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Pé Diabético

Dallis Lázara Oliveira Fonseca


Dário Jacinto Tavares
Mas, afinal, o que é o Pé Diabético?

Denomina-se Pé Diabético a presença de infecção,


ulceração e/ou destruição de tecidos profundos
associados a anormalidades neurológicas e a vários
graus de doença vascular periférica em pessoas com
DM.
Fatores de risco para Pé Diabético

 História de ulceração ou amputação prévia


 Neuropatia periférica
 Deformidades dos pés
 Doença vascular periférica
 Baixa acuidade visual
 Controle glicêmico insatisfatório
 Tabagismo
Por que é importante avaliar o Pé Diabético ?

1. Diabetes Mellitus (DM) é um problema de saúde


comum na população brasileira;

2. Complicações crônicas do DM, a ulceração e a


amputação de extremidades;

3. Cerca 85% das amputações de membros inferiores


em pessoas com DM são precedidas de ulcerações;
Anamnese

 Tempo de doença do DM e controle glicêmico;


 História de complicações microvasculares (retinopatia
e nefropatia diabética) e macrovasculares (IAM, AVC
e DAP);
 História de úlceras e amputações;
 História de tabagismo
- Cicatrização
 Dor ou desconforto em membros inferiores
- Neuropatia: “Queimação” ou formigamento
ascendente com piora em período noturno e aliviado ao
movimento OU hipoestesia
- DAP: câimbra ou peso ao caminhar aliviando
com repouso
Escalas da Dor
Exame Físico
 Anatomia do pé

 Hidratação
- Fissuras - Ulcerações

 Coloração, temperatura e distribuição dos pelos


 Integridade de unhas e pele
- Insuficiência Arterial: atrofia de pele e/ou unhas
- Espaços Interdigitais: porta de entrada para infecções
- Distrofias ungueais (forma, cor, espessura): onicomicose
- Corte das unhas: retas

- Calosidades: áreas de alta pressão


Avaliação Neurológica

 Avaliação da sensibilidade tátil, dolorosa-térmica e


vibratória;

 Avaliação de reflexos tendíneos;

 Avaliação da função motora


Avaliação da sensibilidade tátil com monofilamento

 Monofilamento de 10 gramas;

 Rastreamento de neuropatia diabética;

 Custo-benefício;

 Alta especificidade;

 É recomendado que o monofilamento fique em repouso por


24 horas a cada dez pacientes examinados, para que
mantenha a tensão de 10 g;

 Vida útil: 18 meses;


Avaliação da sensibilidade vibratória

 Diapasão 128Hz;

 Falange distal do hálux ou maléolo lateral;

 Teste positivo: ausência da sensação de vibração em pelo


menos 2 de 3 aplicações;

 Teste negativo: 2 das 3 respostas corretas;


Avaliação do reflexo tendíneo Aquileu
 Percussão com o martelo de reflexo do tendão de Aquiles
Avaliação Vascular

 Palpação dos pulsos pediosos e tibiais posteriores;

 Vasculopatia (pulsos diminuídos ou não palpáveis);


Avaliação das feridas

 Localização;

 Tamanho;

 Tipo/quantidade de tecido;

 Exsudato: aspecto, odor e quantidade;

 Pele perilesional: edema, flutuação, descamação;

suspeitar na presença de exsudato purulento ou sinais de


 Infecção:
inflamação (rubor, dor, calor ou enduração/edema).
Classificação da gravidade das infecções no Pé
Diabético e Manifestações clínicas

 Sem infecção: Sem sinais de inflamação ou exsudato.

 Infecção leve:  Exsudato purulento e/ou dois ou mais sinais de


inflamação, limitada à pele ou aos tecidos subcutâneos
superficiais.

 Infecção moderada: Celulite, linfangite, abscesso de tecidos


profundos

 Infecção grave: toxicidade (febre, calafrios, taquicardia,


hipotensão, confusão mental, vômitos, leucocitose, azotemia).
   Exames complementares
 Sem alterações à anamnese e exame físico dispensa
exames adicionais. 

 RX simples vê deformidades estruturais do pé e


detectar osteomielite.
  Exames de Gram e cultura em casos possível de
úlcera infectada. 

 A periodicidade é anual.
 COMO TRATAR AS ALTERAÇÕES
IDENTIFICADAS NA
AVALIAÇÃO DOS PÉS DA PESSOA COM DM?
Orientações para o autocuidado no Pé Diabético –
prevenindo as feridas
 Inspeção e higiene diária dos pés, incluindo entre os dedos.
Água, sempre  inferior a 37°C.

 Evite andar descalço, usar meias claras ao utilizar calçados


e trocá-las todos os dias.

