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HOMILÉTICA

O PREGADOR
A VIDA E O SERMÃO
LIVROS PARA INDICAR:
INTRODUÇÃO
 A palavra homilética deriva-se do grego “homiletike”, que
significa o ensino em tom familiar.
 No grego clássico “HOMILOS” significa multidão, assembléia
do povo.

 A Igreja primitiva serviu-se desse termo para designar


“assembléia do povo”.

 Da mesma origem aparece o verbo “homileo” que quer


dizer conversar. Este foi usado nas reuniões cristãs
primitivas, para indicar os discursos familiares feitos por
seus dirigentes.

 De “homileo” adaptou-se o termo homilia. Não havia uma


forma exata, um tipo de pregação, no primeiro século.
 As homilias tiveram sua evolução prática acompanhando o
desenvolvimento da Igreja no seu afã de expandir-se.
Hoje entendemos por homilética a arte na preparação de
sermões.

Hoppin escreveu: “A homilética é a ciência que ensina os


princípios fundamentais dos discursos em publico, que
proclamam o ensino da verdade divina em reuniões
regulares para o exercício do culto.”

Em outras palavras, homilética é a arte da preparação de


sermões, os quais não se abstêm do aprimoramento das
habilidades oratórias.

Todo pregador deve ter em mente o significado de cada


um dos seguintes termos, muito relacionados entre si,
mas distintos quanto a significação:.
A oratória é a arte de falar em público de forma
elegante, precisa, fluente a atrativa.

A eloqüência pode ser desenvolvida na teoria, e na


prática da oratória; nela o dom natural é que se
desenvolve. Entretanto, existem correntes de
interpretação que dizem ser ela uma arte, uma técnica.

A retórica é o estudo teórico e prático das regras que


desenvolvem e aperfeiçoam o talento natural da palavra,
baseando-se na observação e no raciocínio.

A homilética, no seu aspecto técnico e prático, atinge


três elementos que devem ser claramente entendidos:
dom, conhecimento e habilidade.
•O dom ou talento vem de Deus.

*O conhecimento é o resultado do estudo


concentrado e consciencioso da Palavra de
Deus.

* A habilidade é o aproveitamento do dom e


do conhecimento na arte de falar, isto é, na
pregação. A habilidade pode ser
desenvolvida pelo uso e pela experiência.
BENEFÍCIOS DA HOMILÉTICA
 Nem todos possuem o dom natural da palavra,
mas aqueles que exercem o ministério ou ele
aspiram devem buscar o aprimoramento no falar.
Temos de encarar a realidade: a dificuldade de
expressão no púlpito dispersa a atenção e o
interesse do auditório, por isso o pregador deve
sempre procurar expressar-se bem em público .

 O pregador que se expressa mal é ouvido com


desinteresse, porém, o que se expressa bem é
ouvido com prazer. A arte de expressão constitui-
se de vários aspectos, entre os quais:

 a voz, a técnica oratória e o conhecimento da


língua usada
A voz é o principal veiculo da comunicação
verbal.

É ela, em suma, o som ou o conjunto de sons


produzidos na laringe pela vibração das cordas
vocais sob a ação do ar vindo dos pulmões,
modificados pelos órgãos da fala. A voz pode ser
educada, para que
os sons saiam livres e agradáveis.
A técnica oratória pode ser aprendida na Escola, e
desenvolvida através da observação e da
experiência.

Aprimorar a arte de expressão não anula a inspiração


divina; pelo contrário: dá sentido e perfeição às locuções
emitidas.

Para que os pensamentos sejam expressos com nitidez e


perfeição, o pregador deve desenvolver essa arte no seu
ministério.
A arte de expressar-se exige boa
dicção

que é utilização artística da voz. Para que


o pregador seja entendido ao falar, a
articulação dos sons emitidos deve ser
perfeita, isto
é, ele deve pronunciar cada palavra
corretamente e com som nítido.
“Porque, se a trombeta der
sonido incerto, quem se
preparará para a batalha?”
1 Coríntios 14:8
Mais sobre a voz :

Dizem os especialistas em seleção de vozes


que apenas 1 em 1.000 pessoas nascem com
boa voz em som, estilo e apresentação.

Mas, de forma alguma, aqueles que não


pertencem a esta classe privilegiada, devem
ficar desanimados ou desencorajados, pois da
mesma forma que não é necessário nascer
músico para aprender a tocar um instrumento,
também não é necessário nascer pregador .
Algumas dicas :
 • Não falar demasiadamente rápido :

 Muitas vezes a razão pela qual os novos pregadores


falam demasiadamente rápido, é devido a um certo
grau de nervosismo.

