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OS CINCO SOLAS

SOLA SCRIPTURA – SOMENTE AS ESCRITURAS


SÉRIE 5 SOLAS (OS CINCO PRINCÍPIOS DA TEOLOGIA REFORMADA):

• Sola Scriptura
 – A Escritura contra a ameaça da tradição e do autoritarismo

• Sola Gratia – A graça de Deus em oposição à doutrina de méritos e às indul


gências

• Sola Fide
– A doutrina da fé em oposição à institucionalização morta e à salvação p
elas obras

• Solus Christus – A suficiência de Cristo para a salvação

• Soli Deo gloria – A glória de Deus em oposição à nulidade dos ídolos


SOLA SCRIPTURA – SOMENTE A ESCRITURA
A ESCRITURA CONTRA A AMEAÇA DA TRADIÇÃO E DO AUTORITARISMO

• A Escritura contra a ameaça da tradição e do autoritarismo


• Texto Básico: 2 Timóteo 3.14-17
• Leitura diária
D – Rm 15.1-4 – Escrito para o nosso ensino
S – Lc 16.19-31 – Ouçam Moisés e os profetas
T – Mt 5.17-20 – Até que tudo se cumpra
Q – At 17.10-11 – A nobreza dos bereanos
Q – Gl 1.10-17 – O evangelho de Paulo
S – Jo 5.39 – A Escritura testemunha de Jesus
S – 2Pe 1.20-21 – Da parte de Deus
2 TM 3.14-17

Quanto a você, porém, permaneça nas coisas que aprendeu e das quais tem
convicção, pois você sabe de quem o aprendeu.
Porque desde criança você conhece as sagradas letras, que são capazes de torná-lo
sábio para a salvação mediante a fé em Cristo Jesus.
Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a
correção e para a instrução na justiça,
para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra.
INTRODUÇÃO

• Nesta série, será apresentado um panorama geral da teologia reformada.


Observaremos a situação teológica enfrentada pelos reformadores, no
século 16: a teologia católica medieval, em oposição à qual foi desenvolvida
a teologia reformada. Sempre que for relevante, serão citadas decisões do
Concílio de Trento, para mostrar, com evidência documental, qual era a
posição da teologia romana quando a teologia reformada começou a se
desenvolver. Também será recorrente o uso da Confissão de Fé de
Westminster (CFW), por ser esta uma obra-prima da teologia reformada.
Deve-se observar, porém, que houve mudanças na teologia
romana, especialmente depois do Concílio Vaticano II, quando a
Igreja Católica passou a adotar uma postura menos tradicional e
mais ecumênica. As lições trarão, também, uma abordagem
atual, mostrando os desvios teológicos existentes hoje
(especialmente entre os evangélicos) os quais seriam evitados,
caso nos apegássemos com mais vigor à herança da Reforma.
A intenção de Lutero era levantar um debate para que reformas
dentro da Igreja acontecessem.
Martinho Lutero defendia, basicamente, que a Bíblia era a única
referência para os fiéis e que as pessoas conseguiriam ser salvas sem
a mediação de intermediários e sem precisar dar indulgências.
Hoje vocês assarão um ganso [Huss] magro, mas em cem
anos ouvirão um cisne cantar. Não serão capazes de assá-
lo e nenhuma armadilha ou rede poderá segurá-lo.

(palavras finais de Jan Hus antes de ser queimado vido)


