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Autorretrato:

navegando para o seu interior


A dimensão pessoal do projeto de vida
consiste no autoconhecimento.
O conhecimento que uma pessoa tem sobre
si mesma. É uma investigação individual que
busca identificar quais são as características
mais marcantes, os gostos, as inclinações, os
padrões de comportamento e os sentimentos
vivenciados por ela.
Conhece-te a ti mesmo
Inúmeras questões afloram no cotidiano:
• Lidar com frustrações e críticas;
• Atos de violência contra nós mesmos ou contra pessoas ao
nosso redor, com o próprio corpo e aparência, com o corpo e
aparência de outras pessoas;
• Fofocas, com limites próprios e os impostos pelo meio;
• Autoestima;
• Diversidade e as diferenças de pessoas;
• Autoridade, com os estudos e compromissos;
• As amizades e os amores, com a capacidade de rir de si mesmo;
• Com o ato de perdoar-se e perdoar outras pessoas;
Reflexão e prática. pág14
• Você acha importante se conhecer? Justifique.

• O que você acha que é autoconhecimento?

• Como você acha que ocorre o processo de


autoconhecimento?
• Há outros pontos importantes que também nos
definem: do que gostamos; de quem gostamos e
porquê; o que nos dá prazer; do que nos
orgulhamos em relação a nós mesmos e às pessoas
que admiramos; o que valorizamos e com o que não
nos importamos.
• o autoconhecimento, apesar de ser um desafio, é
um processo que todos deveriam exercitar, mas por
que isso não acontece? Sobre o autoconhecimento.
Atente para as três tirinhas abaixo:
A frase “conhece-te a ti mesmo” é um aforismo atribuído ao
filósofo grego Sócrates e representa o autoconhecimento.
Embora pareça simples, conhecer-se não é fácil, mas não
conhecer-se pode ser prejudicial em determinados momentos
da vida.
É claro que não somos somente a soma dessas características,
somos um complexo de conformação entre os aspectos
biológicos, culturais, sociais e familiares, os quais contribuíram
e contribuem para essa definição.
Mas, será que sabemos como somos mesmo? Nós nos
conhecemos de verdade em toda a amplitude?
Se não pensar no seu projeto de vida e não começar a te
planejar, ficará difícil compreender o que realmente quer para o
seu futuro.
Quem sou eu?
É complicado falar a respeito de características
que fazem parte de sua personalidade, do seu
pensamento, da sua autoavaliação, os quais são
muito difíceis desvendar.
Van Gogh
Atentos a esse perigo, podemos abordar a
adolescência como um ciclo de vida com
características próprias, estudá-la,
compreendê-la e ressignificá-la.

Por essa razão, iremos considerar que a


adolescência é um lugar próprio, nos ciclos de
vida e na organização social, que traz a
efervescência das questões ligadas à
identidade, é uma certa plasticidade, um
mundo de possibilidades e um espaço de
protagonismo e não uma passagem entre a
idade infantil e a idade adulta (QUIROGA;
VITALLE. 2013).
A adolescência, enquanto representação social, é uma forma de
como é vista pelas pessoas numa determinada sociedade e por
algumas teorias, tem sido definida como uma fase conturbada e cheia
de crises. Há, na sociedade, uma visão estereotipada, reforçada pelos
meios de comunicação, de que os adolescentes são irresponsáveis,
despreocupados, desligados dos problemas, desinteressados no que
acontece ao redor e só se interessam pelo aqui e agora. Porém,
estudos demonstram que isso não corresponde à realidade. Os
adolescentes, enquanto protagonistas de um modo de viver,
enquanto heróis representativos na literatura e no cinema, podem
constituir-se como referências entre seus pares e não apenas buscar
referências no mundo adulto.
A autorregulação pressupõe o desenvolvimento da autonomia, a qual refere-se à capacidade que
temos de pensar e fazer escolhas guiados por referenciais éticos. Isso quer dizer que podemos resolver o
que fazer diante das diferentes situações da vida, não por medo ou para agradar as pessoas queridas ou
importantes, o que é muito comum na infância, mas também é na adolescência devido ao medo de
perder o amor dos pais ou de ser castigado de alguma forma. O governo de si requer escolhas feitas
voluntariamente pelo o que é justo e correto à luz dos princípios e direitos humanos, pelo sistema de
justiça da sociedade (leis, Constituição). É bom lembrar que as escolhas que fazemos sempre afetam o
outro. Esse jeito de viver, essa escolha, é um jeito estético de existência, e é o que Foucault chamou de
arte de viver (FERRARO, 2019).
Na adolescência, ocorrem mudanças qualitativas e quantitativas de natureza física, psíquica e social.
Essas transformações colocam o adolescente em um novo posicionamento subjetivo no jogo das relações
e estão ancoradas nos ganhos advindos do desenvolvimento de sua capacidade de pensar, analisar,
comparar, criticar, formular conceitos e compreender a realidade para além da sua própria visão.
É inegável que a busca dos adolescentes por independência, autonomia, liberdade e identidade causa
conflitos e contradições que são geradas pela relação dialética deles com o seu meio e sua cultura. Porém
isso não significa que eles apresentem patologias, crises, rebeldia ou instabilidade emocional.