 Inspecione os calçados. Confortáveis e de tamanho


apropriado.

 Use cremes ou óleos hidratantes para pele seca.


   Corte as unhas em linha reta. 
 Evitar agentes químicos ou emplastros para remover calos.
Devem ser tratados pela sua equipe de saúde. 
As alterações cutâneas mais frequentes
  Xerodermia (pele seca)
 Conduta: hidratante 
 Calosidades:
 Conduta: Adequação de calçado, órteses ou debridamento.
 Alterações ungueais: 
 Conduta: unhas devem ser cortadas sempre retas e técnica
correta.
Deformidades

 Proeminências dos metatarsos, 


 Dedos em garra,
  Dedos em martelo, 
 Joanetes e perda do arco plantar. • 
 Recursos aos calçados terapêuticos e protetores, às
palmilhas e órteses prevenindo amputações.
A dor neuropática

  Inicio: Analgésicos não opioides. Ex: paracetamol ou


anti-inflamatórios (Ibuprofeno ou diclofenaco) 
 Se falha e/ou dor intensa: antidepressivos tricíclicos
(amitriptilina ou nortriptilina) ou anticonvulsivantes
(carbamazepina ou ácido valproico). 
 Resposta em geral é após 1 a 2 semanas do início do
medicamento.
 Atenção aos efeitos adversos dos antidepressivos. 
Anexos
A úlcera e curativos
  Pode chegar a 25%.
 Objetivo: cicatrização da ferida 
  Terapias tópicas: cremes ou soluções.
 Úlcera limpa, úmida e coberta, para secar 
 Tecidos viáveis: granulação e epitelização. 
  Tecidos inviáveis: necrose seca e úmida.
 Deve ser realizada diariamente.
  O uso de gaze umedecida com solução salina– SF a
0,9% é útil ao tratamento.
O tratamento tópico das úlceras
crônicas conforme tipo de ferida
 Epitelização: Creme hidratante sem álcool,
hidrocoloide: camada fina por até 7 dias. Ácidos
Graxos Essências (AGE) de 1 a 2 vezes por dia.
 Granulação: Alginato de cálcio e sódio, troca até
saturação ou em, no máximo, 7 dias
 Infecção: Curativo com sulfadiazina de prata, troca
conforme saturação.
 Necrose seca/escara: serviço ambulatorial ou para
desbridamento cirúrgico.
 A troca de curativo

 A cobertura deve:
 Remover o excesso do exsudato.
  Manter umidade entre a ferida e o curativo.
  Permitir trocas gasosas.
 Proteger contra infecção.
 Fornecer isolamento térmico.
  Ser isento de substâncias tóxicas contaminadas.
  Permitir a remoção sem causar traumas locais.
 E limpeza: remoção de corpo estranho, fragmento de
curativo anterior, exsudato da lesão, resíduo metabólico
ou sujidade.
Debridamento

   Técnica de remoção dos tecidos inviáveis por meio de


mecanismo autolítico, enzimático, mecânico ou
cirúrgico. 

 O tecido necrótico possui excessiva carga bacteriana e


células mortas que inibem a cicatrização. 
 Mantem o leito propício para a cicatrização.
O tratamento da infecção
 Dividem-se em bacterianas e fúngicas (micoses).
Onicomicose: o raspado ungueal e o diagnóstico 
clínico.
 Infecções fúngicas 
 Tinea pedis (“micose dos pés”) Conduta: miconazol 2%
ou cetoconazol 2%, creme, aplicado 2x/dia, por dez dias
 Onicomicose (“micose das unhas”) 
 Conduta: o tratamento é  sistêmico. Para onicomicose
das unhas das mãos, recomenda-se itraconazol 100 mg,
2 cápsulas, 2x/dia.
  Infecções bacterianas; o tratamento depende da
gravidade da infecção
Antibióticos
 Para infecções leves, Gram positivos, como, por
exemplo, Cefalexina 500 mg, 1 comprimido (ou
cápsula), por via oral, de 6/6 horas, durante 7 a 14 d.
 O uso de Amoxicilina + Clavulanato 500 + 125 mg, 1
comprimido, por via oral, de 8/8 horas, durante 7 a 14
dias; ou Clindamicina 300 mg
 Para infecções moderadas Gram positivos e Gram
negativos, incluindo germes anaeróbios, devendo-se
optar por associações de fluorquinolonas
(Ciprofloxacina ou Levofloxacina) + Clindamicina, ou
tratamento injetável com Ceftriaxona. 
 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.
Departamento de Atenção Básica. Manual do pé diabético :
estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica /
Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde,
Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Ministério da
Saúde, 2016.

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