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ULTRA-SOM

TERAPÊUTICO
renata.rothenbuhler@utp.br
ULTRASSOM

O som consiste em vibrações mecânicas num meio elástico que podem


fazer vibrar a membrana timpânica que neste caso são consideradas
vibrações sonoras, cuja frequência está entre 20-20.000 Hz. Quando a
frequência está abaixo de 20 Hz, classifica-se como infrassônica ou
subsônica e acima de 20.000 Hz como ultrassônica. No campo da
fisioterapia, denomina-se ultrassom (US) as oscilações (ondas)
cinéticas ou mecânicas produzidas por um transdutor vibratório que
se aplica sobre a pele com fins terapêuticos, atravessando-a e
penetrando no organismo em diferentes profundidades (AGNE,
2005).
DEFINIÇÃO
É uma onda mecânica de alta frequência que transmite energia de um
ponto a outro entre moléculas (gasoso, sólido e líquido) (HARR –
1987)
DEFINIÇÃO

Vibrações acústicas inaudíveis de alta frequência que podem produzir


efeito fisiológico térmico ou não térmico sobre um tecido biológico
(PRENTICE – 2002).
O EQUIPAMENTO DO ULTRA-SOM
Geração dos Ultra-sons
Para HOOGLAND (1996) qualquer objeto que vibra é uma fonte de som.

GUTMANN (1989) afirma que os radiadores de ultra-sons mais empregados, são os


piezelétricos, por apresentarem as mais elevadas potências sônicas
EFEITO PIEZOELÉTRICO
Quando uma corrente elétrica alternada, gerada na mesma frequência que a ressonância
do cristal, é propagada através do cristal piezoelétrico, este se expandirá e se contrairá ou
vibrará na frequência da oscilação elétrica, gerando, desta maneira, ultra-som numa
frequência desejada
FÍSICA DO CAMPO ULTRA-SÔNICO
Impedância Acústica

É uma característica do meio que é atravessado pelo US. Relaciona a


velocidade que a partícula adquire no momento de sua vibração e a
pressão a que está submetida. A impedância dá ideia da facilidade que um
determinado meio oferece à passagem do US ( AGNE, 2005)
Frequências do ultra-som

O ultra-som terapêutico, no mercado nacional,


caracteriza-se por apresentar freqüências de 1,0 ou
3,0 megahertz (MHz), sendo disponível atualmente
também em 5,0 megahertz (MHz)
INTENSIDADE ULTRA-SÔNICA

• É a energia que passa por segundo a cada cm² de


uma superfície perpendicular à emissão das ondas,
sendo sua unidade calculada em W/ cm²
• A intensidade pode variar atualmente entre 0,1 a 3,0
W/ cm².
Potência ultra-sônica

È a energia total que se produz por segundo, medida


em watts.
TRANSMISSÃO DA ENERGIA
ACÚSTICA NOS TECIDOS
BIOLÓGICOS
Existem dois tipos de ondas que podem se
propagar por um meio sólido:

ONDAS LONGITUDINAIS E TRANSVERSAIS


Ondas Longitudinais

 O deslocamento molecular se dá na direção em que a onda se propaga


Durante a propagação de uma onda longitudinal em regiões de alta
densidade cria-se uma compressão
 Durante a propagação de uma onda longitudinal em regiões de baixa
intensidade cria-se uma rarefação
Ondas Transversais

 As moléculas são deslocadas em uma direção perpendicular à direção


em que a onda ultra-sônica está se movendo
Ondas longitudinais: se propagam
em sólidos e líquidos

Ondas transversais: se propagam


apenas no sólido
Área de Radiação Efetiva (ARE)

 Porção da superfície do transdutor que realmente produz a onda


sonora.
 Corresponde aproximadamente ao diâmetro da superfície de contato
do transdutor
 Considerando que a área de radiação efetiva sempre é menor que a
superfície do transdutor, o tamanho do transdutor não é indicativo da
real superfície de radiação
 O tamanho da área a ser tratada usando-se o ultra-som é de 2 a 3
vezes o tamanho da área de radiação efetiva (ARE) do cristal.
 No gráfico a seguir mostra que quanto maior a área a ser tratada
independente da frequência e intensidade menor é o aquecimento nos
tecidos.
Absorção dos diferentes meios e tecidos nas
frequências de 1,0 e 3,0 MHz para a energia
ultra-sônica.
A absorção de energia sonora é maior nos
tecidos com quantidades maiores de
proteínas e menor conteúdo de água
Menor conteúdo de Menor absorção
Sangue Proteína de US
Gordura
Nervo
Músculo
Pele
Tendão
Cartilagem
Osso Maior conteúdo de Maior absorção
proteína de Us
A profundidade de penetração do
tecido é determinada pela frequência
do ultra-som e não pela intensidade

