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Universidade Federal do Piauí

Centro de Tecnologia/CT
Disciplina: Compósitos e Blendas
Professor: Ricardo Eugênio

Blendas Poliméricas
José Rosa
Matheus Ribeiro
Blendas Poliméricas

 Atualmente, muitas pesquisas têm sido desenvolvidas com o intuito de desenvolver novos
materiais;
 Devido ao baixo custo e boa processabilidade, os polímeros têm espaço garantido no
desenvolvimento de novos materiais para aplicações inovadoras;
 Os polímeros são materiais orgânicos ou inorgânicos, naturais ou sintéticos, de alto peso
molecular, cuja estrutura consiste na repetição de pequenas unidades chamadas meros, que
compõem as macromoléculas;
 Logo, as blendas poliméricas podem ser desenvolvidas por meio da mistura de dois ou
mais polímeros, resultando em um material que reúna as propriedades de ambos os
componentes.
Blendas Poliméricas

 As blendas poliméricas tornaram-se uma alternativa de baixo custo para melhorar o


desempenho dos polímeros convencionais sem que tenha a necessidade de
desenvolvimento de novos materiais ou aditivos;
 Atualmente, grande parte das pesquisas em blendas polimericas estão aplicadas ao
desenvolvimento de misturas contendo polímeros biodegradáveis e na compreensão de
como controlar a morfologia destes materiais;
 As blendas poliméricas podem ser classificadas como miscíveis, parcialmente miscíveis e
imiscíveis;
 As propriedades de uma blenda estão diretamente relacionadas á sua morfologia, que são
determinadas por fatores como: propriedades reológicas dos polímeros formadores da
blenda, compatibilidade e miscibilidade dos componentes.
Blendas Poliméricas

 Existem várias razões para a utilização de blendas poliméricas:


 Melhora de propriedades;
 Melhora de processabilidade;
 Promover melhor estabilidade dimensional;
 Melhorar a resistência à chama;
 Possibilidade de reaproveitamento de resíduos de polímeros;
 Reduzir custo do produto;
 Ajustar a composição da blenda às necessidades do produto final;
 As blendas poliméricas constituem a melhor resposta tecnológica para gerar "novos"
polímeros comerciais de alto desempenho.
Métodos de Obtenção de Blendas Poliméricas

 Os principais métodos de preparação de blendas são: mistura por solução, por redes
poliméricas interpenetrantes (IPN) e por mistura mecânica no estado fundido;
 As blendas por solução são obtidas por meio da preparação de soluções individuais de cada
polímero em um solvente comum, com posterior mistura das soluções nas proporções
desejadas.

Figura 1. Esquema do método de obtenção de blendas por solução.


Métodos de Obtenção de Blendas Poliméricas

 As blendas por mistura mecânica no estado fundido ou melt blending são obtidas pela
mistura dos componentes poliméricos em seu estado fundido ou amolecido;
 A mistura mecânica envolve aquecimento e alto cisalhamento e é o método mais utilizado
industrialmente por razões econômicas.

Figura 2. Esquema do processo de extrusão e injeção e o perfil da rosca utilizado na extrusora de rosca dupla
corrotacional. Fonte: (Adaptado de FLEMING et al. 2012).
Métodos de Obtenção de Blendas Poliméricas

 Redes poliméricas interpenetrantes são misturas poliméricas, nas quais pelo menos um dos
componentes apresenta uma estrutura de ligações cruzadas ou reticuladas;
 Estas blendas foram desenvolvidas com o objetivo de melhorar o grau de compatibilidade
de polímeros previamente misturados por solução ou mecanicamente.

Figura 3. Redes poliméricas interpenetrantes: a) semi-IPN; b) IPN.