Na adolescência, há desafios muito significativos ligados à escolha profissional, os quais são nomeados
por muitos como vocação profissional, ao namoro e principalmente à construção da identidade.
Saber viver é um aprendizado que dura uma vida. Sobre isso, veja o que Cora Coralina escreve em seu
poema Saber viver:

• SABER VIVER
NÃO SEI… SE A VIDA É CURTA
OU LONGA DEMAIS PRA NÓS,
MAS SEI QUE NADA DO QUE VIVEMOS
TEM SENTIDO, SE NÃO TOCAMOS O CORAÇÃO DAS PESSOAS.
MUITAS VEZES BASTA SER:
COLO QUE ACOLHE,
BRAÇO QUE ENVOLVE,
PALAVRA QUE CONFORTA,
SILÊNCIO QUE RESPEITA,
ALEGRIA QUE CONTAGIA,
LÁGRIMA QUE CORRE,
OLHAR QUE ACARICIA,
DESEJO QUE SACIA,
AMOR QUE PROMOVE.
E ISSO NÃO É COISA DE OUTRO MUNDO,
É O QUE DÁ SENTIDO À VIDA.
É O QUE FAZ COM QUE ELA
NÃO SEJA NEM CURTA,
NEM LONGA DEMAIS,
MAS QUE SEJA INTENSA,
VERDADEIRA, PURA… ENQUANTO DURAR.
Reflexão e prática pág.19.
A partir dos textos sobre adolescência estudados até aqui, pode-se perceber que, durante muitos momentos,
prevaleceu a ideia de que ser adolescente é igual para todos, como se todas as pessoas tivessem os mesmos
gostos, experiências, incertezas, e vivessem o mesmo processo de desenvolvimento. A partir dessa perspectiva,
vamos desenvolver uma atividade para investigar isso. Para isso, siga os seguintes passos:

