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DIREITO

SUCESSÓRIO
Comparativo entre a legislação brasileira e francesa
Liames históricos
Do ponto de vista estrutural, o Code Civil segue de perto o modelo das Institutas de
Justiniano. Apresenta um pequeno Titre Préliminaire, de apenas 6 artigos, seguido de três
livros, num total de 2.281 artigos.
 O Livro Primeiro, “Das pessoas” (arts. 7 a 515), trata do casamento, do divórcio, da
filiação, da tutela, dentre outras matérias – ou seja, parte do direito de família.
 O Livro Segundo é o mais curto dos três, com menos de duzentos artigos – arts. 516 a
710. É intitulado “Des biens, et des différentes modifications de la proprieté” (Dos bens e
das diferentes modificações da propriedade)
 O Livro Terceiro, intitulado “Des différents manières dont on acquiert la propriété” (Das
diferentes maneiras pelas quais se adquire a propriedade).
Liames históricos

“[...] na França, a linha de vocação hereditária inicia-se com os herdeiros (filhos e


descendentes; ascendentes e colaterais privilegiados – pai, mãe, irmãos, irmãs e os
descendentes destes -, demais ascendentes e seus colaterais – a princípio até o 12º grau,
posteriormente até o 4º grau apenas), e, na falta destes, completa-se a vocação com os
sucessíveis (filhos então tidos como naturais, o cônjuge sobrevivo e o Estado).”

(GONÇALVES, 2009, v. 7, p. 5).


Ordem de herdeiros no código francês -
IRIS
Art. 734. Na ausência de um cônjuge com direito a herdar, os parentes são chamados a
ter sucesso da seguinte forma:
1. Filhos e seus descendentes;
2. O pai e a mãe; irmãos e irmãs e os descendentes deste último;
3. Ascendentes que não sejam o pai e a mãe;
4. Colaterais além de irmãos e irmãs e descendentes deste último.
5. Cada uma dessas quatro categorias constitui uma ordem de herdeiros que exclui o
seguinte
Divergência - IRIS

Código Civil Francês Código Civil Brasileiro


Art. 745 Art. 1.839

Parentes colaterais não podem herdar além Se não houver cônjuge sobrevivente, nas
do sexto grau. condições estabelecidas no art. 1.830, serão
chamados a suceder os colaterais até o
quarto grau.
Convergência - IRIS

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Art. 784 Art. 1806
A renúncia de uma sucessão não pode ser A renúncia da herança deve constar
presumida, devendo ser feita no tribunal expressamente de instrumento público ou
de instância superior do local cuja termo judicial.
sucessão foi aberta, em um registro
especial mantido para esse fim.
Convergência – Ayanne

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Art. 786 Art. 1810
A parte de um herdeiro renunciante é Na sucessão legítima, a parte do
acumulada para seus coerdeiros, onde ele renunciante acresce à dos outros
está sozinho, ela se decorre ao próximo herdeiros da mesma classe e, sendo ele o
grau. único desta, devolve-se aos da
subsequente.
Divergência - Ayanne

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Art. 795 Art. 1.807

Um herdeiro tem três meses para fazer o O interessado em que o herdeiro declare se
inventário, a partir do dia da abertura da aceita, ou não, a herança, poderá, vinte dias
sucessão. após aberta a sucessão, requerer ao juiz
prazo razoável, não maior de trinta dias,
Ele tem, além disso, para deliberar sobre sua
para, nele, se pronunciar o herdeiro, sob
aceitação ou renúncia, um período de
pena de se haver a herança por aceita.
quarenta dias, que começará a decorrer a
partir do dia da expiração dos três meses
dados para o inventário, ou a partir do dia
do fechamento do inventário, se tiver sido
concluído antes dos três meses.
Convergência – TAWANY 1

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Art. 913 Art. 1832

As transmissões gratuitas, quer por actos Em concorrência com os descendentes (art.


