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O QUE É LITERATURA?

T E O R I A D A L I T E R AT U R A : U M A
I N T R O D U Ç Ã O D E T E R RY
EAGLETON
PRINCIPAIS PONTOS DEBATIDOS NA
INTRODUÇÃO: “O QUE É LITERATURA?”

A distinção entre “fato” e “ficção” (necessariamente


atrelada à escrita imaginativa) não se aplica para
definir Literatura. Porque não há uma unidade ao
longo da história que garanta a distinção.
• “Literatura, escrita que representa O I M PA C TO D O S
uma violência organizada contra a F O R M A L I S TA S
fala” Jakbson.
• A forma/ a linguagem/ o discurso “ o discurso literário
torna estranha, aliena a
como principal delimitador do que é fala comum; ao fazê-lo,
Literatura uma “organização porém, paradoxalmente
particular da linguagem” (p.4) nos leva a vivenciar a
experiência de maneira
• “Linguagem literária como um mais íntima, mais
conjunto de desvios da norma” (p.6) intensa”(p.¨6)
O CONTEÚDO/ O TEMA COMO PRETEXTO PARA A
EXISTÊNCIA DO TEXTO.

“Os formalistas começaram por considerar a obra literária como uma


reunião mais ou menos arbitrária de "artifícios", e só mais tarde
passaram a ver esses artifícios como elementos relacionados entre si:
"funções" dentro de um sistema textual global. Os "artifícios"
incluíam som, imagens, ritmo, sintaxe, métrica, rima, técnicas
narrativas; na verdade, incluíam todo o estoque de elementos
literários formais; e o que todos esses elementos tinham em comum
era o seu efeito de "estranhamento" ou de "desfamiliarização" “ (p.5)
“MAS PARA IDENTIFICAR
UM DESVIO É
NECESSÁRIO OBSERVAR A
NORMA DA QUAL ELE SE
AFASTA”
• Para Eagleton os formalistas não queriam definir a E O C O N T E X TO ?
Literatura, mas sim a literariedade. (No início do século XX, um
grupo de teóricos da literatura, mais tarde denominados formalistas russos (Cf.
EIKHENBAUM, B. et alii. Teoria da Literatura. Porto Alegre: Globo, 1976) imaginou
que seria possível constatar uma propriedade, presente nas obras literárias, que as
caracterizaria como pertencentes à literatura. Para denominar esta propriedade,
“ o contexto mostra-me que é
criaram o termo literaturnost, que foi traduzido para a língua portuguesa literário, mas a linguagem em si
como literariedade ) Fonte: https://edtl.fcsh.unl.pt/encyclopedia/literariedade/
não tem nenhuma propriedade ou
• Apresenta então a principal carência no ótica formalista: qualidade que a distinga de
o que defini a literariedade de determinada época e lugar outros discursos” ( p.9)

é mutável e depende diretamente do VALOR


( “julgamento de valor”)
Mas antes de pensarmos o valor há de se considerar os outros
elementos que Eagleton traz à tona:

“ ‘literaturà' pode ser tanto uma questão daquilo que as pessoas fazem
com a escrita como daquilo que a escrita faz com as pessoas.” (p.10)

“Contudo, mesmo considerando que o discurso "não pragmático" é parte


do que se entende por ‘literatura', segue-se dessa "definição" o fato de a
literatura não poder ser, de fato, definida "objetivamente". A definição
de literatura fica dependendo da maneira pela qual alguém resolve ler, e
não da natureza daquilo que é lido.” (p.12)
• “A dedução, feita a partir da definição de literatura
como uma escrita altamente valorativa, de que ela não VALOR
constituí uma entidade estável, resulta do fato de serem
"Valor" é um termo
notoriamente variáveis os juízos de valor “ (P.16)
transitivo: significa tudo
• Todas as obras literárias, em outras palavras, são
aquilo que é considerado
"reescritas'', mesmo que inconscientemente, pelas
como valioso por certas
sociedades que as lêem; na verdade, não há releitura de
uma obra que não seja também uma "reescriturà'. pessoas em situações
Nenhuma obra, e nenhuma avaliação atual dela, pode específicas, de acordo com
ser simplesmente estendida a novos grupos de pessoas critérios específicos e à luz
sem que, nesse processo, sofra modificações, talvez de determinados objetivos”
quase imperceptíveis. E essa é uma das razões pelas (p.17)
quais o ato de classificar algo como literatura é
extremamente instável. ( p.19)
A estrutura de valores, em grande parte oculta, que informa e
enfatiza nossas afirmações fatuais, é parte do que entendemos
por "ideologia”. Por "ideologia" quero dizer, aproximadamente,
a maneira pela qual aquilo que dizemos e no que acreditamos se
relaciona com a estrutura do poder e com as relações de poder
da sociedade em que vivemos.(...) Não entendo por "ideologia”
apenas as crenças que têm raízes profundas, e são muitas vezes
inconscientes; considero-a, mais particularmente, como sendo
os modos de sentir, avaliar, perceber e acreditar, que se
relacionam de alguma forma com a manutenção e reprodução
do poder social. (p.22-23)
SIGNIFICA QUE PODEMOS
ABANDONAR, DE UMA VEZ POR
TODAS, A ILUSÃO DE QUE A
C AT E G O R I A " L I T E R AT U R A ' ' É
" O B J E T I VA ' ' , N O S E N T I D O D E S E R
ETERNA E IMUTÁVEL.

P O R Q U E H Á A M U TA B I L I D A D E D O S J U Í Z O S D E
VA L O R Q U E A T E N D E M À N O R M A S C R I A D A S P O R
G R U P O S S O C I A I S . P O RTA N T O H Á D I S P U TA D O Q U E
DIFERENTES GRUPOS ENTENDEM COMO
L I T E R AT U R A .

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