• Em primeiro lugar, reúna-se com seus colegas em grupos de quatro pessoas e crie um perfil no Instagram do
grupo. No perfil, é necessário preencher algumas características, que deverão ser completadas com a opinião
de todos.
• Veja quais são os interesses e as características tanto emocionais quanto sociais de cada um dos membros do
grupo e tente colocá-las perfil.
• Após a montagem do perfil, analise se a pessoa ficcional criada parece possuir apenas um modo de ser ou se
é a junção de vários modos distintos de ser.
• Utilize o perfil para postar o que lhe agradar, seguir figuras que admira e páginas das quais gosta. O objetivo é
compreender o que há de similar entre os vários participantes do grupo pelo fato de serem todos
adolescentes.
• A experiência pode durar alguns dias, e o perfil criado representará a diversidade que todos do grupo
representam.
• Preservem o perfil, pois ele será utilizado posteriormente.
Qual é a minha identidade?
O conceito de identidade é muito discutido, mas, em linhas
gerais, é um conjunto de características que define nossa
singularidade.
Hoje, a identidade é móvel, pois ela se adequa e adapta ao
movimento frenético da vida. Além disso, vive-se um movimento
acelerado de tudo, no qual tudo é para agora porque daqui a
pouco o tempo e o momento passarão, e isso também repercute
na identidade de cada um de nós, por isso, por muitas vezes nos
vemos fragmentados, dispersos em várias identidades e em vários
espaços de pertencimento (HALL, 2014). Isso ocorre devido aos
processos globalizados de comunicação, que atravessam as
fronteiras e estabelecem conexões antes inimagináveis.
Esse mesmo raciocínio se estende às chamadas identidades
sociais locais e nacionais, que necessitam de lutas ferrenhas por
suas permanências.
Há outros elementos que
compõem a nossa identidade
individual, por exemplo, os
aspectos intrapessoais (internos)
que se referem às capacidades
inatas e adquiridas que compõe a
personalidade, os aspectos
interpessoais relativos às
experiências de relação com as
pessoas e identificação com elas e
os aspectos culturais que incluem
os valores compartilhados
socialmente de forma mais ampla
e global
A construção da identidade tem sido valorizada pelas sociedades em geral, pois
encontrar um lugar definido e claro no mundo e na organização social constitui-
se uma demanda tão forte que causa opressão em muitas pessoas,
principalmente nos(as) adolescentes, e consequentes adoecimentos físicos e
psicológicos. Uma das razões é a permanência de modelos de um vir- a -ser já
instituídos como os corretos e mais valorizados, assim, muitas pessoas que não
conseguem ou escolhem não seguir os roteiros dados são colocadas à margem.
O adolescente, geralmente, inicia sua
Uma das tarefas dessa fase da vida, talvez a
construção de identidade pela
mais complexa, é a construção da identidade.
experimentação, exploração de
A identidade é constituída num processo. As
relacionamentos, posicionamento
experiências na infância são importantes, pois
frente às diferentes situações e
participam desse processo de definição da
desafios que se apresentam
identidade, mas ela pode ser influenciada e
cotidianamente em sua vida familiar
alterada em muitos aspectos durante a vida
e social. Passada essa etapa, surge a
toda. Porém, na adolescência, esse processo
perspectiva de definição dos
tem mais fôlego.
compromissos que vai abraçar,
ancorados em seus valores,
personalidade e desejos. Muitos
adolescentes, por contingências de
sua vida familiar, têm poucas
possibilidades de explorar e
assumem compromissos, de alguma
forma impostos, para contribuírem
com a organização da família, quer
do ponto de vista financeiro, quer do
funcionamento das rotinas.
Desafios no processo de construção da identidade
Há várias dimensões da vida que pressionam
os(as) adolescentes: a escolha profissional, o
namoro e a sexualidade são três fatores muito
fortes.
A escolha por uma carreira profissional envolve muitos
aspectos: psicológicos, familiar, social, mercadológico,
financeiro, status. Seria muito saudável se toda escolha
profissional fosse genuína, legítima, de dentro para
fora, como transformar algo de que gosta muito em
realização pessoal. Mas, muitas vezes, isso não
acontece. Além disso, a pressão familiar pode ser um
fator que leva o adolescente a desistir de uma carreira
por não aguentar a expectativa da sua família, que
deseja que ele se torne médico, advogado ou
engenheiro, profissões tradicionais e valorizadas
socialmente, ou que dê continuidade à profissão que
se solidifica de pai para filho desde muitas gerações.
Outra pressão diz respeito à desistência de escolhas
pessoais em função do status da carreira no ranking
social e econômico.
Apenas por curiosidade, entre no site e faça o teste
vocacional disponível. É lógico que um teste como
esse não define sua vocação, mas você pode ter uma
noção, ainda que geral, das suas tendências. O
resultado é entregue na hora, e você pode trazê-lo
para a sala de aula se quiser compartilhá-lo com a
turma.
Teste vocacional:
De perto ninguém é normal
A atual ordem social, ancorada no capitalismo, no liberalismo, no consumo, no
sucesso e na meritocracia, tem impactado a vida dos seres humanos. Na
adolescência, a pressão sobre as escolhas profissionais, o comportamento, o
compromisso, o sucesso nos estudos, os relacionamentos de amizade e de
relacionamento amoroso gera insegurança e incerteza quanto ao futuro. Além
disso, as redes sociais se somam à pressão exercida sobre os jovens devido ao
controle exercido pelo mercado, pelas ofertas de consumo, pelos seus pares e
pela violência digitalizada.
Percebe-se que um pouco de esquisitice, ranhetice, peculiaridade, irritabilidade,
nervosismo e manias não definem ninguém como anormal. Todos nós temos dias
ruins, e, de acordo com Freud, de perto, bem de perto, ninguém é normal, “somos
todos neuróticos”. Assim, ser introvertido e gostar de ficar sozinho não pode ser
encarado como problema psicológico. Ficar triste pode ser muito saudável, uma
vez que pode indicar a capacidade humana de empatia, de arrependimento, de
reparação, de elaboração de uma perda importante.
Reflexão e prática
As ilustrações são imagens carregadas de sentidos e têm o objetivo de
dar vida a um texto ou a um sentimento. O que difere uma ilustração
de um desenho é justamente o seu teor informativo. Ao lado, observe a
imagem do ilustrador brasileiro Lucas Cassarotti e responda:
1.Qual legenda você daria para essa ilustração?
2.Qual seria a sua interpretação para ela?
3.Se você pudesse falar e dar conselhos para as suas emoções, o que
falaria?
4.Você acha importante saber lidar com suas emoções? Justifique.
5.Quais podem ser as consequências de não saber lidar com suas
emoções?
Eu em cores
Vamos dar mais algumas pinceladas na sua
vida enquanto obra de arte. Pinceladas de mais
algumas cores, além das que já utilizamos de
uma aquarela de pontos refletidos, pensados e
discutidos que deram colorido à sua condição
de pessoa e possibilidades ao seu projeto de
vida.

