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Produção de alimentos e sustentabilidade

Exploração das potencialidades da Biosfera


 O aumento populacional, maiores índice de consumo por habitante e problemas de má nutrição
são fatores que implicam a produção de alimentos.
 A produção de alimentos implica:
 Aumentar as áreas para a exploração agrícola;
 Produzir mais alimento, implicando a aplicação
de mais fertilizantes e pesticidas;
 Melhorar nutricionalmente os alimentos;
 Torna-los mais resistentes à degradação;
 Reduzir os impactes ambientais da atividade
agrícola. Fig. 1 – Plantação tradicional
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Exploração das potencialidades da Biosfera
 As modificações nos processos agrícolas permitiram aumentar o consumo per capita (medido
em Kcal/pessoa/dia), em todo o mundo, embora de forma desigual.

 Contudo, possuímos fontes alimentar relativamente reduzidas. A maioria dos nossos alimentos
provêm de um número reduzido de espécies.

 Devido a esse número reduzido, estamos muito mais vulneráveis a pragas e modificações no
clima.

 Assim, a diversidade das fontes alimentares é um problema para as sociedades atuais.

 Tanto procedimentos clássicos como métodos mais avançados têm contribuído para uma
maior variedade de fontes de alimentos.
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Exploração das potencialidades da Biosfera
 Um dos principais problemas da agricultura intensiva é a necessidade de grandes áreas para
o cultivo.

 Essas áreas são, muitas vezes, retiradas às áreas florestais.

 Por sua vez, as florestas são fundamentais para o equilíbrio da


Terra, nomeadamente na captura do CO₂ atmosférico e na
produção de oxigénio.

 Estima-se que cerca de 70% da cobertura vegetal do planeta


esteja destruída ou substituída por áreas de cultivo muito em
breve.

Fig. 2 – Desflorestação para dar lugar a


campo agrícola.
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Intervenção do Homem no cultivo de plantas e criação de animais
 Para além das desflorestação, existem outros possíveis impactes da exploração agrícola
intensiva.

 Classicamente, as plantas eram selecionadas pelas variedade de maior interesse utilizando-


se técnicas de polinização cruzada – reprodução seletiva.

 A chamada revolução verde permitiu aumentar de forma muito significativa a produção


alimentar a nível mundial, levando a uma baixa de preços, o que permitiu o acesso
generalizado aos alimentos mesmo por pessoas mais pobres.
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 Contudo, existem outros problemas derivados desse aumento de produção:
 Diminuição da diversidade genética;
 Erosão dos solos;
 Salinização;
 Uso de fertilizantes químicos;
 Uso de pesticidas.

Fig. 3 – Uso de insetidas


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 Para minorar estes efeitos foram introduzidos procedimentos in vitro.

 Iniciou-se assim a micropropagação.

 Para tal é necessária a utilização de um explante,


um pedaço da planta que se pretende propagar.

Fig. 4 – Micropropagação
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 A partir do explante, onde existem células dos meristemas vegetais, é possível obter o
crescimento de uma nova planta.

 O explante deve ser desinfetado de modo a evitar contaminações bacterianas ou fúngicas.

 De seguida, o explante deve ser colocado num meio estéril e rico em substâncias que
garantam o seu desenvolvimento, nomeadamente sacarose, sais minerais e hormonas
vegetais.

 O meio de cultura tem renovações periódicas que permitem o crescimento e divisão indefinida
das células do explante, formando uma estrutura designada de tecido caloso.
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 Fragmentos do corpo caloso podem ser transferidos para meios com diferentes combinações
hormonais.

 Deste modo é possível que algumas células se diferenciem em órgãos especializados.

 A técnica de micropropagação permite:


 Obtenção de taxas de multiplicação e crescimento superiores ao normal;
 Redução do espaço necessário;
 Propagação de espécies de difícil reprodução;
 Controlo de fatores ambientais adversos;
 Realização de pesquisas no âmbito da genética que permitam uma melhoria de
rendimento;
 Obtenção de compostos de interesse farmacêutico a baixo custo.
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 Em algumas das aplicações anteriores podem ser implementadas técnicas que tem por base
a obtenção de protoplastos.

 Os protoplastos são células vegetais às quais foi removida a parede celular, com recurso a
enzimas, deixando a célula protegida apenas pela membrana plasmática.

 Esta técnica permite, posteriormente, a introdução de um gene de interesse na célula de


modo a se obterem plantas transgénicas.