Quanto maior a frequência do ultra-


som menor será a profundidade do
aquecimento
Absorção das ondas ultra-sônicas utilizando
a frequência de 1 MHz
A energia ultra-sônica gerada a 1 MHz é transmitida através dos tecidos
mais superficiais e absorvida sobretudo nos tecidos profundos, com
profundidade de 2 a 5cm.
É muito útil em pacientes com alta porcentagem de gordura cutânea no
corpo, e sempre que os efeitos desejados se destinarem às estruturas
mais profundas
Absorção das ondas ultra-sônicas utilizando
a frequência de 3 MHz

A energia de 3 MHz é absorvida nos tecidos mais superficiais, com uma


profundidade de penetração entre 1 e 2 cm, sendo utilizado para tratar
as condições mais superficiais.
https://www.youtube.com/watch?
v=I46fQDCoiVw
A frequência de 3 Mhz não é somente mais
absorvida superficialmente, é também absorvida 3
vezes mais rapidamente do que o ultra-som de 1
MHz. Esta maior taxa de absorção resulta em pico
de aquecimento mais rápido nos tecidos. Tem sido
demonstrado que o ultra-som de 3 MHz aquece o
músculo humano 3 vezes mais rapidamente do
que o ultra-som de 1 MHz
Profundidade média

Meio (mm) (mm)


1 Mhz 3 MHz
Ar 2,5 0,8
Tendão 6,1 2,0
Pele 11,1 4,0
Músculo 9,0 3,0
Gordura 50,0 16,4
Água 11500,0 3833,3
Ultra-som Contínuo versus Pulsado

• Ultra-som Contínuo: a intensidade é periodicamente interrompida, com


nenhuma energia ultra-sônica sendo produzida durante o período
desligado.
• Ultra-som Contínuo: a intensidade sonora permanece constante ao
longo do tratamento e a energia do ultra-som é produzida em 100% do
tempo
Efeitos Fisiológicos do Ultra-som

Na aplicação das ondas ultra-sônicas é possível observar efeitos


térmicos e não térmicos nos diferentes tipos de tecidos biológicos:
células, tecidos e órgãos.
Efeitos térmicos

Aumento na extensibilidade das fibras de colágeno encontrada nos


tendões e cápsulas articulare;
Diminuição da rigidez articular;
Redução do espasmo muscular:
Modulação da dor;
Aumento do fluxo de sangue;
Efeitos térmicos
Tem sido sugerido que para a maioria desses efeitos
acontecerem, os tecidos devem ser elevados para um nível
de 40 a 45°C por num mínimo de 5 minutos
Aumento da temperatura tecidual em 1°C acelera o
metabolismo e o processo de cura;
Aumentos de 2 a 3°C diminuem a dor e o espasmo
muscular
Aumentos de 4°C ou mais aumentam a extensibilidade do
colágeno e diminuem a rigidez articular
Tem se demonstrado que
temperaturas acima de 45°C
podem ser potencialmente lesivas
aos tecidos, mas, no entanto,
pacientes normalmente sentem dor
antes de se atingir essas
temperaturas extremas
Efeitos não-térmicos

Cavitação

Micromassagem
Cavitação

Formação de bolhas gasosas que expandem e se comprimem em razão da


mudança de pressão induzida pelo ultra-som nos líquidos teciduais
Cavitação estável: as bolhas se expandem e se contraem em resposta à
mudança de pressão regularmente repetida durante muitos ciclos.
Cavitação Instável: existem grandes modificações violentas nos volumes de
bolhas de ar antes que ocorra a implosão e o colapso depois de uns poucos
ciclos.
Cavitação

Na cavitação estável ocorre um movimento localizado e


unidirecional de líquido em torno da bolha que esta
vibrando.
O efeito chamado de microcorrenteza, exerce sobrecarga
viscosa sobre a membrana da célula e portanto pode
aumentar a permeabilidade da membrana.
Este aumento de permeabilidade pode aumentar a
secreção pelos mastócitos, aumento na captação de cálcio e
maior produção do fator de crescimento pelos macrófagos
Micromassagem

As ondas de compressão e rarefação podem produzir uma forma de


micromassagem capaz de reduzir o edema
Técnicas de aplicação

Instruções gerais ao paciente


Preparo e teste do equipamento
Aplicação e movimento do cabeçote
Preparo e teste do equipamento

Colocar o cabeçote logo abaixo da superfície da água quando o ultra-


som tem características de aplicação sub-aquática.
Pode-se também cobrir o cabeçote com água ou álcool quanto este
não tem características sub-aquática.
Métodos de acoplamento
Aplicação em banho de imersão

