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POLÍTICA EDUCACIONAL

BRASILEIRA

POLÍTICAS PÚBLICAS EJA


SILVANIS BORGES
22/10/2022
EDUCAÇÃO DE JOVENS E
ADULTOS - EJA
Na década de 1930, ocorreram os primeiros
registros relacionados à educação básica de
jovens e adultos no Brasil. Em 1930, foram
criados os Ministérios da Educação e Saúde,
Ministério do Trabalho e o Conselho Federal
de Educação, o qual procurou sistematizar o
ensino brasileiro.
1940 – Década marcada por grandes
transformações e iniciativas que
possibilitaram avanços na Educação e por
consequência na EJA. (SENAI); 1940 – Foi
regulamentado o Fundo Nacional de Ensino
Primário (FNEP); 1947 – Realização do 1º
Congresso Nacional de Educação de
Adultos;
No ensino profissional, apareceram novidades
importantes. Em 1942, foi criado o Serviço Nacional
de Aprendizagem Industrial (SENAI), com cursos
para aprendizagem, aperfeiçoamento e
especialização de trabalhadores. 1946, criou-se o
Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial
(SENAC). Em pleno processo de industrialização do
Brasil, esses organismos influenciaram bastante a
educação de jovens e adultos. Precisamos valorizar
tais iniciativas sem esquecer que elas vieram
reforçar o sistema dual de ensino: escola para as
elites e escola para os proletários (ARANHA, 1996).
Com o fim da Segunda Guerra Mundial e da ditadura
Vargas em 1945, o país vivia a exaltação política da
redemocratização. A educação de adultos ganhou
destaque juntamente com a preocupação geral com
a educação elementar comum, entre outras razões,
pela necessidade de aumentar as bases eleitorais.
1949 – Seminário Interamericano de Educação de
Adultos;
1958 - Juscelino Kubitscheck, então presidente da
república, convoca grupos de vários estados para
relatarem suas experiências no “Congresso de
Educação de Adultos”;
O governo de JK criou a Campanha Nacional de
Erradicação do Analfabetismo (CNEA), mas foi
extinta em 1963;
1958 e 1964 – Foram marcados por ações em que a
“educação de adultos” era entendida a partir de uma
visão das causas do analfabetismo;
1965 –Surgiu em Recife a Cruzada Básica Cristã
(ABC);
1967 – O Movimento Brasileiro de Alfabetização
(MOBRAL) e a Cruzada ABC, tinham como fim
básico o controle da população, ações, orientações,
supervisão pedagógica e produção de materiais
didáticos;
1971 - A lei nº 5.692 (BRASIL,1971) regulamenta o
ensino supletivo como proposta de reposição de
escolaridade, o suprimento como aperfeiçoamento, a
aprendizagem e qualificação sinalizando para a
profissionalização;
1972 – O parecer do Conselho Federal de Educação nº 699
e o documento “Política para o Ensino Supletivo” visaram
constituir uma nova concepção de escola;
A década de 90 foi marcado pelos direitos culturais,
jurídico e político das pessoas jovens e adultas.
Substituindo a denominação de Ensino Supletivo para
EJA;
1997 – A Educação de Adultos torna-se mais que um
direito: é a chave para o século XXI.
Nas políticas públicas que observamos hoje no país, a
modalidade de ensino que constitui a EJA apresenta-se
como um direito do cidadão.
Apesar de “a educação ser um direito de todos” o
que observamos é que os programas são
fragmentados com os problemas de concepção
tecnológica e metodológica.
Os cursos de alfabetização de adultos existem,
exatamente, pela falta objetiva de oportunidade
educacionais que garantam às crianças o acesso à
escola.