Fonte: (PAUL et al., 1988).
Termodinâmica de Blendas Poliméricas

 As blendas poliméricas podem ser miscíveis, parcialmente miscíveis e imiscíveis;


 A miscibilidade das blendas é uma característica termodinâmica que duas macromoléculas
podem ter quando a mistura chega ao nível molecular;
 O fator fundamental, no que se refere à miscibilidade, é de natureza termodinâmica,
governada pela variação da energia livre de Gibbs da mistura, ΔGm, que é dada por:

 ΔGm > 0, mistura imiscível e os polímeros


(1) estarão presentes em fases separadas;(2)
 ΔGm = 0, o sistema está em equilíbrio;
 ΔGm < 0, mistura miscível e os polímeros estarão presentes em fases únicas.
Termodinâmica de Blendas Poliméricas

Figura 4. Representação das possibilidades de formação de blendas em relação à


energia livre de mistura: (I) região de imiscibilidade; (II) região de miscibilidade
parcial e (III) região de miscibilidade total. Fonte: (RICHART, 2013). e
Agentes Compatibilizantes

 O agente compatibilizante é uma espécie que torna a mistura polimérica menos


incompatível, e não uma espécie que leva à formação de mistura molecularmente
homogênea;
 Atua na interface das duas fases imiscíveis como surfactante polimérico, reduzindo a
tensão interfacial e promovendo a adesão entre as fases dos polímeros;
 Os compatibilizantes têm como requisito fundamenta apresentar interações específicas
e/ou reações químicas com as fases dos constituintes presentes na blenda:
 Copolímeros (em bloco, alternado ou enxertado - com ou sem grupos reativos);
 Polímeros funcionalizados (formação de copolímero in situ) ou com grupos que possuam atração
eletrostática.
Agentes Compatibilizantes

 Existem basicamente três métodos para compatibilizar blendas poliméricas imiscíveis:


 Compatibilização não-reativa -> adição de copolímeros em bloco ou enxertados não-reativos;
 Compatibilização específica -> ligar as cadeias do polímero a grupos que contenham interações
específicas;
 Compatibilização reativa -> introduzir moléculas reativas capazes de formar copolímeros
desejados in situ durante a mistura.

Tabela 1. Blendas e os respectivos agentes compatibilizantes não-reativos e reativos .


Mecanismos de Tenacificação

 A resistência ao impacto é uma das propriedades mecânicas mais importantes na decisão


de seleção de materiais, haja vista o grande número de aplicações práticas sujeitas a
solicitações desta ordem;
 Uma séria limitação de muitos polímeros, especialmente os chamados vítreos (frágeis), é a
baixa resistência ao impacto;
 Uma opção para melhorar a resistência ao impacto dos polímeros frágeis é a utilização de
modificadores de impacto:
 Adição de partículas de borracha por meio de mistura mecânica;
 Polimerização do polímero vítreo na presença do componente elastomérico, obtendo-se um
copolímero do tipo enxertado (grafting). Neste tipo de reação, o grau de enxertia é normalmente
baixo.
Mecanismos de Tenacificação

 A presença de uma segunda fase tenacificadora em uma matriz vítrea pode modificar
significativamente o seu comportamento tensão x deformação;
 Com a adição de partículas de borracha a um polímero frágil, pode-se induzir o mecanismo
de microfibrilamento no material, ocorrendo ao redor do equador das partículas presentes;
 A vantagem deste mecanismo é que se tem uma distribuição de tensões, que vai
possibilitar uma dissipação significativa da energia aplicada antes da geração das trincas
catastrófica;

Figura 5. Mecanismo de
absorção de impacto do HIPS
por meio do microfissuramento.
Fonte: (GRASSI et al., 2001).
Tipos de Blendas Poliméricas

 Blendas de PA6 (Nylon);


 Blendas de PS (Poliestireno);
 Blendas de PVC (Policloreto de Vinila);
 Blendas de PBT (Polibutileno Tereftalato);
 Blendas de PE (Polietileno);
 Blendas de Polímeros Biodegadáveis;
 Blendas de PMMA (Polimetil Acrilato);
 Blendas de PET (Polietileno Tereftalato);
 Blendas de PC (Policarbonato).
Algumas Blendas Comerciais

Tabela 2. Blendas poliméricas, vantagens e aplicações práticas. Fonte: (MARK et al.,


1988).
Blenda de PC/PBT

 O PBT é um poliéster termoplástico semicristalino de cadeia linear e flexível, que


apresenta alta regularidade estrutural e elevada tendência à cristalização. Este polímero
apresenta boa resistência mecânica, térmica e química, além de boa estabilidade
dimensional;
 O PC é um poliéster termoplástico essencialmente amorfo, de cadeia linear e que apresenta
alto valor de temperatura de transição vítrea. Suas propriedades principais são: alta
resistência ao impacto, rigidez e transparência ótica;
 A blenda PC/PBT comum, ou seja, com domínios da fase dispersa em escala micrométrica,
é uma blenda comercial bem conhecida e muito utilizada, principalmente pela indústria
automobilística;
 Nesta blenda, o PBT contribui para o aumento da resistência química e da estabilidade
térmica, enquanto que o PC contribui para o aumento da resistência ao impacto, tenacidade
e estabilidade dimensional.
Blenda de PBT/ABS

