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PRÉ-

MODERNISMO
- LIMA BARRETO, EUCLIDES DA
CUNHA & AUGUSTO DOS ANJOS.

- VIDAS SECAS * GRACILIANO RAMOS.

ENZO TOMAS DAMICO


Lima Barreto
- Lima Barreto (1881-1922)  foi um importante escritor brasileiro da fase Pré-Modernista da literatura;

- Por conta de seus pais, ambos mestiços e pobres, sofreu preconceito a vida toda;

- Em 1909, Lima Barreto estreou na literatura com a publicação do romance 


Recordações do Escrivão Isaías Caminha. O texto acompanha a trajetória
de um jovem mulato que vindo do interior sofre sérios preconceitos raciais;

- Em 1915, depois de ter publicado em folhetos, Lima Barreto publica o livro 


Triste Fim de Policarpo Quaresma, sua obra-prima. Aqui, Lima
descreve a vida política no Brasil após a Proclamação da República.
Trecho de “Recordações do
Escrivão Isaías Caminha”
“Ah! Seria doutor! Resgataria o pecado original do meu nascimento humilde, amaciaria o suplício
premente, cruciante e omnímodo de minha cor... Nas dobras do pergaminho da carta, traria presa a
consideração de toda a gente. Seguro do respeito à minha majestade de homem, andaria com ela
mais firme pela vida em fora. Não titubearia, não hesitaria, livremente poderia falar, dizer bem alto os
pensamentos que estorciam no meu cérebro.

O flanco que a minha pessoa, na batalha da vida, oferecia logo aos ataques dos bons e dos maus,
ficaria mascarado, disfarçado...

Ah! Doutor! Doutor!... Era mágico o título, tinha poderes e alcances múltiplos, vários, polimórficos...”
Trechos de “Triste Fim de
Policarpo Quaresma”
“Desde os dezoito anos, que o tal patriotismo lhe absorvia e por ele fizera a tolice de estudar
inutilidades. Que lhe importavam os rios? Eram grandes? Pois que fossem… Em que lhe contribuiria
para a felicidade saber o nome dos heróis do Brasil? Em nada… O importante é que ele tivesse sido
feliz. Foi? Não. Lembrou-se das suas cousas de tupi, do folclore, das suas tentativas agrícolas…
Restava disso tudo em sua alma uma satisfação? Nenhuma! Nenhuma!”

“Quem uma vez esteve diante deste enigma indecifrável da nossa própria natureza, fica
amedrontado, sentindo que o gérmen daquilo está depositado em nós e que por qualquer coisa ele
nos invade, nos toma, nos esmaga e nos sepulta numa desesperadora compreensão inversa e
absurda de nós mesmos, dos outros e do mundo. Cada louco traz em si o seu mundo e para ele não
há mais semelhantes: o que foi antes da loucura é outro muito outro do que ele vem a ser após. E
essa mudança, não começa, não se sente quando começa e quase nunca acaba.”
Euclides da Cunha
- Euclides da Cunha (1866-1909) foi um escritor, jornalista e professor brasileiro, autor da obra "Os Sertões".

- Foi enviado como correspondente ao Sertão da Bahia, pelo jornal O Estado de São Paulo,
para cobrir a guerra no município de Canudos.

- Seu livro "Os Sertões", narra e analisa os acontecimentos da guerra.


Euclides por meio de uma linguagem cientificista recrimina o
nacionalismo exagerado da sociedade brasileira da época,
mostrando a face cotidiana e realista do país e das pessoas que o
compõem.
Trechos de “Os Sertões”

“O sertanejo é, antes de tudo, um forte.” 

“Não é o bárbaro que nos ameaça, é a civilização que nos apavora.”

“Estamos condenados à civilização. Ou progredimos ou desaparecemos.”

“O bandeirante foi brutal, inexorável, mas lógico. Foi o super-homem do deserto.”

“Canudos tinha muito apropriadamente, em roda, uma cercadura de montanhas. Era um


parêntesis; era um hiato. Era um vácuo. Não existia. Transposto aquele cordão de serras,
ninguém mais pecava.”
Augusto dos Anjos
- Augusto dos Anjos (1884-1914) foi um poeta brasileiro, considerado um dos poetas mais críticos de sua
época.

- Revela em sua poesia, raízes do simbolismo, retratando o gosto pela morte,


a angústia e o uso de metáforas.

- Durante muito tempo foi ignorado pela crítica, que julgou seu vocabulário
mórbido e vulgar.

