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Panorama da história da educação

escolar no Brasil
Educação no período colonial
Como era a educação no período colonial?
• Chegada dos primeiros jesuítas: Em 1549 desembarcou no Brasil a
Companhia de Jesus, missão jesuítica encarregada de catequizar as
populações originárias

• A educação pensada pela Igreja Católica - que mantinha uma relação


estreita com o governo português - tinha como objetivo converter a
alma do índio brasileiro à fé cristã

• Havia uma divisão clara de ensino: as aulas lecionadas para os índios


ocorriam em escolas improvisadas, construídas pelos próprios
indígenas, nas chamadas missões; já os filhos dos colonos recebiam o
conhecimento nos colégios, locais mais estruturados por conta do
investimento mais pesado
“Os índios são papel em branco”.

(Padre Manuel de Nóbrega líder jesuíta no Brasil, em carta


enviada à corte portuguesa)
Os descendentes de europeus também frequentavam as aulas
dos jesuítas, mas recebiam um ensinamento mais aprofundado,
inclusive de outras matérias. O conhecimento repassado aos
alunos não se restringia à propagação do ensino religioso, e
envolvia mais conteúdo voltado às letras.

Nos locais de ensino da Companhia de Jesus, os


comportamentos exemplares eram bastante cobrados pelos
padres. Os alunos que desrespeitassem os princípios morais
cristãos eram punidos com castigos.
Ainda que houvesse uma segregação clara entre os ensinamentos
repassados aos índios e aos filhos dos colonos, a educação jesuítica
seguia (ou tentava seguir) um documento curricular: o Ratio
Studiorum. Elaborado em 1599, a diretriz curricular era a base do
conteúdo pensada pela Igreja. No Ratio constava o ensino da
gramática média, da gramática superior, das humanidades, da
retórica, da filosofia e da teologia. A partir do ensino das letras,
começava a se formar no país uma organização da sociedade
hierarquizada pelo acesso à alfabetização. Isto é: teria mais chances
de prosperar na colônia aquele que aprendesse a ler e escrever.
A obra educativa dos jesuítas estava
integrada à política colonizadora;
durante pouco mais de dois séculos foi a
responsável quase exclusiva pela
educação no período.

Além de ser um ensino totalmente


acrítico e alheio à realidade da vida da
colônia, foi aos poucos se
transformando em uma educação de
elite e, em consequência, num
instrumento de ascensão social.
Em 1759, Sebastião José de Carvalho, o marquês de
Pombal, primeiro-ministro de Portugal, após entrar em
conflito com os jesuítas, os expulsou de todas as colônias
portuguesas, suprimindo todas as suas escolas.

Com a supressão das escolas jesuíticas, “a educação


brasileira (...) vivenciou uma grande ruptura histórica
num processo já implantado e consolidado como modelo
educacional” (Bello, 1992).

Ao todo, até ser expulsa do Brasil, a Companhia de Jesus


criou 25 residências, 36 missões e 17 colégios e
seminários.
A Reforma Pombalina na Educação (1772)

-Marca o início do ensino laico no Brasil


-O Brasil dá seus primeiros passos na criação de um
ensino público. A desestruturação da escola jesuíta,
porém, fez com que os índios perdessem espaço no
sistema de ensino. Por outro lado, a reorganização
tornou o professor uma figura central do processo
educacional.
-Neste período, foram criadas as aulas régias,
ministradas por docentes concursados, que eram
funcionários do Estado.
A Reforma Pombalina na Educação (1772)

-As aulas régias eram realizadas nas casas dos próprios


professores. Essa pulverização dos locais de ensino foi uma das
principais dificuldades enfrentadas pelo governo português, que,
além de não conseguir dar conta da formação de professores,
deixou vários jovens sem acesso às aulas.
-Não havia sistematização da idade escolar. Eram atendidas
crianças a partir dos sete anos, mas não existia um limite
estabelecido para o tempo de estudo.
-O alcance do ensino após as reformas pombalinas foi menor do
que as práticas estruturadas pela Companhia de Jesus, cujo
trabalho se espalhou por quase todo o país.  
Educação no período imperial
(1808-1889)
A vinda da família real para o Brasil
• Desenvolvimento cultural, principalmente na
capital
• Preocupação com o ensino superior em
detrimento de outros níveis de ensino
• Caráter classista da educação: objetivo da
educação era formar dirigentes
• Criação de cursos de nível superior e
regulamentação das vias de acesso (ensino
secundário e exames de ingresso)
A independência do Brasil
(1822)
• A primeira Constituição Brasileira (1824) garantia seu Art. 179
“a instrução primária e gratuita a todos os cidadãos”

• No ano de 1827, uma lei determinou a criação de escolas de


primeiras letras em todos os lugares e vilas, além de escolas
para meninas, nunca concretizadas anteriormente