entre vivos quer por testamentos, não podem 1.829, inciso I) caberá ao cônjuge quinhão
ultrapassar metade dos bens do alienante, igual ao dos que sucederem por cabeça, não
onde ele deixa apenas um filho em sua podendo a sua quota ser inferior à quarta
morte; um terço, onde deixa dois filhos; um parte da herança, se for ascendente dos
quarto, onde ele deixa três ou um número herdeiros com que concorrer.
maior. [...]
Convergência – TAWANY 2

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Art. 914-1 Art. 1832

As transmissões gratuitas, quer por actos Em concorrência com os descendentes (art.


entre vivos quer por testamentos, não podem 1.829, inciso I) caberá ao cônjuge quinhão
exceder três quartos dos bens, se, igual ao dos que sucederem por cabeça, não
descendentes e ascendentes, o falecido podendo a sua quota ser inferior à quarta
deixar um cônjuge sobrevivente, não parte da herança, se for ascendente dos
divorciado, contra o qual não exista decisão herdeiros com que concorrer.
de separação judicial transitar em julgado e
que não seja parte no processo de divórcio
ou separação judicial.
Divergência - TAWANY

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Art. 930-3 Art. 1831
O disposto nos artigos 831.º, 831.º-2, 832-3 e 832-4 não é aplicável Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o
entre os parceiros de um pacto civil de solidariedade em caso de
dissolução. regime de bens, será assegurado, sem prejuízo da
O disposto no n.º 1 do artigo 831.º-3 é aplicável ao cônjuge participação que lhe caiba na herança, o direito
sobrevivo quando o falecido o tenha expressamente previsto no real de habitação relativamente ao imóvel
testamento. destinado à residência da família, desde que seja
Terminado o pacto de solidariedade civil com a morte de um dos o único daquela natureza a inventariar.
cônjuges, o sobrevivente pode valer-se do disposto nos dois
primeiros parágrafos do artigo 763.º. * O STF DECIDIU QUE NÃO EXISTE
- O PARCEIRO SOBREVIVO NÃO ESTÁ LEGALMENTE DIFERENÇA ENTRE CÔNJUGE E
HAILITADO A HERDAR;
COMPANHEIRO PARA FINS SUCESSÓRIOS.
- TEM O DIREITO DE USUFRUTO TEMPORÁRIO GRATUITO,
POR 1 ANO, APÓS O FALECIMENTO DO PARCEIRO; * ART. 1790 DO CCBR -
- SE NÃO TIVER DESCENDENTE PODE HERDAR POR INCONSTITUCIONAL
TESTAMENTO.
Convergência – FELIPE

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Art. 929 -
Qualquer herdeiro compulsório A legislação brasileira só admite a
presumido pode renunciar ao direito de renúncia em momento posterior a
exercer uma ação de redução em uma abertura da sucessão.
sucessão não aberta.
Divergência - FELIPE

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Art. 929 Art. 1.808

A renúncia pode visar uma violação de toda Não se pode aceitar ou renunciar a herança
a reserva ou apenas uma fração. em parte, sob condição ou a termo.
Divergência - FELIPE

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Art. 930-3 Art. 171

O renunciante só poderá solicitar a revogação de A renúncia de herança no Brasil é um ato


sua renúncia se irrevogável, salvo as disposições do 171, II.
1. A pessoa de quem está destinado a herdar 171. É anulável o negócio jurídico:
não cumpre as obrigações de alimentos para
com ele; II. por vício resultante de erro, dolo,
coação, estado de perigo, lesão ou
2. No dia da abertura da sucessão encontra-se
em estado de necessidade que desapareceria fraude contra credores.
se não tivesse renunciado aos seus direitos
obrigatórios;
3. O beneficiário da renúncia é culpado de
crime ou contravenção contra a sua pessoa.
Questionamento - ?

■ Se um Francês, casado com brasileira, vem a óbito no Brasil, e os seus bens estão
localizados em território francês, qual a legislação que se deve adotar?
■ E se os bens estiverem localizados em território brasileiro?

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