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"Especulações sobre o sacrifício

das viúvas“

Spivak- Pode o subalterno falar?


• Uma das preocupações centrais de Spivak é o
de desafiar os discursos hegemonicos e
também nossas próprias crenças como leitores
e produtores de saber e conhecimento
• Pensar a teoria crítica como como uma prática
intervencionista, engajada e contestadora
• formulação do teórico italiano Antonio Gramsci
sobre as classes subalternas como uma
categoria alijada do poder, articulam uma
pertinente discussão sobre os sujeitos
subalternos no contexto do sul asiático.
• Para ela o termo deve ser resgatado,
retomando o significando que Gramsci atribui
ao se referir ao proletariado. O termo
subalterno, resgata Spivak “as camadas mais
baixas da sociedade constituídas pelos modos
específicos de exclusão dos mercados, da
representação política e legal, e da
possibilidade de se tornarem membro plenos
no estrato social dominante
• Dessa forma, Spivak desvela o lugar incômodo e a
cumplicidade do intelectual que julga poder falar pelo
outro e, por meio dele, construir um discurso de
resistência. Agir dessa forma, Spivak argumenta, é
reproduzir as estruturas de poder e opressão, mantendo o
subalterno silenciado, sem lhe oferecer uma posição, um
espaço de onde possa
• Ela vai alertar o perigo de se constituir o outro e o
subalterno apenas como objetos de conhecimento por
parte de intelectuais que almejam meramente falar pelo
outro
• Distingue os dois sentidos da palavra representação,
segundo o seu significado em alemão, Vetretung e
Darstellung: o 1° se refere ao ato de assumir o lugar do
outro, numa acepção política da palavra, e o segundo uma
performance estética que prefigura o ato de performance
e encenação

• Na análise de Spivak. há uma relação intrínseca entre o


"falar por" e o "re-presentar", pois, _e_m ambos os casos,
a representação é um ato de fala em que há a
pressup_(l~ção_deurnfalantee de um ouvinte.
• Ao concluir que o subalterno não pode falar, Spivak vai além
de urna mera resposta objetiva a essa pergunta. Tal afirmação
tem sido interpretada erroneamente e de forma simplista
como se Spivak estivesse afirmando categoricamente que o
subalterno - ou os grupos marginalizados e oprimidos- não
pudesse falar ou que tivesse que recorrer ao discurso
hegemônico para fazê-lo. Aqui Spivak refere-se aofatode a fala
do subalterno e do colonizado ser sempre intermediada pela
voz de outrem, que se coloca em posição de reivindicar algo
em nome de um(a) outro(a). Esse argumento destaca, acima
de tudo, a ilusão e a cumplicidade do intelectual que crê poder
falar por esse outro(a)
• "Se, no contexto da produção colonial, o sujeito
subalterno não tem história e não pode falar, o
sujeito subalterno feminino está ainda mais
profundamente na obscuridade.“
• É, principalmente, à mulher intelectual que seu
apelo final se dirige - a ela caberá a tarefa de criar
espaços e condições de autorre(lfesentação e de
questionar os limites representacÍ()nªis, bem como
seu próprio lugar de enunciação e sua cumplicidade
no trabalho intelectua
• Segundo Spivak, a tarefa do intelectual pós-
colonial deve ser a de criar espaços por meio
dos quais o sujeito subalterno possa falar para
que, quando ele ou ela o faça, seja ouvido(a).
Para ela, não se pode falar pelo subalterno,
mas pode-se trabalhar"contra" a
subalternidade, criando espaços nos quais o
subalterno possa se articular e, como
consequência, possa também ser ouvido
• Dai a impossibilidade de se articular um discurso de
resistência que esteja fora dos
discursoshegemônicos. Spivak alega ainda que seu
objetivo principal ao elaborar esse artigo era contar
a história de Bhubaneswari Bhaduri, a mulher
indiana cujo ato de rebeldia é suprimido da história
da nação por jamais ter sido reconhecido e aceito,
razão pela qual ela não pode ser ouvida e seu nome
é apagado da memória familiar e histórica.
• A produção intelectual ocidental é, de muitas maneiras,
cúmplice dos interesses econômicos internacionais do
Ocidente.
• os intelectuais devem tentar revelar e conhecer o discurso
do outro na sociedade. Entretanto, ambos os -autores
ignoram sistematicamente a questão da ideologia e seu
próprio envolvimento na história intelectual e econômica
• "Nunca desejamos o que vai contra nossos interesses,
porque o interesse sempre segue e se encontra onde o
desejo está localizado"
• Nem Deleuze, nem Foucault, parecem estar
cientes de que o intectual, inserido no
contexto do capital sociolizado, pode alardear
a experiência concreta, pode ajudar a
consolidar a divisão internacional do trabalho
• A contradição não reconhecida de uma posição
que valoriza a experiência concreta do
oprimido, ao mesmo tempo se mostra acrítica
com o papel histórico do intelectual
• Dois sentidos do termo "representação" são
agrupados: a representação como "falar por",
como ocorre na política, e representação
como “representação”, como aparece na arte
ou na filosofia

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