A Constituição de 1824 foi a primeira constituição do Brasil, outorgada por D. Pedro I após dissolver a Assembleia Constituinte. Ela estabeleceu um sistema monárquico com quatro poderes, incluindo o poder moderador do imperador. Permaneceu em vigor por 65 anos até ser revogada após a proclamação da República.
A Constituição de 1824 foi a primeira constituição do Brasil, outorgada por D. Pedro I após dissolver a Assembleia Constituinte. Ela estabeleceu um sistema monárquico com quatro poderes, incluindo o poder moderador do imperador. Permaneceu em vigor por 65 anos até ser revogada após a proclamação da República.
A Constituição de 1824 foi a primeira constituição do Brasil, outorgada por D. Pedro I após dissolver a Assembleia Constituinte. Ela estabeleceu um sistema monárquico com quatro poderes, incluindo o poder moderador do imperador. Permaneceu em vigor por 65 anos até ser revogada após a proclamação da República.
Estado Profa. Luciana Ramos 1. Formação Constitucional do Brasil
• É possível afirmar que um dos primeiros textos brasileiros de feição
constitucional foi o projeto elaborado por ANTONIO CARLOS DE ANDRADA, que pode ser considerado o “fundador”. do Direito Constitucional no Brasil, erguendo as bases para um Direito Constitucional brasileiro. Esse projeto foi criado, em 1817, para os revolucionários de Pernambuco, assentando as Bases do Governo Provisório de Pernambuco. Foi, esta, como se sabe, uma manifestação violenta do constitucionalismo no Brasil. 1. Formação Constitucional do Brasil
• O constitucionalismo brasileiro, inicialmente, esteve intrinsecamente ligado ao
constitucionalismo português e à Constituição vintista (de 1822) de Portugal. E esta, como nota BONAVIDES, inspirou-se nos valores liberais da Revolução Francesa. • Não é de estranhar a imbricação entre os constitucionalismos do Brasil e de Portugal, diante da peculiaridade da História da independência brasileira. Esta foi precedida pela formação de um Reino Unido entre os dois países, com a transferência da Corte de Dom João VI ao Brasil; tendo sido a independência, ainda, declarada por um príncipe do Reino português, que optou por construir um governo autônomo na ex-colônia. Por outro lado, ímpetos liberais palpitavam em ambos os países, um visando a emancipar-se do regime colonial e o outro, a superar o regime monárquico absolutista 1. Formação Constitucional do Brasil: Constituição Imperial
• A Assembleia Constituinte foi convocada por Dom Pedro I, antes mesmo
da proclamação da independência, e veio a instalar-se em 3 de maio de 1823. Nascida por iniciativa do Imperador, já surgiu com a soberania sufocada: • As intenções liberais de alguns dos integrantes da Constituinte desde logo desagradaram o Imperador. No projeto, composto por 272 artigos, dividiam-se as funções do Estado em três poderes, e o Imperador não recebeu bem as limitações impostas ao Executivo171 1. Formação Constitucional do Brasil: Constituição Imperial
• ANTONIO CARLOS, que havia sido indicado para a Comissão especial
que deveria redigir o projeto de Constituição da Assembleia Constituinte, tinha posição consciente do momento de transição que se passava, declarando, ter encontrado a base das atribuições constitucionais do Imperador “na necessidade de um poder vigilante e moderador nos governos representativos (...) como atalaia da liberdade e direito dos povos”. Vale registrar, ainda, que ANTONIO CARLOS, esse verdadeiro pai do constitucionalismo no Brasil, acabou sendo o autor do Projeto apresentado pela Comissão àAssembleia Nacional. 1. Formação Constitucional do Brasil: Constituição Imperial • Contudo, o confronto entre os poderes da Assembleia e do Imperador culminou, em 12 de novembro de 1823, na dissolução daquela por um verdadeiro golpe nos caminhos constitucionais e democráticos recém-adotados no Brasil: • “(...) convocada aquela Assembleia, uma enorme contradição de titularidade de soberania logo se instalou: o poder constituinte do Imperador, de que ele em momento algum abdicou e o poder constituinte da Nação; este soberano na forma, na doutrina e na aparência, mas na realidade de feição delegada, obrigado a ferir com o primeiro uma batalha verbal de hegemonia, prenúncio da que arrastaria o corpo constituinte à dissolução de 12 de Novembro de 1823” 1. FormaçãoConstitucional do Brasil: Constituição Imperial
Você sabia que o Brasil já teve