 Isto torna-se muito cansativo para os ouvintes, pois


estes têm de esforçar-se bastante para apanhar todo o
conteúdo do discurso. Isto faz que os ouvintes sintam
dor de cabeça, irritação, vertigem e até desmaio.

 A tinta é necessária para a escrita, mas se você


derramar o tinteiro numa folha de papel, não
transmitirá com isso nada que tenha algum significado.
Assim é com o som. O som é a tinta, mas, requer-se
manejo (não quantidade), para produzir uma escrita
inteligível para o ouvido, afirmam os grandes mestres
de oratória.
Não falar demasiadamente devagar:

Outro fator bastante negativo, tanto para


o pregador como para seus ouvintes, é
falar devagar ou paulatinamente.

Falar muito devagar é serviço


bastante desagradável. É impossível ouvir
um homem que rasteja a um quilômetro
por hora..
A intensidade da voz :

Uma das coisas mais palpitantes para um pregador é a


intensidade da voz.
O pregador precisa saber que a intensidade ou volume
de sua voz deve ser proporcional à distância que ele se
posiciona ou se encontra diante de seus
assistentes.

A sua voz deve chegar em sons perfeitos ao seu mais


distante ouvinte.
Metodicamente falando, isso pode ser também
sistematizado de acordo com o auditório em que se
encontra o pregador.
No auditório físico, as circunstâncias que muitas vezes
podem prejudicar o uso correto da voz do pregador, é
que a maioria de nossos templos, estádios, ginásios,
salões etc., é construída sem a mínima consideração
acústica.

Então, é aí que o pregador deve ter a sensibilidade para


perceber quando deve elevar ou baixar o volume de
sua voz.

Fica bastante deselegante para o orador falar baixo a


ponto de seus ouvintes distantes não o ouvirem, como
falar tão alto, num auditório pequeno ou de acústica
sensível
O uso da voz :

Cícero, o grande orador romano, recomendava


que a introdução seja pronunciada com voz bem
pausada e baixa, porque se lesam as artérias, se
forem dilatadas por clamor violento antes de
serem primeiro afagadas por uma voz branda.
Então ele recomendava:

• O tom de conversação (para ser usado quando


se narra ou demonstra).

• O tom de discussão (quando se disserta).

• E o tom de amplificação (quando há exortação,


ou lamento).
Alguns oradores, dado ao estado emocional antes do
discurso, tendem a ficar com a garganta seca. Mestres
em técnicas da oratória aconselham, nesse caso, uma
pequena mordida (sem causar ferimento) na ponta da
língua.

Isso faz que as glândulas salivantes produzam saliva


imediatamente para a lubrificação da garganta e lábios.

*existem alimentos que devem ser evitados antes de


pregar pois engrossam a saliva (doces ,gorduras e etc..)
e outros que devem ser até usados para ajudar pois são
adstringentes (maça e cenoura crua )

*um bom cuidado com a garganta é tomar água em


temperatura ambiente.
Qualidades de voz:

Como o timbre, a altura e o volume da voz


variam de
individuo para individuo devem as pessoas
esforçar-se por conhecer a própria voz e os seus
recursos, para tirar deles o máximo de
aproveitamento.

Quatro qualidades a serem cultivadas pelos


pregadores para melhor
aproveitamento da voz. VEJAMOS:
a. Correção: emissão nítida das vogais, articulação clara
das consoantes e das silabas, e pronuncias de boa
qualidade; o pregador deve ouvir a sua própria voz;

b. Fluidez, a que consiste em falar sem se cansar; baseia-


se na boa respiração, na adaptação do volume da voz
ao meio ambiente, e na ausência de explosões de
gritos estridentes;

c. Variedade, que consiste na modulação da voz,


regulando as suas entonações, para evitar a monotonia
que, por sua vez, gera fadiga no auditório;

d. Expressão, que é o realce dado aos termos que


expressam idéias dominantes.
“Todavia eu antes quero falar na igreja (auditório) cinco
palavras na minha própria inteligência, para que possa
também instruir os outros, do que dez mil palavras em
língua desconhecida" (1 Co 14.19)
A DEFINIÇÃO DO PREGADOR :
 Pregador é alguém que recebe a mensagem de
Deus e a entrega aos homens.

 É o que trata com Deus dos interesses dos


homens e, com os homens, dos interesses de
Deus.