As próximas pinceladas serão de valores,


elementos que permeiam a dimensão ética da
vida e compõem nossa visão sobre a vida,
sobre o mundo, sobre as pessoas, sobre o que
gostamos e o que rejeitamos, sobre o que
desejamos, sobre a forma de nos
relacionarmos com as pessoas. Essas questões
impactam crucialmente o nosso corpo,
comportamos, atitudes, códigos gestuais,
vestimentas, linguagem e a forma como nos
colocamos na presença do outro.
Onde terei jogado fora O poema Eu, Etiqueta é muito
meu gosto e capacidade de instigante, pois coloca-nos frente a
escolher, nós mesmos e aos valores que
estamos sustentando na vida.
minhas idiossincrasias tão
pessoais, A forma como nos comportamos,
tão minhas que no rosto se nossas atitudes frente às diferentes
espelhavam, situações e pessoas; os valores que
norteiam a nossa vida. Todos esses
e cada gesto, cada olhar,
aspectos dizem muito sobre cada um
cada vinco da roupa de nós, uma vez que a humanidade
resumia uma estética? sempre se norteou pelos valores que
ANDRADE, Carlos Drummond. Corpo. Rio de priorizou ao longo de sua história.
Janeiro: Record, 1984, p. 85-87.

Os valores evoluíram ao longo da história da humanidade, transcenderam situações


específicas, mas ainda carregam resíduos característicos que podem ser considerados
imutáveis, isto é, as prioridades valorativas mudam, mas os valores permanecem os
mesmos. O conceito de valores corresponde a um conjunto de princípios e crenças que são
importantes para nós e que tomamos como parte de nós mesmos nas diferentes situações
da vida. Esse conjunto de princípios norteiam nosso comportamento, o jeito de estarmos
no mundo, a nossa obra de arte em cores. (AMORIM, 2016).
Valores terminais e valores instrumentais e é uma referência interessante
para refletirmos:
Os valores terminais referem-se aos valores pessoais e sociais que
abrangem os objetivos de vida a longo prazo e por toda a vida.
Os valores instrumentais estão relacionados às questões pessoais e
aos tipos de conduta desejáveis.

VALORES TERMINAIS: VALORES INSTRUMENTAIS:


sabedoria (maturidade para entender a vida); ambição (trabalho árduo,
da confortável (vida próspera); aspirações);
mundo de paz (livre de guerra e conflitos); capacidade (competência,
igualdade (irmandade, oportunidade para efetividade);
todos); honestidade (sinceridade,
liberdade (independência, livre conduta); confiança);
felicidade (contentamento); coragem (defesa das próprias ideias);
auto respeito (autoestima); limpeza (asseio, higiene);
amizades verdadeiras (proximidade dos perdão (querer perdoar os outros);
companheiros). ajuda (trabalho para o bem-estar de
outros).
Nessa revisão da teoria, Schwartz classificou os valores medidos
em dez tipos motivacionais que movimentam as pessoas na vida:

