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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO/PROFLETRAS - UNIDADE SINOP

Nível Morfológico
Docente: Profa. Dra. Neusa Inês Philippsen
Disciplina: Gramática, Variação e Ensino

Eloá dos Santos


Meri Cristiane Magalhães Rocha
O que significa nível morfológico?

Está relacionado ao estudo da palavra, é a nossa


capacidade de analisar a função, estrutura, flexão,
processos de formação e classificação das palavras.
Quais são os elementos morfológicos?
Alguns elementos morfológicos são: radical,
tema, vogal temática, vogal ou consoante de
ligação, afixo, desinência (nominal ou verbal).
Em linguística, no nível de análise morfológica
encontramos duas unidades formais: a palavra
e o morfema.
A morfologia é o estudo a respeito da estrutura, formação e classificação
das palavras, estudar morfologia significa estudar, isoladamente, as classes
das palavras. Pertence a área da linguística e tem a sua palavra originada
do grego.

“morphe” (morfo = forma)


“logia” (logos = estudo)

O estudo da forma, estrutura, formação e classificação das palavras


observadas de maneira isolada.
A Morfologia nos permite saber que a palavra “andar” indica uma ação
(verbo), que a palavra “caneta” indica um objeto (substantivo) e que a
palavra “bonito” indica uma característica (adjetivo).
Para começar a entender de que trata a Morfologia.
Atente para o que nos diz Rosa (2000, p. 15): A
consulta ao étimo, no caso de morfologia, nos dirá que
o termo provém das formas gregas morphê, "forma", e
logos, "estudo, tratado".

A palavra morfologia foi usada como termo


linguístico somente no século XIX, por volta de 1860,
englobando a flexão e a derivação. No Brasil, em 1942,
Joaquim Mattoso Camara Jr. lançou a primeira edição
dos seus princípios de linguística geral, obra pioneira
publicada em língua portuguesa.
A Morfologia é uma disciplina que se ocupa do sistema morfológico da língua, do
aspecto formal das palavras. É o ramo da linguística que trata das formas das palavras em
diferentes usos e construções. Trata da estrutura interna das palavras, dos seus
constituintes significativos mínimos ou morfemas. Segundo Sandalo (2001, p. 181):

A Morfologia é o ponto de maior controvérsia no estudo de


linguagem natural. Especialistas se debatem tomando posições
que vão desde aquelas que consideram a Morfologia como o
principal componente do estudo gramatical, até aquelas que
desconsideram totalmente o nível morfológico na construção de
uma teoria gramatical. (SANDALO, 2001)

Assim, a Morfologia pode ser definida como o estudo dos morfemas e seus arranjos na
formação das palavras. podemos dizer que a Morfologia é a parte da gramática que
descreve as unidades mínimas de significado, sua distribuição, variantes e classificação,
conforme as estruturas em que ocorrem, a ordem que ocupam, os processos na formação
de palavras e suas classes.
Além dos processos que dizem respeito à formação de palavras e à flexão, cabe também
à morfologia a classificação das palavras. A questão é que na classificação de palavras
devem ser considerados, além dos critérios formais de competência da morfologia, também
critérios sintáticos e semânticos. Isso porque nem sempre é possível classificar uma
palavra examinando exclusivamente sua forma.

Os morfemas são formas recorrentes que não podem, por sua vez, ser analisadas
novamente em formas recorrentes menores. Isso quer dizer que é uma forma recorrente
mínima, que mantém o mesmo traço semântico em todas as estruturas em que ocorre. O
morfema torna-se a unidade básica da morfologia.
A seguir, algumas definições de morfema citadas
por Monteiro (2002, p. 13-14). São elas:
a) Os morfemas são os elementos mínimos das
emissões linguísticas que contêm um significado
individual (Hockett).
b) Um morfema é a unidade mínima no sistema de
expressão que pode ser correlacionada diretamente
com alguma parte do sistema do conteúdo (Gleason).
c) Os morfemas são as menores unidades
significativas que podem constituir vocábulos ou
partes de vocábulos (Nida).
d) Morfema é a menor parte indivisível da palavra
que, por sua vez, tem uma relação direta ou indireta
com a significação (Dokulil).
Os morfemas são, em princípio, formados por um ou mais fonemas,
mas diferem destes por apresentarem significado. Como se pode
perceber facilmente, os fonemas, quando pronunciados isoladamente,
nada significam.