É usado quando o contato direto não é possível devido a forma


irregular da parte a ser tratada.
Geralmente utilizado nas extremidades.
O cabeçote é colocado na água e movido paralelo à superfície da parte
que está sendo tratada e o mais próximo possível da pele
Aplicação em banho de imersão

Para que a tenha seja eficaz alguns requisitos devem ser seguidos
1. Se possível a água deverá ser fervida e aquecida
2. A mão do terapeuta não deverá estar em contato com a água
3. Caso a água não seja desgaseificada o terapeuta deverá constantemente
limpar o cabeçote devido a formação de bolhas.
Aplicação com gel sólido
O mais utilizado
É importante que a distância entre o cabeçote e o tecido seja preenchida
por gel numa distância aproximada de 0,5 cm.
Evitar durante a aplicação mudanças no ângulo do cabeçote
Se o cabeçote se aquecer em excesso é possível que o preenchimento de
gel é inadequado
Após a aplicação retirar todo o gel do cabeçote
Aplicação com bolsa de água

Utilizado também em superfícies irregulares


Geralmente utiliza-se uma bolsa de plástico ou borracha, preenchida
com água desgaseificada.
Entre a bolsa,o cabeçote e a pele do ultra-som deverá existir uma fina
camada de gel.
O cabeçote deverá ser firmemente pressionado sobre a bolsa
Utilização em feridas abertas

Como não se deve aplicar diretamente sobre a ferida, o terapeuta


deverá ter alguns cuidados para evitar riscos de infecção
Utilizar gel estéril de ágar poliacrilamida em uma folha de 3,3 mm como meio
de acoplamento
O espaço entre a ferida e a folha deverá ser preenchida com soro fisiológico.
Regras gerais

Na aplicação de modo sub-aquático a absorção da onda ultra-sônica é


de 100%
Na aplicação com gel é de 80%
Quando se utiliza com bolsa de água 50% assim como com o gel estéril
Quando se utiliza outras substâncias como cremes, óleos a absorção é
de 50%
Dosagem

• Três fatores determinam a dosagem do


ultra-som:
• Tamanho da área a ser tratada
• Profundidade da lesão
• Natureza da lesão
Tempo de aplicação

• Tempo = Área / ERA


• Ex.: ÁREA: Largura = 5 cm; comprimento = 8 cm
• área = 40 cm2
• ERA: 4 cm2
• TEMPO = 40 / 4 = 10 min
• - Tempo máximo = 15 min por área
Contra-indicações

 Gravidez
Marcapasso
Cãncer
Áreas epifisais em crianças
Próteses cimentadas
Infecção
Como não há um modo certo de saber quanta
energia é absorvida por um tecido em
particular, as decisões sobre dosagem
dependem até certo ponto do julgamento
individual. Esse julgamento precisa ser
baseado nos fatores conhecidos que governam
a absorção do ultra-som
Quando uma modalidade de calor é aplicada
no tecido, somente deve fazer sentido se o
paciente sentir o calo local. Se o aquecimento
não é sentido, ou o terapeuta está movendo o
cabeçote muito rapidamente, ou a intensidade
está muito baixa
Aplicação básica do Ultra-som terapêutico

Efeito Aumento do tempo


Não-térmico Linha de base 37,5
Térmico brando 1° C – 38,5
Térmico moderado 2° C – 39,5
Térmico forte 4° C – 41,5
Indicações

Condições agudas e pós-agudas


Cura e reparo do tecido mole
Tecido cicatricical
Contratura articular
Inflamação crônica
Aumento da extensibilidade do colágeno
Redução do espasmo muscular
Modulação da dor
Indicações

Aumento do fluxo sanguíneo


Reparação do tecido mole
Aumento da síntese de proteína
Regeneração do tecido
Reparação de fraturas não-unidas
Pontos-gatilho miofasciais
Precauções

 podem ocorrer queimaduras se o calor gerado exceder a habilidade


fisiológica para dissipa-lo
Pode haver destruição do tecido como resultado de cavitação
transitória
Pode ocorrer estase de células sanguíneas e dano endotelial se houver
formação de ondas estacionárias
Contra-indicações

 Condições agudas
 Áreas de sensação de temperatura diminuida
Insuficiência vascular
Tromboflebite
Olhos
Órgãos reprodutores
Pelve imediatamente após menstruação
Estudos de caso:

• A. Que sinais e sintomas nesse caso podem ser tratados com


termoterapia ?
• B. Quais seriam os objetivos fisioterapêuticos para o tratamento desse
paciente?
• C. Qual tratamento com TERMOTERAPIA será adequado para esse
paciente (descrever a técnica de aplicação, dosagem, posicionamento
do paciente, tempo de aplicação, cuidados a serem tomados e
orientações)?

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