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• Isto significa que o bem (ou seja, o carro) não é de propriedade ainda
daquele que tem a posse, mas sim do banco ou da instituição financeira que
custeou a aquisição. No documento do veículo, o gravame da alienação
fiduciária segue registrado, até que o motorista devedor pague a última
parcela do financiamento e, em consequência do término da dívida, “dê
baixa” (retire) a anotação. Com o término da pendência financeira, o veículo
fica desvinculado da empresa que o financiou, podendo ser transferido,
enfim, para o nome do motorista, que passa a ser o proprietário.
• INCERTEZA JURISDICIONAL E CRÉDITO DE
LONGO PRAZO Edmar Lisboa Bacha
• O termo “incerteza jurisdicional” foi
proposto em artigo recente que escrevi
com Persio Arida e André Lara Resende
(“Credit, Interest, and Jurisdictional
uncertainty: Conjectures on the Case of
Brasil”, para designar a incerteza sobre a
estabilidade e a segurança dos contratos
financeiros firmados sob jurisdição
brasileira.
• A tese é que o mercado financeiro interno de longo prazo é
pequeno devido à resistência dos agentes privados em
aplicarem sua poupança em instrumentos financeiros de longo
prazo sujeitos à jurisdição brasileira.
• Gostaria aqui de tentar precisar esse conceito de incerteza
jurisdicional e sua relação com a pequenez do mercado
financeiro de longo prazo no país. E também indagar sobre o
que seria possível fazer para ampliar o alcance do mercado
financeiro doméstico.
• A incerteza jurisdicional reflete um viés anti-credor não
precificável, manifestando-se no risco de atos do Príncipe
mudando o valor dos contratos financeiros durante sua
vigência ou por ocasião de sua cobrança, ou de decisões das
Cortes desfavoráveis ao credor até mesmo por sua demora.
• Associa-se ao conceito de “impunidade civil” do devedor, mas enfatiza
fraquezas jurisdicionais no sentido do poder do Estado, em sua soberania,
de fazer leis e administrar a Justiça.
• Por não poder ser precificada, a incerteza jurisdicional tem por
conseqüência a quase inexistência de uma oferta privada voluntária de
financiamento de longo prazo na jurisdição interna. É útil contrastar essa
tese com uma alternativa bastante popular: o crédito de longo prazo
inexiste porque a taxa de juros de curto prazo é tão alta. Muita gente
pergunta: “Com essas taxas de juros tão altas no curto prazo, quem vai
querer fazer empréstimos de longo prazo?”.
• A implicação dessa postura é que a solução para permitir o alongamento
das aplicações estaria em reduzir a taxa de juros de curto prazo. Tal
redução, segundo uns, viria naturalmente com o tempo, desde que se
persistisse na atual política macroeconômica conservadora. Para outros,
crentes na teoria dos equilíbrios múltiplos, essa baixa da taxa de juros
poderia ser obtida por um ato voluntarista do Banco Central.
• A INSEGURANÇA JURÍDICA É TAMBÉM DO DEVEDOR: SELEÇÃO ADVERSA E CUSTO DO CRÉDITO NO BRASIL
• Ana Lúcia Pinto da Silva, Luciana Luk-Tai Yeung e Carlos Eduardo Carvalho
• (i) porque o banco tem condições para tomar atitudes não previstas ou previstas
de forma insuficiente no contrato inicial (cobrança de taxas adicionais, exigência
de reciprocidades);
• (ii) porque o banco pode estabelecer exigências descabidas no caso de
dificuldades de pagamento pelo devedor;
• (iii) porque o banco pode negar a renovação do crédito ou exigir condições muito
desfavoráveis para a renovação;
• (iv) e, finalmente, porque o tomador tem menor conhecimento sobre as reais
conseqüências do descumprimento do contrato. Em suma, o tomador de crédito
tem uma assimetria de informação maior e está numa posição de maior
vulnerabilidade diante de práticas oportunistas por parte do banco e está sujeito
a condições muito adversas em caso de dificuldades para pagamento dos
encargos e principal do contrato.