 Deste modo, os protoplastos permitem obter novas variedades de plantas que resultam da
fusão de células haploides de variedades ou mesmo espécies diferentes.
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Intervenção do Homem no cultivo de plantas e criação de animais – hormonas nas plantas

 O desenvolvimento das plantas pode ser regulado por hormonas

 As fitohormonas ou hormonas vegetais são sintetizadas em diferentes locais das plantas.

 Tanto podem ter um papel inibidor como estimulador.

 O corpo caloso pode ser estimulado com diferentes hormonas de modo a se obter o
desenvolvimento de estruturas específicas das plantas.

 Podem existir efeitos combinados entre diferentes hormonas para se obter os resultados
desejados.
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Intervenção do Homem no cultivo de plantas e criação de animais – hormonas nas plantas

Hormona Principais funções

Auxina Promove o desenvolvimento de raízes e estimula o desenvolvimento de frutos.

Estimula o crescimento de caules e folhas. Induz a germinação de sementes e


Giberelina estimula a floração.

Citocinina Estimula a divisão celular e promove o crescimento dos caules.

Acido abscísico Induz a dormência de sementes e de gomos apicais. Promove o fecho dos
estomas.

Etileno Induz o amadurecimento dos frutos e da abscisão foliar e inibe o crescimento do


caule.
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Intervenção do Homem no cultivo de plantas e criação de animais – produtos animais

 A criação intensiva de animais associada à


reprodução seletiva surge durante a Revolução
Industrial, de modo a satisfazer as necessidades
resultantes do aumento de população.

 Passaram a ser utilizadas substâncias como


hormonas, para promover o crescimento ou
controlar a fertilidade, antibióticos e aditivos
alimentares.

 Na Europa as hormonas estão proibidas desde 1988


e há restrições na utilização de aditivos alimentares
e antibióticos.
Fig. 5 – Produção intensiva animal
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Uso de organismos geneticamente modificados
 Uma das aplicações da Biotecnologia são os organismos geneticamente modificados (OGM),
ou transgénicos, que passaram a ser comercializados a partir de 1980.

 Ainda não há consenso sobre o verdadeiro impacte dos OGM’s nos animais, sendo
necessários mais estudos sobre o assunto.

 Exemplos de algumas aplicações biotecnológicas nesta área:


 Criação de animais para produção de leite com proteínas humanas para aplicações
médicas. Estes animais são designados de biorreatores;
 Aumento das taxas de crescimento;
 Melhoria na produção de fibras têxteis como a lã, com aumento da produção;
 Seleção de animais com resistência a certas doenças;
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Uso de organismos geneticamente modificados

 Uso de organismos para estudos moleculares para testar agentes terapêuticos e combater
doenças;
 Possibilidade de realizar xenotransplantes (transplantes de órgãos entre espécies
diferentes).
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Uso de organismos geneticamente modificados
 Em relação às plantas também existem diversos exemplos de OGM’s.

 A área de cultivo utilizada para a plantação destes organismos tem vindo sempre a crescer nas
últimas duas décadas.

 A resistência a insetos e a tolerância a herbicidas são as principais características dos OGM’s.

 As espécies que mais se destacam em área de cultivo são a soja e o milho.

Fig. 6 – Soja e milho.


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Uso de organismos geneticamente modificados
 Uma das variedades de milho, milho Bt, foi geneticamente modificado com o gene de uma
bactéria de solo, a Bacillus thuringiensis.

 Esta bactéria produz uma toxina mortal para larvas que infetam o milho, funcionando como um
inseticida.

 Contudo, esta alteração foi alvo de muita discórdia pois há a possibilidade do transgene se
disseminar no pólen e afetar o mel das abelhas.

 Há também a possibilidade de passar para bactérias o gene Terminator que confere


resistência aos antibióticos.
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Uso de organismos geneticamente modificados – potenciais riscos
Existem vários exemplos de potenciais riscos da produção de alimentos a partir de OGM’s.

Saúde Agricultura, Ambiente


• possibilidade de • utilização de OGM’s • não é possível garantir o
desenvolvimento de resistentes a herbicidas isolamento entre culturas
alergias. pode levar ao uso de transgénicas e as
• afetar o sistema maiores quantidades, restantes;
imunitário. agravando a poluição • inexistência de predadores
nos aquíferos e naturais para estes
causando problemas de organismos;
saúde; • alteração biológica do solo;
• risco da transferência de • afetar insetos que não
genes para outras sejam pragas.
espécies que ganham
resistência.
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Uso de organismos geneticamente modificados – o combate à fome
 No caso dos países em desenvolvimento, a melhor ajuda por parte da biotecnologia não vem
dos OGM’s mas de outras técnicas como a micropropagação.