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma modalidade de
ensino amparada por lei e voltada para pessoas que não
tiveram, por algum motivo, acesso ao ensino regular na idade
apropriada. A EJA tem como objetivo tentar ou corrigir algumas
questões sociais como exclusão e exploração, entre outras que
geram consequências maiores, como a perigosa
marginalização. A história da EJA no Brasil está muito ligada a
Paulo Freire. O projeto de alfabetização que ele implementou
em 1963 atendeu 380 trabalhadores em Angico-RN,
repercutindo por todo o país, mas sendo sufocado pelo golpe
militar de 1964.
Paulo Freire retornando ao Brasil após
experiências de alfabetização de
adultos na África e na América Latina,
influenciou práticas públicas de ações
educacionais. Essa proposta favorece a
Inclusão econômica, social e política de
indivíduos.
Criou um método sem cartilha, que desse
voz ao aluno. Para testá-lo, partiu com um
grupo para uma cidadezinha localizada no
sertão do Rio Grande do Norte, Angicos, e
alfabetizou 300 cortadores de cana em 40
horas-aula. Freire estimulava adultos a
entenderem o funcionamento do registro
escrito a partir do conhecimento deles,
assumindo que o aprendizado (e a escola)
acontece também fora das quatro paredes da
sala de aula.
No Brasil, pensar em Educação de Jovens e Adultos é pensar
em Paulo Freire. O mais célebre educador brasileiro, com
atuação e reconhecimento internacionais, conhecido
principalmente pelo método de alfabetização de adultos que
leva seu nome, desenvolveu um pensamento pedagógico
assumidamente político. Para ele, o objetivo maior da educação
é conscientizar o aluno principalmente em relação às parcelas
da população desfavorecidas. A educação freiriana está voltada
para a conscientização de vencer primeiro o analfabetismo
político para concomitantemente ler o seu mundo a partir da
sua experiência, de sua cultura, de sua história.
Um brasileiro visionário criou um método de alfabetização de
adultos que mais que ensiná-los a ler e escrever em 45 dias,
resgatava neles a coragem, a vontade e a força para
participarem do mundo de forma crítica e consciente. Esse
brasileiro foi Paulo Freire, educador pernambucano, filósofo,
escritor, político e militante de causas sociais. “Ele elaborou
uma teoria do conhecimento e procurou o sentido da educação,
centrando suas análises na relação entre ‘educação e vida’,
reagindo às pedagogias tecnicistas do seu tempo. A educação,
para ser transformadora, precisa estar centrada na vida. Para
ser emancipadora, necessita considerar as pessoas, suas
culturas, respeitar o modo de vida deles”, conta Angela Biz
Antunes, diretora de Gestão do Conhecimento do Instituto
Paulo Freire.
Perceber-se como oprimido e libertar-se
dessa condição é a premissa que Freire
(2013, p. 31) defende:
Quem, melhor que os oprimidos, se encontrará preparado para
entender o significado terrível de uma sociedade opressora?
Quem sentirá, melhor que eles, os efeitos da opressão? Quem,
mais que eles, para ir compreendendo a necessidade da
libertação? Libertação a que não chegarão pelo acaso, mas
pela práxis de sua busca; pelo conhecimento e reconhecimento
da necessidade de lutar por ela. Luta que, pela finalidade que
lhe derem os oprimidos, será um ato de amor, com o qual se
oporão ao desamor contido na violência dos opressores, até
mesmo quando esta se revista da falsa generosidade referida.
Freire mostra que é necessário na educação uma prática da
liberdade; quanto mais se problematizam os educandos como
seres no mundo, mais se sentirão desafiados e responderão de
forma positiva, ao contrário de uma educação bancária,
domesticadora, que apenas ‘deposita’ os conteúdos nos
alunos. Para Freire, "não há saber mais ou menos; há saberes
diferentes" (2013, p. 49). Defensor do saber popular e da
conscientização para a participação, Paulo Freire inspirou
muitos movimentos sociais que lutaram em busca da equidade
social. As premissas de Freire motivam até hoje ações da
sociedade civil em prol da efetivação da cidadania.
Artigo 37 da Lei nº 9.394 de 20 de Dezembro de
1996
Estabelece as diretrizes e bases da educação
nacional.