Poder
Segurança Realização
Conformid
Hedonismo
ade
Estimulaçã
Tradição o
Benevolên Autocentra
ciaUniversalisção
mo
Reflexão e prática
Leia o excerto abaixo.
“Mas é importante destacar que os valores mudam em diferentes épocas históricas,
regiões geográficas, ciclos da vida, gêneros, e até mesmo dentro de uma mesma
família. Uma característica incontestável de flexibilidade dos sistemas de valores,
pessoais e/ou coletivos. Porém, há valores que são estáveis, que nos acompanham
pela vida toda, por gerações familiares e culturais.”
Existem os valores estáveis e os valores mutáveis. Assim, com base no excerto e nos seus
conhecimentos e características, realize os passos a seguir:
a) Em grupo de três pessoas, você fará uma relação de três valores estáveis e três valores
mutáveis.
b) Cada um desses valores deverá vir acompanhado com um pequeno texto reflexivo, de
no máximo cinco linhas, elaborado pelo grupo. O texto sobre os valores estáveis deve
explicar porque o valor é estável e qual é a importância da estabilidade para a
humanidade, e o texto a respeito dos valores mutáveis deve explicar em que medida eles
se alteram e qual é a influência dessa transformação na sociedade.
c)Depois, a turma irá se juntar com o professor, compartilhar e refletir a respeito do que
foi desenvolvido.
Escrevo-me
• Uma vez que você está mais consciente do seu jeito de ser e do fato de que você pode escolher e decidir na sua vida
concreta de possibilidades, pode confluir para um fechamento, não cristalizado, porém mais embasado e alicerçado
em grandes princípios norteadores.
MÁSCARA
Diga quem você é, me diga
Me fale sobre a sua estrada
Me conte sobre a sua vida
Tira a máscara que cobre o seu rosto
Se mostre e eu descubro se eu gosto
Do seu verdadeiro jeito de ser
Ninguém merece ser só mais um bonitinho
Nem transparecer, consciente, inconsequente
Sem se preocupar em ser adulto ou criança
O importante é ser você
Mesmo que seja estranho, seja você
Mesmo que seja bizarro, bizarro, bizarro
Mesmo que seja estranho, seja você
Meu cabelo não é igual
A sua roupa não é igual
Ao meu tamanho, não é igual
Ao seu caráter, não é igual
Não é igual, não é igual, não é igual

PITTY. Máscara. In: Admirável Chip Novo. Compositor: Pitty. Rio de Janeiro: Deckdisc , 2002. https://www.youtube.com/watch?v=DWIBR4W6gD4

O seu projeto será reflexo de você mesmo(a) e, ao escrevê-lo, você estará escrevendo seu retrato textual.
Nesse texto, que é a escrita de você mesmo(a), ainda cabem mais três aspectos fundamentais que você poderá considerar: o bem-estar
subjetivo, a felicidade e a resiliência.
Bem-estar
subjetivo
FELICIDADE substantivo feminino
Qualidade ou estado de feliz; estado de uma consciência
plenamente satisfeita; satisfação, contentamento, bem-estar.
Qual era o conceito de felicidade Na contemporaneidade, há uma tendência à
para Aristóteles? obrigatoriedade de se ser feliz e de “varrer para
Para Aristóteles, "o bem baixo do tapete” a tristeza, a dor, o sofrimento.
Há, ainda, entre nós, a visão de que a felicidade
soberano é a felicidade, para
está ligada aos bens materiais e ao sucesso
onde todas as coisas tendem". financeiro. Nessa direção, receitas de felicidade
Ela é caracterizada como um ou de como alcançá-la são bastante comuns, mas
bem supremo por ser um bem é essencial termos em mente "que estudar a
em si. Portanto, "é em busca felicidade faz questionar o seu significado em
da felicidade que se justifica a relação à compreensão que se tem dela, seu
boa ação humana". Todos os impacto na vida e na forma como se tem vivido",
outros bens são meios para como afirmam Tartarotti Von Zuben Campoe e
Fuentes-Rojas (2017, p. 88).
atingir o bem maior que é
Numa outra pesquisa sobre a felicidade, os
a felicidade (CASTANHEIRA, autores investigaram a natureza das publicações
2017). feitas entre 1970 a 2008 sobre o assunto e
constataram que, nesse âmbito, a felicidade tem
sido equiparada ao bem-estar subjetivo, o qual
está igualado à promoção da saúde. Esse foco é
explicado pelo avanço da Psicologia Positiva na
década dos anos de 1990, século passado
(SCORSOLINI-COMIN; SANTOS, 2010).
Então, podemos definir o que é felicidade?
Para os cientistas e pesquisadores do tema,
felicidade é a experiência de emoções positivas
– prazer combinado com um senso mais
profundo de sentido e propósito. A felicidade
implica em um estado de espírito positivo no
presente e em uma perspectiva positiva para o
futuro.
Logo, como vimos, felicidade implica também
em um estado de espírito positivo diante da
vida, mesmo frente a adversidades, ou seja,
inclui o enfrentamento de adversidades como
oportunidade de aprendizados e
transformações, o que chamamos de
resiliência. Ou seja, ser resiliente é um dos
motores da felicidade.
Resiliência é a capacidade de se adaptar Quais as características de uma pessoa
em situações difíceis ou de fontes resiliente?
significativas de estresse. Na prática, quer Pessoas resilientes são capazes de manter a
dizer que diante de uma adversidade, a calma diante dessas adversidades. Por meio do
pessoa utiliza sua força interior para se autocontrole e do próprio otimismo, elas
recuperar. encaram a situação com tranquilidade e
enxergam as situações com mais equilíbrio.