4 Poderes? 1. Formação Constitucional do Brasil: Constituição Imperial. • A redação do novo projeto da Constituição do Império coube a um Conselho de Estado, instituído pelo Imperador. Teve como fonte principal o antigo projeto, que havia sido apresentado por ANTONIO CARLOS à Assembleia Constituinte, mas acrescentou a figura que caracterizou a arquitetura do novo modelo: o inovador e, ao mesmo tempo, centralizador (na feição acertada em 1824) Poder Moderador. • A Constituição outorgada em 1824 adotava a ideologia liberal inspirada pelas Revoluções do século XVIII. Fruto de um movimento que quebrou a dependência do Brasil em relação ao absolutismo monárquico português, preocupava-se em garantir certos direitos individuais e dividir os poderes do Estado. • Entretanto, além dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, clássicos desde a doutrina de Montesquieu, estabeleceu-se o Poder Moderador, com proeminência sobre os demais. A ideia decorreu da obra de BENJAMIN CONSTANT 179., que defendia a existência de um quarto poder, exercido pelo monarca, com o objetivo de resguardar o equilíbrio entre os demais poderes. • Centralizaram-se, assim, prerrogativas na pessoa do Monarca que permitiam interferências no exercício de todas as funções do Estado. O poder pessoal do Imperador era, dessa maneira, legitimado pela Constituição182.. Na opinião de PAULO BONAVIDES e PAES DE ANDRADE, “O Poder Moderador da Carta do Império é literalmente a constitucionalização do absolutismo, se isso fora possível”183. • Uma característica marcante e rara no constitucionalismo mundial era a circunstância de a Constituição do Império, uma constituição escrita, ter caráter semirrígido (ou rígido em relação apenas a parte das suas normas). Dispunha o art. 178: “É só constitucional o que diz respeito aos limites e atribuições respectivas dos Poderes Políticos, e aos Direitos Políticos e individuais dos cidadãos; tudo o que não é constitucional pode ser alterado, sem as formalidades referidas pelas Legislaturas ordinárias”. 1. Formação Constitucional do Brasil: Constituição Imperial • Nota-se que tal dispositivo diferencia, no texto da Constituição, as normas materialmente constitucionais e aquelas que o eram apenas sob o aspecto formal. Tratava-se, pois da possibilidade de que as normasformais poderiam ser alteradas com a mesma facilidade da legislação ordinária. Foi essa “plasticidade e adaptabilidade” da Constituição do Império que permitiu a implantação prática de um regime parlamentarista, à revelia do que a Carta literalmente dispunha. Na Constituição Imperial, não havia qualquer autorização para o parlamentarismo; ao contrário, pelo art. 101, VI, podia o Imperador, no exercício do poder moderador, nomear e demitir livremente os seus ministros Outras alterações em matéria substancialmente constitucional se deram por meio de legislação ordinária. Entre as mais relevantes está o Decreto n. 3.029, de 9-1-1881 (Lei Saraiva), que simultaneamente instituiu a eleição direta e proibiu o voto dos analfabetos. A Constituição de 1824 havia estabelecido que a eleição se realizasse de forma indireta; em uma primeira fase, os cidadãos elegeriam os eleitores, em assembleias paroquiais; a estes competiria a seleção dos deputados e senadores (art. 90). A Carta conferia direitos políticos aos homens maiores de vinte e cinco anos, com renda mínima de cem mil réis (arts. 91 e 92), sem estabelecer quaisquer restrições em relação aos analfabetos. Instituindo a proibição de voto aos analfabetos, a Lei Saraiva limitou consideravelmente o número de votantes, tendo em vista que apenas 15% da população, e 20% da população masculina, era alfabetizada Outra inovação, no plano infraconstitucional, foi a abolição da escravatura. Não obstante o inciso XIII do art. 179 da Carta Imperial dispusesse que “A Lei será igual para todos, quer proteja, quer castigue, e recompensará em proporção dos merecimentos de cada um”, a escravidão subsistiu até 13 de maio de 1888, quando se promulgou a Lei n. 3.353196.. Isso demonstra — mais do que uma maleabilidade da Constituição — a sua falta de efetividade, pois, se em um primeiro momento o documento formal não foi capaz de provocar uma transformação na realidade, em um segundo, a transformação se deu deixando intacto o documento formal, mas por meio de Lei 1. Formação Constitucional do Brasil: Constituição Imperial • “A Constituição do Império foi, em suma, uma Constituição de três dimensões: a primeira, voltada para o passado, trazendo as graves sequelas do absolutismo; a segunda, dirigida para o presente, efetivando, em parte e com êxito, no decurso de sua aplicação, o programa do Estado liberal; e uma terceira, à primeira vista desconhecida e encoberta, pressentindo já o futuro, conforme acabamos de apontar” (BONAVIDES). • A Constituição brasileira que mais tempo perdurou não o realizou às custas de seus méritos, mas da distância entre suas disposições formais e o que se praticava na realidade Resumo Constituição de 1824: Constituição Imperial • A Constituição Política do Império do Brasil, comumente referida como Constituição de 1824, foi a primeira constituição do Brasil, outorgada em 25 de março de 1824 e revogada em 24 de fevereiro de 1891. • Vigente durante o período do Brasil Império, ela foi uma constituição do tipo outorgada, isso é, tornada lei pelo poder do imperador Pedro I, que a encomendara ao Conselho de Estado. D. Pedro havia dissolvido a Assembleia Constituinte em 1823 e, por meio da Constituição de 1824, impôs o seu próprio projeto político ao País. O mesmo D. Pedro viria a outorgar, em Portugal, a Carta Constitucional de 29 de abril de 1826, inspirada no modelo brasileiro. • Ela permaneceu em vigor por 65 anos, até logo após a Proclamação da República do Brasil, quando foi inteiramente revogada pela Constituição de 1891 e, assim, deixou de ser lei.