SOMENTE A ESCRITURA

O primeiro tema abordado é a Escritura. Os reformadores foram unânimes na


apresentação do fundamento sobre o qual sua teologia seria elaborada: Sola
Scriptura (Somente a Escritura).
• I. O Papa não tem a palavra final
• De acordo com a teologia católica ortodoxa, o papa é o grande líder da igreja
e atua como vigário (isto é, substituto) de Cristo na terra. Para atuar como
substituto de Cristo, o líder máximo da igreja precisa possuir infalibilidade,
pois se Cristo não erra, seu substituto também não pode errar
A teologia romana definiu essa infalibilidade do papa, em linhas gerais, afirmando
que, quando o papa fala ex cathedra, isto é, quando trata de assuntos doutrinários,
em virtude do auxílio que recebe de Deus, é infalível.
Essa declaração, porém, não é suficiente para esclarecer a natureza e o caráter dessa
infalibilidade. Os escritores bíblicos foram preservados do erro na composição de
seus escritos porque foram inspirados pelo Espírito Santo. A infalibilidade papal não é
assim. De acordo com a teologia católica, o papa é infalível não por inspiração, isto é,
não pela mesma obra do Espírito, por meio da qual os escritores bíblicos foram
preservados do erro.
O Concílio Vaticano I diz que o papa é infalível quando fala ex cathedra. Isso,
na prática, é inútil como padrão, pois, pela própria natureza da questão, só
quem pode dizer se o papa falou ex cathedra é o próprio papa. Assim, um
papa é sempre livre para rejeitar seus próprios pronunciamentos ou os
pronunciamentos de outros papas, dizendo que não foram feitos ex
cathedra, ou declará-los válidos, dizendo que foram. Depois, ele pode até
mesmo dizer que ele mesmo, ou um de seus predecessores, pensando que
falava ex cathedra, realmente não falou.
Na Dogmática Reformada, o teólogo reformado Herman Bavinck
afirma:
“Os teólogos católicos romanos se encarregaram de desenvolver em
detalhes as áreas cobertas por essa infalibilidade. Segundo eles, o
papa é infalível quando trata das verdades da revelação na
Escritura, das verdades das instituições divinas, dos sacramentos,
da igreja, de sua organização e governo e das verdades da
revelação natural.
No entanto, até mesmo com isso estamos longe de esgotar o
alcance da infalibilidade papal. Para que o papa seja infalível
em todas essas áreas, dizem os teólogos, ele também tem de
ser infalível na avaliação das fontes das verdades da fé e na
interpretação delas. Isso significa dizer que ele é infalível no
estabelecimento da autoridade da Escritura, da tradição, dos
concílios, dos papas, dos pais, dos teólogos;
no uso e na aplicação de verdades naturais, imagens, conceitos e
expressões; na avaliação e rejeição de erros e heresias, até mesmo no
estabelecimento de fatos dogmáticos; na proibição de livros, em
questões de disciplina, no endosso de ordens, na canonização de
santos e assim por diante. Fé e moral abrangem quase tudo, e tudo o
que o papa diz sobre isso seria, então, infalível. O termo ex
cathedra, de fato, não traça nenhum limite em nenhum lugar”.
Mas afinal, se o verdadeiro fundamento inabalável da fé cristã
não é o papa, qual é esse fundamento? Os reformadores foram
unânimes em repudiar completamente essa doutrina por não
encontrarem, na Escritura, nem uma só palavra que a
sustente. Em oposição a ela, afirmaram vigorosamente: Sola
Scriptura.
II. A TRADIÇÃO NÃO TEM A PALAVRA FINAL

Outra fonte de autoridade espiritual muito forte na teologia católica


medieval (e ainda hoje) é a tradição. Deve ser dito que a tradição
nunca foi rejeitada pelo simples fato de ser tradição. Na própria
Escritura encontramos ênfase e crítica à tradição (Mt 15.2,3,6; Mc
7.3,5,8,9,13 2Ts 2.15). A questão básica é: a que tradição estamos nos
referindo? A tradição é rejeitada todas as vezes que entra em choque
com a Palavra de Deus.
Reforma revoltou-se quanto à suposta autoridade da tradição
independente da Escritura e pretensamente nivelada com ela. Os
reformadores sustentavam que a Escritura é a única autoridade infalível
dentro da igreja. Deste modo, a autoridade dos Credos (Apostólico,
Nicéia, Calcedônia) era indiscutivelmente considerada pelos
reformadores, contudo, somente as Escrituras são incondicionalmente
autoritativas.
III. A IGREJA NÃO TEM A PALAVRA FINAL