Quais são os três tipos de resiliência?


Existem três tipos de resiliência de acordo com
Garcia (2001), a emocional, a acadêmica e a
social.
"a capacidade humana de enfrentar, vencer e ser
fortalecido ou transformado por experiências de
adversidade" (GROTBERG, 2005, p.15).
Grotberg em 2005 identificou fatores resilientes, que ela agrupou em quatro
categorias: eu tenho, eu sou, eu estou e eu posso (p.17). Esses fatores estão dispostos
no quadro abaixo.
Você se considera uma pessoa resiliente? Como anda seu senso de humor, o controle de suas
emoções e impulsos, sua iniciativa, sua criatividade, sua autoestima, sua empatia, sua
independência, sua capacidade de se relacionar, de compreender, de analisar situações, de se
concentrar? Esses são atributos da pessoa que têm uma relação com a possibilidade de ser
resiliente (MURTAGH, 2005). Pense nisso!
Crie sua tabela da resiliência!
EU TENHO EU SOU EU ESTOU EU POSSO
Pessoas e que confio e
que me querem Falar sobre coisas que
incondicionalmente; me assustam ou
Pessoas que me
impõem limites para Uma pessoa pela qual inquietam;
Procurar a maneira de
que eu aprenda a os outros sentem resolver os problemas;
evitar perigos ou apreço; Disposto a me Controlar-me quando
problemas;
Pessoas que são Feliz quando faço algo responsabilizar por tenho vontade de
bom para os outros e meus atos; fazer algo errado ou
referência de lhes demonstro meu Certo de que tudo perigoso;
maneiras corretas de afeto; sairá bem; Procurar o momento
proceder; Respeitoso comigo e certo para falar com
Pessoas que me
incentivam a ser com os outros. alguém;
autônomo; Encontrar alguém que
me ajude quando
Pessoas que me necessário.
ajudem em qualquer
situação difícil.
É possível averiguarmos nosso nível de resiliência por meio da reflexão sobre nossas
atitudes frente a pequenas dificuldades cotidianas e às situações de crises mais sérias
na vida?
As experiências adversas que acumulamos são matéria prima de transformação do
nosso modo resiliente de ser. Podemos exemplificar situações de crise que exigem de
cada um de nós esse aprendizado: a pandemia do COVID-19, a separação dos pais, a
morte de alguém muito querido, um concurso de trabalho ou de formação, uma
doença própria ou de um familiar, uma mudança de cidade, a perda de um(a)
amigo(a), o abandono, um sentimento de fracasso, entre tantas outras. Ademais, é
importante assinalar que o grau de sofrimento vivido em cada situação potencial
dessas é muito singular, e o que elas têm em comum é o potencial de transformar
nosso amadurecimento pessoal.
Muitas vezes, frente a uma crise, podemos nos retrair, nos afastarmos,
desistirmos, mas essas atitudes só pioram a situação e causam sensação de
fracasso. Por essa razão, temos que ter em mente que a resiliência pode ser
uma capacidade desenvolvida. A autoavaliação e a introspecção podem
contribuir para tomarmos consciência da forma como estamos agindo
frente às situações desafiadoras e adversas, se por impulso ou por controle
paulatino de nossas emoções.
Autorretratos
Assim, um autorretrato é um retrato, uma imagem, que o artista se faz de si
mesmo. Muito usado na pintura, na literatura ou na escultura,
o autorretrato nem sempre representa a imagem real da pessoa, mas sim
como o artista se vê: aceita e assume ou tenta mudar e isso depende de cada
pessoa ou mesmo de cada momento.

