Sua abordagem, que ele denominou “terapia transteórica” (transtheoretical therapy), e
que considera eclética e integrativa, iniciou-se com uma análise comparativa dos
maiores sistemas de psicoterapias, na busca do que cada sistema tinha de melhor a
oferecer.
■ Essa busca foi orientada pelo objetivo de procurar contribuições para construir um
modelo de terapia e uma teoria do processo de mudança, de bases empíricas. Seu
objetivo não é a simples combinação ou mistura de abordagens, mas a busca de uma
teoria que seja mais do que a soma de suas partes, e que leve a novas direções na
pesquisa e na prática.
■ A terapia que propõe é adaptada a cada paciente, de acordo com o estágio do processo
de mudança em que este se encontra, e com o tipo e profundidade de problemas que
apresenta. Esta adaptação se refere tanto à estrutura do trabalho (número e freqüência de
sessões, por exemplo), quanto às estratégias utilizadas e aos objetivos estabelecidos.
Críticas
■ Estas tentativas de integração, que são o objetivo do modelo eclético de PB, encerram
enormes dificuldades e estão sujeitas a muitas críticas.
■ É sempre um risco utilizar um conceito ou mesmo uma técnica fora de seu contexto,
pois isto necessariamente modifica seu significado. Além disso, estas propostas exigem
de quem vai utilizá-las um conhecimento mais amplo e complexo de diferentes
abordagens, para que não se transformem numa mistura indiscriminada.
■ Elas têm tido o mérito, no entanto, de suavizar o dogmatismo presente em muitos
referenciais tradicionais e de priorizar a preocupação com a melhora do paciente, e não
com uma ilusória busca da verdade.
Referências