 As principais dificuldades destes países são:


 Solos pouco férteis;
 Espécies parasitas devastadoras;
 Pouco interesse da indústria agroquímica em investir nestes países.
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Uso de organismos geneticamente modificados – o combate à fome
 As soluções passam por:
 Produção de arroz transgénico resistente ao vírus RYMV,
que é endémico em África;
 Criação de variedades resistentes às secas;
 Produção de batata-doce, bananas e cana-de-açúcar
resistente a vírus;
 Criação de variedades de trigo e milho capazes de resistir
ao alumínio;
 Comercialização de batata-doce transgénica com maior
valor proteico e mandioca com menores valores de
cianeto.

 O arroz dourado é um exemplo de sucesso, pois suprime os


défices naturais do arroz em ferro e vitamina A, em populações Fig. 7 – Arroz dourado
cuja alimentação é baseada no arroz.
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Uso de organismos geneticamente modificados – controlo de pragas
 As pragas podem ser responsáveis por perdas anuais de produção na ordem dos 35%.

 Tradicionalmente são utilizados produtos químicos no combate às pragas.

 Esta utilização pode ter consequências muito nefastas para o ambiente.

 Na década de 60 iniciaram-se programas de controlo de praga sem recurso a químicos –


controlo natural de pragas.

 Para tal é necessário conhecer o ciclo de vida das pragas.


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Uso de organismos geneticamente modificados – controlo de pragas
Para se aplicar o controlo natural de pragas é essencial:
 Conhecer os mecanismos que regulam as interações
bióticas entre hospedeiro/praga, praga/predador e
hospedeiro/predador;
 Influência dos fatores abióticos nas diferentes
espécies;
 O ciclo de vida da praga para a aplicação de um
método que permita reduzir significativamente a
praga.

 Existem vários exemplos de espécies utilizadas, tais


como vespas, morcegos e algumas espécies de
mosquitos.
Fig. 8 – Utilização de joaninhas como controlo de
 Estes métodos nem sempre são muito eficazes. pragas
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Uso de organismos geneticamente modificados – controlo de pragas
 Mais recentemente utilizam-se outras técnicas como armadilhas de feromonas.

 As feromonas são compostos odoríferos que atraem os insetos e que posteriormente ficam
aprisionados na armadilha.

 Apresentam várias vantagens, tais como, serem inócuas para o homem, animais domésticos e
ambiente; podem ser sintéticas; não incorporam resíduos tóxicos nos alimentos e permitem
detetar precocemente as pragas.

 A esterilização é outro método utilizado, usando machos estéreis que acasalam com as
fêmeas. Há uma grande redução populacional nestes casos.
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Uso de organismos geneticamente modificados – controlo de pragas
 Os produtos químicos, como os biocidas, continuam a ser muito utilizados devido à sua
eficácia. O nome pesticida deriva do controlo de pestes/pragas.

 Apresentam vários problemas para o homem e para o ambiente.

 Alguns persistem muito tempo no meio ambiente e no corpo humano, ou seja, tem um elevado
espetro de ação e persistência.

 Podem ser absorvidos por via oral, dérmica ou respiratória.

 Alguns degradam-se rapidamente mas são altamente tóxicos.

 Afetam, habitualmente, o sistema muscular e o sistema nervoso.


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Uso de organismos geneticamente modificados – controlo de pragas
Os biocidas classificam-se segundo a sua composição química e o espetro de ação:
 Herbicidas, contra o crescimento de ervas daninhas;
 Fungicidas, contra fungos parasitas;
 Inseticidas, contra insetos.

Os biocidas podem atuar de diferentes formas:


 Regulam o crescimento;
 Inibem o biossíntese de ácidos nucleicos, lípidos ou
pigmentos;
 Inibem o desenvolvimento de plântulas ou da
Fig. 9 – Biocidas.
fotossíntese;
 Desorganizam a membrana plasmática.
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Uso de organismos geneticamente modificados – controlo de pragas
 O controlo genético é outra forma de controlar pragas, por exemplo, com o milho Bt.

 Muitas vezes é necessário recorrer a vários métodos de controlo para uma única cultura.

 O objetivo final é manter um equilíbrio entre a a biosfera e as necessidades de exploração


humana.

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