• Em 1834, o governo monárquico inaugurou a primeira escola de


formação de professores, a Escola Normal de Niterói. Durante
os primeiros 50 anos de funcionamento, as escolas normais
eram frequentadas quase que exclusivamente por homens
• Durante o período regencial, ocorreu uma reforma
na Constituição que dura até hoje. No chamado Ato
Adicional, instituído pelo governo, foi definido que o
ensino elementar, o secundário e a formação de
professores seriam de responsabilidade das
províncias, e o ensino superior ficaria sob o guarda-
chuva do poder central. Com isso, foi fortalecida a
descentralização do ensino, com consequências
negativas para a organização da educação no país.
• O ato adicional de 1834 e a Constituição de 1891
descentralizaram o ensino, mas não ofereceram condições às
províncias de criar uma rede organizada de escolas

• Isso contribuiu para o descaso com o ensino público e para


que ele ficasse nas mãos da iniciativa privada, acentuando
seu caráter classista e gerando um sistema dual de ensino: de
um lado, uma educação voltada para a formação das elites,
com os cursos secundários e superiores; de outro, o ensino
primário e profissional, de forma bastante precária, para as
classes populares.
Educação na Primeira República
• Após a proclamação da República, algumas reformas pontuais
foram realizadas. A primeira delas foi do ministro da Instrução,
Benjamin Constant, realizada em 1890, com foco no ensino
superior. As escolas de base, no entanto, não entraram nas
prioridades dos primeiros governos republicanos.

• Uma das heranças do período imperial brasileiro na


Constituição Republicana de 1891 foi a manutenção da
dualidade do sistema escolar: boas e poucas escolas para as
elites e escolas de qualidade duvidosa para os demais.

• As escolas mantidas pelo governo federal eram destinadas aos


mais ricos. Sobravam para as camadas mais pobres os colégios
do sistema estadual, que, mesmo com um investimento maior
após a lei republicana, eram locais com estrutura carente e
composto por professores de baixa qualificação. 
• A tentativa de mudar essa realidade teve maior impulso a
partir da década de 1920. O movimento da Escola Nova
ganhou força no ambiente educacional, que sofreu reformas
estaduais inspiradas nas ideais escolanovistas. Nomes como o
do educador Anísio Teixeira despontaram como lideranças do
movimento.
• A Escola Nova, no Brasil, ficou marcada pela tentativa de
tornar a educação mais inclusiva e adotar um modelo mais
moderno de ensino, voltado para uma educação prática da
vida, tendo como base as ideias do filósofo americano John
Dewey. 
Educação na Era Vargas
Educação em debate
• Apesar do controle ideológico que havia nas salas de
aula, inicia-se um movimento em direção à criação de
um sistema organizado de ensino.
• O Decreto nº 19.850, de 11 de abril de 1931, criou o
Ministério da Educação e as secretarias de Educação
dos estados
• Em 1932, com o ideal de educação obrigatória, gratuita
e laica, entre outros, surgiu o Manifesto dos Pioneiros
da Educação Nova, com o objetivo de tornar público o
que era e o que pretendia o Movimento Renovador
Manifesto dos pioneiros da educação
(1932)
• Publicado na IV Conferência Nacional de Educação
• Consolidava a visão de um segmento da elite intelectual que,
embora com diferentes posições ideológicas, vislumbrava a
possibilidade de interferir na organização da sociedade
brasileira do ponto de vista da educação

• Redigido por Fernando de Azevedo, dentre 26 intelectuais,


entre os quais Roldão Lopes de Barros, Anísio
Teixeira, Afrânio Peixoto, Lourenço Filho, Antônio F. Almeida
Junior, Roquette Pinto, Delgado de Carvalho, Hermes
Lima e Cecília Meireles
Manifesto dos pioneiros da educação
(1932)
• Ao ser lançado, no meio do processo de reordenação política
resultante da Revolução de 30, o documento tornou-se o marco
inaugural do projeto de renovação educacional do país
• Além de constatar a desorganização do aparelho escolar, propunha
que o Estado organizasse um plano geral de educação e defendia a
bandeira de uma escola única, pública, laica, obrigatória e gratuita
• Com a proposta de renovar a escola tradicional, objetivava-se a
aplicação da verdadeira função social da escola, pautadas na
democracia e na hierarchia das capacidades. Enaltece o exercício
dos direitos dos cidadãos brasileiros no que se refere à educação,
dentre eles: a educação pública, a escola única, a laicidade,
gratuidade e obrigatoriedade da educação
Alguns marcos importantes
• Constituição de 1934: educação aparece como “um
direito de todos”. Educação sofre retrocessos na
constituição de 1937 (Estado Novo)
• Final da década de 1940: as escolas secundárias têm
forte expansão e, aos poucos, vão perdendo seu caráter
elitista, embora o acesso ainda não fosse de todos
• Segundo dados do Serviço de Estatística do Ministério
da Educação e Cultura, em 1940, eram 155 mil
frequentadores dessa etapa escolar. Dez anos depois, o
número sobre para 365 mil

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