Aula 39 - Livro dos Espíritos

Capítulo X
Lei de Liberdade
Livre-arbítrio  Q. 843 a 850

Fatalidade  Q. 851 a 867

Conhecimento do Futuro  Q. 868 a 871

Resumo teórico do móvel das ações do homem  Q. 872

Evangelho Segundo o Espiritismo

Capítulo V  Bem-Aventurados
os Aflitos

Item 24  A infelicidade real

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 A infelicidade real

Todos falam da infelicidade, todos já a

experimentaram e acreditam conhecer seu caráter
múltiplo. Venho dizer-vos que quase todo mundo
se engana, e que a infelicidade real não é o que os
homens, isto é, os infelizes, supõem que seja.

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Eles a veem na miséria, na chaminé sem fogo, no
credor que ameaça, no berço vazio do anjo que
sorria, nas lágrimas, no féretro que se acompanha
com a fronte descoberta e o coração partido, na
angústia da traição, na privação do orgulho que
desejava vestir-se de púrpura, e que apenas
esconde sua nudez sob os farrapos da vaidade.

( féretro : caixão )
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Tudo isso, e ainda muitas outras coisas, chama-se
de infelicidade na linguagem humana. Sim, é
infelicidade para os que não veem além do
presente.

Mas a verdadeira infelicidade está antes nas

consequências de uma coisa, que na coisa em si.

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Dizei-me se o acontecimento mais feliz do momento,

mas que tem consequências funestas, não é em

verdade mais infeliz que aquele que a princípio causa

uma viva contrariedade, mas que acaba produzindo o

bem.

Dizei-me se a tempestade que quebra vossas

árvores, mas purifica o ar, dissipando os miasmas
insalubres que causariam a morte, não é antes uma
felicidade que uma infelicidade.
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 Para julgar uma coisa, é preciso ver-lhe a
consequência; é assim que, para apreciar o que é
realmente feliz ou infeliz para o homem, é preciso
transportar-se para além desta vida. Porque é lá
que as consequências se fazem sentir.

Ora, tudo o que se chama de infelicidade segundo

sua curta visão, cessa com a vida, e tem sua
compensação na vida futura.

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Vou revelar-vos a infelicidade sob uma nova forma,
sob a forma bela e florida que acolheis e desejais
com todas as forças de vossas almas iludidas.

A infelicidade é a alegria, é o prazer, é a fama, é a

agitação vã, é a louca satisfação da vaidade, que
fazem calar a consciência, que comprimem a ação
do pensamento, que confundem o homem sobre
seu futuro. A infelicidade é o ópio do esquecimento
que buscais com o mais ardente desejo.

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Esperai, vós que chorais ! E tremei, vós que rides,
porque vosso corpo está satisfeito ! Não se engana a
Deus, não se evita o destino, e as provas, mais
implacáveis credoras que um bando de infelizes
instigados pela miséria, espreitam vosso ilusório
repouso para repentinamente mergulhar-vos na
agonia da verdadeira infelicidade, a que surpreende
a alma enfraquecida pela indiferença e o egoísmo.

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Que o Espiritismo, pois, esclareça-vos, e recoloque
sob sua justa luz a verdade e o erro, tão
singularmente desfigurados por vossa cegueira !

Então agireis como bravos soldados que, longe de

fugir ao perigo, preferem as guerras de combates

arriscados à paz que não lhes pode dar nem glória

nem progresso. Que importa ao soldado perder no

tumulto suas armas, suas bagagens e suas roupas,

desde que saia vitorioso e com glória ? 10

 Que importa àquele que tem fé no futuro deixar
sobre o campo de batalha da vida sua fortuna e seu
manto carnal, desde que sua alma entre radiante
no reino celeste ?

Delphine de Girardin, Paris, 1861

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 Livre - arbítrio
Todos possuímos livre–arbítrio, que é a liberdade
de escolha por vontade própria, sem isso as pessoas
seriam máquinas. Quando criança nosso livre–
arbítrio é quase nenhum, ele vai aumentando com o
desenvolvimento das faculdades. Como temos livre-
arbítrio, não existe arrastamento irresistível,
basta ter vontade de resistir, querer é poder.

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 Livre - arbítrio
As pré-disposições instintivas que as pessoas trazem
ao nascer são resultado de uma escolha anterior, o
espírito reencarna com o seu patrimônio do
passado. As doenças tiram a liberdade das pessoas,
mas elas são geralmente a consequência de maus
atos do passado. As bebidas e drogas atrapalham a
faculdade de pensar, e faz as pessoas cometerem
atos ruins, assim cometem duas faltas, pois se
permitiram a isso. 13
 Livre - arbítrio
O instinto é predominante na pessoa selvagem, mas
isso não a impede de usar o seu livre-arbítrio para
as suas necessidades, e desenvolvê-lo com a
inteligência. Quanto mais esclarecimento tem, mais
responsabilidade possui sobre seus atos. A posição
social muitas vezes é um obstáculo ao livre-arbítrio,
mas Deus leva tudo em consideração.

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