Todo morfema apresenta uma forma e um


significado. Às vezes, no entanto, “em
determinados ambientes, ocorrem variações na
forma sem que o morfema deixe de ser o mesmo”
(MONTEIRO, 2002, p. 32).

O morfema é uma entidade abstrata que se concretiza, na estrutura de uma palavra,


através do morfe. Além das situações em que existem mais de um morfe para um único
morfema temos que considerar aquelas em que o morfema se realiza por meio da
ausência de morfe. Não existir um morfe não significa que não exista morfema. Quando a
ausência do morfe corresponde a um significado, diz-se que o morfema é zero.
Mas acontece também o contrário, um mesmo morfema, um
mesmo significado, pode ser representado com mais de uma forma.
Quando vários morfes são realizações concretas do mesmo
morfema, são chamados de alomorfes.

Na morfologia podemos distinguir entre os morfes, que são


SIG A A S D IR E TR IZ E S PA RA
realizações
E N T RE G Aconcretas,
R SU A S TA R E FAeS. os morfemas, que são as menores
unidades de significado. Portanto objeto de estudo da morfologia
são os morfemas, as menores unidades de significado da língua, e
os morfes, que são as formas com que esses significados se
realizam.
Outro nível linguístico em que podemos verificar variação é o morfológico.

Definição clássica de morfema: unidade mínima significativa.

Vamos considerar como variação morfológica aquela alteração que


ocorre num morfema da palavra. Pensemos no caso do gerúndio em
que temos o fenômeno fonológico da assimilação:

cantano (cantando) / correno (correndo) / sorrino (sorrindo)


Sabemos que –ndo é morfema verbal que indica gerúndio. Nos três exemplos, esse
morfema sofreu uma redução para –no, com a queda do fonema –d.

E agora será um caso de variação fonológica ou morfológica?

Alguns fenômenos de variação:

1. andá = andar /vendê = vender / parti = partir


2. eles anda = eles andam /eles vende = eles vendem / eles
parte = eles partem
3. tu anda = tu andas / tu vende = tu vendes / tu parte =
tu partes
4. você anda = andas / a gente anda = nós andamos
Em 1 temos a supressão do -r que marca o infinitivo dos verbos. Trata-se, pois, de um
morfema verbal. Nesse caso, temos claramente a falta do morfema de infinitivo nas
realizações “andá”, “vendê” e “parti”. Podemos concluir que há uma coincidência: -r
representa um fonema e também um morfema nesses dados.

Se opusermos esses casos a palavra “revolve” (revolver) por exemplo, a queda do -r é um


fato apenas fonológico, pois –r não é o morfema, e sim parte do radical da palavra.

Em 2, a não realização de -m, uma desinência verbal que indica uma alternativa
morfêmica. Já em casos como “homi” (homem) e “viagi” (viagem), o -m é só um fonema. Nas
duas situações um fonema deixou de ser pronunciado: na primeira esse fonema também
um morfema, na segunda trata-se apenas de um fonema,
Em 3, a não realização de -s é uma alternância morfêmica, pois -s é uma desinência (um
morfema), que representa a segunda pessoa do discurso nos três verbos.

Em casos como “andamo”, “vendemo”, “partimo”, a desinência verbal que indica é -mos.
Houve queda de -s, restando a marca -mo. Apenas o fonema deixou de ser pronunciado. O
mesmo acontece em palavras como “lápi” (lápis) e “dói” (dois), por exemplo, a queda do -s é
apenas fonológica.
Sabendo que quando a variação está só no âmbito do fonema, temos uma variação
fonológica, mas quando vai também para o âmbito do morfema, temos uma variação
morfológica uma vez que os morfemas que caem são também fonemas, é um caso de
interface que ocorre quando um caso de variação abrange dois ou mais níveis gramaticais.