• Outra expressão moderna desse ensino católico medieval é a crença


de que a denominação religiosa a que pertencemos está sempre
certa. Isso é um erro. Nenhuma denominação religiosa está isenta de
erros neste mundo. Os concílios são compostos por pessoas e, por
melhores que sejam as intenções dessas pessoas e por mais sólido
que seja seu conhecimento teológico, elas continuam sendo sujeitas
ao erro. Nossos concílios e denominações são falíveis.
É claro que quanto maior for o apego dos nossos líderes às doutrinas
cristãs, quanto maior for o vigor de sua piedade cristã e quanto
maior for sua capacidade de aplicar o ensinamento bíblico às
circunstâncias da vida, mais nítida é a possibilidade de que tomem
decisões sábias e governem bem a igreja de Cristo. Mas é
importante termos sempre em mente que não há denominações
cristãs perfeitas.
Isso é necessário não apenas para exercitar nossa humildade e
despertar o interesse pelo estudo rigoroso da Escritura, mas também
para nos permitir uma comunhão cristã mais saudável com nossos
irmãos de outras denominações cristãs. Embora existam muitas
denominações, a igreja de Cristo é composta por todos aqueles que
professam sua fé em Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador pessoal.
IV – A ESCRITURA COMO ÚNICA REGRA DE FÉ E
CONDUTA

Mas afinal, se o papa não tem a palavra final, a tradição não tem a palavra
final e a denominação cristã a que pertencemos não tem a palavra final,
qual é a autoridade normativa segundo a qual a igreja deve moldar sua fé?
Os reformadores e seus herdeiros teológicos deram resposta a essa
pergunta. O Catecismo Maior de Westminster afirma, na resposta à
pergunta 3: “As Escrituras Sagradas – O Antigo e o Novo Testamentos – são
a Palavra de Deus, a única regra de fé e obediência.”
 Confissão de Fé de Westminster, por sua vez, afirma: “O Juiz
Supremo, pelo qual todas as controvérsias religiosas têm de ser
determinadas, e por quem serão examinados todos os decretos de
concílios, todas as opiniões dos antigos escritores, todas as doutrinas
de homens e opiniões particulares, o Juiz Supremo, em cuja sentença
nos devemos firmar, não pode ser outro senão o Espírito Santo
falando na Escritura” (I. 10).
Para os reformados, a autoridade fundamental segundo a qual a
igreja deve moldar sua fé não é a opinião de pessoas, por mais ilustres
que sejam, nem a história de instituições religiosas, por mais
respeitáveis que sejam, nem as preferências dos cristãos, por mais
adequadas que possam parecer, mas o “Espírito Santo, falando na
Escritura”. “À lei e ao testemunho! Se eles não falarem desta maneira,
jamais verão a alva” (Is 8.20).
CONCLUSÃO

De acordo com a teologia reformada, nenhuma voz, na igreja de


Cristo, pode se elevar acima da Escritura Sagrada, inspirada pelo
Espírito Santo para conduzi-la a toda verdade. Cristo é o cabeça da
igreja, e ele a governa segundo os preceitos estabelecidos na
Escritura. Nenhum líder, nenhuma denominação cristã, nenhum
concílio, nenhum costume, nenhuma tradição tem valor normativo
para a igreja cristã. Só a Escritura.
APLICAÇÃO

Você já reparou como as pessoas, em geral, têm tratado a Escritura


nos tempos em que vivemos? Quando a Escritura diz alguma coisa
com a qual não concordam, as pessoas simplesmente dizem que os
tempos mudaram (ou que a bíblia é um livro antigo). Com isso,
abandonam o ensino bíblico e seguem seu próprio caminho. À luz da
lição de hoje, como você deve reagir a essa tendência?
https://ultimato.com.br/sites/estudos-biblicos/assunto/apologetica/sola-scriptura/

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