Top 10 mestres
do autorretrato para você
conhecer!
Frida Kahlo, 1907 – 1987.
Andy Warhol, 1928 – 1987.
Salvador Dalí, 1904 – 1989.
MC. Escher, 1898 – 1972.
Anita Malfatti, 1889 – 1964.
Tarsila do Amaral, 1886 – 1973.
Amedeo Modigliani, 1884 – 1920.
Pablo Picasso, 1881 – 1973.
Paul Gauguin, 1848 – 1903
Leonardo da Vinci, 1452-1519
Reflexão e Prática
Faça um autorretrato utilizando as técnicas artísticas que achar
melhor. Caso escolha fazer de modo digital, é importante que
imprima-o posteriormente. Use a criatividade, utilize símbolos e
elementos que representam você, sua história de vida, seus
gostos e suas particularidades. Faço uso do processo reflexivo
que tivemos ao longo deste capítulo sobre seu eu interior e não
se esqueça de dar um título à sua obra.
Junto ao desenho, escreva um texto que dê vida à imagem. Conte
um pouco sobre a sua vida e sobre você, além de explicar o
porquê das técnicas e quais foram escolhidas para realizar o
desenho.
Depois, organize com a turma e com o professor uma exposição
para as obras serem vistas na escola.
Processo Criativo
Você percebeu que estamos, desde o início deste componente, abordando temas diversos.
Agora, precisamos articulá-los mais claramente com o projeto de vida que você vem
elaborando e alterando à medida que vamos discutimos esses temas.
Na verdade, abordamos o projeto de vida o tempo todo, mas, para pensarmos sobre ele,
temos que nos dar conta de que não estamos falando de um plano de futuro próximo ou
mais distante que podemos preencher num roteiro pré-fixado.
Ademais, é bom lembrar que, ao pensarmos no futuro, estamos tocando no nosso passado
e no nosso presente também. O que já fomos e o que somos será incorporado, ampliado,
substituído e transformado no futuro, ainda que no plano do desejo. Então, você vai colocar
as suas metas no seu projeto de vida.
As metas são propostas que você, no seu projeto de vida, vai lançar como propósito e
intencionalidade, procurando detalhá-las e colocá-las numa perspectiva temporal. Inclua,
na perspectiva de futuro, o seu tempo no Ensino Médio, pois você terá que escolher, entre
as trilhas disponibilizadas, aquelas gostaria de seguir.
Tenha bastante atenção ao realizar os passos seguintes, pois esse é o projeto de vida
que vai lhe acompanhar ao longo de todo o ano. Ele poderá ser modificado, mas
tenha atenção ao preenchê-lo.
Desenvolva um quadro de como você se vê ao longo de sua vida em três
dimensões: pessoal, social e profissional.
É importante destacar que as três dimensões devem ser observadas em
momentos diferentes de sua vida, ou seja, em cada idade. Assim, para cada idade
você deve planejar as três dimensões. Para isso, você deve se perguntar: como você
se vê quando tiver 20 anos de idade na dimensão pessoal, social e profissional? E
com 30 anos? E com 70 anos?
Utilize todos os recursos possíveis e todo o material estudado até aqui.
Caso necessário, utilize as atividades presentes neste volume para lhe ajudar a
formalizar e potencializar seu projeto de vida.
Lembre-se de que esse é um projeto de sua vida, seu planejamento, seu processo, e
ninguém melhor do que você mesmo é capaz de ditar os caminhos e destacar o que é
primordial para sua vida.

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