 O pregador não é um entregador de recados. É


um porta-voz da mensagem de Deus aos
homens. O Novo Testamento diz claramente que
o crente é uma testemunha de Cristo no sentido
de fazer conhecido o poder salvador de Jesus.
PRINCÍPIOS BÁSICOS A SEREM OBSERVADOS :

São três os princípios básicos que regem a pregação e o


pregador:

1.Objetividade.
qualidade necessário ao pregador para que a mensagem
alcance resultados positivos. Se o pregador tiver
objetividade ao pregar, se visar unicamente à salvação de
almas, o sucesso não lhe subirá a cabeça e a mensagem
não perderá o seu alvo.

2. Transmissão.
O pregador deve receber a mensagem de Deus e transmiti-
la aos homens.
Paulo Porter, em seu livro Cartilha do Pregador, diz: “O
pregador deve sempre olhar em duas direções: para
Deus, na sua revelação aos homens; e para o povo, a
quem ele tem de entregar a mensagem de Deus”.
3. Experiência.

A mensagem pregada, antes de tudo, deve ser


sentida e experimentada na vida do pregador. Ele
não poderá convencer o povo sem que ele próprio
tenha experimentado a eficácia de sua pregação.

O pregador não é um mercador. Ele dá ao povo


aquilo que recebeu de Deus: dá de comer da
comida que já saciou a si próprio.
“O que era desde o princípio, o que ouvimos, o
que vimos com os nossos olhos, o que temos
contemplado, e as nossas mãos tocaram da
Palavra da vida.” 1 João 1:1
CULTIVOS INDISPENSÁVEIS AO PREGADOR:

O CULTIVO DA PERSONALIDADE
 O pregador deve cultivar uma
personalidade moldada na Palavra de
Deus.

 Personalidade pode definir-se como sendo


aquilo que caracteriza uma pessoa e a
distingue da outra. Analiticamente, é o
conjunto das qualidades físicas,
intelectuais, sociais e espirituais de uma
pessoa .
Afirmam os estudiosos que personalidade é tudo
quanto o individuo é: e tudo quanto poderá vir a
ser.

Personalidade é algo vivo que se desenvolve


através da educação. Como crentes, a nossa
personalidade deve desenvolver-se segundo o
modelo de vida cristã, que é Cristo, o Senhor.

A personalidade do pregador tem muito a ver


com a influência da sua mensagem.
Um artista pode ser um devasso e assim mesmo
produzir uma obra que desperte admiração. Um escritor
pode ser um dissoluto e, apesar disso, escrever um livro
que alcance popularidade.

Com o pregador, porém, é diferente: a mensagem que


prega tem de ser a expressão de sua própria vida e
experiência; caso contrário, sua pregação será vazia e
inexpressiva; será como o bronze que soa, como o
címbalo que retine.

O termo personalidade é tomado muitas vezes


erradamente, como se fosse
sinônimo de individualidade. Entretanto, a personalidade
do individuo é a sua identidade, a sua apresentação. É
aquilo que na verdade ele é.
O CULTIVO DA ESPIRITUALIDADE:

A esses atributos acrescentam-se outros tais como:


piedade, devoção, oração, estudo, etc. Trataremos da
importância de alguns desses requisitos espirituais e
morais que os pregadores cristãos devem possuir:

1-Piedade, significa devoção, amor, e respeito pelas


coisas religiosas..

2-Devoção. Esse sentimento significa muito na vida do


pregador. A palavra devoção significa sentimento
religioso; piedade, observância das praticas religiosas;
dedicação.
3-Oração. No cultivo da espiritualidade, a
oração é o ponto de partida, a chave mestra. Os
homens e mulheres mais poderosos de que nos
fala a historia, foram os que prevaleceram em
oração.

4-Sinceridade. Esta virtude dignifica o pregador


cristão. Sua pregação deve refletir a verdade
contida na sua alma.

5-Humildade. Outra qualidade moral e espiritual


indispensável à personalidade do pregador é a
humildade. A fama e a vanglória tentam o
pregador: após o sucesso chega a tentação.
O CULTIVO DA INTELECTUALIDADE:

Aquele que prega ou ensina as verdades do Evangelho precisa


conhecer, estudar e aprimorar-se no conhecimento daquilo que prega
e ensina. Precisa conhecer profundamente tudo quanto diz a respeito
da humanidade.

A intelectualidade não deve ofuscar a espiritualidade, mas deve ser


usada em beneficio da obra de Deus na terra, e para a glória divina.
A busca de conhecimento sempre foi recomendada na Bíblia.

O pregador tem de conciliar as duas coisas –


intelectualidade e espiritualidade.

“Persiste em ler, exortar e ensinar, até que eu vá.”

1 Timóteo 4:13

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