Mas quando dizemos que a referência em “tu anda” e a referência


“eles anda” é dado na relação que se estabelece entre pronome e verbo.
É o pronome que carrega o significado da pessoa do verbo, saindo do
campo da morfologia, para o campo da sintaxe, temos um caso de
variação morfossintática.
 Em português uma palavra como “meninos” pode ser
segmentada em três morfes:

{menin} carrega o significado lexical;


Ex: meninos {o} carrega o significado de gênero masculino;
{s} carrega o significado de número

Nesse caso cada forma carrega um único significado. O mais comum é


que tenhamos mais de um significado, ou seja mais de um morfema,
para um morfe.
Em português isso é evidente na morfologia do verbo. Se olhamos
para a forma do imperfeito do verbo amar: (eu) amava

{am}, morfema lexical como em amor, amante, amigo


Ex: (eu) amava {av}, que carrega algouns significados
{a} que carrega outrs significados
Cabe à Morfologia:
- classificar ou dividir as palavras por propriedades que são próprias ou
exclusivas de determinado grupo delas e levantar o possível rol de suas flexões;
- classificar as palavras de acordo com os critérios morfológico ou formal,
semântico e sintático ou funcional;
- explicar como a concordância se realiza, quais os meios e que tipos de flexões
são utilizados;
- explicar como a regência se realiza;
- fazer o levantamento das flexões de gênero e número das palavras;
- explicar as mudanças de sentido das palavras em determinado contexto;
- explicar a origem das palavras;
- explicar os processos de derivação das palavras;
- explicar os morfemas ;
- distinguir sufixo ou sufixo derivacional e flexão ou sufixo flexional.
A morfologia se divide em morfologia gramatical e morfologia
derivacional.

A morfologia gramatical serve para fornecer


significados gramaticais do mesmo lexema.
Ex: menin(a) e menin(o)
São duas formas gramaticais do mesmo lexema.

A morfologia derivacional serve para formar palavras,


lexemas novos a partir de um lexema que serve como base.
Ex: comum(adjetivo) comunidade(substantivo)
Nâo são o mesmo lexema. O segundo é derivado do
primeiro.
A DERIVAÇÃO GERALMENTE SE FAZ DE TRÊS POSSÍVEIS MANEIRAS:

1. Através de um afixo: ou seja colocando um morfema antes (prefixo), depois (sufixo), um


caso especial de afixação é a chamada de parassíntese. Na parassíntese é necessário colocar
tanto um afixo antes da raíz quanto depois. Um só não é suficiente.
Ex: envelhecer (derivada de velho)
Não permite nem o verbo (velhecer) nem o adjetivo (envelho).

2. Através da composição:
Ex: terremoto= terra + moto (é um composto de dois nomes)
guardachuva= guarda + chuva (é um composto de um verbo e de
um nome)

3. Através da conversão: Nesse mecanismo, uma mesma forma pode


ser usada com funções morfológicas diferentes e ser lexemas diferentes.
Ex: “ O poder do ministro é muito grande.
Poder pode ser verbo mas pode ser também nome
Referências

_______.Teoria Lexical. 6. ed. São Paulo: Ática, 1999.


_______. Formação e classes de palavras no português do Brasil.
São Paulo: Contexto, 2004. _______. Formação e classes de
palavras no português do Brasil. São Paulo: Contexto, 2006.
COELHO, I. L. et al. Para conhecer Sociolinguística. São Paulo:
Contexto, 2015.
Monteiro, José Lemos. Morfologia Portuguesa. 3. ed. Campinas,
sp: Pontes, 1991
ROSA, Maria Carlota. Introdução à morfologia. São Paulo:
Contexto, 2000.
SANDALO, Maria Filomena Spatti. Morfologia. In: MUSSALIM,
Fernanda; BENTES, Anna Christina (org.). Introdução à
lingüística, domínios e fronteiras. v.1. São Paulo: Cortez, 2001.

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