- Em 1912, Augusto dos Anjos publicou seu único livro "EU", com 58 poemas,
que chocou pela agressividade do vocabulário e por sua obsessão pela morte.
Versos Íntimos
Vês! Ninguém assistiu ao Necessidade de também ser
formidável fera. Toma um fósforo.
Acende teu cigarro!
Enterro de tua última
quimera. O beijo, amigo, é a véspera
do escarro,
Somente a Ingratidão – esta
pantera A mão que afaga é a mesma
que apedreja.
Foi tua companheira
inseparável! Se a alguém causa inda pena
a tua chaga,
Acostuma-te à lama que te
espera! Apedreja essa mão vil que te
afaga,
O Homem, que, nesta terra
miserável, Escarra nessa boca que te
beija!
Mora, entre feras, sente
inevitável
Interpretação
• É uma obra ligada ao pessimismo da vida, cuja linguagem colocada pelo autor foi tida como reprovação ao
parnasianismo, movimento literário identificado pela língua instruída e romantismo em excesso.

• O poema aponta também para a duplicidade contida no ser humano, principalmente com relação à vida,
mostrando o quanto ela pode mudar através da ocorrência dos fatos. Assim, situações boas podem se
transmutar em situações más.

• Se analisado profundamente, o poema parece destroçado. Pois Augusto procurou usar o estilo francês de
soneto, rompendo com a harmonia italiana do estilo (sempre usado) para ocasionar estranhamento proposital.

• O autor aconselha a acabar com o problema pela raíz, para precaver problemas futuros. Para isso, ele precisa
escarrar na boca de quem o beija e ferir a mão de quem o acarinha. Tudo porque, cedo ou tarde, as pessoas o
irão frustrar e ferir.
Vidas Secas
- O livro possui 13 capítulos que, por não terem uma linearidade temporal, podem ser lidos em
qualquer ordem. Porém, o primeiro, “Mudança”, e o último, “Fuga”,
devem ser lidos nessa sequência, pois apresentam um fechamento de ciclo;
- “Mudança” narra a história da família sertaneja numa caminhada
pela caatinga, enquanto que em “Fuga” os mesmos partem da
fazenda para uma nova busca por condições mais favoráveis;
- Os retirantes, como o próprio nome indica, estão alijados da possibilidade
de continuar a viver no espaço que ocupavam. São, portanto, obrigados a
retirar-se para outros lugares. Uma das implicações dessa vida é a
Fragmentação espacial e temporal. Graciliano Ramos conseguiu captar
essa fragmentação na estrutura de Vidas Secas ao utilizar um método de
composição que rompia com a linearidade temporal, costumeira nos
romances do século XIX.
Dificuldades da ascensão social em
Vidas Secas
• A utilização de um provérbio por Fabiano em Vidas secas é um indício da presença da sabedoria
popular na visão de mundo do personagem de Graciliano Ramos. Ao dizer “Quem é do chão não
se trepa”, ele se refere à dificuldade de que alguém nascido em uma família de baixa renda
ascenda na escala social.

• O soldado amarelo é uma representação do poder militar.

• O dono da fazenda é a representação do poder econômico. Ele se aproveita de  Fabiano e de sua


ignorância para lucrar em cima dele.
A morte de Baleia

Abriu os olhos a custo. Agora havia uma grande escuridão, com certeza o sol desaparecera.

Os chocalhos das cabras tilintaram para os lados do rio, o fartum do chiqueiro espalhou-se pela vizinhança.

Baleia assustou-se. Que faziam aqueles animais soltos de noite? A obrigação dela era levantar-se, conduzi-los ao
bebedouro. Franziu as ventas, procurando distinguir os meninos. Estranhou a ausência deles.

Não se lembrava de Fabiano. Tinha havido um desastre, mas Baleia não atribuía a esse desastre a impotência em que
se achava nem percebia que estava livre de responsabilidades. Uma angústia apertou-lhe o pequeno coração.
Precisava vigiar as cabras: àquela hora cheiros de suçuarana deviam andar pelas ribanceiras, rondar as moitas
afastadas. Felizmente os meninos dormiam na esteira, por baixo do caritó onde sinha Vitória guardava o cachimbo.
(…)

Baleia queria dormir. Acordaria feliz, num mundo cheio de preás. E lamberia as mãos de Fabiano, um Fabiano enorme.
As crianças se espojariam com ela, rolariam com ela num pátio enorme, num chiqueiro enorme. O mundo ficaria todo
cheio de preás, gordos, enormes.
CONCLUSÃO

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