Art. 37. A educação de jovens e adultos será
destinada àqueles que não tiveram acesso ou
continuidade de estudos nos ensinos fundamental e
médio na idade própria e constituirá instrumento para
a educação e a aprendizagem ao longo da vida.
(Redação dada pela Lei nº 13.632, de 2018)
A Lei nº 13.632/2018 deu especial
atenção para a educação de jovens e
adultos e para a educação especial,
prevendo expressamente que esses
instrumentos de educação deverão ser
oferecidos durante toda a vida da
pessoa.
Um dos primeiros elementos
importantes está nos fundamentos e
nas funções da EJA analisados no
Parecer CNE/CEB n. 11/2000. São três
as funções atribuídas à EJA.
a) Função reparadora: a EJA tem a função
de restaurar o direito que foi negado ao
cidadão – o direito a uma escola de qualidade
e de igualdade a todo e qualquer ser humano.
Nesse sentido, a reparação supera a
negação do acesso a um bem real, social e
simbolicamente importante: a educação.
Baseando-se nessa função, a EJA necessita
pensar um modelo pedagógico próprio, criar
situações pedagógicas que satisfaçam as
necessidades de aprendizagem de seus
educandos.
b) Função equalizadora: a EJA deve permitir a reentrada dos
milhares que foram, paulatinamente, expurgados do sistema
escolar. Sobre isso, o Parecer CNE/CEB n. 11/2000 (2000, p. 8-
9) afirma que
[...] [a reentrada] dos que tiveram uma interrupção forçada, seja
pela repetência ou pela evasão, seja pelas desiguais
oportunidades de permanência ou outras condições adversas,
deve ser saudada como uma reparação corretiva, ainda que
tardia, de estruturas arcaicas, possibilitando aos indivíduos
novas inserções no mundo do trabalho, na vida social, nos
espaços da estética e na abertura dos canais de participação.
A função equalizadora da EJA visa à
distribuição dos bens sociais – a
educação – entre aqueles que não
tiveram oportunidade. Os
desfavorecidos, público-alvo da
equidade, concernente ao acesso e à
permanência na escola, devem receber
proporcionalmente maiores
oportunidades que os outros.
c) Função qualificadora: a EJA tem a tarefa
de propiciar uma atualização permanente de
conhecimentos, isto é, tem-se como
fundamento a incompletude do ser humano e
seu potencial de aprendizagem. A educação
de jovens e adultos deve ser para a vida. Ela
deve possibilitar uma “sociedade educada
para o universalismo, a solidariedade, a
igualdade e a diversidade” (BRASIL, 2000, p.
10).
Publicação: 8 mar 2019
Atualização: 24 jul 2019. O Brasil
tem 11,3 milhões de analfabetos,
uma taxa de 6,8% de pessoas
acima dos 15 anos que não sabem
ler ou escrever.
Podemos destacar alguns movimentos de
erradicação ao analfabetismo
LBCA (Liga Brasileira contra o Analfabetismo), MEB (Movimento
de educação de Base) 1960, MCP (Movimento de Cultura
Popular), o A Campanha “De Pé no Chão” (1961), MOBRAL -
Movimento Brasileiro de Alfabetização (1967), Fundação Educar
(1985- 1990), PAS Programa de Alfabetização Solidária (1997),
PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) (BRASIL, 1999),
PROFA - Programa de Formação de Professores
Alfabetizadores (2001), Programa Brasil Alfabetizado (PBA,
2003), EJA (Educação de Jovens e Adultos), 2009, Pró-
Letramento (2005) e o Pacto Nacional pela Alfabetização na
Idade Certa (PNAIC- 2012).
Até 2024, o PNE almeja erradicar o
analfabetismo absoluto e diminuir
para 13,5% o analfabetismo
funcional. Para isso, o MEC aposta
no Programa Brasil Alfabetizado
(PBA).
Bons estudos!!!

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