 O poli(tereftalato de butileno) (PBT) é um polímero semicristalino, com boas propriedades


mecânicas, dielétricas e de resistência a solventes;
 A alta sensibilidade ao entalhe é a maior desvantagem do PBT;
 O copolímero ABS é constituído por unidades derivadas de três tipos de monômeros, cuja
proporção é responsável pelas características gerais do ABS;
 O ABS é um copolímero amorfo com estrutura complexa constituída de três fases;
 A blenda de PBT e ABS tem como objetivo gerar um material com bom balanço de
propriedades, onde se destaca a melhor resistência ao impacto do que o PBT e melhor
resistência a solventes do que ABS;
 O ABS altera a cristalinidade da fase PBT e retarda o processo de cristalização dinâmica.
Blenda de PET/PMMA

 O PET é um plástico de engenharia e possui uma excelente combinação de propriedades


como: rigidez, tenacidade, isolação elétrica, alta resistência ao calor, e estabilidade
química e dimensional, o que permite a sua vasta aplicação em diversas áreas;
 o poli(metacrilato de metila) (PMMA) tem despertado grande interesse como matriz
polimérica por possuir características relacionadas à baixa absorção ótica e alta
transparência, além de uma rigidez excelente e uma boa estabilidade dimensional em
comparação a outros polímeros acrílicos;
 As blendas PMMA/PET são comercialmente importantes e estão sendo usadas em
aplicações elétricas e eletrônicas devido ao menor custo destas em relação ao PMMA e a
suas propriedades como o menor encolhimento quando comparado com o PET puro.
Blenda de PA6/ABS

 A PA6 (Nylon) é um polímero semicristalino que tem boa resistência química, baixa
viscosidade no estado fundido e é muito atrativo para aplicações de engenharia. No
entanto, a sua sensibilidade à propagação de trinca, alta absorção de umidade, estabilidade
dimensional pobre;
 O ABS é um termoplástico modificado com borracha tem sido utilizado na tenacificação
de poliamidas em decorrência da sua elevada tenacidade e propriedades intrínsecas de
termoplástico, além de oferecer várias possibilidades de tenacificação;
 A incorporação do terpolímero ABS pode melhorar a resistência ao impacto sob entalhe da
PA6, pois sua fase elastomérica, à base de polibutadieno, apresenta um enorme potencial
para aumentar a tenacidade da mistura final, bem como, diminuir a elevada absorção de
umidade da PA.
Referências

 SILVA, D. F.; LUNA, C. B.; ARAÚJO, E. M; SILVA, A. L. Blendas poliméricas: conceitos, obtenção e
aplicações. Revista de Engenharia e Tecnologia. Universidade Federal de Campo Grande, V. 8, No . 1,
Abr/2016.
 REIS,P. R. Obtenção e caracterização de compósitos de blendas poliméricas biodegradáveis reforçadas
com bio-hidroxiapatita. Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, Universidade de São Paulo,
Tecnologia Nuclear – Materiais, São Paulo, 2018.
 LAURINDO, V. Desenvolvimento de blendas poliméricas policarbonato/ poli (Tereftalato de Butileno)
(PC/PBT) compatibilizadas e nanoestruturadas / Vanessa Laurindo. -- São Carlos : UFSCar, 2012. 98 p.
 FERREIRA, L. A.; PESSAN, L. A.; JÚNIOR, E. H. Comportamento Mecânico e Termo-Mecânico de
Blendas Poliméricas PBT/ABS. Universidade Federal de São Carlos - Departamento de Engenharia de
Materiais , Caixa Postal 676, 13565-905, São Carlos, SP, Polímeros: Ciência e Tecnologia – Jan/Mar –
1997.
 DANTAS, R. de L. Estudo morfológico da blenda polimérica poli(metacrilato de metila)/poli(tereftalato
de etileno) reciclado (PMMA/PET) / Rosanne de Lima Filgueira Dantas. – Natal, RN, 2011. 74 f.; il.

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